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🚨AVISO DE CONTEÚDO.

O CAPÍTULO A SEGUIR CONTÉM ALUSÃO NAO ROMANTIZADA A INCESTO, ABUSOS E ALTO TEOR DE VIOLÊNCIA E NAO DEVE SER LIDO POR PESSOAS SENSÍVEIS A ESSES TEMA. ALGUNS TRECHOS FORAM CORTADOS PARA ADEQUAR O TECTO ÀS POLITICAS DA PLATAFORMA🚨

Uma ligação assim não se quebrava da noite para o dia. Ela sentia-se impotente, pois não conseguia quebrar a relação com seu conturbado passado. Vinte e cinco anos depois, a figura de seu pai ainda a assombrava. O homem que deveria protegê-la dos monstros, tinha sido o pior monstro que ela já tinha visto, e ela ainda sentia na pele os reflexos daquilo, e o hotel parecia despertar aquelas odiosas e terríveis lembranças que ela queria lançar no mar do esquecimento mas não era capaz. O hotel estava ali para lembrá-la de que tentar fugir era uma ilusão. Não havia escapatória. 

Ela tinha ... anos quando o pesadelo começou, e durante cinco longos anos (ela nunca pensara que cinco anos podiam durar tanto), ela sentiu na pele aquele pesadelo. Um pesadelo que parecia ser eterno, que dia após dia deixava suas profundas marcas.

Sua mãe, era uma religiosa falida que aos 45 anos, a idade que Catarina tinha hoje, era uma alcoólatra que já não tinha mais cura. Ela era o motivo de Catarina não acreditar naquele negócio de religião. Mas ela acreditava em inferno. Ela vivera em um inferno e agora descobria que acabara em outro.

Ela, sua mãe, bebia para fugir do peso que era o casamento com o pai de Catarina, a pior espécie de homem que existia. Alguém tão desprezível, que chamá-lo de bosta seria um pecado.

Seu pai bebia e espancava a mãe, a traía  quase todos os dias e gastava todo o dinheiro que ganhava com jogos e mulheres. Catarina também era alvo de agressões. O pai era a pessoa que ela mais odiava na face da terra. Sua vontade era matá-lo, e essa era uma vontade que a ajudava a viver. Era terrível, mas imaginar que estava enfiando uma faca na garganta de seu progenitor, a ajudava a passar por aquilo de uma maneira mais suave.

A mãe não passava de uma inútil que havia desistido de lutar e decidira morrer. Às vezes era melhor assim, simplesmente morrer, e por anos Catarina também pensava daquela forma. Ela queria simplesmente morrer. Na morte não havia dor, na morte não se chorava e não era necessário ver as injustiças da vida. Na morte só havia o reconfortante silêncio. Era o que Catarina pensava. 

Quando sua mãe morreu, vítima de cirrose, Catarina tinha... anos de idade. Catarina nunca havia pensado que o que estava ruim podia piorar e descobriu isso da pior e mais nojenta maneira possível.

A primeira noite foi a mais terrível, Catarina tentou resistir e acabou levando uma surra que a tirou de circulação por uma semana. Ele a jogou no chão e a chutou, e quando aquilo parou, Catarina se sentiu suja, e aquela sujeira permaneceu nela por vários anos, não importava a quantidade de banhos que ela tomava.

Catarina passou uns 15 dias achando que era um lixo e que nada mais importava senão a morte, mas a morte era uma coisa que nunca vinha, o que vinha era seu pai, aparecia na porta do quarto e ela via sua silhueta como um monstro asqueroso.

Ela chegou a pedir a Deus, mas ele não a ouviu, não havia nada. Nem Deus e nem o diabo. O diabo era o homem que pela ordem certa das coisas ela devia chamar de pai, mas ela preferia chamar de monstro.

Aquela era a rotina de Catarina. Ela vivia dominada pelo medo. Na escola era vítima de bullying. Não tinha coragem de procurar ajuda.

Ela passou a experimentar sentimentos como o ódio e descobriu que havia forças no ódio, não eram muitas mas era possível viver com aquilo. Odiar, achar que todas as pessoas que haviam no mundo eram lixo e deveriam morrer e queimar no inferno a ajudava a se sentir bem, ela conseguia até mesmo sorrir, imaginando a carne asquerosa de seu pai apodrecendo nos ossos, com ele vivo e desesperado sem entender porque estava apodrecendo, e ela olhando, vendo-o apodrecer, apontando e se borrando de tanto rir. Como era maravilhoso imaginar aquilo, como era delicioso pensar naquelas pessoas malditas que praticavam bullying contra ela, entrando em combustão espontânea e queimando até virarem cinza, e ela dançando valsa no meio da nuvem de cinzas humanas. 

Tinha noites em que a coisa não acontecia, ele bebia cerveja demais enquanto assistia ao jogo na TV e adormecia na poltrona.

Ela pensava em matá-lo. Seria fácil. Tinha apenas que pegar uma faca na cozinha e enfiar na garganta dele. Mas nunca teve coragem, e parte dela se odiava por isso, se odiava por ser fraca.

Catarina não trancava a porta do quarto, porque sabia que apanharia se o fizesse. Sua única opção era aceitar o que a vida lhe impunha, ser o lixo que o pai a fazia acreditar que era, e se revirar em seu próprio vômito, porque para ela a vida era aquilo, um balde miserável cheio de vômito e não havia nada, nem ninguém que pudesse lhe convencer do contrário.

Catarina começou a aceitar a sua situação não havia o que fazer. Ela poderia fugir, mas suas perspectivas lá fora não eram muito melhores do que ali dentro. Lá fora ela teria que virar uma prostituta para se sustentar, talvez começasse a usar drogas, cocaína e depois crack, e então morreria antes dos 20 anos. Morreria podre e covarde como sua mãe.

Ela se lembrava quando tinha... anos. Catarina havia se pintado como uma puta, vestido roupas de uma puta, porque tinha decidido assumir o papel que o pai queria que ela assumisse: o papel de uma puta.

Seu pai chegou em casa por volta das seis da tarde e assim que a viu vestida daquela forma lhe deu um murro na cara. O murro a nocauteou e ela levou um chute no estômago.

O pai gritava enquanto a chutava, dizendo que ela estava parecendo uma puta, e que putas mereciam apanhar.

Talvez ele tivesse razão, ela era uma puta, e talvez putas mereciam apanhar até a morte.

Quando ele lhe chutou a cara ela apagou e acordou no hospital, e no hospital, precisou sustentar a versão inventada pelo pai, de que havia caído da escada. Ela caia muitas vezes da escada. Às vezes batia sem querer na quina da pia, ou se cortava com a faca. Era uma garota desastrada, puta e desastrada.

Quando ela voltou para a casa, a coisa parou, mas então, dois meses depois, voltou a acontecer.

Era bom demais para ser verdade. O que ela estava pensando? Aquilo só ia parar quando um dos dois morresse, e Catarina entendeu aquilo. Entendeu que era amaldiçoada e que estava no inferno. Então ela decidiu morrer, mas algo mudou seus planos.

Uma gravidez.

Catarina ficou grávida em 18 de abril de 1973, com 18 anos. Ela contou para o pai assim que soube do resultado do exame. Ele lhe deu a pior surra que ela já tinha tomado na vida. Catarina ficou com um braço quebrado, e uma torção no pescoço que quase lhe ofendeu a coluna vertebral. Teve que usar um colete cervical por meses.  Ela passou um mês no hospital se alimentando através de um canudo e recebeu a notícia de que havia perdido o bebê. Talvez tivesse sido melhor assim. Que futuro teria aquela criança?

A polícia veio ao hospital e perguntou se ela era agredida pelo pai, o que era óbvio.  Catarina disse que não. Ela ainda não tinha se livrado das algemas, ela ainda estava dentro de uma gaiola vivendo aquele pesadelo e chamando a coisa de vida. Ela não quis registrar um boletim de ocorrência. O policial sabia que ela estava mentindo, mas não podia fazer nada sem uma queixa formal.

Ela voltou para a casa e descobriu que a coisa havia acabado, seu pai nunca mais a tocou. Primeiro ela pensou que era consciência ou remorso, mas depois chegou à conclusão de que não. Monstros não tem consciência e desconhecem coisas como remorso ou arrependimento. Ele simplesmente havia se cansado dela e pronto. Era melhor seguir a vida.

Já naquela época ele estava morrendo de tanto beber e ela esperava que morresse logo e que fosse diretamente para o inferno.

Suas preces foram atendidas algum tempo depois. Seu pai morreu em 22 de maio de 1976, vítima de um infarto fulminante e Catarina não sentiu nada. Ela não conseguia sentir mais nada, sua alma havia morrido, simplesmente secado. Ela era uma criatura oca por dentro, simplesmente incapaz de sentir qualquer coisa.

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