Melancólia
- Vovô! - o garoto de treze anos com cachos ruivos, correu se lançando nos braços de Alexander.
- Oi meu pequeno grande homem - ele falou entre dentes.
- Eu tenho que te mostrar uma coisa - o garoto disse ao se afastar e estendendo a mão revelou um brilho violeta intenso.
- Aqui não - Alexander o repreendeu risonho ao abaixar a delicadamente a mão dele. - sabe qual é nossa primeira regra?
- Nunca diante dos comuns. - ele falou rindo e balançando a cabeça.
- Isso aí. Eu quero te apresentar alguém. - acariciando os cachos rebeldes do garoto, ambos caminharam até Angel que está a sentada em uma cadeira no canto da sala.
- Angel - eles pararam diante dela. - Esse é Harry, e Harry essa é Angel uma amiga.
- E aí - o garoto acenou - você é namorada do meu avô? - perguntou direto.
- Que isso garoto - Alexander riu e baguncou o cabelo dele.
Angel apenas negou com a cabeça, estava impressionada o a beleza do garoto, seus olhos eram âmbar, as poucas sardas cobriam suas bochechas rosadas.
- Feliz aniversário Harry - disse por fim estendendo o pequeno pacote.
- Valeu. - o garoto apanhou o embrulho e abrindo, um brilho cruzou o olhar da criança- que demais - sorriu - posso lançar uma Avada agora! - exclamou animado.
- Mas apenas nos inimigos - Alexander frizou.
- Vou mostrar para mamãe - correu para cozinha.
Angel sorrindo se levantou. Era estranha a sensação que invadiu seu peito. Algo como ternura.
- Você tinha razão - falou seria.
- Sobre o que? - Alexander perguntou ao se por do seu lado.
- Ele é um garoto incrível.
Sem mais nada a dizer seguiu para fora, respirando o ar da tarde. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Abriu mão de tudo aquilo por Cristian. No passado trocou a família que teria, por um amor interrompido. Agora se pegava pensando se teria válido a pena.
- Nós já vamos cortar o bolo - Cintia falou parada na porta.
- Eu sinto muito - falou ao encará-la - sinto muito.
- Pelo que exatamente? - perguntou ao cruzar os braços.
- Por tudo - chorou - eu era muito inconsequente, burra é a palavra, vocês mereciam mais do que eu dei a vocês... - soluçou.
- Meu pai me explicou o que aconteceu naquela época, eu não tenho lembranças, ele constuma dizer que a melhor forma de viver o presente é esquecer o passado, mas eu discordo, acho isso uma hipocrisia da parte dele.
- Ele é um bom homem - Angel frizou.
- Eu sei, porém não faz o que diz, ele nunca esqueceu você e acredito que nunca vai esquecer. E você sempre vai fazer ele sofrer e mais forte que você. - o ódio era claro como a água. - Então faz um favor para mim, vá embora antes de partir o coração dele de novo, e o meu também, agora eu entendo a raiva que eu sempre senti de você.
Cintia deu lhe as costas voltando para a festa. Angel sentiu como se adagas perfurassem seu coração, uma dor invisível porém intensa rompeu sua pele, ela chorou e dando as costas para casa se apoiou sobre o para peito. Após alguns minutos Alexander surgiu na porta.
- Angel você vem? - perguntou animado.
Ela não conseguia responder, não sabia como as palavras de Cintia havia lhe afetado. Talvez o fato de vê-los juntos e felizes acendeu em seu coração uma inveja de ter aquilo que tinham. Uma família grande e feliz.
- Angel - ele tocou em seu ombro.
- Desculpe eu já vou - falou ao limpar o rosto.
- O que aconteceu? - perguntou ao notar as lágrimas.
- Não foi nada. - tentou tranquilizá-lo forçando um sorriso.
Alexander sabia ser mentira, os olhos vermelhos dela revelavam isso.
- O que a Cintia fez? - sentiu uma irritação em seu ser.
- Só falou a verdade. Eu sabia que não deveria ter vindo. - deu de ombros.
- Essa garota - disse entre dentes.
- Deixa para lá, afinal ela não me receberia como sua amiga apenas por eu tentar uma aproximação.
- Tudo isso por causa de um homem? - ele sorriu em escárnio.
- Isso envolve mais do que você imagina, saber que poderia ter uma vida diferente, e que eu foi a culpada por não ter. Isso envolve muita coisa Alexander.
E ela não tirava a razão de Cíntia. Notando a tristeza nos olhos dela, ele não pode evitar. Por mais que seu coração gritasse dizendo ser errado, sua mente o apoiava. E mesmo travando uma batalha dentro de si, a puxou lhe dando um abraço.
Estar envolvida pelos braços dele, era a melhor sensação que já sentiu, era quente, conhecido, aconchegante e apaziguador, como estar em casa.
A vontade de chorar voltou com força, e as lágrimas verteram como cachoeira.
- Shiii.... - ele sussurrou a embalando como se fosse uma criança.
- Me desculpe - resmungou de encontro ao peitoral largo.
- Não precisa se desculpar, lidar com tantas emoções ao mesmo tempo pode ser sufocante.
- Eu só acho que, não sou boa companhia para ninguém, eu estou tão cansada de chorar - se irritou com sua citação.
E apesar da sua vontade ser ficar nos braços dele para sempre, se afastou.
- As vezes eu só queria que isso sumisse.
- Eu sei como se sente, mas tudo passa Angel.
- Claro. Eu só tenho que esperar. - rosnou.
- Vou me despedir deles e já venho para irmos embora. - disse ao lhe dar as costas.
- Não quero atrapalhar, eu vou para casa. - disse por fim.
- Espere aqui. - concluiu ao entrar.
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