O confronto
Cristian
Eu estava dirigindo como louco. Sabia para onde Alexander havia levado Angel.
Onde tudo começa é onde tem de terminar, ou seja, a antiga casa deles não exatamente dentro dela, nós arredores quase na divisa da cidade, era onde eu e Angeliny estavamos, onde ela morreu.
Não entendo como Alexander também ficou ligado a nós, não era para isso acontecer.
Há 308 anos quando descobri que ele também havia se tornado imortal me assustei. Talvez Angeliny também o amasse e por essa razão o feitiço tenha funcionado nele.
Eu queria tirar ela da cidade antes dos dois se reencontra, pois, eu sabia que se ela sentisse algo por ele seria meu fim, passei todos esses anos da minha vida esperando por ela, não queria deixar ele se por no meu caminho novamente.
Esse foi o porquê de eu não devolver as memórias dela por completo, tive medo. E esse medo ficou pior depois que ela disse que não tinha certeza do que sentia por mim.
Sei que a essa altura ele já a fez se lembrar e isso me perturba, mas se depois de tudo Angel o escolher. Não me importa continuar vivo.
Balanço a cabeça tentando tirar isso de meus pensamentos, sei que Alexander pretende desfazer o feitiço que fiz, sim eu menti para Angel, tem sim uma maneira de desfazer.
Entretanto, para isso será necessário o nosso sangue e aposto como Alexander não se contentaria em retirar só uma gota do meu.
Estou embarcando em uma missão suicida, ele é mais forte e tem o conselho os doze feiticeiros mais poderosos que se uniram a Alexander para me destruir.
Já entrei com meu carro em uma rua de terra vermelha com árvores dos dois lados da pista.
Mesmo com tantos anos, Alexander tentou manter essa região intacta, pois acredito que a adoração que ele nutre por Angel e tão grande quanto o amor que sinto por ela.
Dirigi por mais algum tempo. O sol se pôs.
Desci do carro e caminhei pela estrada de terra até ver o lugar onde tudo aconteceu, as árvores estavam balançando com o vento a escuridão engolia o lugar, não tinha lua no céu apenas as estrelas iluminavam a noite e o vento frio que soprava em meu rosto.
— Eu estou aqui! — gritei.
De repente surgiu do meio das árvores, Alexander ele segurava Angel pelo braço. Ela olhou para mim e sorriu, mas tão rápido quanto o riso veio esse se foi, ela abaixou o rosto evitando me olhar.
Encarei Alexander, que me olhava com ódio.
— Eu estou aqui solte-a! — grito.
— Você acha mesmo que é tão fácil assim? Sabe que precisamos dela. — Ele fala tentando demonstrar uma calma inexistente.
O que aconteceu foi muito rápido, um clarão iluminou todo o lugar e vários feiticeiros apareceram entorno de nós fazendo um círculo nos mantendo no meio, pude perceber que Lilian estava entre eles.
Todos usavam capuzes negros, mas somente Lílian ergueu o rosto para que eu pudesse vê-la com seus belos olhos castanhos e sua pele morena, ela assim como o resto do conselho fizeram um feitiço para se manterem vivos até que Angel reencarnasse, o feitiço não manteria eles jovens, mas vivos e bem conservados.
Percebi que Lilian também segurava uma moça pelo braço, e pelo rosto assustado posso dizer que não faz parte do grupo de feiticeiros.
Ela tinha cabelos castanhos escuros, seus olhos verdes e pele branca, lábios rosados, percebi que ela tinha uma semelhança assustadora com a Angel. Vestia uma calça, jeans azul clara e camisa regata rosa choque.
— Admirando a beleza de minha filha, Cristian? — Perguntou Alexander, com ar de riso.
Olho para ele com surpresa e depois para Angel, não preciso de explicações agora para entender o porque meu feitiço havia funcionado para ele, não consegui esconder a decepção que me veio em saber que Angeliny estava grávida quando morreu.
— Agora você entende não é? — Ele pergunta ainda risonho — essa era a razão para seu feitiço ter funcionado em mim, minha amada Angeliny estava grávida quando fugiu com você, me admira ela não ter te contado.
O deboche estava estampado no rosto dele, não me importa o que Angel fez ou deixou de fazer, o que importa é que ela está aqui agora.
— É, eu entendi — falei por fim — mas não me importa. Agora o que me diz de terminarmos logo com isso? — falo me preparando para lutar.
— E tudo o que eu mais quero! — ele diz travando os dentes.
Ele entrega Angel para um dos doze feiticeiros que a leva até uma grande árvore velha, ele a amarra deixando de frente para nós.
Ela me olha com medo e posso ver as lágrimas escorrendo por sua face.
Volto a encarar Alexander, que se prepara erguendo as mãos e fala:
— Vamos fazer como nos velhos tempos, uma luta justa. — Ele sorri.
— Uma luta com você nunca foi justa.
Ele vem correndo até mim, suas mãos brilham vermelho ele arremessa uma esfera de energia em minha direção, eu conjuro um feitiço de proteção fazendo a desviar e acertar uma árvore ao lado, contudo no mesmo instante faço outro feitiço de ataque que faz uma esfera azul aparecer em minhas mãos, arremesso de encontro a ele, mas com apenas um movimento de ele faz meu ataque se dissipar e lança outra e outra em minha direção não me dando tempo de defesa, sou atingido e arremessando contra uma árvore; vários cortes aparecem em meu peito que agora estava a mostra, pois as esferas de calor dele queimaram minhas roupas ferindo meu tórax a ponto de arrancar sangue de mim.
Ele lança outra, entretanto essa vem pegando fogo. Eu giro no chão para o lado e me levantando com dificuldade, contudo ainda zombando falo:
— Pensei que você tinha dito que seria uma luta justa?
— Que culpa tenho eu, se você e fraco? — Ele diz com Desdém.
Eu me levanto e me lanço de encontro a ele usando um feitiço de raios que o atingem no rosto fazendo o cair.
Olho para Angel, que estava inquieta vejo o pânico em seus olhos ela mexia os braços tentando se soltar, mas não conseguia, tento correr até ela, mas Alexander se levanta e joga outra esfera em mim me fazendo cair, a dor era terrível a esfera fez uma queimadura em minha perna esquerda que pegou da metade de minha coxa até parte do meu joelho, eu tentei me levantar, mas não consegui.
Ele veio caminhando calmamente até mim, segurou em meus cabelos puxando meu pescoço para trás me fazendo ficar de joelhos.
— Olhe só para ela. — Ele diz votando minha cabeça em direção a Angel — você sabe que aquela noite era para você ter morrido e não ela, mas como sempre ela te escolheu e ao invés de nosso bebê.
— Não… — falo com dificuldade e cuspo um pouco de sangue — ela me escolheu ao invés de você, você pode ter tido o corpo dela, mas não o amor que ela sempre direcionou a mim, é por isso que você me odeia, por ela me amar e sempre escolher a mim.
Falo sorrindo. Alexander solta um urro em fúria e me atinge uma cotovelada em minha cabeça me fazendo bater com o rosto em terra.
— Vamos ver se você vai continuar sorrindo, quando tiver engasgando com seu próprio sangue.
Ele fala com irá e segura meu cabelo puxando minha cabeça para trás, me forçando a ficar de joelhos novamente.
Eu estou fraco meu corpo todo dói, no entanto, eu sei que por causa da minha ligação com Angel logo me recuperarei; um dos feiticeiros vem até nós segurando um cálice de ouro e uma punhal de prata, ele segura meu braço e faz um corte fundo em meu pulso, sinto o sangue quente escorrendo e caindo dentro do cálice, o ferimento começa a se fechar. Alexander me solta e eu caio fraco sobre chão.
Angel
Vejo Alexander e Cristian, lutarem tudo o que eu queria era poder ajudar, pois, vejo que meu amado está levando a pior.
A luta acabou, observei Alexander e outro feiticeiro retirar o sangue de Cristian que agora está caído sem mexer um músculo.
Meu coração se aperta em meu peito, me mexo tentando me soltar, mas as cordas machucam meus pulsos.
Alexander caminha com o outro para perto de minha "filha", que está sendo segurada, por uma mulher que não tira os olhos de Cristian, e posso reparar em seu olhar uma certa preocupação.
Alexander segura suavemente no rosto de Cíntia e fala:
— Você está pronta minha princesa? — Cíntia assente — não vai doer muito, eu prometo. — ele diz com sua voz mansa e um jeito terno.
Ele pega o punhal da mão do homem ao seu lado e faz um corte na palma da mão dela, o sangue escorre para dentro do cálice.
Alexander olha para a mulher que segurava Cíntia e fala:
— Lilian, coloque ela ao lado daquele desgraçado.
Lilian? Então essa era a mulher com quem Cristian estava falando hoje cedo, pensando bem faz todo sentido ela está do lado inimigo só assim poderia informar Cristian.
Vejo a puxar Cíntia pelo braço e coloca-la ao lado de Cristian, ela se direciona para ele um olhar sutil de cumplicidade.
Alexander se colocá ao meu lado, e fala:
— Agora é sua vez.
Sinto uma ardência na palma de minha mão e algo escorrendo, sei que é meu sangue. Em seguida ele volta ao meu campo de visão, segura o punhal e fecha sua mão em torno fazendo seu sangue escorrer para dentro do mesmo cálice que o outro feiticeiro segurava.
— Você sabe o que fazer. — ele diz para o homem que assente e ergue o cálice para o céu.
Alexander se colocá ao lado de Cíntia. Todos os feiticeiros erguem as mãos e raios cinzas saem delas em direção ao cálice que começa a flutuar se desprendendo da mão do homem que o segurava, todos começam em uníssono a falar um feitiço em outra língua.
"Solvi esse infecta redire desiderat. Naturalis ordo restitutus est facinus parentibus liberi violati orbis natura reparatur”.
Mesmo eu tentando não entendia o que eles falavam. Fogo de cor verde subiu do chão formando círculos separados em torno de cada um de nós, por fora dos círculos um triangulo ligando um círculo ao outro.
Uma dor invade meu peito e me faz ter falta de ar, enquanto um grito saiu de minha garganta.
Cristian, Cíntia e Alexander também gritavam, isso durou apenas alguns segundos que foram o suficiente para me deixar fraca.
Ergui a cabeça com dificuldade e olhei para os outros, Cristian estava de joelhos agora com a mão sobre o próprio peito, assim como Cíntia e Alexander que se levantava devagar.
Os raios sumiram e o cálice estava novamente nas mãos do feiticeiro que caminhou em direção ao círculo onde Alexander se encontrava.
O fogo se apagou, o homem estendeu o cálice para Alexander, e falou:
— O mestre sabe O que fazer?
— Sim, eu sei. — Ele responde rouco
Alexander apanhou o cálice e caminhou até mim, parou em minha frente e estendendo o cálice para perto de minha boca e ordenou:
— Beba!
— Está louco se pensa que vou beber… isso — falo puxando o ar com força para meus pulmões.
Ele sorriu sem humor e concluí.
— Eu suponho que você não me entendeu, isso não foi um pedido, foi uma ordem! — Ele fala entre dentes.
— O Alexander que eu conheci jamais me obrigaria a fazer algo contra a minha vontade, pelo que eu me lembro. — falei por base nas lembranças que ele havia me mostrado.
Ele aproximou sua face da minha quase, tocado seus lábios nos meus e falou:
— Esse Alexander que você fala morreu há muito tempo e pelo que eu me lembro você foi a responsável pela morte dele.
— Mentira. — eu falo e ele me olha com curiosidade — você ainda é ele, eu pude ver nos seus olhos quando me viu na sorveteria e depois quando me beijou, toda sua raiva, Alexander, na verdade, é apenas mágoa, você não me odeia, odeia o fato de eu ter abandonado você.
Ao dizer isso vejo a pupila de seus olhos se dilatarem em surpresa, ele não faz nada apenas me encara com o semblante entristecido, até que o feiticeiro fala:
— Mestre, o senhor sabe o que tem de ser feito.
Alexander, fecha seus olhos com força, e ao abri-los volta a me encarar com fúria.
— Beba, ou eu a farei beber!
Olhei para Cristian, eu sabia que se eu bebesse seria o fim dele.
— Nunca! — falei por fim.
— Deixe me colocar de uma maneira para que você entenda, se você não beber nós vamos prender você e ele em celas separadas pelo resto de suas vidas. — Ele aproxima sua boca de minha orelha e continua a falar em um sussurro que me causa arrepio — onde eu pessoalmente vou torturar vocês até que desejem a morte, mas claro que para você, farei de maneira mais prazerosa.
A malícia estava estampada em sua voz. Ao notar que eu não daria nenhuma resposta ele suspirou e erguendo sua mão fechou seu punho no ar, o grito de Cristian era estridente assim como o barulho dos seus ossos se quebrando.
— Pare com isso Alexander! — eu gritei, mas ele se divertia.
— Ele pode não morrer, mas pode sentir dor.
A cada movimento que ele fazia com suas mãos, Cristian se contorcia e gritava.
Eu olhava para todos em minha volta, mas ninguém parecia se importa, é ceto por Lilian que me olhava suplicante.
— Será que já e o bastante, posso fazer isso a noite toda ou…
Ele aperta minha garganta me fazendo abrir a boca em busca de ar, assim ele colocou aquele líquido dentro e tampou me forçando a beber.
O gosto de ferro picante desse por minha garganta queimando, senti um calor vindo de dentro para fora.
Alexander afastou se de mim, minhas veias ardiam como fogo! Uma dor forte em minha cabeça que parecia que a qualquer momento iria explodir. Pude sentir cada célula do meu corpo trabalhando, ouvir o sangue correndo em minhas veias.
Comecei a ver coisas do meu passado lembranças de séculos atrás, tudo em forma de vultos como se estivessem andando no meio de nós.
Lembrei de como conheci Cristian de como nos apaixonamos, cada briga, beijo e encontros as escondidas que tivemos, os sentimentos mais intensos de como meu coração bateu quando o vi pela primeira vez em um baile.
Lembrei de Alexander tudo que me fez cada toque, o jeito que ele fez para que eu passasse a deseja-lo. O porque fui forçada a casar com o ele.
Minha cabeça estava a mil e conforme as lembranças começaram a se desfazer.
Vi Alexander caminha até Cristian e se colocando atrás dele o ergueu pelos cabelos o golpeou com um punhal.
— Não! — gritei com todas as minhas forças.
Um raio caiu entre eles, fazendo Alexander voar de encontro com uma árvore a alguns metros de distância, Cíntia correu até ele e se ajoelhou do seu lado.
Meu corpo tremia e as lágrimas vinham quente sobre minha face.
Imaginei as cordas que me amarravam pegando fogo e logo elas viraram pó, corri até o corpo de Cristian, mas todos os feiticeiros levantaram suas mãos e começaram novamente a recitar um feitiço em uníssono.
“Sentietur dolor extinxit hoc quod vult finem”
Eu caio de joelhos meu corpo inteiro doía, senti algo escorrendo por meus ouvidos enquanto um zunido insuportável surgia, tampei eles, mas o som parecia vir de dentro para fora.
O ódio me tomou e todo o meu desejo era matar que estava ferindo a mim e a Cristian então estendi minhas mãos para cima e gritei:
— Morram!
Raios atingiram todos os feiticeiros que viraram cinzas, enquanto outros pegavam fogo, alguns tentaram se teletransporta, mas não conseguiram.
Me levantei e corri até o corpo de Cristian que estava dando seus últimos suspiros. Virei ele de frente para mim e toquei sobre seu peito tentando estancar o sangue, mas não consegui.
Até que minha mão tocou por acidente em cima do medalhão que ele usava, mas dessa vez não me queimei o que só podia significar que Cristian logo iria partir, todas as lembranças estavam comigo agora eu sabia o quanto eu o amava:
— Por favor não me deixe de novo. — falei em meio ao pranto.
Logo tive uma ideia, puxei o medalhão do pescoço dele e ergui para cima de minha cabeça, comecei a recitar o feitiço que ele usou para me salvar no passado.
— Que o amor nos ligue, que a magia nos una, que esse elo não se quebre para sempre perdura, assim como o dia e a noite cumprem seu ciclo aquele que hoje parte retorne para meu destino. — ao recitar isso uma grande ventania veio.
Meus cabelos voavam na frente de meu rosto, bati com o medalhão no peito de Cristian e um raio caiu sobre seu corpo que começou a se desfazer em pequenas partículas de luz. A última coisa que pude ver foram seus olhos e então em meio às lágrimas falei:
— Vou esperar por você amor.
Todas as partículas se envolveram em um pequeno redemoinho e sumiram no ar.
A dor em meu peito era sufocante, olhei para a direção da onde Alexander e Cíntia estavam, mas ambos haviam sumido.
O ódio que eu estava sentindo parecia me consumir, os ventos aumentavam e os trovões começaram a cair em torno da onde eu estava, logo começou a chover e um furacão se formava ao longe arrancando as árvores que estavam em seu caminho.
Não sei ao certo de onde Lílian surgiu, ela correu em minha direção e se ajoelhou em minha frente segurando em meu rosto, falou:
— Acalme-se Angeliny, a magia está querendo te consumir!
Eu mal a ouvia, meu corpo vibrava minhas veias pareciam queimar, as lagrimas desciam pelo meu rosto e um desejo sombrio por poder me invadia, eu sabia que Cristian ficaria bem, então, porque desse sentimento?
— Você usou magia negra pela primeira vez, se não se conter a escuridão vai domina-la! — Sua voz soava preocupada e com certa urgência — lembre-se de pôr qual motivo a usou, lembre de Cristian, ele vai precisar de você, ele jamais iria querer que você se perdesse assim!
Cristian. Pensei, ele vai voltar e precisara de mim. Fechei os olhos e me agarrei a todas as lembranças que tinha dele.
O vento estava se acalmando e a chuva que antes estava forte agora era apenas uma simples garoa.
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