Capítulo 35: Confiança
Sofia
Cruzei a cidade com Hades, era impressionante como todos param para sorrir e acenar vendo ele. É bem carismático o meu neném.
Segui até encontrar Deimos. Ele estava parado nas escadas do templo, andei calmamente em sua direção, Hades sobrevoou, pousando ao lado dele.
— Bom dia, mestre.— curvei-me e olho em volta. — Que lugar lindo.
— Bom dia, Sofia.— sorriu. — Gostou? Está na hora de conhecer a virtude da confiança a fundo — ele seguiu para entrar no templo, passei a mão pelo rosto de Hades para me despedir e segui o mestre.
— E como seria ir a fundo? — perguntei, assim que entrei, notei detalhes em ouro e esmeraldas, símbolos de um lobo com dois rostos estavam espalhados por todo o ambiente, quadros de antigos soberanos faziam um caminho até o altar.
Me aproximei do retrato de Haures.
— Vou descobrir o que você esconde, majestade.
— Veja, Sofia. — ouço a voz de Deimos, o sigo, ele aponta para uma estátua. — Essa é Leyak, a deusa responsável por esse reino, e pela virtude da confiança.
— Foi ela quem fundou esse templo? E também o reino? — perguntei.
— Sim, ela sempre fora muito responsável, Lup é um reflexo de sua identidade. — Deimos explicou, eu assenti.
— Mestre, eu sinto que tem algo com esse reino, algo que eu tenho que descobrir — comecei a mexer no cabelo enquanto alterava de olhar para ele e para chão.
— É normal sentir isso, ainda mais que você zela por eles, ouça, quando começar a descobrir não faça isso sozinha, vai precisar de ajuda. — sorriu, achei que ele não me apoiaria, mas pelo visto Deimos é justo.
— Obrigada. Ainda bem que tenho uma equipe.
— Verdade. Eles lutam do seu lado e precisam saber do que você descobre. — Deimos se afastou, começando a subir uma escadaria enorme, um tapete vermelho cobria os degraus. O segui e ficamos em silêncio, observei o lugar quase quebrando o pescoço por ficar distraída ao ver tanta beleza.
— Eu preciso deles pra continuar lutando, ás vezes só tenho eles — sorri, lembrando deles, Deimos abriu uma porta dourada e aveludada, quando entrei, vi uma varanda enorme, eu podia ver a cidade inteira.
— Entendo, e fico feliz por você ter quem se apoiar, mas vamos ao treinamento.
— Vai ser algo sinistro?
— Acho que você vai gostar — deu de ombros. — Na aula de hoje, você vai aprender a fazer portais.
— Mas eu já sei teletransporte, mestre
— Os seus portais são diferentes, você pode viajar pelo tempo.
— Eu posso ir pra qualquer lugar no tempo? — perguntei, ele assentiu. — Que loucura.
— Você vai aprender mais na prática — falou. — Preciso que fixe em um momento da sua vida, canalize a sua energia nesse ponto — conforme ele falava, eu tentava focar em algum ponto. O problema é que eu tive muitos momentos marcantes nesses últimos tempos.
— E qual eu deveria escolher? — perguntei e vejo que faíscas brancas cintilaram em minha volta. — Um dia mais calmo ou mais agitado?
— Escolha com o coração. — sorriu. Nataniel veio em minha mente. — Pelo visto, já sabe o que vai escolher.
— Sei. — sorri, as luzes cintilantes voltaram. Fechei os olhos, sentindo as luzes me cercarem e também o mestre.
— Onde estamos? — ele perguntou, abri os olhos. — É em Vultor?
— É a vila de Sunko! E bem no dia do festival — apontei as bandeiras do famoso herói, realmente tinha voltado para o passado. Para o dia que conheci o Nataniel.
— Que bela visão. — mestre Deimos olhou em volta. — O que aconteceu de especial aqui?
Percorri meus olhos até encontrar Nataniel, ele olhava de um lado para o outro, até parar e virar lentamente, encontrando o meu olhar sob seu corpo.
— Aquilo. — disse, virando a cabeça naquela direção, Deimos percebeu e sorriu. — Foi o dia que conheci o Nataniel, quer dizer, o duque Kawami.
— A relação de vocês é muito bonita. — falou. Vi quando Nate e eu começamos a conversar, o jeito que estávamos. Eu fiquei emocionada por rever esse momento.
— Ele é a minha força. — vejo o momento que começamos a andar, entre troca de olhares e sorrisos nos vi no começo e sentia que aquele momento não foi a primeira vez.
— Está parecendo um encontro de almas. — Deimos sussurrou, sorri. — Quero te levar em um lugar — começamos a ser envolvidos pelo portal até estarmos em outro lugar.
— Onde estamos? — olhei em volta, parecia um templo, mas era diferente, mais amplo, com muitas armas de guerra e em baixo de cada uma delas tinha uma descrição detalhada.
— Esse é o templo Lupus do Norte, as relíquias de antigas rebeliões e guerras são aqui. — explicou, depois segurou meus ombros. — Olha eu com nove anos encantado com as histórias — apontou e vi um garoto que lia as descrições animado. Um senhor mais de idade se aproximou dele e, de imediato, o garoto segurou sua mão, contando o que estava lendo. O homem concordou com a cabeça, ouvindo o que o mais novo dizia.
— Seu pai? — perguntei. Ele sorriu.
— Meu avô. — contou. — Desde criança soube que queria ser um mestre igual à ele.
— Que incrível — falei, ele concorda com a cabeça. — Eu tenho uma pergunta.
— Pergunte.
— Posso viajar para qualquer lugar do tempo? — mexi no cabelo, ele riu.
— Pode, mas tente não mudar o rumo dos acontecimentos.
— Quero ir para o passado — expliquei e começo a tentar imaginar no tempo dos deuses, sinto o portal se formar e um som leve de explosão, olhei e vi alguns pessoas tentando fazer um ritual ou algo do tipo. Todas chocadas por me verem, suas roupas eram diferentes das minhas, eles nem se moveram, mas teve uma mulher em questão que me encarou como se me conhecesse. Eu estava muito no futuro, deu para notar só pelo jeito deles.
— Ops, tempo errado — voltei para dentro do portal. — Desculpem. — fechei o portal, indo embora o mais rápido possível.
— Conseguiu? — Deimos estava sentado na escada, eu ri.
— O futuro parece ser bem interessante, mas eu acabei indo muito pra frente, como posso viajar há um tempo na qual não estivesse? — sentei ao seu lado.
— Poderia ter alguém ligado a você — se virou para mim. — Não achou ninguém familiar?
— Uma mulher me encarou como se me conhecesse.
— Talvez conhecesse, não sabe o que pode acontecer em sua jornada. — ele se levantou, fiz o mesmo. — Vamos trabalhar sobre você conseguir ir para o tempo que deseja.
O sigo em silêncio, essa habilidade pode ser muito útil para minhas descobertas futuras.
Aris
Duas semanas passou desde a invasão, duas semanas que me sinto livre. Meus amigos nos fizeram parar por alguns lugares, sendo assim, aproveitamos um pouco antes de chegar em Tier.
Mas agora estamos no portão, esperando que nos abram.
— Lorde Aris? O senhor está vivo? — um dos soldados me olhou dos pés à cabeça, como se eu fosse um fantasma.
— Estou, onde está rei Zagan? — perguntei, eles se olharam.
— Ele não voltou — meus amigos e eu nos encaramos. — Achamos que assim como o senhor, ele teria morrido, mas se está vivo, o rei também pode estar. — explicou.
— Certo, vamos entrar. — seguimos pelo portão, Tier não parecia tão diferente. Mas a neblina ainda cercava o reino.
— Aris, o que aconteceu com Zagan? — perguntou Khalida. — Será que Sofia...
— Ela não faria isso. — digo, rápido, eles me encaram.
— Como pode ser certeza sobre ela? — questionou Kieram.
— Eu apenas acho que ele pode estar vivo — dei de ombros. — Vou para meus aposentos. — segui o mais rápido possível, sem puxar assunto e olhar nos olhos de ninguém .
— Meu senhor? — Belman abriu a porta e eu entrei de uma vez. — Está vivo...
— Belman, devo admitir que fiquei feliz por você estar minha casa, obrigado. — bati a mão nas costas dele, acho que ele merece um aumento, depois penso nisso, corri para dentro do meu quarto. Que saudades das minhas coisas.
Algumas horas depois, fui convocado para uma reunião.
Assim que cheguei todos me reverenciaram, fiquei sem jeito e acenei.
— Aris, nós estamos feliz por te ver vivo. — pronunciou Fergus, o ancião da corte.
— É um prazer estar de volta. Passamos por muitas dificuldades, mas agora estamos bem. — contei, eles concordam com a cabeça.
— O senhor sabe o que pode ter acontecido com rei Zagan? — perguntou Simon.
— Lamento, mas não. Pensei que ele já estaria aqui. — me sento, eles se olham. — Algum problema, senhores?
— Sua volta nos deu esperança que o rei esteja vivo. Espero que não seja algo da nossa cabeça. — explicou Fergus.
— Tenho certeza que sim, mi lorde. — na verdade, eu não tinha certeza de nada.
No dia seguinte, algo me fez entrar escondido nos aposentos de Zagan. Acendi minha mão e uma luz vermelha iluminou o lugar. Senti que era uma má ideia, porém, mesmo assim, continuei a mexer nas coisas do rei. Avistei uma pintura. Nela, haviam três crianças e um bebê. Era ele com seus irmãos.
Andei até encontrar um espelho, o meu reflexo quase que eu não reconheci, por curiosidade, tentei passar a mão no espelho, porém senti minha mão atravessar no meio do meu reflexo. A tirei assustado.
— Mas o que?? — coloquei a mão de novo e mais uma vez atravessou. Me afastei e acabei esbarrando em uma mesa, quase caí. Devido o susto, saí correndo do quarto, acabei esbarrando em um criado.
— Perdão, mi lorde. — ele juntou as coisas que havia caído, respirei fundo e o ajudei.
— A culpa foi minha. — o entreguei as pratarias que estavam limpas. — Desculpe. — digo e saio o mais rápido possível dali.
Mas por que rei Zagan tem um espelho desses em seu quarto?
As coisas nesse reino só pioram.
No dia seguinte, enquanto tomava o café da manhã, pensava no que poderia ser aquilo. E como funciona. E se eu entrar dentro do espelho, será que vou conseguir sair?
Afastei esses pensamentos comendo mais do que precisava, a ansiedade sempre me fez comer muito.
— Senhor, posso ajudar em mais alguma coisa? — perguntou Belman.
— Se você soubesse de algo, ou quase, mas sente que precisa descobrir mais, tentaria mesmo assim? — tentei explicar, ele pela primeira vez, tinha uma expressão confusa.
— De certo deve ser algo muito importante para o senhor comer tão rápido. — ele diz, eu soltei o pão em cima do prato. — Para lhe preocupar assim, deve ser algo sério, tente descobrir o que é.
— Obrigado, Belman. — saí pela porta e deixei o castelo, segui pelas ruas até encontrar a casa do meu amigo, Kieram.
— Estressadinho? — assim que abriu a porta, me encarou e franziu as sobrancelhas. — O que aconteceu?
— Uma coisa muito séria — arregalo os olhos, ele me deu passagem para entrar.
— Você está estranho, bem mais que o normal. O que aconteceu? — ele adentrou sua casa, eu o segui.
— Há um espelho no quarto do rei que não tem vidro e eu coloquei a minha mão, mas ela atravessou. — falo rápido, atropelando as palavras, e andei de um lado para o outro.
— Espera, espelho que não tem vidro? Sua mão atravessou?
— Isso está me matando! Será que o rei pode estar lá dentro? — passei a mão pelo cabelo, ele desviou o olhar.
— Você está surtando! Fica calmo! — Kieram me segurou pelos braços. — Aris, seja o que for, fique longe disso.
— Não, isso pode ser algo — tentei me soltar, ele impediu.
— Chega, você vai deixar isso pra lá. Não vê que essas coisas estão te matando! Você é o meu melhor amigo, me dói te ver assim. — ele continuou, eu abaixei a cabeça.
— Desculpa ter sido um idiota, e um péssimo amigo para você nesses dias. Meses, na verdade. — respirei fundo, ainda sem o olhar. — Vou voltar a ser o antigo Aris.
— Não precisa voltar a ser quem foi, apenas não se mate por problemas que não são seus, não quero te ver morrer ou se machucar por causa disso! Eu quero meu amigo vivo — aos poucos, ele me soltou, engoli em seco, essas palavras foram pesadas e duras, ele não é de me dar lição, mas eu estava precisando.
— Desculpa. Eu vou tentar ficar bem — por fim, o encaro, ele sorri.
— Ótimo — apoiou seu braço pelos meus ombros. — Vem tomar uma bebida.
— Kieram, são dez horas da manhã.
— E lá tem hora para beber, Aris. Tenho muito o que te ensinar. — e me arrastou para a cozinha.
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