"Cada encontro está ficando mais difícil, eu desistiria de anos para reviver segundos do verão." - Wish I Never Loved You, Bolshiee

Jimin

Uma semana se passou desde as descobertas que fiz na praia sobre mim mesmo. Então, eu vivo evitando tocar na água, assim como Jungkook também me ajuda a evitar. Porém, há vezes em que não conseguimos impedir, então acabo tendo minha cauda à mostra. O lado bom é que Jungoo mora sozinho, então não tem perigo de ninguém me ver, além de não precisar ficar explicando quem eu sou e o que estava fazendo ali.

Quando vim para cá no primeiro dia, eu sei que fiz errado em contar tudo para Jungkook logo de cara, e recebi uma pequena bronca por isso.

Naquele dia, depois que voltamos da praia, quando já estávamos em segurança em sua casa, ele se aproximou de mim, dizendo o que era óbvio, mas que eu não tive o cuidado merecido de início.

— Não conte a ninguém sobre você, e muito menos sobre sua maldição, Jimin. Nem todos aqui são confiáveis, e você não pode ser inocente ao ponto de confiar em qualquer pessoa. Você teve sorte por eu ter te encontrado, poderia ter sido alguém ruim — Jungkook disse, realmente preocupado com minha segurança.

— Eu sei, não vou dizer mais nada a ninguém.

E eu realmente não vou, essa não é mais uma opção, principalmente se eu quiser continuar vivo. Eu confio em Jungkook, e sei que ele só fala essas coisas para o meu bem, mesmo o conhecendo tão pouco. Ele é o tipo de cara que você consegue ver quando é de confiança.

Durante a semana, Jungkook perguntou algumas coisas sobre onde eu vivia, mas não perguntou muita coisa sobre mim, até agora.

— Quantos anos você tem? — ele enfim perguntou, sanando a dúvida que eu sei que tem.

— Anos? — porém, eu realmente não sabia o que significava aquilo, já que nunca ouvi essa palavra onde eu morava.

— Sim, sua idade — com o complemento, eu finalmente soube sobre o que ele estava falando, e fiquei feliz por ter aprendido mais uma palavra daqui.

— Ah, sim. Tenho duzentas e quatro luas — ele estranhou, ficando em silêncio por um tempo.

Não deveria ser difícil de entender, era uma conta simples, e eu nem era tão velho, por que ele está tão assustado?

— Vocês não contam uma lua por ano, né?

— Não... Contamos uma por mês — eu disse, já que existem várias formas de contar as luas. — E se contássemos por semana, seria oitocentos e dezesseis luas.

— Sua sorte é que eu sou bom em matemática. Vou descobrir sua idade — ele disse, pegando o que eu sei ser um celular do bolso, começando a digitar. — Se você tem duzentas e quatro luas, e um ano tem doze meses. Então se eu fizer duzentos e quatro divididos por doze, vai ser... dezessete. Você tem dezessete anos. E para confirmar, nós podemos fazer dezessete vezes o doze, que dá duzentos e quatro.

— Que número pequeno — eu disse, surpreso com a rapidez que ele teve para descobrir.

— Sim, e é até mais simples — nós ficamos nos olhando por um momento, ele sorrindo orgulhoso de si e eu surpreso.

Eu sabia que Jungkook era extremamente parecido com meu noivo, e talvez seja a quantidade de tempo longe dele, mas Jungkook, além de parecido, também é um tanto diferente.

Quer dizer, em questão interior, eles são muito diferentes, até porque Jeongguk nunca foi extrovertido desse jeito, e nem tão animado. Mesmo assim, há algo exterior que também não é igual, e eu pretendo descobrir o que é.

Nesse momento, o celular de Jungkook tocou, acendendo e vibrando em sua mão. Ao atender, descobrimos então ser seus amigos, que viriam lhe fazer uma visita em breve.

Involuntariamente, eu fiquei nervoso, sem saber se Jungkook me apresentaria para seus amigos ou se tentaria me esconder. Dessa forma, esperei apreensivo até que ele terminasse a ligação.

— Alguns amigos vão vir aqui. Nós precisamos manter você longe de qualquer resquícios de água. Eles são em cinco, então temos que tomar bastante cuidado — ele disse, sem nem pensar na opção de me esconder.

Sendo assim, nós arrumamos algumas coisas que precisavam e tiramos tudo o que poderia me molhar. Ao fim, tudo estava impecável, e com quase cinco minutos depois do fim da arrumação, a campainha da casa tocou. Eu olhei nervoso para Jungkook, que estava aparentemente calmo.

Ele caminhou até a porta, a abrindo logo em seguida. Cinco garotos entraram na casa, todos sorridentes e alegres.

— É bom ver você, Jungkook — um dos garotos disse, todo sorridente, abraçando Jungkook. Nenhum deles me notaram ainda.

— É bom ver você também, Jin Hyung — Jungoo respondeu, também sorrindo. — É bom ver todos vocês.

Então, finalmente, eles me viram ali, parado feito uma pedra. Eu realmente estou meio envergonhado, principalmente por não ter contato com tanta gente assim, normalmente.

— Ah, esse aqui é o Jimin, meu amigo. Ele veio me visitar e vai ficar uns dias — Jungkook disse, e confesso ter ficado feliz por ele ter me apresentado como seu amigo, porque eu realmente queria isso.

— É bom conhecer vocês — eu disse, ainda meio tímido.

— Deixa eu apresentar vocês. Esses são: Jin, Taehyung, Yoongi, Hoseok e Namjoon — ele disse, apontando para cada um, na ordem de que haviam entrado. Eu me curvei respeitosamente, como Jungkook me ensinou.

Mesmo que esteja tudo calmo, eu me sinto um pouco incomodado com o olhar que um deles direciona a mim. Taehyung é quem me olha com tanta atenção, e sem saber o que fazer, eu olho de volta.

— Vocês já se conhecem? — Jungoo perguntou, meio confuso com tantos olhares.

— É que o Jimin me parece familiar... mas não faria sentido — não faria sentido mesmo, eu nunca vi ele em toda a minha vida.

— Vocês querem conversar? — Hoseok perguntou, talvez entendendo toda a confusão do garoto.

— Posso falar com você por um instante, Jimin?

— Pode — eu respondi, o seguido para outra parte da casa, o quarto de Jungkook, conseguindo um pouco de privacidade que Taehyung parecia precisar.

Eu realmente não entendo a situação, tendo em conta que ele não deveria saber quem sou, a não ser que exista outro parecido comigo, assim como Jungkook que é parecido com Jeongguk.

É estranho dizer que mal tive tempo de conhecê-lo antes de já estar conversando com ele em particular. Eu realmente estou curioso pelo que Taehyung tem a dizer.

— Você é de onde, Jimin? — ele perguntou, olhando atentamente para mim.

— É um lugar bem longe, você não deve conhecer. É bem pequeno também, poucas pessoas conhecem.

— Como conheceu Jungkook?

— Ele me aju... Quer dizer, ele me convidou para passar uns dias aqui, e eu aceitei, nós nos conhecemos a um tempo — sei que não respondi o que ele queria, mas suas perguntas estão me deixando nervoso.

— Pretende ficar muito tempo?

— Uns dias, mas não tenho certeza do tempo ainda — ele está fazendo perguntas realmente suspeitas, e isso está me deixando cada vez mais nervoso.

— Quantas luas você tem? — eu não pensei para responder essa pergunta, e isso poderia ser considerado um problema.

— Duzentas e quat... Espera, o quê? — eu estava confuso, não tinha como ele saber disso.

— Você é um tritão, não é? — ele perguntou, parecendo surpreso, esperançoso e assustado, tudo ao mesmo tempo.

— Quem é você? — eu perguntei. Vai ser impossível responder algo sem saber ao menos quem ele realmente é.

— Eu também já fui um tritão — ele respondeu, me fazendo arregalar os olhos em surpresa.

— Mas eu nunca te vi, não te conheço, e nunca ouvi seu nome.

— Você provavelmente foi amaldiçoado por Hiduna, certo? — meio contra gosto, eu movi minha cabeça positivamente. — Eu também fui, e acredite, toda a maldição dela tem um propósito.

— Eu tinha uma vida muito boa, não entendo o porquê de ela fazer isso comigo — eu confessei, deixando ser levado pela conversa.

Sim, eu acabei de conhecer Taehyung, mas só o fato de ele saber tanto sobre mim e sobre meu mundo, prova que ele já passou por isso, porque não tem como uma pessoa saber tanto sem ter vivido ou sem ter ouvido falar, e por minha parte ninguém ficou sabendo.

— Você vai acabar entendendo, não se preocupe, se concentre em fazer o que ela pediu e tudo dará certo.

— Então eu tenho que encontrar meu amor verdadeiro?

— Foi isso o que ela pediu? — ele perguntou, tendo uma resposta positiva de minha parte. — Então faça isso.

— Como foi para você? Ficar aqui — eu quis saber, temendo que não seja tão bom quanto parece ser.

— Eu gosto, e na minha opinião; é melhor que no oceano.

— Então você não vai voltar?

— Minha maldição já acabou, Jimin, eu escolhi ficar aqui.

— Então nós podemos escolher? — eu perguntei, um pouco esperançoso de que pudesse ficar em minha casa.

— Ela leva sua opinião em consideração, mas tenha certeza do que vai querer, ela não vai desfazer depois. E outra coisa que eu digo: no final de tudo, você não vai mais ter certeza de nada.

— Eu costumo dizer que "não há um mal que não venha para um bem", e que "notícia ruim é apenas notícia boa disfarçada", e eu sinceramente espero estar certo quanto a isso.

— Você vai se dar bem, eu vou te ajudar quando precisar. Eu já tenho um pouco de experiência, então não custa ajudar.

Eu fiquei feliz em saber que havia mais uma pessoa que me ajudaria. Eu acredito que quanto mais gente me ajudar, mais rápido eu vou poder voltar para casa, mesmo sabendo que talvez só eu possa acabar com isso. Mas com certeza vai ser mais fácil se eu tiver alguém com um pouco dessa experiência ao meu lado.

— Como você sabia quem eu sou? — eu externei minha dúvida, realmente curioso com o modo em que ele descobriu.

— Eu também já fui um tritão, lembra? Eu vivi onde você vive. E não é como se fosse fácil esquecer o rosto de Park Jimin. Mas confesso que de início duvidei um pouco disso.

— Como assim? — eu voltei a perguntar, ainda mais confuso por ele saber meu sobrenome. Eu nem era famoso.

— Todo mundo conhece você. Quer dizer, todo mundo conhece o seu noivo. Você vai casar com o tritão mais cobiçado de onde vivemos, e também, sua beleza e alegria não passam despercebidas. Até os peixes falam bem de você.

— Minha nossa, eu não sabia que era assim... — se eu for conhecido assim como diz, todos já devem saber que eu sumi. — Espera, os peixes? Você ainda consegue falar com eles? — eu perguntei, esperançoso com essa suposição.

— Não consigo, eu renunciei isso para ficar aqui. Mas não havia nada na minha vida antiga que eu gostasse quanto ao ponto de querer de volta. Mas acredite, ela pode dificultar tudo durante toda a maldição, mas depois de sua escolha final, ela vai te ajudar no que puder.

— A sua foi diferente da minha?

— Sim. A minha foi para que eu pudesse me encontrar, diferente da sua que é para encontrar seu verdadeiro amor. E, ah, só para você não ficar sozinho nessa; eu também me assustei quando percebi a familiaridade entre Jeongguk e Jungkook.

Eu sorri com o que ele disse, porque eu realmente me assustei com isso, eles são realmente extremamente parecidos.

— Tem algo importante que você precisa saber, mas seria bom se Jungkook também soubesse, já que você está morando com ele, e imagino que ele saiba sobre você — eu assenti, confirmando que Jungoo estava ciente de tudo.

Depois de ter dito isso, ele me pediu permissão para chamá-lo, e depois de concedida, não demorou para que os dois aparecessem aqui, acompanhados do garoto cujo nome me lembro ser Hoseok.

— Eu trouxe o Hobi porque ele sabe sobre mim, ele foi quem me ajudou quando passei pelo que você está passando — Taehyung disse, começando a explicar a situação logo em seguida. — Hobi, Jimin é um tritão, e está sob a maldição da mesma bruxa que me mandou para cá.

— Isso é sério? — ele perguntou, talvez incrédulo por ter aparecido mais um ser do mar em sua vida. Ele recebeu uma confirmação de Taehyung.

— E, Jungkook, eu também já fui um tritão, com uma maldição parecida com a de Jimin, e ele vai precisar muito da sua ajuda — ele disse, claramente desestabilizado pelo que seu amigo disse, mas deixando isso passar.

— E eu vou ajudar no que for preciso.

— Certo. Jimin, ela te disse algo sobre a lua? — Taehyung perguntou, virando-se para mim.

— Ela me disse para ter cuidado com a lua cheia.

— Então a escute, tenha cuidado, a lua cheia vai te deixar literalmente fora de si, você vai estar consciente do que estiver fazendo, mas não vai ter forças suficientes para parar o que vai fazer.

— Como assim? — confuso, eu perguntei, sem saber do que ele estava falando.

— Você vai ter duas luas cheias de tempo para o fim da maldição, e a cada vez que uma delas passar você vai sentir, mas não vai sofrer nada, a não ser que olhe para ela. Antes de a última lua cheia surgir, Hiduna vai aparecer, e eu não sei o que vai acontecer se você não tiver conseguido terminar seu propósito. Mas ela sabe o tempo certo de que provavelmente precisa, então se você não conseguir, é possível que ela te dê mais tempo.

— O que acontece se eu olhar para a lua cheia? — eu estava preocupado com esse fato, porque eu amo olhar para a lua, e ser privado disso é com certeza um castigo. — E por que a lua cheia?

— É a cheia porque você foi amaldiçoado nela, que já conta como a terceira lua, então no total, você tem três luas de tempo. E, no caso do que acontece, eu acho que depende, então não posso te dizer como vai ser, porque as coisas podem mudar. Mesmo assim, evite olhar para a lua. Mas se for como as minhas, você vai precisar muito da ajuda de Jungkook.

Com o fim de sua declaração, eu me arrependo de não ter passado ao menos uma noite inteira admirando a lua cheia, porque eu não posso mais fazer isso, não posso porque ela faz coisas comigo, coisas essas que, segundo Taehyung, eu não vou conseguir controlar. Mas uma das primeiras coisas que eu vou fazer depois que essa maldição acabar vai ser passar uma noite inteira olhando para ela.

Então, mesmo que eu estivesse assustado com tudo, não me passou despercebida a movimentação na porta, quando um dos garotos entrou no quarto onde estávamos, demonstrando ter escutado tudo, o que obviamente não deveria ter acontecido.

— Vocês dois eram tritões?