Prólogo / Capítulo 1 - Stephany
Olá! Sejam todos bem-vindos ao livro "A Magia do Ano Novo"!
Quero agradecer por você estar aqui e se dispor a conhecer essa história.
Nesta narrativa, você vai acompanhar a jornada de Stephany e Sofia, duas mulheres que veem suas vidas se transformar em uma noite de Ano Novo, quando reencontram os amores de sua adolescência.
Essa história começou como uma fanfic e foi publicada no meu outro perfil aqui no Wattpad.
Espero que, a cada página, você se envolva profundamente e se deixe encantar pela magia dessa narrativa.
Agradeço imensamente a todos que me apoiaram e incentivaram ao longo desse processo.
Desejo a todos uma leitura maravilhosa!
PRÓLOGO
Anos haviam se passado desde a formatura, mas as memórias daqueles tempos ainda viviam nos corações de cada uma delas. Embora cada uma tivesse trilhado um caminho próprio, nunca duvidaram que a amizade que compartilhavam fosse forte o suficiente para reunir suas jornadas novamente, como se o destino estivesse esperando o momento certo.
Brenda, Sofia e Stephany eram inseparáveis. No colégio, era impossível imaginar uma sem pensar nas outras. As risadas, as confidências e os segredos compartilhados haviam selado uma conexão que nada poderia apagar.
Do outro lado, Noah e Rodrigo, mais que amigos, eram como irmãos. Cresceram juntos, estudaram na mesma escola e, além disso, eram vizinhos. Desde a infância, as aventuras e travessuras em conjunto haviam deixado marcas permanentes em suas vidas.
Mas havia algo que Rodrigo guardava em segredo, algo que o corroía silenciosamente: um amor não declarado por Stephany. Sua insegurança sempre o impediu de revelar seus sentimentos, e mesmo à medida que amadurecia e ganhava confiança, esse amor permanecia preso em seu peito. Para tentar superar sua timidez, Rodrigo decidiu fazer um curso de teatro, uma tentativa de abrir as portas para novas possibilidades. Pouco a pouco, sua carreira de ator começou a ganhar forma, e ele até conseguiu uma oportunidade de ser figurante em uma série da Netflix. Embora ainda soubesse que seu caminho estava apenas começando, essa vitória lhe deu um novo fôlego, uma sensação de que, finalmente, ele estava no caminho certo.
Entretanto, por mais que tivesse conquistado tantas coisas, o amor por Stephany continuava sendo a maior barreira que não conseguia transpor. O que aconteceu naquela festa, um beijo casual durante uma brincadeira entre amigos, havia ficado gravado em sua memória, mas não foi suficiente para quebrar o silêncio entre eles. Nenhum dos dois ousou falar sobre o que sentia, e, assim, o momento se perdeu no tempo, como uma promessa não cumprida.
Para Stephany, Rodrigo sempre foi alguém especial. Ela o admirava profundamente, não só pela pessoa incrível que ele era, mas também pela sua determinação em seguir seus sonhos. Sempre o considerou um grande amigo, sem imaginar que poderia existir algo além dessa amizade entre eles. E, mesmo que sentisse uma pontada estranha quando o via com outra garota, nunca conseguiu identificar esse sentimento como ciúmes. Ela acreditava que, no fundo, seu receio era apenas o medo de que uma nova namorada de Rodrigo fosse tão possessiva a ponto de afastá-lo de sua verdadeira essência, daquilo que os unia desde sempre.
Mas, em meio a tantos sentimentos guardados, o que o futuro reservava para eles? Seria possível que, após todos esses anos, as máscaras que ambos usavam se dessem uma chance de revelar a verdade?
Henrique se uniu ao grupo apenas no Ensino Médio, mas sua chegada foi marcante. Desde o primeiro dia, Sofia sentiu uma atração irresistível por ele. Era algo que ela tentava esconder, mas o comportamento dela sempre entregava seus sentimentos, especialmente quando estavam sozinhos. Em algumas ocasiões, eles haviam ficado, mas no dia seguinte, o silêncio pairava sobre eles, e Henrique tratava Sofia como se nada tivesse acontecido. Era uma atitude que a deixava profundamente angustiada.
O que Sofia não conseguia suportar era a indiferença dele. Era como se o que haviam compartilhado fosse irrelevante, e ele voltava a ser apenas um amigo. Ela tentou se vingar disso de várias maneiras. Quando ficou com Enzo, um garoto que conheceu em seu curso de inglês, Sofia fazia questão de mencionar ele na frente de Henrique, com a esperança de provocar ciúmes. No entanto, a reação dele nunca era a que ela esperava. Ele permanecia distante e inabalável, como se não se importasse.
Isso deixava Sofia ainda mais frustrada. Ela se sentia tão mal com a situação que evitava até mesmo desabafar com suas amigas mais próximas, Stephany e Brenda. As via tão felizes em seus relacionamentos com Luiz Carlos e Arthur, respectivamente, que se sentia uma intrusa no próprio sofrimento. Como poderia falar sobre essa decepção amorosa quando suas amigas pareciam estar vivendo algo tão sólido?
Mesmo sem verbalizar seus sentimentos, suas amigas percebiam o impacto que Henrique tinha sobre Sofia. A presença dele, mesmo que fosse distante, mexia profundamente com ela, e o namoro dele com Amanda a afetava mais do que ela gostaria de admitir.
Ao longo dos anos, apesar dos desencontros amorosos, a amizade entre o grupo permaneceu firme. As reuniões se tornaram um ritual, uma forma de manter o vínculo vivo. Eram encontros cheios de risos, piadas e recordações do passado. Mas, com o tempo, Rodrigo começou a sentir que esses encontros estavam fazendo mal a ele, especialmente depois que Luiz Carlos, o namorado de Stephany, começou a frequentá-los com mais frequência.
Rodrigo sabia o motivo de sua angústia, mas nunca seria capaz de admitir. A presença de Luiz Carlos o incomodava, não por ciúmes, mas porque ele sabia que algo estava errado. O modo como Luiz tratava Stephany, sempre grosseiro e desrespeitoso, não passava despercebido pelos amigos. Todos viam, mas Stephany parecia se convencer de que aquela era a maneira de ser dele. Ela o defendia, dizendo que ele apenas tinha um jeito "diferente", e que ela, que o conhecia melhor, entendia suas atitudes. E, para ela, todos deveriam aceitar isso também.
Suas amigas, no entanto, estavam preocupadas. Elas viam sinais claros de abuso psicológico e temiam que, um dia, a violência se tornasse física. Mas Stephany, imersa na negação, não via o que estava acontecendo. E isso deixou Rodrigo ainda mais impotente. Ele sentia que não podia fazer nada para ajudá-la, a não ser se afastar.
Com o coração pesado, Rodrigo decidiu que seria melhor parar de frequentar os encontros. Não queria sofrer mais vendo Stephany com alguém que não a valorizava como ela merecia. Era um sacrifício, mas achava que, para sua própria paz, deveria tomar essa distância.
Apesar de tudo, os amigos continuaram a fazer o possível para manter o laço entre eles, acreditando que, acima de tudo, uma verdadeira amizade nunca se perderia, nem pelo tempo, nem pela distância.
A amizade era forte o suficiente para sobreviver aos desafios da vida, mas seria ela capaz de resistir aos segredos não ditos e aos sentimentos guardados?
Capítulo 1 - Stephany
— Vinho, champanhe, taças, lentilha... o que mais falta?
Eu segurava a lista com firmeza enquanto caminhava de um lado para o outro pela sala, revisando cada detalhe. Queria que tudo estivesse impecável. A festa de Réveillon não era apenas uma celebração qualquer, era o pontapé inicial de um ano que eu sentia, no fundo do coração, que seria maravilhoso. E, como sempre digo, coisas boas atraem coisas boas!
Parei por um instante, olhando para os enfeites que já estavam espalhados pelo ambiente. Tudo tinha que estar perfeito. Cada luzinha, cada flor, cada detalhe, porque eu sentia que essa noite seria especial.
— Você quer mesmo fazer essa festa? — Luiz Carlos, meu namorado, perguntou.
Lá estava ele, sentado no sofá, com os braços cruzados e aquele olhar sério. A expressão fechada que ele assumia sempre que discordava de algo que eu queria. Ele estava claramente tentando me fazer desistir.
Luiz era meu namorado e o amor da minha vida – ou pelo menos era assim que eu o enxergava. Desde o dia em que nos conhecemos, eu senti algo especial, como se ele fosse a peça que faltava em mim. Mas, ultimamente, não conseguia evitar a dúvida que surgia em minha mente: será que Luiz acreditava nisso também? Será que, para ele, eu era realmente a mulher da vida dele? Nosso relacionamento era complicado. As brigas já vinham acontecendo há meses, com idas e vindas constantes que deixavam nossa relação em um estado instável. Aquele, definitivamente, tinha sido o ano em que mais terminamos e voltamos. Às vezes, eu sentia que estávamos em um ciclo sem fim, como se nos agarrássemos ao que restava de algo que já foi bonito, mas agora parecia desgastado.
Todos os meus amigos tinham a mesma opinião. Diziam que Luiz não era bom para mim, que o modo como ele me tratava era inaceitável. Não era raro ele ser grosso comigo, até mesmo na frente dos outros. Pequenos comentários que pareciam inofensivos, mas que me faziam sentir menor. O tipo de coisa que eles percebiam, mesmo que eu tentasse fingir que não estava acontecendo. "Você merece alguém que te trate com respeito", eles insistiam. Mas o que eles não entendiam é que esse era o jeito dele. Era apenas como Luiz era, e eu tinha aprendido a aceitar isso.
O problema é que, por mais que eu quisesse justificar, havia algo em mim que também começava a duvidar. Era como se, no fundo, uma parte minha soubesse que aceitar esse "jeito" dele era me diminuir um pouco a cada dia. Mas o amor... Ah, o amor é complicado, não é? Eu o amava, e esse sentimento me fazia fechar os olhos para tudo o que doía, porque, no final, ele era meu Luiz. E, apesar de todas as suas falhas, eu acreditava que podíamos dar certo. Sempre acreditei.
Porém, naquele momento, enquanto ele me encarava com aquela expressão de quem estava pronto para discutir, me perguntei: será que o amor que eu sentia por Luiz seria suficiente para sustentar tudo isso? Ou seria apenas uma questão de tempo até eu finalmente abrir os olhos para o que todos ao meu redor já enxergavam?
— Ah, amor, vai ser tão bom... — murmurei, aproximando-me dele com um sorriso esperançoso. — Esse será o nosso ano! Nós merecemos isso. Precisamos começar com o pé direito, e essa festa é a maneira perfeita!
Ele me observou em silêncio por alguns segundos, como se estivesse avaliando cada palavra que eu dizia. Então, soltou um suspiro pesado e ergueu a sobrancelha.
— Se é para começar o ano com o pé direito, talvez você pudesse rever essa lista, não acha? — sugeriu, com aquele tom provocativo que só ele sabia usar. — Chamar apenas a família já não seria suficiente?
Senti meu sorriso hesitar por um instante, mas não deixei que ele percebesse. Eu sabia que Luiz tinha suas razões, mas abrir mão da festa? Não era uma opção. Esse momento não era só sobre reunir pessoas, era sobre começar o ano cercada de boas energias.
— São só alguns amigos! — respondi, buscando forças para manter o tom leve.
— Tudo bem, desde que os ex não estejam incluídos... — retrucou, fingindo que estava apenas pensando alto.
Suspirei, tentando manter a calma, e sentei ao seu lado no sofá.
— Essa história de novo? Não sei por que você insiste tanto com o Rodrigo! Ele nem ao menos é meu ex, porque nunca namoramos! Só ficamos na época da escola. Foi coisa de momento!
Luiz cruzou os braços e me olhou daquele jeito que sempre conseguia me tirar do sério.
— Paixãozinha de adolescência, mas os olhos dele ainda pulam quando te vêem! — disse, com uma irritação crescente na voz.
Revirei os olhos, tentando disfarçar o incômodo.
— Que exagero! — rebati, balançando a cabeça.
— Exagero? — ele ergueu uma sobrancelha, desafiador.
— Sim, exagero! E aliás, é capaz que ele nem venha. Rodrigo não tem aparecido nos últimos encontros com a turma da escola.
— Porque ele sabe que nós dois estamos sempre juntos nesses encontros. — Luiz respondeu com ironia, como se tivesse acabado de provar um ponto.
— Não seja bobo! Você vai ver que isso é tudo coisa da sua cabeça!
Ele ficou em silêncio, mas o olhar dizia que o assunto estava longe de acabar. Levantei-me, peguei minha lista novamente e fingi estar ocupada com os últimos detalhes da festa. Não ia deixar que o mau humor dele contaminasse a minha energia.
Mesmo assim, uma pontinha de receio ficou ali, grudada no peito. Eu sabia que o problema de Luiz com a festa era, no fundo, ciúme. E, sinceramente, meu maior medo era que esse ciúme estragasse o que tinha tudo para ser uma noite perfeita.
No dia 31, eu estava radiante com todos os preparativos. A festa acontecia no quintal de casa, espaçoso e acolhedor, que agora estava transformado em um cenário deslumbrante. A decoração em branco e prata brilhava sob as luzes delicadas que eu havia cuidadosamente posicionado. Eu realmente esperava que aquela noite de Réveillon fosse perfeita.
Minha família sempre preferiu comemorar o Ano-Novo em casa, e eu adorava ser a responsável por organizar tudo. Talvez esse fosse meu talento: ser uma promotora de festas. Eu amava cada detalhe do processo, e ficava ainda mais feliz sabendo que todos confiavam plenamente em mim para fazer dar certo.
Enquanto eu admirava o ambiente com um sorriso satisfeito, Luiz se aproximou, interrompendo meus pensamentos.
— E então? — perguntou, casualmente, mas com um brilho suspeito nos olhos.
— Então o quê? — respondi sem desviar o olhar da decoração.
— Alguém desistiu de vir?
Virei-me para ele, indignada.
— Luiz! Não começa!
— Só fiz uma pergunta... — retrucou, com uma expressão que misturava inocência e provocação.
— Ninguém desistiu! — falei, cruzando os braços e tentando conter a irritação que ameaçava transparecer na voz.
— Ótimo! — respondeu ele, com aquele tom irônico que só ele sabia usar.
Revirei os olhos enquanto ele se afastava para o lado oposto, aparentemente satisfeito por ter conseguido me provocar. Respirei fundo, tentando recuperar minha compostura. Eu não podia — não queria — deixar que o mau humor dele estragasse a minha noite.Não ali, não hoje.
Logo chegou minha amiga Brenda acompanhada de Arthur, e, assim que a vi entrando pela porta, meus passos aceleraram em direção a ela.
— Amiga!!! — estendi os braços para envolvê-la em um abraço apertado. — Que bom que você veio!
— Ah, amiga, eu jamais recusaria um convite desses! — respondeu com um sorriso radiante. — Que festa maravilhosa! E olha só você... está deslumbrante!
Minha roupa era uma combinação de branco e dourado: uma blusa cheia de franjas que balançavam a cada movimento e um short curto que eu simplesmente amava. Por mais que Luiz tivesse implicado com quase tudo relacionado à festa, pelo menos minha roupa havia passado ilesa das suas críticas.
— Obrigada, Bre! Você também está linda! Aliás, vocês dois estão! — acrescentei, lançando um sorriso educado para Arthur, mesmo que por dentro eu tivesse que me esforçar para parecer sincera.
Na verdade, só Brenda estava impecável, como sempre, com um short branco, uma blusinha listrada e um blazer prata que dava um toque sofisticado ao look. Arthur, por outro lado... bem, ele estava diferente, para dizer o mínimo: uma calça vermelha, blusa preta e um cachecol quadriculado que parecia tirado direto de uma revista de moda experimental.
Exótico era a palavra. Mas, enfim, quem sou eu para criticar, não é?
— Obrigado! — Arthur agradeceu, com um sorriso.
— Huuuum... — murmurei, lançando um olhar divertido para a calça vermelha dele. — Vermelho significa "amor", hein, Brenda? Já vai sair um casamento?
Os dois se entreolharam e caíram na risada.
— Não, muito cedo! — Brenda respondeu, ainda rindo, enquanto Arthur balançava a cabeça em concordância.
Eles trocaram mais um sorriso cúmplice, como se compartilhassem um segredo que só eles sabiam.
— Já chegou algum conhecido? — Brenda perguntou, mudando de assunto.
— Só alguns familiares por enquanto...
— Rodrigo vem? — ela perguntou casualmente.
— Ele não disse nada, mas acho que vem... — respondi, sem dar muita atenção, enquanto conferia mentalmente se estava tudo no lugar.
— Ele vem com a namorada? — Brenda continuou, em tom de curiosidade.
— Namorada? O Rodrigo não tinha separado??— franzi o cenho, surpresa.
Os dois trocaram mais um olhar, agora acompanhado de um sorriso cúmplice. Aquele tipo de sorriso que parecia dizer "eu não disse?". Era como se houvesse alguma piada interna entre eles, e eu, claramente, estava por fora.
— O que foi? — perguntei, cruzando os braços.
— Nada, nada... — Brenda disse, tentando conter o riso. — Eu não sei, faz tempo que não falo com ele. Achei que estivesse namorando.
— Ah... também não sei. Achei que ele estivesse solteiro... — respondi, sentindo-me um pouco desconcertada. Aquilo definitivamente parecia uma cilada.
— Bom... — Brenda segurou um sorriso, mas acabou rindo de leve. — Não sei!
— É, não sei! — sorri de volta, meio constrangida, sem entender muito bem o motivo de estar tão sem jeito.
Brenda deu de ombros, pegou Arthur pelo braço e foi se acomodar na festa. Eu permaneci perto da porta, cumprindo o papel de anfitriã e recebendo os convidados. As pessoas chegavam aos poucos, enquanto eu, secretamente, desejava que todos aparecessem de uma vez só para que eu pudesse finalmente sair dali e aproveitar a festa com mais liberdade. Mas que nada, ninguém chega no horário! Só esperava que chegassem todos antes da meia-noite...
Continuava ali, sorrindo e cumprimentando, quando avistei minha irmã chegando com os três filhos: Milena, Talles e Giovanna.
Milena já estava tão grande! Ao vê-la, um pensamento divertido me veio à mente. Quando era pequena, ela sempre dizia que o Rodrigo era o menino mais bonito que conhecia e que ele não podia ter namorada — a menos que fosse eu. Lembrar disso me fez rir por dentro. Criança é tão inocente! Era tão gostoso acompanhar essa fase. Agora, adolescente, Milena nem gosta de ouvir essa história. Sempre diz, com aquela típica implicância adolescente, que era "boba" quando criança.
Mas ela era só uma criança! Adolescente muda tanto...
Felizmente, ainda tenho Talles e Giovanna para aproveitar essa fase deliciosa da infância. Eles me lembram o quanto essa etapa é passageira, mas tão especial. Minha irmã, sendo bem mais velha que eu, já tem filhos grandes, e eu adoro observar como cada fase deles é única.
Assim que eles entraram, Sofia — mais uma amiga da época da escola — apareceu. No instante em que a vi, meu sorriso desapareceu, dando lugar a uma expressão de preocupação. Os olhos dela estavam vermelhos, carregados de lágrimas que ela tentava segurar. Sua maquiagem estava borrada, e ela parecia visivelmente abatida.
— Sofi!!! — fui até ela e segurei suas mãos com firmeza. — O que aconteceu, amiga?
— Ah, Steph! — Ela me puxou para um abraço apertado e, sem conseguir se conter, começou a chorar compulsivamente.
— Calma, Sofi! — murmurei, segurando seu rosto para que ela olhasse para mim. — O que houve?
— Eu nem ia vir... O Enzo terminou comigo!
— Terminou com você??? Quando? Hoje?
— Ontem... mas oficialmente hoje! — respondeu, entre soluços.
— Como assim? — perguntei, ainda segurando suas mãos.
— Ontem, eu vi umas mensagens estranhas no celular dele... e hoje ele confirmou. — Sua voz falhou, e ela voltou a chorar com mais força. — Ele tem outra, Steph! Outra! E eu aqui, iludida por ele... Ele ia pra cama com ela e depois pra cama comigo!
— Que safado! Canalha! — soltei, sem conseguir segurar minha indignação.
— Pois é... — disse ela, puxando o ar, tentando se recompor.
Peguei um lenço e comecei a limpar sua maquiagem borrada ao redor dos olhos.
— Deixa eu arrumar isso aqui, amiga...
— Eu não devia ter vindo com uma maquiagem tão escura... Mas meu rosto está tão abatido... — murmurou, quase se desculpando.
— É, talvez o preto não tenha sido a melhor escolha, mas não tem problema! — falei com um sorriso encorajador. — Olha, eu preciso ficar aqui na porta mais um pouquinho, mas se quiser refazer sua maquiagem com algo mais leve, eu te ajudo, combinado?
— Não, Steph... Eu não quero nada... Eu nem queria ter vindo... — disse, desanimada, com os olhos fixos no chão.
— Mas fez muito bem em vir! Escuta, ele não merece nem um segundo do seu sofrimento, está ouvindo? Hoje você vai curtir essa festa e ter o melhor Réveillon da sua vida!
— Não acredito que eu consiga... — murmurou, ainda sem confiança.
— Pois eu não tenho dúvidas! Vem, vou te levar até a Brenda.
Guiando-a pela mão, levei Sofia até a mesa onde Brenda estava. Assim que Brenda viu o estado da nossa amiga, largou o que estava fazendo e correu para abraçá-la.
— O que aconteceu, amiga? — Brenda perguntou, sua voz cheia de preocupação.
Sofia abriu a boca para falar, mas as lágrimas começaram a escorrer de novo.
— Sofrendo por quem não merece! — expliquei rapidamente, lançando um olhar significativo para Brenda. — Você pode ajudar a animá-la? Eu preciso voltar para a porta, mas já volto aqui, tá bom?
Brenda assentiu, já pegando Sofia em outro abraço caloroso. Enquanto me afastava, olhei por cima do ombro, sentindo o coração apertar por Sofia, mas certa de que ela estava em boas mãos.
Voltei para a porta, porque os convidados continuavam a chegar. Meu namorado, no entanto, havia desaparecido. Só faltava ele não ficar na festa por algum motivo bobo, né? Bom, eu queria acreditar que ele não faria isso comigo!
Foi então que Noah, um amigo querido da turma, apareceu, visivelmente animado.
— Mas olha só! Uma verdadeira anfitriã! — brincou, me abraçando calorosamente.
— E você também está lindíssimo! — devolvi o elogio com um sorriso. — E sua namorada? Cadê?
— Foi viajar com a família! — respondeu, dando de ombros. — Você me salvou! Eu ia passar o Ano-Novo sozinho.
— Sabe que minha casa é sempre sua casa! — falei, apertando seu braço.
— Obrigado, Steph! — disse ele, com aquele sorriso sincero. — E o pessoal?
— A Brenda e a Sofia estão na mesa ali no canto esquerdo. — apontei na direção. — Dá uma força pra Sofi, tá? Ela terminou com o namorado e está super mal...
— Logo hoje? Que barra... Pode deixar, vou lá dar uma animada!
Noah estava prestes a ir, quando Henrique chegou com Amanda. Henrique tinha um ar desconfortável, enquanto Amanda exibia uma expressão nada amigável — parecia que tinha sido arrastada para a festa contra a vontade.
— Rick!!! — o abracei rapidamente e, em seguida, abracei Amanda também, tentando quebrar o gelo. — Amanda!! Como vocês estão?
Amanda nem retribuiu direito o abraço, limitando-se a bufar antes de forçar um sorriso desconfortável.
— Estamos bem... — respondeu, claramente sem entusiasmo.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntei, tentando entender o clima estranho.
— Não... só... só vamos ficar um pouquinho, tudo bem? — disse Henrique, sem jeito.
— Pouquinho? Mas vocês chegaram tarde e já vão embora? — indaguei, surpresa.
— É que a Amanda quer passar a virada do ano com a família dela... — explicou, olhando de soslaio para a namorada.
— Pois é... — Amanda respondeu secamente.
— Vocês podiam ter vindo depois da virada, então... — comentei, tentando esconder meu incômodo.
— É, bom... Vamos ficar um pouco, tudo bem? — Henrique disse, visivelmente desconfortável.
— Tudo bem, eu entendo! — forcei um sorriso. — Só agradeço por terem vindo. A mesa de vocês está ali no canto esquerdo. O Noah está indo pra lá também!
Henrique cumprimentou Noah rapidamente:
— E aí, Noah? Desculpa, cara, nem te vi. Minha cabeça está uma bagunça hoje.
— Tudo certo, Rick! — Noah respondeu, simpático. — Vamos lá!
Eles se afastaram, mas o clima entre Henrique e Amanda parecia pesado demais. Respirei fundo, tentando não deixar aquilo me afetar. Parecia que, para muitos, essa virada de ano estava carregada de tensões.
Depois de mais convidados passarem pela porta, finalmente Rodrigo chegou. Sim, finalmente. Mas só porque ele era o último que faltava. Só por isso... claro.
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