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VIII - ATRAVÉS DO ESPELHO

O teto oval do salão de baile parecia carregar em si a essência de um mundo que não era o de fora. Os traços dourados, ondulados e delicadamente pintados, irradiavam uma luz que parecia viva, simulando o próprio sol em meio à noite prateada. Lá fora, a lua presidia os céus, mas dentro, o lustre central parecia carregar um universo próprio. E ainda assim, apenas um homem dedicava atenção aos detalhes — os arabescos que envolviam as portas, as tapeçarias que sussurravam histórias esquecidas, as abóbadas que pareciam abrigar segredos insondáveis.

Do alto de um aposento privado, atrás de uma vidraça que ocultava sua presença, Loyd Keen observava a dança abaixo. Pareciam formigas em fuga, movendo-se desordenadamente, sem propósito, como se a música não fosse senão um reflexo da monotonia da existência. Sentado numa poltrona de veludo azul, com as costas eretas e os dedos tamborilando ritmicamente num livro repousado no braço da cadeira, Loyd era a própria personificação do controle. Ao lado dele, um convidado tagarelava incessantemente, sua voz uma intrusão quase grotesca no silêncio denso do ambiente.

— Cale-se por um momento, preciso pensar.

A ordem foi proferida num tom suave, quase um sussurro, mas carregada de uma autoridade que calou o outro homem instantaneamente. Loyd chamou, sem olhar, por Ambrose Joyce Melmoth, o mordomo-chefe da mansão. Ambrose, com sua postura impecável e o cabelo preso numa fita de seda, emergiu das sombras como uma extensão da própria sala.

— Chame aquele jovem, Casimir é o nome, correto?

Ambrose assentiu sem questionar, e após uma vênia vista por ninguém, saiu com passos tão leves que pareceram desprovidos de peso, desaparecendo tão silenciosamente quanto surgira. O convidado calado, agora mergulhado em pensamentos próprios, fitava o salão abaixo, sua atenção oscilava entre os rostos indistintos e os movimentos mecânicos da dança e o livro sob os dedos do anfitrião.

Quando a porta se abriu, trazendo Casimir, o jovem parecia carregar o peso do mundo nos ombros. Era um novato, inexperiente, e sua postura denunciava o nervosismo; mantinha o queixo atrelado ao peito e as mãos bem junto às coxas, nem quando viu a arma que Gilbert apontara sentiu-se tão aterrado. Loyd permaneceu imóvel, observando-o como um predador que avalia sua presa, mas suas palavras não eram as de um caçador.

— Casimir Tyr Liberian, o que você fez de errado?

Eu não sei, foi o que Casimir desejou responder. Engolindo em seco, permitiu que o medo que se apossava dele levasse a melhor, fazendo-o cair de joelhos.

— Me desculpe, milorde, não voltará a acontecer, eu juro...

— Acontecer o quê, Casimir?

— O quê? Ah... Eu...não sei...

Loyd levantou-se vagarosamente e com passos leves como uma pluma, caminhou até o jovem.

 — Por que está prostrado assim? Levante-se.

O jovem obedeceu, suas entretanto tremiam como folhas ao vento. Loyd sorriu, não com deboche, era um sorrriso genuíno e profundo.

— Para de desculpas. Não gosto que se prostem, e desgosto ainda mais quando me fazem repetir as coisas. Responda, Casimir, o que fez de errado?

— Eu...eu não sei, milorde.

— Então...muito menos eu — sorriu Loyd. — Não te chamei aqui para exortar, Casimir, quero apenas saber o que se passou. E acima de tudo, se você está bem. Encerrarei o espetáculo imediatamente se você estiver machucado.

Casimir estremeceu perante essas palavras, olhando para Loyd com admiração; eis o lorde que ouvira tanto falar! O lorde que fez o jovem tanto desejar conhecê-lo e servi-lo; alguém que sempre devolve os cumprimentos que lhes são dirigidos, que aceita as desculpas do cozinheiro pelo atraso da comida, apesar da cozinha ter explodido, que se divertia com a cantoria das empregadas pelos corredores...tão gentil e tão sublime que ninguém diria ser a pessoa mais próspera que já existiu, e por isso, era também tão misterioso, uma pessoa admirável de origens desconhecidas.

— Não me machuquei, milorde — Retribiu o sorriso. Sentia-se satisfeito e com o coração aquecido ao perceber que o amo que escolheu servir era exatamente o tipo de pessoa que ele esperava. — Ele me entregou esse pó e disse para colocar na bebida de um dos convidados, acredito que seja veneno. Como devo proceder?

Loyd manteve um olhar concentrado no pacote antes de decidir.

— Faça o que foi pedido — respondeu, por fim, sua voz carregada de uma calma impenetrável.

— Sim, milorde.

Assim, Loyd voltou para sua poltrona e Casimir avançava para a porta quando foi novamente chamado por ele.

— Diga-me se você sentir que está em perigo. Minhas pessoas não morrerão diante de mim, então me diga se achar que a situação é demasiado arriscada, entendido?

— Sim, milorde — fez também uma vênia, desta vez vista tanto pelo amo quanto pelo convidado que se mantinha em silêncio, e saiu com o coração dividido entre medo e lealdade.

Após o intervalo, os convidados estavam a postos, prontos para iniciarem a próxima dança, no qual o maestro anunciou ser uma valsa lenta adaptada de Henry Bishop, prosseguindo para um galope composto por Charles d'Albert, e por fim, um solo no piano com a peça Souvenir de Cracovie de William Wallace. A dança já não prendia tanto a atenção dos espectadores, o que levou alguns dos convidados a se retirarem, tal como Leonard Baxter, que solicitou a um conhecido que o acompanhasse à varanda. O ar fresco que soprou foi bem recebido pelos homens enquanto Leonard puxava ostensivamente seu cigarro turco, oferecendo um ao companheiro, que aceitou.

— Não vou comentar sobre esse baile pois acredito que já ouvira o suficiente de outros — disse Leonard assoprando a fumaça o alto.

— Neste caso, obrigado por me poupar.

— O que acha de continuarmos aquele assunto, senhor Beaumont?

— Senhor Beaumont? Pensei que estivéssemos mais íntimos, Leo.

— E nós estamos, Paul, foi um deslize...força do hábito. E então? — encarou o amigo.

— Depende... qual assunto? Aquele caso que estava te contando no corredor do tribunal?

— Não, eu peguei uma cópia desse, desprezei cada palavra que li. Falo sobre aquilo que conversávamos no bar, junto com Russel e Fitzroy, sobre você ser um transgressor.

Paul Beaumont gargalhou.

— Do que interessa? Acha que vou confessar algum crime para justificar essa afirmação? Virou padre, vossa Excelência? — suspirou Paul, virando-se para o muro. — Era só conversa de bêbado, esqueça isso.

Eis a primeira aparição do tão esprado Loyd Keen.

O que acharam dele?

Me digam se acharem algum erro, às vezes dá a doida e esqueço português.

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