Perdi a conta de quantas vezes eu abri a boca para falar algo. Aquilo não podia estar acontecendo. O que fazer em uma situação como essa?

Eu fiquei encarando-o, mal escutei quando a diretora me chamou, mal escutei quando ela disse para mim ir até a lareira, mal escutei quando eu cheguei ao Beco Diagonal por meio de pó de flú.

- O que você está fazendo aqui?- Foi isso que eu ouvi, ou algo parecido, mas eu ainda estava em choque para responder, por isso que não respondi, e por isso que a pessoa que fez essa pergunta ficou brava, pegou no meu braço e me tirou da sua loja.

Talvez eu tenha merecido isso, mas só talvez.

Beco Diagonal é exatamente como imaginei. Vários bruxos e bruxas com chapéus pontudos, várias lojinhas, e várias coisas de bruxos.

Peguei a minha listinha de coisas que eu tenho que comprar, a lista é um pouco grande, pois mesmo entrando no 4º ano, eu preciso comprar algumas coisas de principiante:

"LISTA DE MATERIAIS:

Uniforme:

1. Três conjuntos de vestes comuns de trabalho (pretas).

2. Um chapéu pontudo simples (preto) para uso diário.

3. Um par de luvas protetoras (couro de dragão ou similar).

4. Uma capa de inverno (preto com fechos prateados).

Obs.: as roupas dos alunos devem ter etiquetas com seu nome.

(1 de 3 páginas)"

"Outros equipamentos:

1 varinha mágica;

1 caldeirão (estanho, tamanho 2);

1 conjunto de frascos;

1 telescópio;

1 balança de latão.

Obs.: os alunos podem ter uma coruja, um gato ou um sapo.

(2 de 3 páginas)"

"DÚVIDAS:

Para qualquer tipo de dúvida, favor entrar em contato com Alvo Dumbledore, por meio de uma coruja.

Alvo Dumbledore
Diretor de Hogwarts

(3 de 3 páginas)"

Além de uma lista enorme de livros, o que vai me custar boas moedas.

[...]

Depois de longos minutos - que mais pareceram horas - eu finalmente tinha comprado tudo o que estava na listinha e tudo o que eu achei necessário, claro que os doces foram a maior parte da minha compra.
Porém, eu deixei o melhor para o final, que consistia em comprar a varinha. Exatamente, eu, plena com 14 anos ainda não tenho varinha. Eu sei basicamente tudo que um adolescente de 14 anos deve saber, isso inclui os ensinamentos da magia e dos trouxas. Além de eu ir para a escola dos trouxas, eu tinha aula de magia com a minha diretora.

Mas creio eu que tudo o que eu citei acima não seja tão importante quanto comprar a minha primeira varinha.

E lá estava a loja, a tão esperada loja. Acima da porta, em letras douradas e descascadas, lê-se: Olivaras. Antes de entrar, dei uma olhadinha na vitrine que consiste em uma varinha solitária em cima de uma almofada roxa e desbotada em uma janela empoeirada.

Respirei fundo e finalmente entrei, fazendo com que um sininho tocasse. No interior da loja eu podia ver que ela era pequena e vazia, a não ser por uma única e alta cadeira no canto. Milhares de caixas estreitas que eu acho que são varinhas são empilhadas até o teto, e todo o lugar tem uma fina camada de poeira.

Garrick Olivaras abriu um grande sorriso ao me ver e eu rapidamente retribuí, mas o meu olhar desviu do Sr. Olivaras e parou a um grupo de garotos que estavam alí, provavelmente estavam jogando papo fora com Garrick.

Segui o meu caminho até o balcão, ignorando totalmente os garotos.

ㅡ Você é nova aqui? ㅡ escuto uma voz atrás de mim, imediatamente me virei e vi algo que realmente me deixou tonta. Ele estava ali, o garoto moreno de olhos verdes estava bem ali me encarando.

ㅡ O que está fazendo aqui? ㅡ quando dei por mim, já tinha perguntado. Claro que ele fez uma cara de desentendido, e eu prontamente arregalei os olhos. ㅡ Quer dizer... Oi?

O meu irmão franziu o cenho e olhou para os amigos, que deram de ombros. Para a minha sorte, o Sr. Olivaras me salvou de qualquer pergunta que ele iria fazer.

ㅡ Senhorita Po... ㅡ Eu odeio cortar as pessoas, mas dessa vez foi necessário.

ㅡ Pereira! Senhorita Pereira! ㅡ Eu sei que estou mentindo, mas o meu irmão não está pronto para saber que eu sou eu. Aliás, tenho quase certeza que esse sobrenome é brasileiro.

ㅡ Ah sim, senhorita Pereira! Então, está pronta para comprar a sua primeira varinha?

ㅡ Eu já nasci pronta!

O Sr. Olivaras pediu que braço eu preferia, depois mediu o mesmo e fez mais outras perguntas. Logo depois ele foi lá para dentro, creio eu que foi pegar varinhas.

ㅡ Então... sua primeira vez em Hogwarts? ㅡ levei um susto quando escutei alguém falando comigo, até tinha esquecido que havia mais gente ali na loja.

ㅡ Hã... sim! ㅡ dessa vez eu não estava mentindo, ponto para mim!

ㅡ E você estudava em que escola antes? ㅡ Oh, yeah! O que responder em uma hora dessas? Ponto para ele...

Abri a boca para responder, mas novamente o Sr. Olivaras me salva. Dessa vez ele trazia consigo várias caixas com varinhas dentro, eu realmente iria demorar muito para sair desse recinto.

Ele me entregou a primeira varinha da sua enorme pilha de caixinhas, conforme ele disse, essa varinha era de madeira de sabulgueiro, 19cm, núcleo é pelo de unicórnio, flexível e é preta.

Eu não fazia ideia do que fazer para testar varinhas, afinal, nunca tive uma só minha. Mas o Sr. Olivaras havia me dito que era só eu apontar para algo e, se a varinha me escolhesse, algo de bom iria acontecer, mas se a varinha não me escolhesse, certamente algo de ruim iria acontecer. E assim eu o fiz, apontei para uma pilha de livros que tinha lá no canto, e algo saiu da varinha, parecia um feitiço da cor rosada. O feixe de luz saiu da varinha, bateu nos livros e veio em minha direção, meu primeiro movimento foi se abaixar, no qual o feixe de luz passou por cima de mim. Claro que ele iria bater em algo, então eu prontamente me levantei e pude presenciar uma das cenas mais engraçadas de minha vida.

Um dos amigos de meu irmão, do qual eu não sei o nome, foi atingido com o feitiço. O ser humano é alto, mesmo usando um grosso casaco de lã, dava para supor que ele é musculoso, seu cabelo era meio comprido, do qual chegava até quase o ombro. Mesmo estando longe de mim, dava para ver suas íris cinzas mortais me fitando.

Seu cabelo, antes preto, agora estava rosa, e por incrível que pareça é o mesmo rosa do feixe de luz que saiu da varinha. Seus amigos que estavam ao seu lado desataram rir, e ele só me encarava,talvez ele estivesse esperando eu desfazer o feitiço, coitado, ele realmente é iludido.

ㅡ Bom... acho que essa não é a sua varinha... ㅡ Sr. Olivaras concluiu, fazendo os garotos rirem. ㅡ Tente essa. Madeira de cerejeira, flexível, cor bordô, 29cm, núcleo é pelo de trestálio.

Prontamente peguei-a, e fiquei com medo do que poderia acontecer se eu apontasse-a, já que um dia eu li em um livro que as varinhas mais poderosas são feitas de pelo de trestálio. Mesmo temendo, eu apontei a varinha para o tapete do chão, que prontamente levantou vôo e pousou perfeitamente onde estava.

ㅡ Ahá! Com certeza é essa! ㅡ Sr. Olivaras arrancou-a da minha mão e entrou em um dos corredores.

ㅡ Bom... nós não nos apresentamos... ㅡ Por que raios eles ainda queriam puxar conversa comigo? ㅡ Esse é Pedro Pettigrew ㅡ O meu irmão apontou para um garoto baixinho e gordinho que estava mais ao canto. ㅡ Esse é Remo Lupin. ㅡ Dessa vez ele apontou para um garoto mais alto, seu rosto tinha algumas cicatrizes e seu cabelo era da cor de mel. ㅡ Esse é Sirius Black. ㅡ Ah! Então o garoto de cabelo rosa tem nome! ㅡ E eu sou...

ㅡ James Potter, eu sei. ㅡ As palavras simplesmente pularam da minha boca, e eu não fui a única que arregalou os olhos. ㅡ Hã... quer dizer...

ㅡ Aqui está, senhorita Pereira. ㅡ Com certeza Garrick Olivaras é um santo, pois novamente ele me salva.

Depois que eu paguei a varinha, peguei todas as minhas sacolas de compras e saí, literalmente, correndo da loja. Estava tudo certo, eu estava quase chegando na loja onde tinha uma lareira para eu poder voltar para "casa", quando alguém segura o meu pulso, me obrigando a parar e olhar quem foi a criatura que fez isso.

ㅡ Sirius Black... O que faz aqui?

ㅡ Tenho duas coisas para falar. Primeiramente: vou me vingar por causa do meu cabelo. Segundamente: se você estiver afim do James, eu posso te ajudar.

Não sei o que falar. Não sei se falo que segundamente não existe ou se falo que não estou afim de James, afinal, ele é meu irmão! Por meio das dúvidas, eu só revirei os olhos, o que fez com que Sirius abrisse um sorriso maravilhoso e me soltasse. Ele simplesmente deu às costas e foi embora.

Tudo o que eu fiz foi suspirar cansada e esperar que em Hogwarts seja melhor.

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