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Capítulo III

Observação: o capitulo a seguir tem alto teor de violência gráfica, palavras de baixo calão e gatilhos. 

Desde já meus sinceros agradecimentos! Fiquem bem e não esqueçam de tomar agua.

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Existe uma linha tênue entre o herói e um vilão, e é o seu lado na fábula.

George Cara

A tripulação de George Cara acaba de desembarcar nas terras do barão Ernes. O homem parecia um balão, tinha as maçãs do rosto rosadas e era infeliz. Os olhos de George Cara nunca tinham visto um home tão feio, e olha que a sua tripulação exibia toda sorte de belezas "exóticas" segurou um risinho ao ver o homem na entrada, de mãos vazias o barão exibia satisfação, e as mãos dançando no vento, um cumprimento de entrada lhe fez pensar no quanto os mundos são diferentes dentro do mesmo mundo. Tentou copiar o movimento tolo de seu anfitrião, mas soava como um deboche exacerbado de um pirata displicente. Ele era um pirata displicente. Mas somente o seu espelho poderia dizer isso. "Espelho, espelho meu. Existe algum pirata mais extraordinário que eu? Já que não me respondeu julgo que esteja na procura, quando encontrar me diga" e soltava um risinho pavoroso que parecia um guincho esganado de algum animal do campo.

- Que prazer em te ver, meu amigo. – Disse o barão complacente com o seu convidado.

- Não posso dizer o mesmo, os meus olhos sangram em ver essa barba por fazer. – replicou o pirata.

- Você e suas piadas, meu amigo. – disse com o tom envergonhado.

- Não somos amigos, eu apenas tolero você. – disse dando um riso que era a sua arma para dizer severas verdades e não perder a cabeça por isso. "Esse cara me dá nos nervos. Tomar no cu!" foi a frase que foi exibida na mente de Cara quando tocou nas mãos do barão. E que mãos grossas e cheias de calos. Se esfregasse poderia sair uma segunda pele. "O maldito não lava nem as mãos"

- Pode soltar a minha mão, barão. – disse com a face esbanjando um nojo.

- Me... – gaguejou o desgraçado. – Me desculpe. Entre. – pediu ao pirata que foi acompanhado pela sua tripulação que logo observou a grande sala do homem. Pedras preciosas e baús enormes na entrada. Um homem que exibi poder na entrada logo implora por respeito. E quem implora não merece respeito algum.

Passou pela sala dos despojos e ouviu um anúncio com o seu nome, os poucos convidados que estavam na mesa, lhe cumprimentaram sem alarde. O sorriso amarelo de George Cara assustava a nobreza.

Os aristocratas tinham a mania de tratar pessoas como os piratas com um certo receio e abasteciam o nojo em suas correntes banhadas em ouro, e exibiam suas mulheres com as peles dos lobos das montanhas que eles não caçaram, não roubaram e muito menos tinham feito. Os incapazes de remar, julgava o grande marujo do mar que fazia o serviço que eles eram incapazes de fazer. Aquilo caía como uma bomba no estomago vazio de George, que se sentou, dando um cuspe na lateral. Os homens mais velhos à mesa mostraram repudio com as suas faces, mas nada falaram, embora não soubesse usar magia, George não carecia de experiencia em lutas e poderia cortar a glote de qualquer um antes mesmo que tivessem chance preferir qualquer palavra.

- Senhores, estes homens farão a nossa guarda. – e apontou para a tripulação de Cara. – os tratem da maneira mais amistosa que puderem. – e tentou coordenar uma salva de palmas que não foi acompanhada.

- Hahahah. Vejam homens, um protótipo do jeito errado de ser um líder. – o pirata apontou para a figura do barão que tentou dar de ombros para a situação.

Os piratas dividiam a mesa com os cavalheiros e a comida logo chegou, as peças eram todas de prata e extremante bem limpas, o reflexo do bigode acentuado de Cara o fez se inclinar em risos.

A postura de ambos era completamente diferente dos homens que estavam lá. Pegaram a comida com as mãos deixando de lado os talheres. E o sorriso largo de ponta a ponta preenchia o rosto de cada tripulante.

A voz batia nos ouvidos de Agnes e Aillard, que não compreendiam de onde vinha, um gutural que preenchia o cenário horrível das carcaças que logo seriam destroçadas pelos abutres.

Foi quando finalmente uma nuvem se exibiu na frente da lua e o cenário se tonou escuro e conflitante. Os receios de ambos estavam alienados a ideia de que algo estava esperando por eles. A mão latejando de Agnes exibia uma dor alucinante e o ombro de Aillard estava com uma dor aguda que reverberava por todo o seu corpo. A gravidade dos sons que seu ombro soltou ao sentirem o impacto em cada corte na pele dura dos Orcs foram acentuados. A instabilidade das sombras que cobriam repetidamente a lua, ocultava a sombra do humano, que prometeu não sacrificar os anos de sua vida apenas por aqueles que eram dignos do opróbrio e da extinção.

- Os nobres revolucionários têm me incomodado por anos, não somos amigos, compreendo os feitos deles. Pequenos mimados que precisam brincar de serem uteis. – disse o pirata George Cara na mesa junto aos nobres. – Eles são carismáticos, não irei mentir, mas não compactuo com a filantropia em suas vestes. – disse exibindo a taça com vinho.

- Você é um homem sábio, quem te julga pelas suas roupas pensaria que é apenas um arruaceiro. – disse um dos nobres com a barba mais longa. O que exigiu que o respeitoso George pensasse no ancião bebendo sopa e lhe atingisse com um olhar desdenhoso.

- Sou um arruaceiro, leviano e aspirante na luxuria. – disse tomando um gole do vinho. – Gosto de mulheres, gosto muito. Daria o meu coração por uma com facilidade, mas. – e levantou a taça de vinho em direção a quem o ouvia com atenção. – Porém sou avarento e não daria meu coração a qualquer mulher.

- Vocês têm um jeito livre de pensar. – disse o outro ancião, calvo.

- Somos livres, é bem diferente. Nossos contratos são forjados. Não assinamos papeis e nem nos dirigimos ao rei como "vossa excelência" ele não foi conduzido ao trono com o meu consentimento, então por que tenho que ser o fiel plebeu? – disse cuspindo na lateral. O chão limpo do barão era um bom alvo. – quem ele pensa que é? Berço de ouro? Que enfiem esse maldito berço na bunda grande que ele tem!

Todos riram. Inclusive o barão, que era um dos sugadores dos impostos do povo e bajuladores do rei.

- Vocês devem estar cansados, colocarei um mulher em cada quarto. – disse o barão que sinalizou para que um de seus servos fosse incumbido de chamar as mulheres. O sorriso de George Cara era notório.

- No caso o seu servo colocará. – disparou o pirata.

- Quando um de seus piratas mata um homem grande, os bardos cantam que fostes ele ou você? - disse Ernes.

- Os bardos não fazem canções de pessoas como eu. Mas se o fizessem, eu não sou desprezível a ponto de me gloriar de algo que eu não fiz. – disse se levantando e chamando seus companheiros. – espero que as mulheres que seu servo colocou em nossos aposentos sejam do nosso agrado.

- Você gosta das que choram? – falou o nobre.

- Eu não entendi a pergunta, esses caras devem ter um idioma próprio não é possível, Caio. – olhou para o companheiro que exibiu um sorriso risível.

- Eu odeio o idioma da nobreza. – disse o rapaz.

- Isso eu entendo. – disse entre os risos. – Boa noite, barão. Gostaria que estivéssemos a posto que horas?

- Dou duas horas para relaxarem em seus aposentos. – exibiu o sorriso amarelado.

- Perfeito. Daqui duas horas e meia estaremos nos arrumando para ficarmos à postos. – disse enquanto caminhava, seguindo o servo que estava ali para orienta-los.

- Maldito, pirata. – disse baixo, porém a boa audição do pirata fez com que fosse inteligível a balbucia descoordenada do barão.

Ao entrar no quarto, viu a silhueta baixa que estava entre as cortinas de cetim. Sorriu, mas ficou perplexo pelo tamanho da mulher, logo imaginou que seria uma anã, deu um sorriso incrédulo. E se aproximou, colocando as cortinas de lado, ansioso para beijar os lábios, não se deitava com uma mulher por um bom tempo. Porém quando tirou os despojos, e olhou ativamente para a face da moça, ele viu uma criança com uma maquiagem tão pesada quanto as putas do campo. Seu estomago doeu e logo fugiu para distante da garota, vomitou todo o jantar e sentiu o nojo mais amargo que sentira em toda a sua vida.

Sua mente não compreendia que porra era aquela. "Que desgraça é essa?" "Velho gordo e maldito!"

E logo colocou as roupas da festa, sua mente permeava por todo o cômodo, fez um sinal de silencio para a jovem, que exibia confusão no olhar.

- Relaxa, eu preciso fazer uma coisa e já volto. – e pegou a adaga que havia ganho de seu avô. "A linha que estava esticada no abismo não era o suficiente para manter o equilibrado o home bêbado que eu sou" os olhos negros e acostumados com desgraças exibiam cada detalhe do corredor com alguns homens que faziam a guarda organizada do barão.

- Preciso que você me permita entrar nos aposentos do nobre. – disse com a voz mais calma que poderia fingir. Os dedos tremiam, Cara não estava calmo, mas era um ótimo ator.

- Não posso permitir que incomode o grande senhor. – disse o rapaz com o elmo e toda sorte de crendice em suas palavras.

- Por favor, preciso conversar com ele sobre um plano. – exibiu um olhar sincero. "Me permita entra nessa porra de quarto e furar esse gordo até ele ser semelhante uma peneira, seu filho da puta". – eu prometo que ele ficará bem. Olhe para mim. Eu não minto. – disse expressando um sorriso.

- Irei confirmar se há a possibilidade. Aguarde um instante. – disse o garoto que abriu os aposentos. Cara, se segurou para não chamar a atenção desnecessária.

- Ele lhe permite entrar nos aposentos por um curto tempo. – disse o rapaz. – Senhor. – completou.

- Tudo bem, e eu também preciso agradecer pela mulher que ele colocou em minhas alcovas. – o rapaz sorriu juntamente com o pirata.

Ao entrar presenciou o porco com duas moças. Aquilo foi um tiro em seu estomago. Com os olhos entrecortados por lagrimas de ódio, observou grunhido do leviano. Um nojo jorrou.

- Vim lhe agradecer pela companhia, vossa excelência. – disse em um tom rancoroso. E nem aguardou o gracejo da voz asquerosa do homem, logo saltou segurando a face do desprezível. Apertando com força, comprimindo as faces do homem. A vermelhidão do sangue preso foi refletida na expressão débil do homem.

- Você gosta dos que choram? – perguntou o pirata.

- Você gosta dos que perdem a maças com a adaga? – disse deslizando a adaga que estava em sua mão direita até as bochechas do homem. Cara, se inclinou e fincou com a destra firme na face do barão. Que guinchou como um porco. O corte profundo batia nos dentes do infeliz.

- Agora o outro lado, simetria é tudo. – disse com um sorriso de um demônio. Enquanto repetia o mesmo movimento.

- Você gosta dos que não tem nariz? Acha a face deles atraentes, seu porco! – disse ao colocar o polegar no cabo da adaga e cortar a ponta do nariz, e depois mais um pouco, até que só restasse a lembrança de algo ali. Um buraco apareceu.

- Você gosta de pôr dedos nos orifícios delas? Eu ponho os meus dedos calosos nos seus. – disse enfiando os dois dedos que entraram sem rodeio e tocaram na faringe. Tocaram novamente e o urro do barão era algo que não poderia ser escutado pelas paredes grossas de seus aposentos.

- É bom enfiar o dedo em uma mulher sem o consentimento? Desgraçado! Tocou seus lábios nelas? TOCOU, PORRA! – disse, ao tempo em que tirava os dedos do buraco penoso que ele criou depois de arrancar o nariz do homem. E arrancou o lábio inferior e depois os superiores. Uma cena canônica veio em sua mente. Puxou o homem pela barba e mostro o resto de um rosto que estava sendo formado no reflexo da adaga. Mas o homem não entendia. A adaga suja de sangue. Então George limpou a adaga na própria roupa.

- Veja, não está tão limpa quanto os teus talheres, mas é com certeza mais limpa que a sua alma. – batendo em seco na testa do barão.

- Hora de perder os olhinhos. Mas antes. – olhou para as duas meninas que estavam assustadas para o garoto que estava no pé da cama. Todos nus. – Virem seus rostos para as janelas. Por favor. E as crianças o obedeceram.

E assim furou com todo o ódio os olhos do monstro. O globo ocular da coisa se tornou uma papa viscosa. Os urros do nobre não tinham mais força.

- Eu sou um homem! Ernes, eu sou um homem. Tenho uma filha de oito anos, seu maldito! E é por existirem monstros como você que eu perco meu sono... – disse cuspindo e chorando ao continuar deferindo baques secos no rosto do homem. – e se eu puder matar cada maldito, eu posso tornar essa porra de lugar mais decente.

Sentiu o ombro estalar dos repetidos golpes. Cambaleou para distante do corpo, que agora estava banhado em sangue. O cheiro de ferro preencheu o lugar.

- Tenho pena de quem vai ter que limpar isso. – disse olhando para as crianças. – coloquem uma roupa, vou tirar vocês daqui. O brilho no olhar das meninas, seguido pelo sorriso do garoto, foi a verdadeira recompensa para o pirata. E assim ele bateu três vezes na porta de madeira. E o jovem o olhou e viu as crianças ao seu lado. Tentou buscar o barão com os olhos, nada encontrou.

- Eu falei tanto que ele dormiu como um morto, nada o acorda. Muito vinho, não siga esse exemplo, rapaz. – disse dando as mãos para as crianças e caminhando reparou que o soldado havia entrado nos aposentos.

- Um presentinho para você, seu filho da puta! – e correu pelo corredor perguntando onde estavam os seus homens. Mas não era necessária a resposta. Todos estavam do lado de fora do quarto. Ninguém queria transar naquela noite, não naqueles moldes.

- Vamos matar todos os que estão nesse ugar, salvem as crianças. Levem os tesouros. – disse Cara.

- Mataremos até os funcionários? – perguntou Caio.

- Sim, eles foram omissos aos sofrimentos dessas crianças, logo são tão desgraçados quanto. – disse com o ódio em suas pupilas. – quem entrega adaga ao assassino lhe dá o poder de matar alguém. Agora vamos sujar esse belo lugar de sangue.

E a chacina foi feito. Todos os tripulantes seguiram todas as ordens de seu capitão. Mataram, saquearam e destruíram o lugar.

Como as pragas do campo, destruíram a plantação.

Foi nesse momento que as escamas caíram dos olhos de Agnes e Aillard, e os corpos que jaziam no lugar, não eram mais os corpos de Orcs horríveis, eram os corpos das crianças que eles tinham visto em todo o caminho. Os olhos de Agnes não conseguiam acreditar no que estava acontecendo. Ela observou o mar de corpos pequenos que ela e seu aliado ajudaram a criar. Um holocausto. A boca tremia em um surto poderoso que fez com que chorasse copiosamente, enquanto as nuvens que já estavam no firmamento fizessem com que a chuva fosse de encontro com os dois nobres revolucionários. A lama em seus pés, Aillard não sabia o que pensar quando sentiu uma mão em seu ombro, ele conhecia aquele toque.

- Pobrezinhos, foram mortos por dois dos mocinhos. – era um mago negro, que sorria pavorosamente. – Voltem para a sua casa e como por um suspiro. Aillard e Agnes estavam na sala de reuniões dos nobres revolucionários. Ambos com os mantos sujos de sangue. Sangue inocente. Rowan que estava no lugar se assustou com a aparência alva da Nis de cada um. Quanto mais clara. Mais culpa o individuo carregava. Incrédulo pediu para os que estavam juntos com ele, carregassem os dois para que se recuperassem. A amargura que ele sentiu ali, era algo que ele jamais pensou que veria em um humano.

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