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Palpite Sombrio

Quando despertou, raios tímidos de Sol entravam pela janela da sala indicando o início de uma nova manhã. Assim que acordou, sentiu-se astronomicamente diferente. Estava mais forte, mais enérgica, seu corpo mais flexível e ágil. Escutava os pingos da torneira da cozinha. Seus sentidos estavam mais aguçados. Sua mente agora parecia comportar todas as suas memórias anteriores. Tudo estava organizado, como arquivos em ordem alfabética. Mas ainda assim... Não se sentia ligada àquelas memórias e aos sentimentos que lhe causavam. Ambos pareciam não lhe pertencer.

Apesar de estar tudo em um completo silêncio, sabia que não estava sozinha. Conseguia sentir a presença de alguém na varanda. Com bastante calma e cautela, seguiu para a porta e abriu-a devagar. Encontrou Fernando sentado nas escadas, encarando o céu. Suas orelhas e ombros estavam caídos, sua postura indicava desânimo e seus olhos haviam perdido um pouco da luz. Seu brilho estava fraco e a cor amarela viva havia escurecido para um amarelo alaranjado.

— Desculpe... — Amélia disse instintivamente. Apesar de ainda estar muito confusa, uma culpa preencheu seu peito ao vê-lo naquele estado.

Não houve resposta. E ele não parecia nem um pouco surpreso por tal atitude sua.

Amélia se aproximou e sentou ao lado de Nando. Um silêncio se instalou entre eles e deu tempo para a garota examinar o que fizera. Era completamente idiota de sua parte achar que um pedido de desculpas resolveria tudo. Ela havia dito coisas que não devia. Ela havia feito coisas que não devia.

Porém, sem se importar se isso resolveria ou não (ou se pelo menos ele ouviria ou não), decidiu abrir-se de vez. Precisava esclarecer tudo com alguém urgentemente.

— Eu prometi a Ellesh que eu não surtaria. — Riu de desgosto de si mesma. — Eu prometi antes dele me dizer que eu era a reencarnação da Guardiã do submundo. Ele contou como havia matado a mim... Ou matado a outra Guardiã... Eu não sei... Isso é confuso, mas... Agora ele quer minha ajuda. E eu surtei... Enlouqueci completamente. As coisas estão acontecendo rápido demais e eu não sou capaz de acompanhar o ritmo delas. Cara, eu não sei mais em quem confiar! Meu próprio avô está mentindo para mim, imagina se até os meus próprios pais não estão? Ellesh me contou coisas que vocês esconderam de mim, coisas que eu deveria saber. Vocês praticamente mentiram para mim e não sei mais se posso confiar em vocês também... E por causa disso eu não posso pedir desculpas, sabe por quê? Eu não me sinto culpada por ter gritado na sua cara no momento em que estava literalmente pirando! Mas me sinto culpada por ter deixado você desse jeito... Então o que eu posso fazer é pedir desculpas por não pedir desculpas. Desculpe.

"E qual vai ser sua conclusão final?" Nando encarou seus tornozelos, desanimado.

— Eu preciso voltar para a minha vida. Eu me sinto sufocada... Preciso de um tempo para pensar nas coisas e tentar me convencer de que estou errada sobre vocês.

"Julgar é a sua função desde o começo dos tempos!" Fernando, dessa vez, a olhou no fundo dos olhos. Amélia notou algo estranho na expressão dele que não havia visto antes, mesmo quando ele tinha se comportado como uma fera descontrolada. "Se você acha que somos monstros, não entendo porque ainda luta para mudar isso."

Fernando levantou-se e começou a andar sem olhar para trás.

— Aonde você vai...? — A garota, hesitante, perguntou.

"Para qualquer lugar em que minha presença não a incomode."

Aquilo doeu no fundo de sua alma. Foi muito pior do que a facada que recebera de Ellesh... Ou que a outra recebera. Perguntava-se agora se realmente estava fazendo o certo em ir embora e se alguma hora teria a chance de voltar.

Voltou para dentro da casa e jogou-se no sofá. O ambiente silencioso, a amarga sensação de culpa, a vontade imensa de chorar em desespero e o ódio intenso de si mesma colaboraram para a formação de um novo sentimento, que embora achasse estar acostumada, estava muito pior se comparado a última vez que o sentira (ou a outra sentira)... Solidão. Estava completamente perdida e sem ideia do que fazer. E quem no lugar dela saberia? Poxa, ninguém entendia que ela precisava mesmo de um tempo para recuperar-se?

Todavia, isso não significava que ela teria feito o certo ao dizer coisas tão cruéis como aquelas a Fernando. Se ele era um monstro ou não, não importava. O relevante era o que ela tinha feito. Realmente fizera aquilo com um motivo ao menos justificável? Ela estava descontrolada e fez uma corrida até a fronteira de Minas Gerais. OK, talvez tivesse exagerado um pouco na hora, mas o que ela poderia fazer? Aquilo estava lhe dando sérias dores de cabeça... Nunca se sentiu assim na vida.

A pergunta sumária é: ela estava completamente errada em agir e poderia ter reagido de um jeito melhor?

Sorriu sem humor com a ironia causada pela situação. Ela era a Julgadora Suprema (segundo o que suas lembranças diziam), a qual ditava o que as pessoas eram e o que mereciam. E agora precisava julgar a si mesma, algo mais difícil do que parecia. É muito fácil ver todas as ações e a vida de uma pessoa e julgá-la sem estar no lugar dela. Sem sofrer seu sofrimento. Sem sentir suas emoções. Era errado julgar alguém daquela forma. Era injusto com todos os mortos dizer a eles o errado, o certo e por quê. Por mais que alguém seja ruim, não se pode julgar sem antes olhar para si mesmo.

Cada um, no fundo, sabia o que merecia. Ela mesma sabia o que havia feito de errado ou de certo. Seria por isso que todos destinados ao Inferno iam forçadamente? Não por medo, mas por se sentirem injustiçados? Talvez eles achassem que mereciam ir, mas sentiam estar indo pelos motivos errados.

Cada um deveria se julgar. Ir para onde achava que deveria estar.

E esse era o ponto-alvo de sua mira. No fundo sabia que estava errada. Fizera a pior escolha e ainda seguia por ela.

Prestando um pouco mais de atenção em suas memórias, notou algo estranho... Começou analisando um pensamento peculiar que tivera no momento do surto. Ellesh foi o primeiro após o Guardião da Vida a importar-se com ela.

No Submundo da Dimensão da Terra, havia dois Guardiões: a Guardiã da Morte, no caso ela própria, e o Guardião da Vida. O primeiro cuidava dos mortos, protegendo-os e levando-os para o seu destino final. O segundo cuidava dos espíritos recém-formados, protegendo-os e garantindo que tomassem seu respectivo corpo na Terra na hora certa.

Mas onde estava o segundo?

Lembrou-se...

Engoliu em seco. Tinha feito escolhas piores...

Aquilo... Aquilo definitivamente não era ela. Aquelas lembranças... A amargura... A solidão... O ego e o ódio... Nada daquilo lhe pertencia.

Mas percebeu-o tarde demais.

Será que agora poderia voltar atrás? Agora que, provavelmente, todos os irmãos estavam com raiva dela, com exceção de Leonard? Obviamente não tinha. Querendo ou não, seria obrigada a ir embora... Não teria como explicar isso a eles.

Como uma lâmpada acendendo, um palpite sombrio surgiu na mente de Amélia. Lembrou da história que o bruxo contara ao invadir seu sonho.

Em toda sua vida milenar, ela aprendera que toda a história pode ter mais de mil versões. A história pode ser na versão de um, na versão de outro e de mais outro, mas a única versão totalmente verdadeira sempre vai ser a que nunca é contada.

Uma segunda lição também aprendida é que toda boa mentira tem um pouco de verdade. Ellesh demonstrava ser um ótimo mentiroso, então obviamente inventava boas mentiras. Além disso, já tinha provas o suficiente para perceber que ele era extremamente inteligente.

Juntou isso com as palavras de Arthur. Não confie nas palavras, mas confie nele.

Em "nele", estava quase totalmente convencida de que se referia ao Ellesh.

Resumida e basicamente, passou a detectar alguma verdade nessa história. Talvez, só talvez, o bruxo a teria contado não para confundi-la, mas para informá-la. Era como um aviso codificado. Então o que ele queria dizer? E por que ele teria de codificar uma mensagem, isso se realmente fosse uma? Pensaria sobre isso mais tarde.

Estava a refletir há tanto tempo que se esqueceu até onde estava. O que a fez voltar para a realidade foi um leve cutucão em seu ombro.

— Amélia... Você está bem? — Leonard estava em pé em sua frente e sua expressão estava um tanto quanto estranha. A garota lembrou-se de ter visto a mesma expressão em Fernando, mas nele ela continha outro significado. Estranho como a mesma coisa poderia ter significados diferentes.

— Sim. Estou ótima, na verdade.

— Bom, uma coisa é certa: você nunca mais terá problemas de autoestima. — Leo tentou forçar um bom humor, mas era uma tarefa impossível.

Amélia entendeu o que aquelas expressões queriam dizer. Era tristeza. Tristeza por motivos diferentes. Fernando estava com o ódio transformado em tristeza, já Leo estava tentando transparecer positivo e mostrar para todos que tinha sim uma saída e persistiria nela até o fim. Na realidade, isso estava acabando com ele. Assim como os outros, precisava de alguém para se apoiar, mas estava sozinho. Os outros é que se apoiavam nele para não despencarem. Leo era o pilar da família e, nitidamente, era o líder. Se ele desabasse, os outros caíam junto.

— O que quer dizer? — Disse depois de um tempo observando-o. Estava tão atenta nos sentimentos do rapaz que quase nem notou a falta de sentido do comentário.

— Bom, melhor você ver por si mesma... Vá até o espelho do banheiro.

No banheiro do andar de cima, havia um enorme espelho na parede que a permitia ver-se de corpo inteiro. Amélia, ao encará-lo, não acreditou no que viu. Estava mesmo diferente, mais corpulenta. Suas curvas estavam mais acentuadas. Até sua altura havia aumentado. Quando levantou um pouco a camisa, pôde ver que ganhara um belo tanquinho. Seus braços e pernas estavam mais fortes e musculosos. Mas não de forma exagerada, só o suficiente para poder dizer que passou umas boas horas na academia durante as férias. Sentia-se mais bonita do que nunca. Até os seios estavam maiores.

— Deus... Como uma poção poderia...

— O seu corpo se adaptou à sua alma para os poderes serem liberados. — Leonard explicou.

— Leo... Então... Acho que está na hora. — Um pequeno vazio preencheu seu peito. O que aconteceria após fazer sua parte não era algo que quisesse pensar. Doía demais.

— Sim. Está. — Encarou o chão, suspirou e mordeu o lábio. Ele também sabia e também sentia a mesma dor.

No momento em que uma lágrima correu pela sua bochecha, Amélia envolveu-o em um abraço.

— Vou sentir sua falta. Falta de todos vocês. — Escondeu o rosto no peito largo enquanto chorava. Sentiu alguma coisa pingar em seu braço. Eram as lágrimas de Leonard.

— Eu também vou. E garanto que eles também. — Leo não hesitou em corresponder ao abraço. Poderia ser o último ou o penúltimo, ou apenas mais um de muitos outros. Ninguém sabia o que poderia acontecer dali para frente.

— Eu senti que já conhecia Arthur, porém não tenho lembranças dele... Isso é estranho. — Amélia lembrou-se. — Eu já conheci vocês, por acaso?

— Eu acho que não. — Leo negou com a cabeça, confuso.

— Ah, tudo bem... Acho que agora deveríamos ir.

— Antes... Quero devolver uma coisa a você. — Leo enfiou a mão no bolso da calça e tirou dali o colar com a joia roxa. — Por favor, fique com isso.

— Leo... Obrigada! — Tocou no pingente, admirando-o, e pediu ajuda para colocar o colar.

Quando ele lhe dera na primeira vez, jurou nunca mais tirar. Agora cumpriria com esse juramento.

Depois de sorrir feliz por tê-lo de volta, mas triste pelo motivo de revê-lo, sem mais rodeios, Amélia pediu para Leo a levar para onde precisavam ir.

Durante todo o caminho, sua mente vagou por todas as coisas que tinha vivido naquele momento. Muitas coisas foram respondidas, mas várias outras deixaram perguntas. A coisa que mais a incomodava naquele instante era: faria a coisa certa ao trazer o bruxo de volta? O que ele faria depois? O Universo estaria perdido? Sua parte realmente estaria feita?

Várias perguntas a serem respondidas. Várias coisas que precisava saber e, por algum motivo, em suas... Ou melhor... Nas lembranças não havia respostas. Então, concluiu que aquele não podia ser o fim. Ainda havia mais coisas por vir e seriam bem mais intensas do que qualquer outra que já acontecera até agora. Seriam as mais incríveis e inacreditáveis coisas que ninguém jamais poderia sequer imaginar terem realmente acontecido.

Andou por mais da metade do caminho com o peito inflado, com toda a confiança recuperada. Não tinha quem a fizesse pensar o contrário. Eles teriam seu reencontro e seria inesquecível!

Depois de andarem pela estrada mágica, saíram em outra estrada de terra que era cercada por uma mata densa em seus dois lados. Seguiram-na pela direita e ela terminou em um campo aberto. Amélia teve a impressão de estarem andando sem rumo pela falta de um caminho, mas em poucos minutos chegaram ao local em que não tinha dúvidas de ser o certo.

Uma enorme árvore negra e completamente pelada erguia-se sobre um morro em meio a um monte de mato Quando chegaram mais perto, pôde comprovar sua teoria. Ela estava com uma aparência de queimada. De longe, pela falta completa de folhas, parecia ter surgido de um filme de terror. Ao aproximar-se o suficiente, notou uma leve camada de cinzas cobrindo a grama ao redor dela. Também havia um pedaço de galho caído e em volta dele, a grama também estava queimada.

Ao ficarem frente a frente com a árvore macabra, Leonard disse:

— Bom... É aqui... Você tem ideia do que fazer?

— Não... E você?

— É... Não.

— Por algum motivo, eu não me lembro de como usar meus poderes... Se é que eles são realmente meus. Na verdade, não lembro nem como eles eram.

— Talvez só precise chamá-lo... — Leo sugeriu. Seu tom era hesitante, afinal não tinha a menor ideia do que realmente fazer.

— Pode ser... Bom, vamos lá! Primeiro, eu preciso de concentração...

Amélia suspirou e pigarreou, nervosa. Fechou os olhos e tentou concentrar-se, apesar de não saber nem em que se concentrar. Respirou lentamente várias vezes e vagou pela sua mente tentando encontrar o que queria. Imagens e mais imagens, sons e mais sons, pessoas e mais pessoas passaram por ela como se revivesse as memórias. Tudo passou rapidamente até a imagem de Ellesh aparecer. Os olhos cor de avelã, o cabelo castanho liso franjado, a pele morena e sua falsa expressão sorridente que lhe dava arrepios. Aos poucos, todo o cenário imaginário, seja lá qual fosse, desapareceu, assim como todas as outras memórias. Naquele momento, para ela só existia Ellesh. Tudo o que via e sentia era Ellesh.

A imagem do bruxo tornou-se tão real que tinha certeza de que não o imaginava mais, ela realmente o via e podia tocá-lo se quisesse. Por isso, esticou sua mão para ele a pegar. Chamou-o.

— Venha... — Disse a ele.

A visão de Leonard era bem mais bizarra do que isso. Após Amélia se concentrar, a árvore se desmanchou em milhões de partículas de um pó negro, que rodopiou no ar, formando um redemoinho. No meio desse redemoinho de pó, uma luz branca acendeu. Leonard identificou aquilo como um portal muito estranho. Amélia estava literalmente chamando o espírito de Ellesh ao mesmo tempo em que conectava o plano físico com o sobrenatural. Daquela luz, algo disforme saiu. Era como uma borboleta saindo de seu casulo. Não há como descrever o que era aquela coisa. Talvez nem fosse uma coisa, pois nem forma física ela tinha.

A coisa foi caminhando para a barreira formada pelo pó negro. Essa barreira era o que determinava onde começava o mundo dos mortos e onde terminava o mundo dos vivos. Quando a coisa se aproximou da barreira, Amélia esticou sua mão, deixando-a muito próxima do redemoinho. Uma mão encaixada em um horrendo braço esquelético, constituído apenas por ossos, terra, alguns bichos e musgos, saiu de dentro do torvelinho de pó. Quando a mão agarrou a da garota, que ainda estava de olhos fechados, Amélia puxou-a para si. Mais partes do esqueleto saíam de dentro do redemoinho. As primeiras partes a sair, a mão e o braço, começaram a ganhar carne, nervos, veias, sangue, pele e pelos. Tudo foi se constituindo aos poucos. Logo a roupa também reapareceu.

Logo o corpo saiu por inteiro e o bruxo encarava Amélia boquiaberto e incrédulo.

A luz estranha desapareceu juntamente com o redemoinho. Todo o pó negro dissipou-se no ar magicamente e a árvore sumiu sem deixar rastros. A grama suja de cinzas estava novamente em um esverdeado-amarelado.

A garota abriu os olhos e também ficou espantada. Ellesh estava de volta ao mundo dos vivos. E se isso era algo ruim ou bom, ninguém sabia dizer.

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