Um dia quase normal... Parte 1
Meu sonho estava bom. Os pássaros cantavam e eu corria por um jardim de girassol. Eu corria e ria e girava e cantava. Meu vestido branco voava com o vento e eu me sentia leve. Me sentia feliz.
Mas tudo mudou quando escutei gritos e o meu lugar feliz desmoronou. Acordo assustada e de imediato me sentei na cama.
ㅡ Senhora Black! Acorda! ㅡ berravam os três garotos, vulgo meus amigos, na minha orelha. Por um momento eu pensei se valia a pena ser amiga deles. O não ganhou.
ㅡ Finalmente! Nós já estávamos gritando por 10 minutos, mas o único jeito foi te chamar de senhora Black ㅡ disse Remo, rindo. De todos, ele era o que eu menos esperava estar fazendo isso comigo
ㅡ Hahaha, estou me matando de rir ㅡ fingi uma risada e saí da cama. Dividir o quarto com mais três garotos era estranho pra caramba, porque o quarto todo fedia a perfume masculino e odores estranhos.
Fui para o banheiro, com os olhos deles em mim. Entro e fecho a porta. Tranco também, por precaução. Suspiro pesado e coloco o meu uniforme da bancada. Abro a torneira e lavo os meus olhos, enquanto os mesmos ainda se acostumam com a luminosidade. É aí que tudo dá errado. Levanto o meu olhar até o espelho, então dou um grito.
O meu cabelo. O meu lindo cabelo loiro estava azul. Ficou horrível porque, por mais que a cor seja bonita, eles com certeza não sabiam usá-la. Há mechas mais claras, algumas até são loiras. Outras estão tão azuis que parece até preto.
Coloco a minha cabeça na torneira, uma tentativa falha de tentar tirar a tinta.
ㅡ Eu vou matar vocês! ㅡ berro de dentro do banheiro. Escuto a risada deles do lado de fora. Reviro os olhos.
ㅡ Nós vamos te esperar lá no salão ㅡ Sirius fala. Ele fala como se não tivesse acabado de estragar o meu cabelo. Fala como se fosse uma manhã qualquer.
Decido não responder, e escuto os passos deles saindo do quarto.
Mesmo contra a minha vontade, coloco o uniforme e ajeito o meu cabelo sobre ele. Não ficou tão ruim. Podia ser pior.
Quando abro a porta do banheiro e dou um passo para o quarto, sinto tudo caindo. De repente, não estou mais no quarto da Grifinória, e sim em uma casa velha. Mas bonita. Homens encapuzados andam por todos os lados e, no céu, uma caveira com uma cobra ao redor brilha através das nuvens. Me sinto tonta, como se tivesse batido a cabeça fortemente. Na escada da entrada, encontra-se um homem vestido a rigor, mas seu semblante é de preocupação. Eu não o reconheço, mas ele não me parece estranho. Seu cabelo está bem cortado, e seus olhos encontram os meus. Ele parece relaxar.
O homem desce os degraus e anda até a minha direção, as mãos para trás. Quando ele chega perto de mim, seu perfume me invade.
ㅡ Marina? ㅡ a voz grossa e rouca do homem se faz presente. Eu não consigo me mover. ㅡ Esperei esse momento há anos. Mas você precisa acordar.
Eu tento abrir a boca para perguntar o que isso significa, mas não consigo. E ele percebe. O homem passa a mão delicadamente pelo meu rosto, mas eu não sinto nada.
ㅡ Você precisa acordar, bolinho. É a hora de lutar novamente.
Eu arregalo os olhos e percebo o quanto ele me é familiar. Seus olhos estão... sem vida. Como se fosse um cadáver. Então sinto a sua mão em meu rosto, ela é fria e cheia de calos. É como se ele estivesse morto.
ㅡ Christian? ㅡ sussurro, e sinto a minha garganta arder.
Ele me olha com ternura, mas seus olhos verdes estão opacos. Não refletem nada.
ㅡ Você foi forte, Marina. Mas está na hora de acordar. Já se passaram treze anos.
ㅡ Sobre o que você está falando?
ㅡ Apenas acorde.
E então eu pisco, e volto para o dormitório da Grifinória. Aquilo parecia... uma memória, uma visão, algo que eu já vivi. Mas não faz sentido. Porém, parecia tão real. Eu até consegui sentir a mão dele.
Decido ignorar totalmente o que acabou de acontecer, então desço as escadas para me encontrar com o grupo de meinos que, atualmente, é o grupo que eu mais odeio. Como o meu quarto ficava na ala masculina, tive que passar pelas escadas cheias de garotos. Olhando assim, parece que dormi com alguém.
Chego no Salão Comunal e me deparo com os Marotos conversando com algumas garotas. Hora de me vingar.
Ando cautelosamente até chegar perto deles. E então falo:
ㅡ Essas são as de ontem que foram para o dormitório com vocês?
As garotas ficaram roxas de raiva e saíram pisando fundo. Os dois me olharam com desprezo.
O desprezo é a forma mais sutil de vingança.
ㅡ Por que fez isso?
ㅡ Vingança ㅡ eu disse apontando para o meu cabelo ㅡ e aliás, quando vai sair a tinta dele?
ㅡ Não vai... ㅡ Sirius e James falaram juntos.
ㅡ Eu não acredito! Eu odeio vocês! ㅡ falo alto o bastante para atrair atenção de algumas pessoas ali. Os dois olham ao redor e saem correndo. Corro atrás.
Quando chego no Salão, eles já estavam lá. Entro calmamente e me sento na frente deles. Lupin rolou os olhos e voltou a ler. Então me aproximo devagar, pego uma jarra de suco e jogo nos três. Alguns grifinórios que estavam ali começaram a rir. James se levanta e pega um bolo de chocolate e esfrega na cara do Sirius, então o cabeludo se levanta e pega um pudim e joga no meu rosto. Tiro devagar os pedaços do pudim, pego uma sopa fria e jogo no rosto de Remo. É então que tudo se inicia.
ㅡ Guerra de comida! ㅡ alguém berra.
Eram pratos, bolos, sucos, jarras, tortas e todos os tipos de comida voando para todos os lados. Gargalhadas preenchem o Salão. Era gente gritando, sorrindo. Por um momento, agradeci mentalmente por eles terem roubado o vira-tempo.
Minerva Mcgonagall, ou melhor, Tia Minnie (apelido carinhoso dado por Sirius) entra no Salão. Todos se congelam, e tudo fica em profundo silêncio.
ㅡ QUEM É O RESPONSÁVEL DISSO? ㅡ ela grita. Um bolo que eu havia jogado na porta, começa a descer lentamente. Se lea não sair do lugar, tenho certeza que vai cair no...
O bolo cai no cabelo dela.
ㅡ Quem jogou isso? ㅡ ela pergunta e não se mexe para tirar a comida.
ㅡ Eu. ㅡ digo, levantando a mão.
ㅡ Já não basta causar dor de cabeça no tempo de vocês, ainda tem que causar aqui? ㅡ tia Minnie pergunta, me olhando severamente.
Eu implorei para um buraco abrir no chão e eu poder me jogar.
ㅡ Desculpem, professora, mas temos que causar dor de cabeça em todos os anos em que estivermos. ㅡ digo, me arrependendo logo depois. Que merda.
ㅡ Você ㅡ ela apontou para mim ㅡ já para a minha sala!
Olho para o chão enquanto caminho lentamente. O Salão todo parece não respirar, porque ninguém emite um som.
ㅡ Espera! ㅡ Sirius fala, me surpreendendo ㅡ não foi só ela que causou isso, eu também comecei.
Olho para ele, que pisca um olho na minha direção. Por que está sendo tão gentil?
ㅡ Vocês também? ㅡ ela pergunta para James e Remo.
ㅡ Sim.
ㅡ Tinha que ser! Vocês todos, já para a minha sala!
Então, totalmente contra a nossa vontade, a seguimos. Pego a mão de Sirius e a aperto, um sinal claro de agradecimento.
ㅡ Muito bem, já que a senhorita Potter foi a mais culpada, a senhorita irá limpar todos os quadros do corredor do quarto andar.
Congelo. Todos os quadros? Isso vai levar a minha vida inteira. No quarto corredor não existem salas, e sim um extenso corredor cheio de quadro nas paredes.
ㅡ Eu não posso limpar a sala de troféus ou algo assim?
ㅡ Não.
ㅡ Mas...
ㅡ Caso a senhorita não saiba, desperdiçar comida é algo muito sério. Você sabe quantas pessoas morrem de fome todos os dias?
Fico quieta. Ela tem razão. O que eu fiz foi totalmente impulsivo.
ㅡ Para ser justo, vou tirar o nome de um de vocês três aqui nesta caixa ㅡ disse ela, pegando uma caixa pequena e preta ㅡ muito bem, quem irá ajudar a senhorita Potter será...
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