1- My Love
"Estou ao seu lado por você." - Snowman, WYS
Jimin
Uma música calma, que relaxava todo o meu corpo e minha alma. Ela tocava calmamente enquanto eu permanecia boiando na superfície, de olhos fechados.
Era uma música ao longe, vinda de um dos barcos que passavam por ali. E essa era sempre uma das melhores partes do dia, porque alguns dos barcos que passavam ali tocavam algumas músicas, e essa em especial era incrível.
Não era cantada por ninguém, como a maioria das músicas que já ouvi. Era apenas os toques, e de alguma forma ela me lembrava o oceano: minha casa.
Eu amava a forma como essa música começou calma e depois evoluiu para algo mais movimentado, mas sem realmente deixar de ser calmo, e depois, ao fim, voltou a ser calma, como de início.
Essa, com certeza, ficaria guardada em meu coração, não sei até quando, porque eu nunca fui de me preocupar com o tempo em que as coisas duravam, mas talvez essa música ficasse em meu coração para sempre.
Eu abri meus olhos, vendo o céu estrelado acima de mim. Eu sempre fui apaixonado pelas estrelas, pela lua... Por tudo que eu consigo ver fora do mar.
De todas as fases da lua, a cheia sempre foi a minha favorita, porque ela está ali inteira para ser admirada, e brilha mais que nas outras estações.
Eu sorrio, olhando a lua que eu tanto amo, em seu melhor estado, brilhando lá no alto, onde todos do mundo podem admirar e se encantar com tamanha beleza. Eu poderia ficar a noite todinha olhando para ela, suspirando a cada minuto. Se eu não tivesse que dormir, eu com certeza faria isso.
Ao longe, o barco já não toca mais a mesma música, no lugar, ele toca uma música ainda calma, mas não tanto quanto aquela. A música da vez não me lembra o mar, e tem uma vibe mais triste, eu acho. Mesmo assim, é muito boa. Ela também é toda tocada, exceto por uns pedacinhos, em que um homem começa a cantar de um jeito engraçado, e isso me fez soltar um risinho.
Eu ergo uma de minhas mãos, a colocando em frente à luz da lua, vendo algumas pequenas e finas escamas em minha pele brilharem.
Eu amo isso, amo toda a minha vida. Eu amo a forma como consigo nadar rodopiando, amo minha cauda. Além disso, amo ser um tritão. E amo os outros tritões e sereias que existem à minha volta. Minha família, meus amigos, meu noivo... Eu amo todos eles.
Jeon Jeongguk... Esse é meu noivo, e só de pensar em seu nome eu já me sinto melhor, mais alegre e sorridente. Ele é todo sério, mas é bem carinhoso comigo. Eu soube que seria a pessoa certa para mim assim que eu o vi.
Quando eu o conheci, era um dia comum para qualquer um, no entanto, para mim era um dia especial, porque era meu aniversário, e de quebra, era um dia antes de mais uma lua das minhas favoritas nascerem, e por isso, eu estava nadando todo alegre, sem olhar muito bem para onde estava indo. Sem querer, eu acabei batendo de frente com ele. Então, primeiro nós viramos amigos, depois as coisas foram evoluindo e aqui estamos nós.
E o melhor do nosso relacionamento é que temos coisas em comum, e sempre demonstramos o que sentimos um pelo outro. Mas claro, sempre tem algo que a gente não gosta ou não dá certo em um relacionamento, e no nosso é o fato de ele não gostar que eu venha até a superfície.
Ele sempre diz que é perigoso e que os humanos não podem nos ver, mesmo que eu diga que tomo muito cuidado e que ninguém vai me ver.
Os humanos não sabem da nossa existência, mesmo que suspeitem e criem teorias. Eu já ouvi algumas histórias que eles contam sobre nós, e tem umas que são bem estranhas. Mas ninguém realmente acredita, porque ninguém nunca viu um tritão ou sereia de verdade... até onde eu sei.
Ainda pensando nisso, eu continuo olhando para o céu. Tudo está extremamente silencioso agora, já que o navio já sumiu na imensidão do mar. Mesmo sabendo que está tarde e que eu deveria voltar para casa, eu perco mais alguns instantes ali, cantarolando baixinho a música que eu tanto gostei.
Distraído, eu não ouvi a movimentação da água perto de mim, e me assustei quando minha melhor amiga apareceu do meu lado.
- Jimin, você sabe que tem que voltar para casa, não é? Seu pai já começou a te procurar - ela disse, sem nem se importar em chegar de um jeito mais manso, para que eu não me assustasse.
- Politéia, meu Deus, que susto! - eu digo, perdendo um pouco do equilíbrio. Só não caí porque não tinha como.
Politéia é minha amiga desde quando éramos pequenos. Ela sempre esteve ao meu lado, até nos momentos ruins. Ela é uma das sereias mais lindas que eu já vi, seus cabelos loiros e lisos realçam toda a sua beleza. Seus olhos azuis é o que eu mais gosto em sua aparência, porque sempre quis ter olhos claros. Mesmo com esse meu desejo, eu ainda sim gosto muito da cor dos meus, então não reclamo.
Uma das coisas que eu acho incrível em nossa espécie: independente da cor de nossos olhos, quando está escuro nós usamos visão noturna, então nossos olhos ficam azuis cintilantes, debaixo da água ou fora. Esse é um dos únicos "poderes sobrenaturais" que temos, o que é bem diferente do que colocam nas histórias sobre nós.
E não, nós não cantamos para atrair homens para o fundo do mar.
Eu olho para a Politéia, vendo a luz da lua refletindo em sua pele clara, com as pequenas escamas também brilhando. Ela fica ainda mais linda à luz da lua. Sim, eu sou totalmente apaixonado por minha melhor amiga, mas claro, de um jeito não romântico, só de amizade. Eu realmente a considero como uma irmã.
- Você fica ainda mais linda à luz da lua, Poli - eu externei meu pensamento, a vendo sorrir.
- Vamos logo antes que seu pai mande Jeongguk vir te buscar, e você sabe que se isso acontecer vocês vão ficar o resto da noite discutindo.
- Bom, é verdade - eu respondi, já me endireitando, ficando de frente para ela. - Vamos lá.
Eu dei uma última olhada para a lua antes de mergulhar, nadando com Politéia ao meu lado.
Eu observava tudo ao redor, percebendo os mínimos detalhes que eu tanto amo. Os corais de diversas cores, os peixes mais lindos que alguém poderia ver, dentre outras inúmeras coisas.
Eu não estava tão longe de casa, só o suficiente para conseguir ver algum barco, já que nossa cidade, Tiraider, ficava distante de onde alguém poderia nos encontrar. Mas eu nunca ia muito adiante. Existiam boatos de que a bruxa do mar vivia nas profundezas, e eu não queria pagar para ver se é verdade. Dizem que ela é má e impiedosa, e joga uma maldição naqueles que cruzam seu caminho. Não sei que tipo de maldição é, mas também não estou interessado em saber.
Ainda nadando ao lado de minha amiga, eu suspirei ao lembrar o quanto meu pai fica nervoso sempre que eu demoro tanto na superfície. Eu nunca entendi a impaciência dele nesse quesito. Será que ele acha que eu vou secar se ficar exposto tempo demais?
Quando eu já estava quase chegando, Politéia se despediu de mim, dizendo ter coisas para fazer em sua própria casa. Dessa forma, eu segui o restante do caminho sozinho.
- Jimin, finalmente você apareceu. Nós precisamos falar sobre a data do seu casamento - minha mãe disse, quando eu entrei em casa.
Minha mãe tem os cabelos extremamente negros, e eu puxei isso dela. Ela é linda, e sua pele branca destaca ainda mais a cor de seu cabelo. Sua cauda é cinza, e as escamas de alguma forma refletem, brilhando.
Na verdade, não existe um padrão certo de cores para as caudas, porque a de todo mundo é cinza. Mesmo assim, a seu modo, são todas lindas.
- Ah, mãe, eu e o Jeongguk ainda não conseguimos escolher uma boa data, vai acontecer tantos eventos nestes dias, e nós queremos uma data onde não vá ter tanta coisa, queremos algo calmo - eu expliquei, sabendo que ela entenderia.
- Tudo bem, querido. Agora, vá se arrumar para dormir, está tarde e você sabe que amanhã vamos levantar cedo - ela deixou um beijo em minha bochecha antes de seguir para o próprio quarto.
Não que tivesse algum evento importante amanhã, mas meus pais sempre gostaram de acordar cedo, e sempre me fizeram levantar junto. Mas eu não reclamo, porque muitas das vezes eu aproveito para ver Gguk. E falando nele, eu só posso dizer que estou com saudades, e nem faz tanto tempo que nos vimos pela última vez, tendo em conta que conversei com ele poucas horas antes de ir para a superfície.
Então, sozinho em meu quarto, eu começo a me organizar, me arrumando para poder finalmente ir para a cama e dormir. Porém, em um momento inadequado, eu comecei a perceber que talvez meu quarto não seja um exemplo de arrumação, e não seria nada mal organizar tudo isso.
Com essa conclusão, eu comecei a arrumar tudo, e com toda a arrumação, eu consegui encontrar coisas que eu pensei ter perdido em algum canto misterioso do oceano, mas na verdade estava debaixo do meu nariz o tempo todo.
É estranho dizer que às vezes me dá esses picos de energia para arrumação. Eu realmente comecei a arrumar meu quarto do nada, porque eu faço isso às vezes.
Quando enfim terminei, eu me senti realmente cansado com a geral que fiz no meu quarto, então o que eu fiz em seguida foi deitar em minha cama, relaxando todo o meu corpo quase que no mesmo instante.
Antes de finalmente dormir, eu fiquei olhando as diversas estrelas marinhas nas paredes, no chão, e as que estão no teto. Elas são mais como animais de estimação que não incomodam. E outra coisa sobre mim: eu amo estrelas-do-mar. Mas isso vocês já perceberam.
Sinceramente, vocês já devem ter percebido que eu amo muita coisa, e eu não tenho culpa de ser completamente amoroso.
Mas então, com um sorrisinho e sem nem perceber, eu caí no sono, dormindo a noite inteirinha e só acordando no dia seguinte. Como eu já estava acostumado com o horário, eu não precisei que nada me acordasse, então acordei sozinho. É como se eu tivesse um despertador biológico.
Levantando para mais um dia, com os poucos raios de sol que atravessavam a imensidão de água até chegar na janela de pedra do meu quarto, eu me arrumei, saindo do quarto logo em seguida.
Minha manhã foi tranquila como todas as outras, e também foi exatamente igual às outras. Não tinha muita coisa para fazer durante esse período, então eu poderia dizer que é no mínimo entediante. Mas tudo melhorou depois do almoço, quando Gguk veio me ver.
- O que nós vamos fazer hoje? - eu perguntei, lhe abraçando pela cintura, tendo meu abraço retribuído.
Eu sei que ele não gosta de tanto contato físico assim, mas acho que já se acostumou com meu jeito, então nem reclama mais.
- O que acha de passear na praça? Ou no jardim, vocês tem um jardim gigante - ele sugeriu, sabendo que eu gosto de fazer coisas simples.
Decidimos então passear no jardim, onde haviam plantas marinhas maravilhosas, assim como vários animais marinhos nadando por ali.
Observando meu noivo, eu percebo a sorte que tenho. Ele é lindo demais, seus cabelos castanhos escuros são tão macios que dá vontade de ficar passando a mão toda hora. Mas, tá, ele não gosta muito, mas quando sou eu ele deixa, às vezes.
Ele tem os braços musculosos, e tem um abdômen até que bem definido. Eu diria que ele tem um corpo perfeito. Sua cauda é grande, e tem uma cor cinza como a de todo tritão.
Diferente dele, eu sou mais pequeno, por assim dizer. Eu não tenho tantos músculos, isso por não querer me exercitar como ele se exercita. Minha cauda, de certa forma, também é grande, mas não tanto quanto a dele. Mas nada disso realmente me incomoda.
Nós estávamos conversando sobre coisas aleatórias, contando como foi o dia um do outro. Como uma mania, eu passei minhas mãos em meus cabelos negros, sentindo os fios macios. Sinceramente, não lembro desde quando faço isso, ou o motivo, mas eu gosto.
Depois de um tempo, nós ficamos apenas lado a lado, nadando calmamente, sem dizer nada. Era um silêncio confortável, onde nós apenas aproveitávamos a companhia um do outro.
Distraído, eu comecei a cantarolar a música que ouvi ontem a noite, lembrando de como ela me acalmou. Se eu tivesse a chance de ouvi-la outra vez, com certeza não perderia.
Eu realmente queria poder escutá-la novamente.
- Eu amo a sua voz - ele disse, me tirando de meu mundo particular.
Às vezes eu sentia vergonha quando alguém falava da minha voz, porque eu não achava que cantava tão bem assim. Mesmo assim, nunca externei esse sentimento. Então, em agradecimento ao que ele disse, eu sorri, olhando para baixo, um tanto envergonhado.
- E você é fofo quando fica com vergonha - ele continuou dizendo, ainda olhando para mim, me fazendo soltar um risinho.
- Para de me deixar envergonhado - eu disse, cobrindo minhas bochechas com minhas duas mãos.
Ele sorriu minimamente antes de voltar a olhar para frente.
Jeongguk é realmente muito importante para mim, e mesmo que não seja tão carinhoso ao nível de andar grudado comigo, eu não reclamo, porque sei que ele dá o melhor de si para sempre parecer carinhoso comigo. E mesmo que eu seja um poço de carinho e carência, eu não reclamo, porque sei que já recebo mais do que ele está acostumado a demonstrar.
Uma das coisas que eu mais gosto é passar minha tarde com meu noivo, e eu ficaria feliz em fazer isso durante todos os dias da minha vida.
Por isso, eu estou cada vez mais ansioso com o casamento, e como já disse, não tenho dúvida alguma de que ele é a pessoa certa para mim, mesmo com todo esse seu jeitão.
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O Jimin é todo fofinho, né? Da vontade de apertar.
Esse foi o primeiro capítulo. Eu queria ter feito ele maiorzinho. Mesmo assim, eu gostei de escrever ele, amei colocar os detalhes de como eu imagino os personagens e algumas coisas, mesmo que não tenha taanto detalhe assim.
Tá bom gente, é isso. Até o próximo capítulo e espero que estejam gostando.
Espero que todos estejam bem e se cuidem.
Até a próxima ♥️
A música que o Jimin falou:
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