Capítulo 6
Estava impossível para Samantha dormir naquela noite. A notícia da morte de Jeremy Delvis, a volta de Leonel, o sexo com Liam que a tratava como uma mulher de verdade com carinho e atenção, isso estava mexendo com a cabeça de Sam e ainda tinham os pesadelos, aquela voz que não saía da mente dela.
"Vá, seduza-os, brinque com eles, humilhe-os, enlouqueça-os, destrua-os". Aquele dia, aquela voz, ela jamais ia esquecer, era apenas uma criança, mas conseguia entender um pouco do que estava acontecendo. Sua mente estava uma confusão e ela se sentia sufocada naquele apartamento. Já passava das 2h da madrugada e ela pegou seu casaco e saiu sem rumo pelas ruas de Londres, precisava respirar organizar seus pensamentos e seguir com seu plano.
Flash Back-
-Quem é você? Por que eu estou com você? - a pequena Samantha perguntava com os olhinhos cheios de lágrimas à mulher à sua frente.
- Calma pequena, você vai ficar comigo a partir de agora. - a mulher respondeu num tom baixo, quase como um carinho.
- Você vai me machucar? Como fizeram com minha mãe? - os grandes olhos de Samantha estavam ainda maiores de medo enquanto ela se encolhia no canto da parede atrás do balcão.
- Não meu bem, eu vou cuidar de você, você está segura comigo. - a mulher estendeu a mão à garotinha.
- Por quê? Foi o homem do terno preto que mandou você? Pra onde levaram minha mãe? - a pequena enxugava os olhos com a manga suja de seu casaco cor de tricô cor de rosa.
- Olha Samantha, é esse seu nome não é? Eu não posso te explicar nada agora, eu apenas preciso cuidar de você pra poder manter meu filho vivo, então eu preciso que você seja uma boa menina e venha comigo tá bom? - ela aproximou-se devagar.
- Meu nome é Sam, princesa Sam, meu pai e minha mãe me chamavam assim. Qual o seu nome?
- Helena, meu nome é Helena Watson e eu vou cuidar de você, eu prometo.
Flash Back Off
Samantha caminhava rápido pelas ruas frias de Londres, entrando e saindo de ruas que nem lembrava quais eram, a fina chuva começava a cair e sua mente era uma confusão total. Sentia falta de seus pais, de Helena, da vida que tinha antes de tudo desmoronar.
Apesar da frieza que aprendera a demonstrar, as lembranças de sua infância a atormentavam e aquela voz não a deixava esquecer-se de seus propósitos, o vento gelado batia em seu rosto causando leve ardência e sua pele suave, ela começou a correr e as lágrimas brotavam em seu rosto com intensidade.
A chuva ficou intensa e seu ritmo de corrida também, ela tremia de frio, de angustia, o peso de sua promessa era difícil de suportar. Sentia-se sozinha, vazia e o choro já era incontrolável, era a primeira vez depois de anos que ela se permitia chorar daquela forma. Estava tão afundada em sua dor e distraída em suas lagrimas que só parou quando seu corpo colidiu com um corpo alto e forte, fazendo com que ela caísse no chão molhado e frio daquela calçada.
- Moça você está bem? - o rapaz a sua frente abaixou-se para ajuda-la.
- Sim. - foi tudo o que ela disse, com os lábios tremendo e assumindo outra vez sua postura fria e indiferente.
- Me desculpe, eu estava com pressa, não a vi. - ele estendeu a mão pra ela.
- Eu estou bem, não precisa se preocupar. - ela levantou-se toda molhada, sem aceitar a mão do rapaz.
- Vem, você precisa se aquecer, vai pegar um resfriado. - ele apontou para o portão do prédio à sua frente.
- Não vou entrar com você, eu nem te conheço. - falou num tom frio, afastando-se dele.
- Caleb. - ele estendeu a mão pra ela.
- Hã? - Sam falou sem entender.
- Caleb, Caleb Elbertz, esse é meu nome! Agora que a gente já se conhece, vamos entrar, tá chovendo pra caramba e eu não estou a fim de ficar doente. - ele colocou a mão na base das costas dela e ela sentiu um conforto que jamais havia sentido em sua vida.
- Você é louco! - ela o acompanhou pra dentro do prédio, sua consciência dizia pra não entrar, mas seu coração lhe mandava confiar naquele rapaz com sorriso doce à sua frente.
- Talvez eu seja, mas você ainda não me disse seu nome.
- Melanie, Melanie Marshall. - estendeu a mão pra ele, não podia arriscar dizer seu nome verdadeiro, não ainda.
Os dois entraram no luxuoso apartamento, Caleb lhe entregou uma toalha e roupas secas, é claro que as roupas eram dele, não havia sinais de presença feminina naquele lugar. Após um banho quente no espaçoso banheiro que ele lhe indicou, ela o encontrou na bancada da cozinha com duas xicaras de chocolate quente nas mãos. Ela pegou a xicara que ele estendeu pra ela e sentou-se à sua frente.
- Então você costuma trazer moças estranhas que você encontra pela madrugada pra sua casa? - ela perguntou num tom divertido.
- Não, só moças lindas que correm e choram de madrugada debaixo de chuva e esbarram em mim. - era impressionante como ele sorria com os olhos, como seu jeito descontraído a deixava com a guarda baixa.
- Obrigada. - ela falou de cabeça baixa.
- Obrigada? Eu podia ser um serial killer. - ele sorria ao falar.
- Não, você não é um serial killer, eu saberia se você fosse um. Você é bonzinho demais pra isso. - ele não aguentou e caiu na gargalhada. O som da risada dele preencheu o ambiente e ela sentiu-se em casa ali, era como se ela o conhecesse.
- Bonzinho? Talvez eu realmente esteja ficando muito bonzinho porque é a primeira vez que eu trago uma mulher pra minha casa e não sinto vontade de... - ele ficou vermelho, baixou a cabeça e não conseguiu falar.
- Tudo bem - ela tentou tranquiliza-lo.
- Desculpa, não é que você não seja bonita, na verdade você é uma das mulheres mais lindas que eu já vi, mas eu sinto como se conhecesse você e eu sei que eu nunca te vi, é como se fosse de outra vida sabe? - aquelas palavras deixaram o sexto sentido de Samantha alerta.
- Sei, porque sinto o mesmo em relação à você.
- Mas me diz, o que você fazia sozinha na rua uma hora dessas? - ele perguntou curioso e ela estremeceu.
- Sofro de insônia, precisava me exercitar.
- Na chuva?
- Quando saí de casa não estava chovendo.
- Onde está sua família? Seu namorado?
- Não tenho família nem namorado. - ela respondeu um pouco irritada, ele era muito curioso e isso era um perigo para o disfarce dela.
- Sozinha? - ele perguntou levantando uma sobrancelha.
- Sempre! - ela esboçou um falso sorriso, por mais que estivesse acostumada a ser sozinha, a presença de Caleb diante dela a fazia sentir falta de ter um amigo.
- Não mais! - ele alargou o sorriso. - Agora você tem a mim, não sei como nem porque, mas sinto que devo ser seu amigo e sei que não vou me arrepender disso.
- Obrigada! - ela estendeu a mão pra ele e os dois começaram a sorrir.
Caleb era um rapaz de uma leveza incrível, um engenheiro civil conceituado, apesar de ser muito jovem ainda, aparentava ser apenas uns três anos mais velho que ela. A conversa de estendeu pelo resto da madrugada e quando se deram conta o dia já estava claro, despediram-se e ela se permitiu abraçar e ser abraçada por ele, aquele abraço lhe transmitia paz, conforto e segurança, lembrava o abraço de seu pai, um abraço quente e sincero e aquilo lhe deu força pra continuar seus planos e se livrar de tudo isso e tentar ter uma vida normal, mas também lhe deu uma nova responsabilidade. Ela teria que proteger Caleb de sua vida, mesmo que isso implicasse em nunca mais vê-lo.
O caminho de volta foi feito devagar, sentindo intensamente o frio em sua pele e deixando naquelas ruas todas as suas dúvidas e medos, voltando a ser a Samantha que sempre foi: fria, calculista, decidida e independente. Ao chegar em seu apartamento levou um susto, Liam Frank estava à sua porta.
- Liam? O que está fazendo aqui? Como sabe onde eu moro?
- Bom dia pra você também Melanie, reposta numero 1: preciso falar com você, reposta numero 2: fui procurar você no clube ontem à noite e você não estava, pedi seu endereço e vim até aqui, mas você também não estava, esperei a noite toda no meu carro e você não apareceu e aqui estou! - ela podia jurar que havia um sorriso cínico no rosto dele.
- Entra. - ela abriu a porta dando passagem pra ele que já foi fazendo perguntas.
- Onde você estava Melanie? Você está fazendo programa?
- Programa? O que você pensa que eu sou? Eu já disse a você que não faço programa e ainda mais depois de estar com você, mas tudo bem, pra você eu sou a prostituta dançarina não é mesmo? - era só fazer drama, era só fazer cara de coitadinha que os homens caíam aos seus pés.
- Me desculpa Mel. - ele aproximou-se dela segurando suas mãos. - eu não quis te ofender, eu só fiquei preocupado, você não estava em lugar nenhum, ninguém sabia de você, você não atendia o celular.
- Eu fui ajudar uma das meninas da boate que está de cama, acabou ficando muito tarde pra voltar, então eu dormi lá e meu celular descarregou, desculpe. - ela fez beicinho e ele não resistiu a perdoou sem nem questionar quem era a pessoa a quem ela supostamente foi ajudar.
- Me desculpe querida, eu não quis duvidar de você. - ele beijava as mãos dela insistentemente.
- Tudo bem Liam, está perdoado, mas, por favor, não duvide de mim nunca mais! Agora me diz o que era de tão importante que te fez dormir no carro.
- É sobre o baile de gala dos meus pais, todos os anos minha família faz um baile de gala pra arrecadar fundos pra Instituição da minha mãe e eu gostaria muito que você fosse minha acompanhante esse ano.
- Instituição da sua mãe? Sobre o que é? - ela sabia que havia algo por trás disso.
- É uma instituição que combate o tráfico de mulheres.
- Interessante, deve ser um trabalho muito bonito! Sua mãe parece ser uma mulher muito generosa. - ela falou.
- Sim, dona Dayane só tem cara de brava, mas tem um coração do tamanho do mundo e gostaria de conhecer você. - ele parecia orgulhoso de sua mãe.
- Será um prazer, quando é o baile?
- No sábado!
- Ótimo, preciso de um vestido novo!! - ela sorriu e bateu palmas, mas ela sabia que essa festa seria uma ótima oportunidade pra coletar provas contra a família de Liam. Anda naquela manhã ela seduziu Liam mais uma vez, precisava fazê-lo ficar aos seus pés sem qualquer sombra de dúvidas e nada melhor que leva-lo pra cama pra isso.
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A semana passou muito rápida e Samantha fez poucas apresentações no Club, pois Liam como sócio sempre dava um jeito de reservar todos os horários dela pra que não dançasse pra nenhum outro homem.
Foram algumas apresentações individuais e apenas uma publica e nessa ela pôde notar a presença do misterioso rapaz que a assistia sempre escondido sob as sombras, de forma que ela não podia ver seu rosto, mas podia perceber o quanto seus olhos eram brilhantes e a presença de Leonel, que não falou com ela, apenas a olhou de forma diferente, parecia haver certa raiva no olhar do rapaz. Assim que acabou sua apresentação, ela correu a procura de Leonel, mas não o encontrou em lugar nenhum. Aquilo foi muito estrando e deixou todos os sentidos dela alerta, algo ruim estava acontecendo e ela precisava saber pra não ser pega desprevenida.
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Sábado, o dia do baile e Samantha Foster caprichou no visual, cabelos extremamente lisos após horas de escova e feito uma trança lateral, deixando apenas sua franja na lateral do rosto. Unhas pintadas de vermelho escuro, maquiagem esfumada, destacando com sombra preta seus olhos e batom vermelho vibrante. No corpo vestido azul marinho com leve brilho, completamente drapeado e tomara que caia colada ao corpo evidenciando suas curvas e nos pés uma sandália Jimmy Choe prata.
Assim que o táxi chegou ela entrou cuidadosamente enchendo o veículo com seu perfume inebriante e sexy, chamando a atenção do taxista. Ao chegar à entrada da mansão mais uma vez chamou a atenção de todos, aproximou-se do portão onde estava o segurança com a lista de convidados e logo as pessoas deram lugar a ela na pequena fila formada por empresários e suas esposas.
- Boa noite senhorita, poderia me dizer qual o seu nome?
- Boa noite... - antes que ela pudesse dizer seu nome foi interrompida por Liam que estava impecável com seu smoking feito sob medida, seus sapatos italianos e seu perfume marcante e másculo.
- A senhorita está comigo. - disse ele aproximando-se dela com um sorriso imenso. - Você está perfeita, vejo que terei trabalho dobrado esta noite.
Ela sorriu de volta e ela a conduziu a enorme sala minunciosamente decorada onde estavam todos. Liam estava orgulhoso, perecia exibir um troféu aos convidados quando andava cumprimentando a todos com sua mão possessivamente na cintura de Sam.
Os fotógrafos não deixavam os dois em paz e ela já podia imaginar sua foto estampada nas páginas de jornais e revistas de fofoca na manhã seguinte como "a nova conquista do milionário Liam Frank", mas esse era um preço a pagar, ela tinha que se aproximar, que ganhar terreno, que descobrir algo concreto. Cumprimentaram mais algumas pessoas quando um senhor elegante, com um smoking semelhante ao de Liam, foi subindo o olhar até se deparar com um rosto conhecido, era ele, tinha que ser aquela voz, ela reconhecia.
- Boa noite filho! Vejo que está acompanhado da mais bela mulher dessa festa! - ele a olhou da cabeça aos pés e sua esperança era que não fosse reconhecida. - Que sua mãe não me ouça! - os dois riram e Samantha permaneceu quieta.
- Pai, essa é a... - antes que Liam pudesse falar, seu pai tomou a mãe dela e a levou aos lábios.
- Sei quem ela é! - Sam prendeu a respiração, será que ele se lembrava dela?
- E quem eu sou? - ela forçou um sorriso que não lhe chegou aos olhos.
- A dançarina mais cobiçada do Springfellow's, a belíssima Melanie Marshall! É um prazer conhece-la senhorita Marshall, você é ainda mais bonita do que o que dizem.
- O prazer é todo meu senhor...
- Frank, Joseph Frank, sou o pai deste jovem que não para de babar ao seu lado! - os três riram. - Bom casal, tenho que receber os outros convidados, logo mais voltamos a nos falar, aproveitem a festa! E Filho, cuidado com o que diz a sua mãe, você a conhece.
Naquele momento Sam teve a certeza de que essa festa seria mais tensa do que imaginava, mas pelo menos Joseph parecia encantado como todos os outros tinham estado até agora. Ela e Liam andaram por todo o salão, sempre sorrindo e cumprimentando as pessoas entre uma e outra taça de champangne, os dois sentaram-se a mesa destinada para a família que ainda estava vazia, pois os pais dele estavam ocupados com os convidados que não paravam de chegar.
Depois de mais alguns minutos com Liam, levantou-se e foi em direção ao banheiro, àquela mansão era enorme e ela estava quase perdida dentro dela quando uma voz feminina a surpreendeu.
- Sam? Samantha Foster?
N/A: Oi pessoas maravilhosas!! Tudo bem com vocês? Espero que sim!!! Primeiro muuuuuuuito obrigada por estarem me acompanhando, saber que vcs continuam lendo me faz muito feliz! Bom, eu fiz a minha parte: escrevi! E gostaria de verdade que vocês comentassem, porque assim posso saber o que estão achando, se devo continuar, se vocês tem alguma sugestão, alguma bronca. Comentar não dói, então PLEASE, COMENTEM!!Votem, compartilhem! Façam uma autora feliz e se estiverem gostando espalhem a notícia, contem pras zamiga, Beijos e até o próximo capítulo :*
Ahhh e fiquem ligadas, porque Soldado Hunter vem aí!! (livro novo saindo em breve!)
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