Capítulo 32: As promessas
Nate
Nossa equipe estava espalhada por todo o baile.
No lugar que eu estava podia ver Daren conversando com alguns lordes junto com a minha irmã. Eles riam de alguma coisa que o mago acabara de dizer. Impressionante como ele combina onde estiver.
Encontrei Valentina com os mestres da corte. Ela parecia atenta a cada palavras deles, era interessante como eles ficaram animados por conversar com alguém mais jovem que estava disposto a ouvir eles.
Sofia estava com meu tio e os outros governantes dos distritos.
Ela falava séria, eles ouviam atentamente, provavelmente, isso é uma convocação para uma reunião. Afinal, são dezoito anos sem entrar na guerra. Espero que eles tenham uma boa explicação.
— Nate.— Alina sentou-se ao meu lado. — Sua equipe te deixou?
— Eles estão ganhando o espaço deles aqui, é assim que eles fazem— digo, ela sorri. Alina estava linda, sempre teve bom gosto.
— Foi bom vocês terem vindo, Lup estava muito desanimado. Ainda não tive tempo de me apresentar para Sofia.— seu olhar parou sobre ela, que agora ouvia o que eles falavam. mas não parecia acreditar.
—Sério? Quer que eu te apresente pra ela?— perguntei.
— Não precisa, vocês vão ficar aqui por alguns dias, certo?— questionou. Concordei com cabeça. — Então, vou ter tempo pra isso.
— Espero que não tenhamos problemas aqui, sempre que a Sofia está perto de concluir uma virtude nós quase morremos. — enquanto falava olhei de relance para ela que me olhou de volta, mas logo devíamos o olhar e voltei a encarar Alina.
— Ouvi dizer que apesar dos problemas que surgem, vocês estão indo bem. Não é uma tarefa fácil e se estão todos bem já é lucro. — indaga, sorri.
— Tem razão, mas eu sinto que vamos ter mais problemas, temo pela vida de Sofia, queria fazer algo.
— Você já está ajudando ela, deu pra ver como vocês são próximos.— Alina ergueu a sobrancelha.
— Somos, eu a admiro muito.— senti que meu rosto esquentou.
— Dá pra ver isso. — riu. — Eu quero te contar uma coisa. Minha família está procurando um noivo pra mim, mas eu não me sinto pronta pra tudo que vem com o casamento.— Alina respirou fundo.
— Pede mais um ano, diz que vai focar nos estudos. Sua família não te obrigaria a se casar.— falei, como se fosse óbvio.
— Na verdade, eles já tinham alguém em mente, mas aconteceu um problema.— ela mexe nos cabelos.
— Que problema?
— Ele foi banido e agora está na missão mais importante de todas.— eu faço uma cara de espanto. Ela gargalhou.
— O quê? Nós quase nos casamos?— perguntei, ela concorda com cabeça.
— Íamos nos casar depois que eu retornasse do leste — explicou, séria. Eu estava pasmo.
— E ninguém ia me contar? Eu ia saber na hora do casamento? — questionou, ela riu ainda mais.
— Não, Nate, você ia saber, né? Também não estamos nos tempos mais antigos. Seu tio pediu pra que falassem depois, quando eu voltasse.— nos encaramos por um tempo e logo começamos a rir.
— Pelo deuses, essa é nova. Então, nós já seríamos casados?— perguntei.
— Sim, já estaríamos casados. Sei lá, é até estranho imaginar.— diz enquanto observava o salão.
— Muito estranho, mas sei que deve ter outro pretendente pra você na corte, não tão bonito como eu, né? Mas vai ter. — expliquei, ela coloca a mão na testa, tentando disfarçar a risada. Porém, não funciona.
— Ah, claro, Nate. Realmente não terá alguém tão bonito quanto você, mas devo encontrar alguém — revirou os olhos. —Temo mais pelo o vem com o casamento em si, e os filhos, já viu um parto?
— Não, mas sei que é uma dor quase insuportável. Lembra de como a Lady Estela ficou debilitada uns dias depois que teve o primeiro filho? — recordo-me que fiquei bem assustado com de onde vem os bebês depois daquele dia.
—Sim, foi bem aterrorizante, e eu nunca tive vontade de ter filhos, acha que sou esquisita?— perguntou.
— Não, ter filhos é bem assustador. Normal, eu também tenho medo.— ri, ela também.
— Como é bom conversar com você. Nossa, Nate, senti sua falta.
— Eu também. Achei que eu não ia te ver mais, foi tão triste pensar isso. Mas eu só voltei porque estou na equipe da Sofia.— assim que citei seu nome, nossos olhos se encontrarem novamente, nós sorrimos juntos, mas alguém a chamou e ela desviou.
— Percebo como ela mudou a sua vida, vocês ficam bem juntos.— Alina sorriu. — Não a deixe escapar.— se levantou e saiu.
Fiquei perdido em pensamentos até que a voz de Valentina me traz de volta a realidade.
— Aqui tem uma biblioteca centenária!— sentou-se ao meu lado. — Deve ter algo lá sobre sua nova habilidade.
— Sim, nós temos uma biblioteca, é no subsolo — dei de ombros. — Nós vamos procurar amanhã, pode ser?
— Claro, vai ser bom, eu preciso de uns livros, vou começar a estudar pra ser mestre, sei que ainda não terminei a missão...— enquanto falava enrolada uma mecha de cabelo em seus dedos.
— Isso é incrível, finalmente está lutando pelo que realmente quer. Estou orgulhoso.— sorri. Ela também.
— Obrigada, Kawami. Se dedicar a si mesmo é algo bom, não é? Acho que nunca fiz isso.— deixou de enrolar o cabelo e encarou o baile.
— Verdade. Fico feliz por isso, pede ajuda da minha irmã, ela conhece aquela biblioteca como ninguém — encontrei Dália ainda com o mago e alguns lordes. Eles me olharam, mas logo voltaram a prestar atenção na conversa.
— Vou pedir, outra coisa, quem era ela?— perguntou, me encarando.
— Uma amiga.
— Nate, eu gosto de você, é uma boa pessoa, mas se magoar a minha melhor amiga, não vai ter magia que te salve.— ela sorriu, eu ri, sinceramente fiquei com medo.
— Não precisa se preocupar. Eu nem posso imaginar fazer uma coisa dessas.
— Sei que não, só estou checando.
Aos poucos, a equipe estava reunida novamente enquanto Jian falava sobre como é uma honra para ele e toda corte receber Sofia e sua equipe. Até mesmo ressaltou Dália e eu, filhos de Lup, como ele mesmo acabara de dizer, termos voltado. Não preciso dizer como ele é falso. Mas eu sorria toda vez que ele me olhava, se ele é falso, eu sou mais.
Alguns minutos depois, andei calmamente pelo salão e parei em frente a Sofia. Ela sorriu e pediu licença para quem estava conversando, vindo em minha direção.
— Será que eu posso ter alguns minutos com você?— perguntei. Ela olhou em volta e começou a me puxar pela mão para sairmos do salão.
— Eu já estava querendo sair.— disse e seguimos de mãos dadas até o jardim, já estava de noite, a brisa gelada bateu em meu rosto e a luz da lua iluminava Sofia, ela parecia brilhar, seria possível? — O que foi? — questionou-me.
— Quero ficar assim com você, é pedir muito? — andamos até um dos bancos de pedra próximo ao lago, a lua refletia sob ele, e sob Sofia também.
— Na minha vida estranha? É sim, mas eu quero estar assim com você e nós vamos ficar desse jeito, só te peço paciência. — sinto que ela se aproxima e segura minha mão. Sofia estava com aquele olhar de confia em mim, o mesmo que fazia sempre que estava prestes a correr risco de vida.
— Eu confio, não imagino mais ninguém com quem eu queira estar assim... — segurei em seu rosto e a beijei calmamente, ela me abraça enquanto me beija com intensidade.
— Você é tudo que eu quero. — indagou, com os lábios próximos dos meus, eu sorri.
— Você já me tem. — completei e nos beijamos novamente.
No dia seguinte, enquanto alguns ainda dormiam por conta do baile ter acabado tarde, resolvi conversar com meu tio.
Ele já estava meditando na varanda quando o encontrei.
— Nataniel? — virou-se e saiu da posição de meditação.
— Desculpa atrapalhar sua meditação. Mas eu tenho que te contar algo. — sentei em sua frente.
— O que houve? — tio Saleos me encarou, sorri, senti falta dele.
— Em uma das invasões de Tier, enquanto estávamos em Vultor, eu descobri que, por alguma razão, sou imune a magia corrompida. — expliquei calmamente, por estar com meu tio isso já não me assusta tanto.
— Você é imune? Alguém machucou você? — perguntou.
— Ninguém me machucou. Estou bem, já faz alguns meses. — contei, ele se aproximou.
— Sinto muito não poder te dar uma explicação sobre isso, filho — eu o abracei, me senti com oito anos de novo. — Mas não se preocupe, você está em casa agora.
— Não sei o que acontece comigo, isso me perturba, preciso dessas respostas, e se eu tiver algo ruim dentro de mim?
— Está tudo bem. Nós vamos descobrir, ouça, eu não deixaria nada atingir você ou Dália.
Por alguma razão, o dia que meu tio assumiu nossa guarda veio em minha mente.
Memórias de Nataniel
Era de manhã cedo, eu estava no jardim enquanto corria com minha espada de madeira, Dália estava entre ler seu novo livro de ensinamentos e me olhar.
— Irmã, olha como eu faço isso! — gritei, tentando dar uma cambalhota.
— Cuidado, Nate. Você pode se machucar! — ela me repreendeu, e se levantou, correndo na minha direção. — Comeu alguma coisa hoje?
— Ainda não. — digo, me levantando, ela me estende a mão, eu a seguro e nós entramos na casa. Nessa época, morávamos longe do castelo, por algum motivo, nossos pais se afastaram da corte, mas o tio continuava lá.
— Tem que comer antes de brincar, já te falei isso — ela vai para cozinha, os empregados passavam de um lado para o outro e cochichavam algo. — Limpem ele. — mandou um dos criados que começou a passar um pano molhado no meu rosto. Nesse dia, estavam nós dois em casa e os empregados, eu não entendi porque meus pais não estavam ali quando acordei. Um pouco mais tarde, o tio chegou nos fazendo companhia, nossos pais foram fazer algo importante.
— Tio, que horas eles vão voltar? — perguntei, nós três estávamos no jardim, eu jogava pedaços de pão para os patos no lago, Dália também, mas os patos não tinham medo dela como tinham de mim. Meu tio nos observava, parecia nervoso e preocupado.
— Vai demorar um pouco, mas eu estou aqui.
Quando já estava de noite, alguém bateu em nossa porta, tinha começado a chover, e o tio pediu para que esperássemos no quarto, alguns minutos depois, ele voltou, estava chorando, assim que o vimos, ele nos abraçou em dizer uma palavra.
— Escutem, agora somos só nós três, vou proteger vocês com todas as minhas forças. Vocês são a minha família.
Naquela noite ninguém dormiu, meus pais morreram em uma invasão à Tier. Nunca me esqueci da dor que senti, da dor que ainda sinto. Dália, por semanas, não falava nada, não sorria, foi ali que comecei a perder minha irmã. Eu sentia que tinha que ser forte por eles, achava que perder eles já era sofrimento demais e eu tinha que ter força para qualquer coisa que pudesse acontecer. Coisa de criança. A verdade é que até hoje eu finjo que sou forte, que tudo está sob controle, mas não está, nunca esteve. Sinto falta deles, eu cresci e eles não estavam aqui para ver, Dália se tornou uma maga renomada em Urs e eles não viram, um dia terei minha família e eles não vão ver. Isso dói muito, sempre que penso nisso sinto um nó na minha garganta. Nossa sorte foi o tio ter nos criado como filhos dele. Ter feito tudo para que fôssemos felizes, e fomos. Ás vezes, eu quase o chamava de pai. Mas eu me pergunto se meu pai seria tão bom quanto ele foi. Pelo pouco que Dália me contou, acho que não.
Um dia, sem querer o chamei de pai e essa foi sua reação:
— O quê? — ele se virou, seu rosto ficou vermelho, o meu também.
— Desculpa, tio. Foi sem querer. — desviei o olhar.
— Está tudo bem, não fique com vergonha, filho. — sorriu.
Pensando bem, eu nunca estive sozinho.
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