✿*:・Capítulo VII
Comprovante de compra e venda
Conforme: Rodolfo Marshall
Recebe de: Hector Colaines
Recolhe ao cofre desta repartição a quantia de 30 moedas de ouro do valor de seis escravos, duas fêmeas e três machos originários do reino caído de Sona.
Comprovante de compra e venda
Conforme: Hector Colaines
Recebe de: Suzy
Recolhe ao cofre desta repartição a quantia de 200 moedas de ouro do valor de 50 Pedras de rubi.
E assim, acumulados um sobre o outro, comprovantes e mais comprovantes ilegais se amontoavam sobre as mãos de Lilith, ela deixou seu corpo recair sobre a cadeira, vendo suas mãos tremerem cada vez mais conforme lia aquilo.
O que em Tessen¹, seu pai estava fazendo...?
Porém um comprovante acabou puxando uma parte especial de sua atenção pelo sobrenome familiar, "Yaroslav D.Wilton" havia vendido uma quantia suspeita de uma variedade de ervas ao seu pai.
Ele não teria que usar um comprovante ilegal para comprar ervas medicinais do Ducado de Wilton, afinal, era de conhecimento geral que os negócios farmacêuticos eram monopolizados por essa família, então por que...?
— Senhorita? — Lilith saltou da cadeira de susto ao ouvir a voz de Menas — Esperava que chegasse cedo, mas não tanto — a mulher suspirou.
— Eu... — Lilith se impediu de falar, seria muito estranho dizer que sonhou o local onde estavam esses documentos — Lembrei que não havia olhado direito essa última gaveta, achei um fundo falso nela.
— São úteis? — Menas deixou uma bandeja com frutas em frente a ela.
— Há alguns que podem ser usados contra o conde, mas as outras são muito vagas... Menas, você sabe em que o Rubi pode ser utilizado fora as jóias? — as mãos de Lilith se moveram de forma inconsciente, pegando uma maçã para comer.
— Não, senhorita. Mas talvez alguém de Griser possa saber.
Era estranho, ninguém desviaria rubis apenas para usar como jóias, até porque seria facilmente detectado, já que Colaines era o único território que minerava eles, e não estavam desviando o cristal polido, e sim a pedra.
— S-senhorita — Dana entrou correndo pelo escritório, segurando uma carta nas mãos — O imperador, o imperador enviou uma carta!
Afastando seus pensamentos, Lilith rapidamente foi até Dana pegando a carta e abrindo com as próprias mãos, sem sequer usar o abridor, seus olhos percorreram o conteúdo sem descanso, até terminar de ler.
— Menas.
— Sim, senhorita?
— Preciso me arrumar para um julgamento na corte, imediatamente.
╌────═•{🥀}•═────╌
O coração de Lilith batia em angústia, enquanto suas mãos apertavam com força a caixa do selo Marshall. Seu tio deveria ter entrado em contato com o imperador, já que mesmo após semanas, ele não havia feito questão de responder sua carta.
E isso foi o que mais lhe assustou.
— Nós chegamos, senhorita — o cocheiro avisou, parando a carruagem em frente ao palácio principal.
Ela estava sentindo-se como um coelho entrando na cova dos leões.
Respirando fundo, Lilith entrou no salão, precisava fazer isso, ou todo o esforço que tinha feito até agora seria inútil.
Haviam oito cadeiras posicionadas ao redor no salão, todas em seu devido espaço, sendo divididas com cercados de mármore branca, no final, estava o trono do imperador e dos príncipes, mas os dois não se encontravam presentes.
Assim como o assento mais próximo ao trono, representando o ducado de Wilton, sobrinho do imperador.
Os líderes das duas casas maquesais fora Colaines, e das quatro casas condais estavam presentes, alguns encarando Lilith e outros sequer prestando atenção. Porém o que chamou sua atenção, foi a pessoa ao lado do trono, que estranhamente despertou arrepios por todo o seu corpo.
"Por que o sumo-sacerdote está aqui?"
— Presto meus cumprimentos em nome da casa Colaines, a vossa majestade, o sol do império, que as benção e a glória da deusa estejam sobre essa nação e seu governante — Lilith se curvou o máximo que a etiqueta requeria, levantando a bainha de seu vestido com graça, apesar de em uma das mãos segurar a pequena caixa.
— Que assim seja. Levante-se, Lily, tome seu assento, faz alguns meses que não vejo seu rosto — o imperador Aleksandr gesticulou com a mão, oferecendo um sorriso gentil. O homem já estava em seus sessenta anos, uma expressão agradável apesar das rugas enfeitava seu rosto por de trás da barba loira bem feita.
Mas Lilith já o conhecia de longa data, o suficiente para ver através daqueles olhos dourados bestiais.
— Lily, chegou até mim a informação que você havia roubado o selo da casa Marshall, isso procede? — sua mão apoiou o próprio rosto de maneira relaxada.
— Não, vossa majestade. Na verdad...
— Como pode se atrever a dizer mentiras tão descaradas em frente a sua majestade e a sua santidade!? — seu tio a interrompeu, cerrando os punhos só descanso da cadeira, mas se calou no instante em que o imperador ergueu a mão para ele em sinal de espera.
— Continue, Lily.
— Como dizia, não o roubei, tomei como uma medida de segurança e garantia diante dos atos desrespeitosos de sua senhoria, o conde Marshall — Lilith se manteve de pé ao lado da cadeira que representava sua casa, deixando a caixa do selo em cima do apoio de descanso, e em um ato para tentar esconder sua insegurança, apoiou as duas mãos nas costas, pressionando uma a outra com força.
— Se me atrevo a perguntar, vossa majestade — o Conde Payne iniciou, esperando a aprovação do imperador antes de continuar — Quais atos desrespeitosos seriam esses, senhorita Colaines? Que possa justificar uma atitude considerada até mesmo um crime de invasão.
— Um crime ainda mais grave, vossa senhoria. O Conde Marshall se aproveitou do meu momento de fragilidade após a perda do meu pai, tomou o selo Colaines e desviou fundos do marquesado — de relance, Lilith conseguiu ver um leve sorriso no canto dos lábios do conde.
— Lily, isso é uma acusação séria, poderá arcar com as consequências de suas palavras? — o Imperador suspirou pesadamente, pressionando as próprias têmporas.
— Sim, eu o farei.
— O que pode nos garantir, que a lady não está apenas tendo devaneios? É normal acontecer situações como essa após perder um ante-querido tão próximo, temos que levar em consideração todo o esforço que o Conde Marshall e sua esposa tiveram para mantê-la em segurança — o Marquês Dalton se manifestou, expressando-se de forma tão tranquila que chegava a irritar os nervos de Lilith.
— O comportamento da Lady Colaines também é algo a se considerar, já havia mentido em outras ocasiões, não seria impossível que fizesse novamente. Lady, por que não passa um tempo conosco no tempo, para limpar-se dessas impurezas mundanas e curar sua alma? — o sumo-sacerdote lhe encarou com um sorriso, enquanto segurava entre suas mãos, a estrela de quatro pontas.
Se Lilith tivesse trazido seu bastão, teria lançado na cabeça daquele velho que fugia da morte. Não sabia a razão, mas ele a irritava mais do que todos presentes, toda a sua aura angelical soava como uma blasfêmia para ela.
— Dispenso, vossa santidade. Como pode ver, minha alma está devidamente em seu lugar — bem, Lilith não tinha tanta certeza, considerando a voz que estava vivendo de aluguel em sua mente — mas sobre minhas palavras não serem confiáveis, me sinto ofendida, pois tenho provas do que digo.
Lilith pegou a caixa que trouxe, onde guardou as cartas que havia encontrado, junto com alguns documentos contábeis que a ratazana anterior a Menas havia tentado de maneira falha, se livrar antes que ela visse.
O Imperador Aleksandr sinalizou para que a Condessa Velez pegasse e trouxesse para ele, e assim a senhora o fez. Abrindo com cuidado o objeto, a Condessa sussurrou alguma coisa, antes de confirmar em resposta para o imperador.
— Marquesa Colaines, está consciente sobre o conteúdo entregue ao Imperador? Não há volta atrás para a decisão que tomar — a voz da Condessa, apesar da expressão séria, era reconfortante de ouvir, quase como se tirasse uma parte do peso que Lilith carregava para si, principalmente após ouvir da boca de outra pessoa, o título que lhe pertencia por direito.
— Estou consciente, vossa senhoria, e desejo manter formalmente minhas acusações.
Como Lilith não poderia estar ciente depois de ver com seus próprios olhos o nome de seu pai? Sabia que se entregasse aquilo, mancharia a honra do falecido marquês por toda história, e todos os seus feitos e contribuições seriam apagadas, podendo até mesmo prejudicar a própria Lilith.
Mas essa era a única coisa que poderia provar com cem porcento de garantia, a índole do seu tio.
Porém, ainda assim, ela queria dar um voto de confiança para seu pai, poderia, quem sabe, ter falsificado a assinatura dele, se esse fosse o caso, Lilith faria questão de provar a sua inocência.
— Agora que me recordo, não era o Conde Marshall que estava com uma enorme dívida? Isso justificaria um possível desvio de fundos do marquesado — o Conde Larsen disse com um sorriso provocativo, afiando a ponta do seu bigode. Ele não perderia a oportunidade de pressionar onde doía, principalmente depois de ver a expressão confiante do Conde Marshall se desfazer após a pergunta da condessa.
— Conde Kazimir, está me ofendendo! Sei que não gosta da minha pessoa, mas isso não é justificativa para me acusar de tal forma. Vossa majestade, não sei que tipo de peça minha sobrinha está tentando realizar novamente, porém eu garanto que posso provar minha inocência, diante de tudo o que é mais sagrado — Rodolfo colocou a mão sobre o peito em juramento, deixando se sua expressão confiante tomasse seu rosto novamente.
Sua atitude fez com que o sumo-sacerdote suspirasse e levasse suas mãos juntas que seguravam o cordão de estrela até a altura do queixo, antes de fechar os olhos.
Isso porque, se ele não conseguisse manter sua palavra sobre um juramento sagrado, seria acusado de blasfêmia.
O Conde Kazimir vendo essa oportunidade, não se segurou em ficar do lado de Lilith, e sorriu em direção a garota como um incentivo, que apenas o olhou confuso.
"O Conde Larsen irá me apoiar? O que ganharia com isso?" — Lilith estranhou, mas não se atreveu a dispensá-lo na situação em que se encontrava, oferecendo um sorriso e um aceno com a cabeça para que continuasse.
— Oras, não precisa ficar tanto na defensiva, conde. Não é algo que precisa se envergonhar, todos nós cometemos erros, apesar de vossa senhoria cometer mais do que todos nós... É normal querer pedir um pouco de ajuda para algum parente próximo, mesmo sendo um pouco inesperado o parente ser sua sobrinha mais nova... É conde, sua situação está de fato complicada, onde está sua honra como homem? — Kazimir desdenhou, afiando seu bigode.
O Imperador Aleksandr vendo que Lilith também estava calada, apenas voltou a descansar sua cabeça na mão, suspirando junto com a Condessa Velez, já acostumado a ver seus súditos alfinetando uns aos outros.
— Quão miserável acha que estou para desviar trezentas moedas de ouro da minha sobrinha!? Tenha mais vergonha antes de questionar a honra alheia, deveria cuidar da sua que está se desfazendo com os jogos de azar — Rodolfo acabou se alterando um pouco mais do que esperava.
...
Alguns instantes de silêncio pendurou pela corte, instantes longos o suficiente para o Conde Marshall começar a se sentir desconfortável com os olhares que recaíram sobre si, começando a repensar no que havia dito.
— Isso... Lilith não havia mencionado o valor, certo?
— Não, não havia — um sorriso malicioso cresceu em seus lábios.
O conde Rodolfo da casa Marshall, tinha caído na provocação do seu adversário, e cavado a própria tumba.
O Imperador soltou um arzinho acompanhado de um meio sorriso pela sua estupidez, e assim a reunião foi encerrada sem muitos problemas, ao menos não para Lilith, que obteve de volta o selo de sua casa sendo oficialmente reconhecida como marquesa e deixou o dos Marshall sob tutela do Imperador até que uma investigação sucinta fosse realizada no condado.
Apesar de ter estado com o coração na mão durante todo o momento, foi um sucesso, só precisava voltar para casa antes que...
— Lily, já está de partida? Pensei que fosse ficar um pouco mais, tem um bom tempo que não vem ao palácio — Aleksandr impediu a fuga de Lilith, que já estava prestes a descer as escadas para sair do salão.
— Vossa majestade — a mulher curvou levemente a cabeça — Há muito a ser resolvido no marquesado por conta dos problemas causados pelo Conde Marshall.
— Eu vejo — o Imperador sorriu, se aproximando de Lilith para afagar sua cabeça — Hector estaria orgulhoso de ver o quão madura sua filha tem se tornado... Deveria vir me visitar mais vezes, Lily, já estou velho, nunca se sabe o que pode acontecer comigo.
— Não diga uma coisa dessas, não combina com vossa majestade ser tão negativo — Lilith não se conteve e acabou deixando uma careta se formar em seu rosto, o que fez o Imperador soltar uma gargalhada.
— Essa expressão combina bem mais com você, mas falo sério quando digo para vir me visitar, também estou preocupado com seu futuro cuidando sozinha de tantas responsabilidades, Emery poderia te ajudar com isso — ele soltou um arzinho pelo nariz, tirando a mão do cabelo agora caótico de Lilith.
— Agradeço a consideração, vossa majestade, porém sou completamente capaz de lidar com isso — tentando colocar seu penteado no lugar novamente, sequer se deu ao trabalho de forçar um sorriso.
Como sempre, Aleksandr não havia desistido de tentar formar um compromisso entre Lilith e seu filho mais novo, o falecido Marquês tinha conseguido impedir ao máximo, mas agora que ele não estava mais vivo, o problema iria cair como uma cruz nas costas da nova Marquesa.
A única família que monopolizava a venda de rubis em todo o continente, não tinha nenhuma ligação com a família imperial, a partir do momento que Lilith se tornasse uma princesa tudo deixaria de ser dela e passaria a estar nas mãos do Imperador.
A família imperial não tinha como símbolo de seu brasão um leão atoa.
Lilith odiava o ego e a confiança exacerbada do Imperador que sempre era convertida em uma tranquilidade impenetrável.
🥀"O pior lobo está tão perto que, se disserem que está no ninho onde nasceu, tu não acreditarás."🥀
– Fabio Ibrahim El Khourya
╌────═•{🥀}•═────╌
✿*:・RECADINHO DA AUTORA・:*✿
¹Tessen: Nome do mundo onde se passa a história, "O que na Terra" substituído por "O que em Tessen."
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro