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Capítulo 09:Declaração

Não sabia o que fazer, eu estava sem reação, o amor da minha vida estava sendo condenado a morte e não havia nada que eu pudesse fazer para reverter isso.
Minha cabeça girava sem parar, sentia meu corpo frio mas, ao mesmo tempo, eu estava suando. A visão escurecia conforme a minha pressão caía e eu tremia de nervosismo.
Todos aplaudiam alto e gritavam o nome de Cedrico. Ele me olhou rapidamente, porém eu não consegui dizer nada. Diggory se levantou e foi junto com os outros campeões.

— Rebecca, fala comigo! — Angelina insistia e estalava os dedos para chamar minha atenção. Parecia que ela estava fazendo aquilo durante um bom tempo, mas só agora eu consegui escutar. Me virei e Angelina viu meu rosto pálido e meus olhos vermelhos e cheios de lágrimas. — Vem,vamos sair daqui, você precisa tomar um ar. — Ela sugeriu e me ajudou a levantar.

— Onde vocês vão? — Jorge perguntou.

— Mais tarde a gente conversa, Rebecca não está passando bem.

— Precisa de ajuda? — Fred se prontificou, mas Angelina recusou.

Ela me levou para o pátio, a fim de me ajudar a me recuperar. Era uma noite fria e bastante escura, representando exatamente como eu me sentia naquele momento.

— Quer conversar? — Angelina instigou.

— Eu não acredito que isso aconteceu...

— Desabafa comigo, Becca... me deixa ajudar.

— Eu tenho tanto medo... tanto medo de perdê-lo.

— Sei que não serve de consolo, mas o Ministério garantiu que o torneio está diferente, eles estão tomando todas as medidas de segurança possíveis.

— Mas e se essas tais medidas de segurança forem falhas? Essa competição é desumana!

— Eu sei...

— E se algo acontecer com ele e eu nunca ter dito o que sinto?

— Isso é uma situação que você pode mudar. Fiz o que aconselhou naquele dia da biblioteca, disse tudo o que sentia pelo Fred e descobri que era recíproco, estamos bem até agora.

— Mas e se isso acabar com a nossa amizade?

— Mas e se não acabar? E se ele sentir o mesmo? Rebecca, eu vejo como Cedrico olha pra você, é como se fosse um colírio para os olhos dele. Você nunca vai saber o que ele sente se não criar coragem e contar logo tudo de uma vez. Precisa aproveitar os momentos que têm juntos, já que você tem medo de perdê-lo.

— Tem razão. — Disse enxugando as lágrimas com as costas da mão.

— Eu sei que tenho.

— Vou dormir, estou um caco.

— Tá bom, vai descansar. Qualquer coisa, pode me procurar, independente do horário.

— Obrigada, amo você. — Abracei-a com força.

Fui ao dormitório, me escondi debaixo das cobertas e desabei. Chorava como uma criança e meu peito doía de tanta ansiedade, fiquei assim até cair no sono.
Acordei, mas tudo estava escuro, as meninas ao meu lado dormiam profundamente e conclui que ainda devia ser madrugada.
Desci para o saguão da comunal da Lufa-Lufa para me acomodar na poltrona em frente à lareira e tentar fazer o sono voltar.
Me sentei próximo ao fogo e estiquei minhas mãos para aquecê-las.
De repente, ouvi alguém se aproximando, era ele.

— Oi. — Cedrico falou com uma voz rouca de sono.

— Oi.

— Sem sono? — Ele perguntou.

— É.

— Não a vi no salão principal depois do sorteio.

— Precisei dar uma saída. A propósito, parabéns por ter sido sorteado. — Falei e sorri contra a minha vontade.

— Por favor, não faz isso. — Cedrico disse franzindo o cenho.

— O que?

— Não finja que está tudo bem.

— Mas está tudo bem.

— Não mente pra mim.

— Que diferença faz? — Desisti de fazer aquela capa. — Já aconteceu, não tem como voltar atrás.

— Me perdoa...

— Já conversamos sobre isso. Não tem que me pedir desculpa.

— Não queria lhe deixar chateada a esse ponto, se eu imaginasse o quanto isso lhe atormentaria, nunca teria colocado meu nome naquele maldito cálice.

— Ced, está tudo bem, esquece isso. Eu só fiquei assim porque... — Comecei a criar forçar para contar mas hesitei.

— Por que...? — Ele tentou me fazer falar.

— Nada, esquece.

— Me diga,quero saber.

— Eu... — Respirei fundo. — Eu te amo, Ced, me desculpa por deixar isso acontecer, mas não consegui evitar. Não quis contar antes porque tinha medo que isso fosse estragar a nossa amizade, mas era preciso dizer agora, porque não sei o que pode acontecer nesse torneio e quero aproveitar todos os momentos que tenho ao seu lado.

— Nossa... isso foi... intenso... nem sei o que dizer. Então... naquele dia da Amortentia... você sentiu meu cheiro? — Ele estava completamente surpreendido.

— Foi, pensei que você tivesse desconfiado.

— Nunca imaginei que fosse eu, pensei que era o Jorge Weasley.

— Não, sempre foi você, Ced. Sempre.

— Entendi... — Ele não disse mais nada.

— Olha... — Tentei quebrar o silêncio. — Eu só preciso saber se é recíproco, se não for, tudo bem, não falaremos mais sobre esse assunto. Apenas diga alguma coisa, esse seu silêncio está me matando.

— Eu... eu não sei. Quer dizer...

— Não sabe? — Minha voz tremeu. Eu estava com um nó imenso na garganta.

— Você é minha melhor amiga, é quase como uma irmã pra mim, não sei se posso lidar com isso.

— Tá...entendo, então tudo bem. Vou voltar para o dormitório, boa noite, Ced. Obrigada pela sinceridade.

— Me desculpa por isso, não queria lhe magoar... — Ele fez uma pausa longa. — É que, no momento, eu estou saindo com outra pessoa. — Aquela frase foi como uma facada em meu peito. Cedrico nunca tinha me contado nada sobre outra garota.

— Tudo bem, essas coisas acontecem. — Falei fingindo, mais uma vez, que estava tudo bem. — Preciso ir dormir, amanhã tem aula.

— Boa noite. — Ele falou com uma voz fraca e triste.

Quando virei de costas para ele, as lágrimas caíram incontrolavelmente. Nunca tinha me sentindo tão machucada.

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