Capítulo 2 - Stephany
Assim que vi Rodrigo chegando, respirei fundo. Afinal, ele era o único que faltava — e apenas por isso, claro, meu coração acelerou um pouquinho. Ele veio sozinho, como sempre fazia, e carregava aquele sorriso leve que fazia parecer que nunca tinha preocupações na vida.
Ele entrou com o mesmo semblante de quem não sabia muito bem como se comportar, quase tão sem graça quanto o Henrique.
— Rô! Que saudade de você! — exclamei, estendendo os braços para recebê-lo.
Ele sorriu, um sorriso tímido, mas com um toque de alívio, como se estivesse feliz de me ver depois de tanto tempo. Então, ele me abraçou, e por um instante, ficamos ali, apenas nos abraçando, como se o tempo tivesse parado.
— Que saudade! — disse ele, prolongando o abraço um pouco mais.
— Eu também! O nosso galã internacional sumiu e me abandonou! — brinquei, tentando disfarçar o quanto eu realmente sentia falta dele.
Rodrigo era ator de teatro e, recentemente, tinha conseguido um papel em uma série da Netflix. Bom, na verdade, ele fez figuração, mas, para todos nós, aquilo era um grande motivo de orgulho. Sempre foi o sonho dele ser um ator reconhecido, e eu torcia de coração para que ele conseguisse, porque, se tinha alguém que merecia, era o Rodrigo. Ele batalhava por isso desde que o conheci.
— É só uma aparição rápida — disse ele, rindo de leve, com aquele tom modesto que só ele tinha.
— Não seja tão modesto! — falei, meu orgulho transparecendo na voz. — Você ainda vai triunfar muito, Rodrigo.
Ele me olhou com gratidão, o sorriso tímido agora mais relaxado.
— Obrigado, Steph. De verdade. Você não tem ideia do quanto isso significa pra mim.
Por um momento, nossos olhares se encontraram, e senti como se o mundo ao nosso redor tivesse ficado em silêncio. Rodrigo era mais do que um amigo para mim — ele era um exemplo vivo de como acreditar nos próprios sonhos podia levar a algo incrível.
Nós ainda estávamos abraçados enquanto conversávamos, como se aquele momento fosse só nosso. Quando finalmente nos soltamos, percebi que havia uma mulher de cabelo castanho parada ao lado dele. Ela parecia desconfortável, olhando para o chão, e eu, sem reconhecê-la, não pude evitar a pergunta:
— Sua namorada?
Rodrigo olhou para ela e soltou uma risada rápida.
— Não, quem me dera!
A resposta soou estranha. Quer dizer, ele era meu amigo, e ouvir algo assim dele, bem ali na minha frente, era... desconcertante.
Ela provavelmente não nos ouviu, mas nos olhou em seguida, interrompendo o momento.
— Oi? — ela perguntou, com um sorriso tímido, mas curioso.
Olhei para ela, ainda tentando entender a situação, e resolvi perguntar.
— Você é...? — perguntei, deixando espaço para que ela se apresentasse.
— Camila! — respondeu ela, parecendo um pouco envergonhada. — Desculpe, é que...
Antes que ela terminasse a frase, minha amiga Lara apareceu, cheia de energia, como sempre.
— Oi, Steph! Oi, Rodrigo! — disse, nos abraçando com a familiaridade de quem não vê amigos há tempos. — Ah, essa é minha prima, Camila!
Lara então apontou para a garota, sorrindo.
— Eu tinha esquecido uma coisa no carro, então pedi pra ela me esperar aqui. A Camila veio passar as férias em casa, e achei que seria legal trazê-la comigo. Espero que não tenha problema!
— Não, claro que não! — eu olhei para Camila, forçando um sorriso. — Seja bem-vinda!— Não, claro que não! — eu olhei para Camila, forçando um sorriso. — Seja bem-vinda!
— Obrigada! — ela retribuiu com um sorriso tímido.
— E o Leonardo? — perguntei para Lara, tentando desviar minha atenção do comportamento de Rodrigo. — Cadê?
— O meu namorado foi passar o Ano-Novo com a família dele no interior!
— Ah, entendi! — falei, tentando manter o clima leve. — Espero que vocês curtam a festa!
Camila era bem bonita, alta, magra, com traços de rosto delicados, cabelo castanho claro e bem comprido. Ela tinha aquele tipo de beleza que chamava atenção sem esforço, e eu percebia claramente como Rodrigo a observava com um olhar de admiração. Isso, de algum jeito, me incomodou mais do que eu gostaria de admitir.
— Obrigada! — Lara disse e olhou para Rodrigo. — Está tudo bem?
— Claro, está sim! — ele respondeu rapidamente e se dirigiu a Camila. — Prazer em conhecê-la.
Ele foi até ela e deu um abraço super demorado. Bom, não tão demorado quanto o que ele me deu, mas ainda assim considerável para uma pessoa que acabara de conhecer.
— Depois falamos melhor com vocês, — disse Lara, sorrindo para mim e Rodrigo. — Não queremos interromper a conversa.
Ela se afastou e Rodrigo a seguiu com o olhar.
— Você já sabia quem era ela? — perguntei, tentando desviar o olhar para ele, mas não conseguindo não reparar na direção em que ele estava olhando.
— Não, não conhecia... Mas ela parece uma atriz que trabalhou comigo. — ele deu um sorriso meio preso e, para mim, aquele olhar soou malicioso. — De corpo, parece bastante!
Eu não pensei duas vezes e dei um tapa no braço dele.
— Que tarado!
— Eiii, Steph! Por que fez isso? — ele fez uma careta, massageando o braço. — O que eu fiz?
Foi aí que percebi que não havia motivo para a minha reação. Fiquei constrangida, a culpa me atingiu logo em seguida.
— Porque você fica falando do corpo da menina!
— Só falei que é parecido, não tem nada demais nisso. — ele procurou Camila com o olhar novamente e eu fiquei encarando-o, séria.
— Alguns dos nossos amigos estão ali, — indiquei o lado esquerdo — mas fique à vontade para se sentar com ela! — A minha voz saiu com um tom que eu não planejava: irônico.
— Que mulher mais possessiva! — ele riu, aparentemente divertido. — Você fica bem engraçada quando está com ciúmes...
— Eu não estou com ciúmes! — cruzei os braços, ainda séria.
— Ciúmes? — uma voz conhecida disse atrás de mim e, ao reconhecer a voz de Luiz, meu coração disparou.
Eu gelei. Ele tinha que chegar logo naquele momento?
Rodrigo ficou visivelmente desconfortável, voltando à postura sem jeito que ele tinha quando entrou.
Fechei os olhos por um segundo, respirei fundo e, com uma sensação estranha no peito, me virei para olhar para meu namorado.
— Oi, amor! — sorri para ele, tentando disfarçar o nervosismo. — Eu estava te procurando!
— Estava? — Luiz perguntou, com um tom sério.
— Sim, estava!
Fui até ele e dei um selinho, tentando suavizar o clima. Ele deixou, mas não retribuiu. Seus olhos, porém, estavam fixos em Rodrigo, avaliando-o da cabeça aos pés.
— Olá! Boa noite! — Rodrigo disse, estendendo a mão para cumprimentá-lo.
Luiz o cumprimentou com um aperto de mão meio rígido. Então, ele voltou a me olhar, depois a Rodrigo, como se estivesse medindo cada movimento.
— O papo de vocês estava bem interessante! — Luiz disse, com um tom que eu não gostei. — De quem a Stephany estava com ciúmes?
Fiquei em silêncio. A pergunta me pegou de surpresa, e eu realmente não sabia o que responder. Porque, afinal, eu não estava com ciúmes, estava apenas... er... questionando.
— Eu estava brincando, desculpe-me! — Rodrigo se apressou a se explicar, tentando aliviar a situação.
— Mas sinto que a Stephany não estava brincando! — Luiz insistiu, me encarando com um olhar penetrante.
Eu o olhei de volta, repreendendo-o mentalmente. Sabia exatamente o que Luiz queria: que Rodrigo se sentisse desconfortável e fosse embora. Respirei fundo, na frente deles mesmo, como se fosse um esforço consciente para voltar ao meu equilíbrio, porque eu estava começando a ficar nervosa... muito nervosa!
— Rodrigo, fica à vontade! — disse, tentando desviar a tensão. — A mesa dos nossos amigos está no canto esquerdo. Mas fica à vontade na festa, viu?
— Obrigado! — ele respondeu, já se afastando.
Rodrigo saiu, me deixando sozinha com Luiz. Decidi que não ia deixar a festa ser arruinada, então optei por não levantar um conflito naquele momento.
— Amor! — o abracei, tentando aliviar o clima. — Fica tranquilo! Ele só estava brincando...
— Ele adora essas "brincadeirinhas", não é mesmo? — Luiz falou, visivelmente irritado.
— Fica tranquilo! Porque você se afeta tanto com a presença dele? Ele é só meu amigo!
— Não é o que os olhos dele dizem... — ele falou, com um tom carregado.
— Não vamos discutir hoje! — falei, com um sorriso forçado. — Ok, amor? Vamos deixar isso para lá, e curtir a festa!
Tentando manter a calma, segui em frente, mas por dentro, eu estava torcendo para que não houvesse mais nenhum problema. O que eu mais queria era voltar a me divertir. A festa ainda estava só começando, e eu não ia deixar que um mal-entendido a estragasse.
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