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Six

Henry se encontrava concentrado nos pontos vermelhos que eram demarcados a medida que seus amigos cruzavam informações, na tela à sua frente as cabanas localizadas por Schwoz eram descartadas e em pouco tempo conseguiriam uma reposta em relação ao paradeiro de Charlotte. O sol sumia aos poucos do lado de fora, a luz alaranjada se espalhando pelo ambiente enquanto a noite já mostrava seus sinais através do suave brilho das estrelas. A Força Danger estava de folga, todos ocupados com seus próprios problemas, porém se prontificaram a estar à postos caso fossem necessários.

- Temos três possibilidades.

Avisou, afastando-se do monitor e virando-se de frente para sua família. Ray terminou de arrumar os equipamentos que seriam necessários, provavelmente quando tivessem um local seria tarde da noite e precisariam de todos os aparelhos noturnos inventados por Schwoz e Charlotte.

- Qual delas é a certa? - o Manchester indagou ansioso.

Jasper se aproximou do monitor, em suas mãos um tablet onde cruzava as informações.

- Todas essas três cabanas ficam perto de uma estrada, mas somente duas delas são isoladas o bastante para que seja necessário caminhar muito para chegar até elas.

- Essa fica bem no topo da montanha. - Piper se posicionou ao seu lado, ampliando uma imagem à esquerda. - Ela tem árvores ao redor, mas é como se elas estivessem servindo de muro ou algo assim.

- Já nessa. - o Dunlop ampliou a segunda imagem. - Ela fica em um campo mais aberto, as árvores estão afastadas e aquilo ao lado dela parece ser... uma lagoa?

- Uma fonte térmica. - a Hart o corrigiu, um sorrisinho malicioso adornando seu rosto. - O carinha que eu estava namorando me levou para passar o fim de semana em uma cabana com uma fonte dessas. Na verdade, talvez tenha sido nessa cabana.

- Então riscamos ela e temos um provável lugar!

O sorriso que Jasper abriu poderia ser lido como uma esperança palpável, Schwoz os empurrou para o lado e começou a procurar por imagens antigas da cabana, com sorte ele registrava cada centímetro que seu satélite gravava.

- Ahá! - seu grito animado fez os quatro se reunirem ao seu redor. - Como estava de dia dá para ver com mais clareza eles dois.

O cientista apontou desnecessáriamente para a tela onde um pontinho verde escuro podia ser visto sendo arrastado por outro de preto, eles se movimentavam lentamente em direção à beira da montanha, com uma margem de espaço seguro, ficaram pouco tempo e logo retornaram para dentro da cabana. A raiva que Henry estava tentando inibir começou a se espalhar perigosamente por seu corpo, fechou as mãos em punho, a sensação de suas unhas apertando a pele da palma sendo uma fonte de distração.

- Vamos.

Não precisou falar duas vezes, Ray rapidamente o seguiu após recolher os equipamentos. As imagens mostravam uma Charlotte claramente fraca e muito pálida, algo estava errado, mais do que a situação em si, sentia que se demorasse para encontrá-la... se impediu de pensar o pior, manteria a esperança até encontrá-la, já haviam passado por muito para se perderem do outro no momento em que mais se precisavam.

■ ■ ■ ■ ■

O silêncio no carro era carregado de tensão e expectativa, Ray dirigia o pesado veículo que havia comprado em silêncio, tentava a todo custo dirigir com cuidado por conta das estradas escuras e escorregadias. Henry estalava os dedos para aliviar um pouco o nervosismo, olhava pela janela do passageiro a paisagem da subida da montanha. O Manchester girou o volante para a esquerda, entrando em uma estradinha escondida que estava coberta de neve, os pneus deslizaram um pouco, mas ele conseguiu manter o controle do veículo.

- Mais alguns metros e vamos ter que descer.

Avisou em um tom baixo, Henry assentiu sem encará-lo. O som da neve sob os pneus, o vazio de sons que os permeava e o frio que adentrava o carro mesmo com o aquecimento ligado ao máximo, os fazia tensionar cada músculo de seus corpos. Henry suspirou trêmulamente, as palavras morriam em sua boca e sentia seu coração apertar em preocupação. Ray desligou o carro, parando antes do fim da trilha, não conseguiriam ir mais além, retirou a chave e a guardou no bolso do casaco grosso que vestia.

- Está na hora.

- Vamos resgatá-los.

O Hart bateu palmas para aquecer suas mãos, vestindo o casaco impermeável e saltando para fora do carro. Ray o seguiu, os dois com as mochilas preparadas por Schwoz, ao trocarem um olhar determinado, ligaram as lanternas e começaram seu trajeto. Seus pés afundavam na neve espessa, Henry ia a frente derretendo o máximo de neve que conseguia, porém, como tudo estava tomando pela imensidão branca, em pouco tempo a que estava ao redor caía rapidamente para ocupar o espaço vazio.

Caminharam pelo o que pareceu serem horas, o suor escorria gelado por seus rostos, a respiração arfante quando pararam alguns bons metros longe da cabana, não conseguiam enxergar nada de onde estavam, mas o escuro à frente era a prova de que todos que ali estavam deveriam estar dormindo naquele instante.

- Espera um pouco. - Ray pediu, ofegante enquanto tentava colocar o óculo de visão noturna em seu rosto. - Hora de apagar as lanternas.

Henry seguiu seu exemplo e em poucos segundos os dois se encontravam camuflados pelo escuro da madrugada, piscaram para se acostumar a visão esverdeada que as lentes de visão noturna os proporcionavam. O Hart começou a observar as árvores mais próximas, estavam no limiar que os separava das armadilhas, deveriam tomar todo o cuidado, o fim da trilha improvisada era o início dos perigos armados por Drex.

Demorou alguns minutos para finalmente encontrarem a marca vermelha escondida em uma árvore quatro metros ao lado do fim da trilha, caminharam com cuidado até ela, não demorando a encontrar um padrão em meio às folhas cobertas de neve e galhos secos. Um atrás do outro, se moveram com extrema atenção a todo barulho que poderiam fazer ou que fosse feito por terceiros. Ray cutucou Henry na altura das costelas puxando sua atenção, o Hart olhou para o amigo que apontou com a cabeça para a última árvore, os dois se colocaram atrás do tronco, respirando fundo enquanto se preparavam para seu próximo passo.

A cabana estava escura, mas no segundo seguinte um dos cômodos foi iluminado por uma luz amarelada, escutaram algo quebrar dentro do local e Ray segurou Henry pelo braço antes que ele tivesse a chance de correr. O Hart sentia seu corpo tremer e só permaneceu parado porque seu amigo o encarava em um claro pedido para ele não fazer uma burrada, mesmo contrariado permaneceu no lugar. Em um sinal combinado, os dois se movimentaram devagar para longe da floresta e em direção à cabana, o plano era dar a volta e entrar pela porta dos fundos, mas tudo foi por água abaixo quando a porta da frente foi aberta com um estrondo e Drex apareceu à porta com uma Charlotte inconsciente nos braços.

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