Capítulo 26: As dificuldades
Sofia
Ao voltar para o Castelo, encontrei Daren, ele conversava com alguns dos generais e o primeiro ministro, o mago me viu e pediu licença aos senhores vindo em minha direção.
— Conseguiu ter o contato com o espírito do urso? — perguntou, eu comecei a chorar. — Ei, Sofia, o que aconteceu? — Daren não sabia como ajudar, então eu o abracei.
— Não consegui, não sei o que aconteceu, Daren, fiz tudo como da primeira vez, mas não adiantou nada, simplesmente não foi — falei em meios soluços, Daren secou minhas lágrimas com delicadeza.
— Calma, vamos dar um jeito, sempre damos, não é? — ele sorriu, eu apenas o abracei novamente.
— Mas o que vamos fazer? — minha voz saiu baixa.
— Não vai gostar dessa ideia, mas acho que devíamos sair de Urs antes que algo aconteça com você. — levantei o olhar e me afastei um pouco.
— Não, eu não posso fugir, Daren. Vai deixar Zagan tomar outro reino? Ele vai estar a um passo de vencer a guerra desse jeito. — dei alguns passos para trás.
— Melhor do que arriscar que ele faça algo contra você.
— Estou cansada de fugir — o encarei. — Posso tentar lutar contra ele, Urs é poderoso, Zagan não vai conseguir — eu tentava convencer Daren, mas, na verdade, tentava convencer a mim.
— Sabe muito bem que farei tudo para te ajudar, mas deixar que algo aconteça com você, não me pede isso, Sofia. — ele fez uma expressão nervosa, como se sentisse dor.
— Não vai me acontecer nada, agora é diferente, eu posso com ele, sei que posso. Mas eu preciso que você confie em mim. — segurei suas mãos, Daren respirou fundo, cansado.
— Ser seu guardião está cada vez mais difícil, sabia? Você é uma pupila muito complicada. — falou sério, eu ri.
— Eu não poderia escolher outro guardião. — ergui as sobrancelhas, ele negou com a cabeça.
— Como vamos fazer isso? — começamos a andar para entrar no Castelo.
— E se a gente fosse pelo improviso?
— Não brinca com isso, Sofia.
Algumas horas depois, minha equipe e eu estávamos prontos, ou pelo menos parecíamos prontos.
Chamei todos que eu conhecia que podiam ajudar, meus dois mestres, Naamah e Clairo, Dália, irmã de Nate, que é uma grande maga e o clã Orcus, todos que eram feiticeiros da família de Val. Primos, tios, sobrinhos, minha amiga tem muitos parentes e todos são loiros, genética boa.
Esse pequeno time seria muito útil.
Enquanto todos estavam se organizando e conversando uns com os outros, Nate se aproximou discretamente.
— Você está mais calma? — questionou.
— Não — respondi, rápida. Ele assentiu. — Porém, temos um time, e eu tenho minha equipe, vou ficar bem.
— Sim, sim. E eu falei com Dália, ela concordou com o seu plano.
— Que bom, não queria ter que pedir favor pra ela, nos vimos apenas uma vez. — Olhei em volta e a vejo conversando com alguns parentes da Val.
— Não, querida. Ela mora em Urs, faria tudo para proteger o Reino, todos estão ajudando porque amam esse lugar, é comum lutarmos pelo o que amamos. — Ele me encarou, depois abaixou a cabeça, dando um passo para trás.
— Ah, eu devia agradecê-los... — comuniquei, ficando cada vez mais envergonhada. Ele percebeu, evitando me encarar.
— Espera, não vai agora, eu queria te falar uma coisa. — Nate ajeitou a postura, engoli em seco, temendo o que poderia ser.
— O que?
— Toma cuidado quando estiver no campo de batalha, não sei o que eu faria se...
— Não! — segurei suas mãos, apressada. — Não pensa o pior, mais cedo, você me deu toda força que eu precisava e agora estou passando para você. Nós vamos ficar bem. — conclui, ele sorriu, depois beijou a minha testa, antes que percebesse, estava abraçada com ele.
— Obrigado.
— Não surta, se você surtar, eu surto também. — comentei, ele riu. O vi relaxar, nos soltamos, então uma leve ruga de preocupação surgiu na sua testa.
— Pra onde vamos depois de Urs?
— Pra Lup. Eu tenho que ter contato com todos os espíritos, um dia vamos ter que ir pra Tier também. — Nate me olhou, em seguida desviou o olhar.
— Não pensei que voltaria pra Lup, sabe, o jeito que fui embora não foi um dos melhores. — confessou. E eu segurei a sua mão.
— Mas você não é aquele garoto que foi embora, você mudou e sempre está melhorando. — sorri, ele também.
— Só você vê essas coisas em mim, eu estou começando acreditar que é verdade. — Nate levou minha mão até sua boca e a beijou delicadamente. Eu me arrepiei.
— Eu jamais mentiria pra você.
Não seria capaz de magoar esse homem, e nem poderia imaginar daqui pra frente sem ele, Nate chegou na minha vida de repente, tornando-se alguém importante, pensar na minha jornada sem ele torna-se impossível.
— Você se lembra da vidente? — perguntei, nós estávamos um pouco mais afastados dos outros, já estava anoitecendo e o exército de Zagan chegava à capital.
— Sim, gostei dela, me disse coisas boas. Por quê? — ele deixou a comida de lado, me encarando.
— Na minha vez, eu perguntei sobre você — ele ficou vermelho, eu quase corri para o mais longe possível.
— Eu? — apontou pra si.
— Sim, ela só afirmou o que eu já sabia, e me deu algo pra te entregar — tirei do meu bolso um cordão que pedi a Vlad para que colocasse a pérola. Nate parecia mais tímido que o normal, nem parecia respirar. — Logo Zagan vai estar aqui, não sei o que pode acontecer, mas quero que saiba como é importante pra mim... — falei, ele deixou seu lugar e me abraçou apertado, eu retribui, não vou aguentar se algo acontecer com ele.
— Eu também estou com medo, não digo por Zagan, ou qualquer pessoa que cruzar o seu caminho, confio que irá salvar o mundo, mas por nós, tenho sentimentos por você que vão além da minha compreensão, isso é assustador — enquanto ele falava, passava as mãos pelos meus cabelos, meu rosto estava afundado no seu pescoço.
— Não vou deixar nada nos atrapalhar, você tem sido o motivo para que eu continue lutando, salvaria o mundo quantas vezes fossem necessárias pra você ser feliz. — levantei o olhar e o encontrei sorrindo, Nate segurou meu rosto com as duas mãos e beijou minha boca. Quando nos soltamos, coloquei o cordão em seu pescoço.
— Eu nunca vou tirar. — Nate segurou o cordão sob o peito e o escondeu dentro da armadura. Sorri, embora a certeza sobre meus sentimentos por esse homem nunca mudará, ainda sinto medo pelo meu destino. Mas com todo o meu coração o quero do meu lado.
Aris
— Ora, mas que situação... — rei Zagan parou e fez com que todos nós parássemos, a nossa frente estava a capital de Urs, o primeiro ministro Mikky com seu time de elite, todos os grandes mestres estavam ao seu lado, reconheci Clairo, a redentora da grande rebelião, antiga aliada de Daeva. E ao seu lado Naamah, protetor da floresta do norte, mestre da prudência e amigo de Aron. Urs não está para brincadeira quando o assunto é defesa. — Que grande honra estar na presença dos grandes, Mikky, quanto tempo, ainda sendo pau mandado de minha irmã mesmo com ela morta? — mostrou seu sorriso debochado.
— Zagan, antes que isso se torne um derramamento de sangue, dê meia volta com os seus para seu reino. — a voz de Mikky soou alto, o rei ignorou.
— Uma guerra derrama sangue. — sorriu e olhou em direção para Naamah. — Grande mestre Naamah, quem diria que íamos nos encontrar depois de tanto anos.
— Não poderia adivinhar o que você se tornaria, Zagan, pelo seu pai, volte para seu reino. — o mestre falou, Zagan revirou os olhos.
— Meu pai está morto, é perda de tempo falar dele, até porque o que ele fará morto? — riu. Todos os mestres ficaram tensos. — Eu vim rever uma amiga, onde está Sofia? A escolhida. — Zagan se aproximou calmamente.
— Se depender de nós, não vai encostar nela. — o mestre continuou, Zagan ergueu as sobrancelhas. — Vá embora!
— Vocês devem achar que sou idiota, mas posso encontra-la — em um movimento, as luzes pretas e verdes de Zagan cercaram tudo e todos, formas de rostos em desespero saíam das luzes, por um segundo, achei ter visto o rosto do meu pai. Os mestres mantinham o olhar sério, e sua defesa começou a se formar, enquanto as luzes do rei passavam por entre eles, seus poderes afastavam a magia, porém Zagan mandou que nosso exército atacasse, luzes de variadas cores vindas de ambos os lados iluminavam o céu, que estava escuro pelo crepúsculo.
Corri por entre a confusão, olhei em volta e vejo Kieram de um lado, e do outro Khalida.
— Onde ela pode estar? — perguntei.
— Talvez no Castelo? — sugeriu Kieram. — Ela não tem um dragão? Ele precisa de espaço.
— Você bebeu hoje? Está tendo boas ideias. — falei, ele riu.
— Lógico. — começou a se afastar para o castelo, nós os seguimos.
Enquanto eu andava, senti que estava sendo observado, procurei e ouvi alguém que chamando. Tentei não me importar com isso, mas esse sentimento só crescia a cada passo que eu dava.
— Aris? — chamou Khalida, voltei a realidade. — Você está bem?
— Estou, vamos continuar. — entramos no castelo, passos atrás de mim fizeram meu corpo inteiro se arrepiar.
— Quem está aí? — olhei em volta e por uma fração de segundos, eles sumiram. Parei de andar, e vi alguém passando na minha frente, mas foi tão rápido que não pude identificar, logo, notei que o ambiente estava escuro, algumas linhas de luzes passavam pelo lugar e eu as seguia. Até que Sofia surgiu.
— Pelo visto minha armadilha funciona — ela sorri. — Mas você não era o alvo. — seguia pelo ambiente com cautela.
— Creio que era para Zagan. — respondo, rápido, a vejo se aproximar. — Que tipo de armadilha é essa?
— Sim, era para ele — ela suspirou. — Isso é uma ilusão, seu corpo está no chão e seus amigos estão tentando te acordar — Sofia moveu as mãos e uma pequena claridade surgiu, revelando Khalida me segurando e Kieram me cutucando. Revirei os olhos. — Eles realmente gostam de você.
— Sei disso, mas, Sofia, como você aprendeu a fazer isso? — aos poucos, a visão dos meus amigos sumiu e restou nós dois.
— Uma conhecida na floresta me ensinou, na verdade, tive essa experiência, então resolvi usar — ela fala com a maior naturalidade, sorri, mas logo fechei a cara.
— E o que vai fazer? Me matar? — não demonstrei, porém, morria de medo. Sofia me assustava apesar de seu rosto ser meigo.
— Não, Aris, não sou uma assassina. Diferente de você e seu amado rei, não consigo fazer algo desse tipo. Só não era pra você estar aqui.
— Então, o que vai fazer comigo? E com eles, porque sei que tem mais pessoas. — eu tentava ser calmo, mas pensar no que poderia acontecer com meus amigos me assustava.
— Posso te deixar aqui, preso no mundo espiritual, o que acha?
— Acho péssimo. — confessei, uma risada nervosa da minha parte escapou. — Mas é você quem escolhe. — Sofia parecia analisar a situação, por fim, me encarou séria.
— Vou te deixar aqui por alguns minutos, não se preocupe, logo você — ela parou e olhou para atrás, vi que a loira, e o mago brigavam com Khalida e Kieram. — Não! — ela tentou impedir, mas lembrou que eu ainda estava aqui.
— Meus poderes funcionam. — falei, ela me encarou.
— Sua magia não é maligna, ouça, vou te deixar aqui enquanto eu fujo.
— Até quando vou ficar aqui? — perguntou, confuso.
— Tempo suficiente — e sumiu da minha frente.
Agora estou preso no mundo espiritual até que Sofia me liberte, essa missão só piora a cada dia.
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