Capítulo 2
Algumas pessoas costumam dizer que: “Depois da primeira vez, tudo fica mais fácil.” E foi assim com Samantha, depois de sua primeira noite como dançarina na Central Station Club ela já era considerada a melhor e mais atraente dançarina da casa.
Sam havia feito algumas aulas de dança quando mais nova e se havia um jogo no qual ela era realmente muito boa, era o jogo da sedução. E esses eram os principais requisitos para continuar ali, e levando em conta seu plano para Delvis, aquele era o caminho certo.
A vida estava corrida e há quase um mês ela se dividia entre trabalhar para Jeremy e seduzi-lo durante o dia e dançar na boate e juntar provas contra ele durante a noite.
Apesar da fantasia e da peruca ruiva, os clientes queriam saber quem era ela, estavam encantados com sua sensualidade e alguns funcionários de Jeremy eram clientes ali. Ela precisava sair dali o mais rápido possível antes que fosse descoberta, mas precisava ir embora com a certeza de que Jeremy Delvis estaria acabado para sempre.
À medida que as noites passavam, ela descobria novidades sobre o clube, que tinha uma faixada comum como qualquer clube noturno, mas escondiam em seu interior os mais sujos segredos.
O Central Station Club é um clube gay acima de qualquer suspeita no sentido do que Samantha estava procurando, era considerando o melhor e mais seguro clube gay da Rússia, possui três pisos:
O 1° é o Restobar – um bar e restaurante, local tranquilo e ideal para um happy hour com os amigos depois de um dia de trabalho.
O 2° é o Tantspol – lugar da pista de dança, com três bares e um palco central onde acontecem os mais diversos shows de transformistas, DJs, bandas e homens.
O 3° é o Muzhskaya zone – ou o que podemos chamar de zona vip para homens, o espaço contem sofás de couro, bar privado, varanda com vista para a pista de dança e uma sala de karaokê.
Quem iria suspeitar que num ambiente extremamente gay como esse haviam mulheres dançando e se prostituindo? Mas havia algo por trás disso tudo, algo que Katherine estava prestes a descobrir, Sempre que chegava ao Club, era encaminhada à outra entrada pela rua de trás, era um pequeno beco, meio escuro onde havia apenas uma porta de duas partes e um sinalizador acima dela, porta essa que dava acesso a um mundo completamente obscuro, tentador e perigoso, mas ela estava disposta a ir até o final.
A tão misteriosa porta escondia nada mais que a presença dos homens mais poderosos e bem sucedidos de Moscow, homens casados, com filhos, com famílias e que buscavam prazer através de outras mulheres, dispostos a pagar qualquer preço por alguns minutos de prazer, seja ele na cama ou apenas vendo aquelas mulheres dançando sensualmente em suas peças intimas minúsculas.
Todos os dias após os “shows”, as dançarinas saiam e iam para suas casas, mas uma boa quantidade das mulheres permanecia ali e quase nunca falavam sobre suas vidas com aquelas que iam embora e Sam percebeu que havia algo muito errado por trás disso, e resolveu que deveria ficar mais tempo lá para tentar descobrir alguma coisa.
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Era domingo pela manhã, Sam sabia que o Club só abriria após as 22h e Jeremy havia viajado, arrumou-se e lá pelas 9h da amanhã foi até lá com a desculpa de que precisava ensaiar pra sua apresentação de poli dance a noite. Ao entrar no clube, ela ficou apreensiva com o que viu, aquelas mulheres lindas que dançavam ao seu lado à noite e muitas outras que acompanhavam os homens, durante o dia viviam em situação precária, eram coagidas e ameaçadas por seguranças armados, eram obrigadas a limpar o chão, apanhavam quando desobedeciam. Ela começou a ensaiar e sempre que os seguranças estavam distraídos ela filmava ou tirava fotos daquilo, aquele lugar era igual ao que ela e sua mãe ficavam quando ela era pequena.
Ao voltar para o hotel, deixou na recepção do hotel uma pasta preta com todas as provas que havia reunido contra Delvis, enviou uma cópia de tudo para uma conta que mantinha em segredo no banco, após voltar de mais uma noite naquele clube, recebeu a informação de que a pasta havia sido entregue em segurança ao seu destinatário.
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A semana passou e o sábado de manhã veio como uma benção para ela, não fazia ideia de que esse fim de semana poria o tão esperado fim a esse plano que a torturava tanto. Voltou ao clube como nos outros dias e subiu no palco, colocou a música não muito alta, pois precisava ouvir os sons ao seu redor e começou a dançar, quando ouviu o que parecia ser uma conversa ao telefone de uma dos responsáveis pelo local, fingiu estar cansada e desligou o som, sentando-se próximo ao local ajeitando os cabelos e se abanando para que não percebessem que ela estava ouvindo a ligação.
- Precisamos que o senhor venha até aqui amanhã. - dizia o segurança.
- Você sabe que não gosto de ser incomodado quando estou viajando a trabalho! – Sam reconheceu a voz do homem que praticamente gritava do outro lado da linha, era Jeremy, com certeza.
- Senhor, estamos com problemas financeiros e os homens do Serviço Federal de Segurança estiveram no Club fazendo perguntas.
- Ok, chego ainda essa madrugada, amanhã estarei aí, feche a casa por hoje e avise aos clientes que abriremos amanhã o dia todo. Digas as vadias pra prepararem algo muito especial para os clientes ou estarão ferradas. Enquanto isso faça o que tem que ser feito.
Aquele segurança desligou o telefone e começou a dar ordens às mulheres, o show daquela noite estava cancelado. Era tudo o que Samantha precisava para concluir seu plano. Juntou suas coisas e voltou para o hotel, disposta a acabar de uma vez por todas com Jeremy Delvis.
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Estava mais do que na hora de finalizar o plano, ela precisava voltar pra Hungria antes que Leonel fosse à Moscow e já não aguentava mais Jeremy tentando agarrá-la, pegou seu celular e foi pra varanda do quarto, estava irritada e ao mesmo tempo feliz por estar perto do fim, respirou fundo, discou e aguardou ele atender. Era a hora de ser “doce” mais uma vez:
- Alô! – o tom de voz de Jeremy foi ríspido ao atender ao telefone.
- Querido! Sou eu, Clarrie! Aconteceu algo? – apesar de toda irritação, Sam fez questão de parecer doce.
- Não foi nada querida, como você está? Você deveria ter vindo comigo, a Austrália é linda e tem belas praias, você ficaria linda bronzeada!
- Claro que eu adoraria, mas você deixou muito trabalho pra mim aqui na empresa, eu não conseguiria dar conta de tudo quando voltasse.
- Entendo, estava pensando se já não é hora de resolvermos nossa situação, não gosto de você morando naquele hotel, quero tê-la ao meu lado, quero que seja minha mulher.
- OH! – fui tudo o que ela conseguiu dizer, o idiota queria casar com ela. Ela teve que se segurar pra não gargalhar.
- Desculpe meu bem, mas isso não é pedido pra se fazer por telefone, amanhã à noite jantamos juntos e até lá pense com carinho na minha proposta.
- Amanhã? Você vem hoje? Vou te esperar no aeroporto!
- Não precisa, chego de madrugada, não quero que fique acordada assim e tenho algumas coisas pra resolver assim que chegar. Concentre-se em estar mais linda ainda amanhã à noite, passo pra te buscar as 21h.
- Sim, Jeremy... – ela deixou seu tom de voz o mais doce e sensual possível.
- O que foi linda?
-Volta logo, sinto sua falta.
- Também sinto a sua, até amanhã.
- Até, beijo – e desligou.
Depois do telefonema ela deitou no chão do quarto e começou a rolar de rir, estava impressionada como certas ciosas nunca mudam. Mesmo depois de tanto tempo haver passado, ele continuava o mesmo mulherengo repugnante de sempre, era só uma mulher bonita se aproximar que ele agia como um cachorrinho. Apesar do sucesso que seu plano estava obtendo, ela precisava ser cuidadosa, não podia haver falhas. Ali mesmo, deitada no chão, se perdeu em seus pensamentos.
Flash back on
Sete anos e há um ano morava com sua mãe naquele lugar, ela não conhecia a palavra “prostíbulo”, mas sabia o que acontecia ali. Sua mãe fazia de tudo para protegê-la daquele maldito, mas sua proteção já não era suficiente. Samantha brincava com sua boneca próxima a um das penteadeiras onde aquelas mulheres se arrumavam, adorava pentear os longos cabelos de Hannah sua única boneca, ao levantar-se tropeçou e acabou derrubando e quebrando várias das coisas que estavam sobre aquele móvel.
Ao ouvir o barulho dos vidros estilhaçados no chão, Jeremy veio furioso ao seu encontro, sua mãe estava atendendo aos clientes e não poderia protegê-la naquela hora. Ele estava com os olhos muito vermelhos e o nariz sujo de pó, Sam sabia que algo ruim ia acontecer com ela.
- OLHA O QUE VOCÊ FEZ SUA VADIAZINHA! SÓ DÁ PREJUIZO.
- Desculpe tio, foi sem querer, eu estava... - ela tentava se desculpar, quando foi puxada pelos cabelos.
- DESCULPA UMA PORRA E EU NÃO SOU SEU TIO, VOCÊ NÃO SERVE PRA NADA, VEM AQUI QUE EU VOU TE ENSINAR UMA LIÇÃO.
Ele tentou agarrá-la, mas ela o mordeu e correu, ele era mais rápido e conseguiu segurá-la novamente e lhe deu um forte tapa no rosto, resgou sua roupa e tocou seus mamilos, ela era uma criança, seu pequeno corpo nem começara a se desenvolver direito ainda. Ele a beijava, molhando seu rosto com aquela saliva e mau hálito, ela gritava, chorava, mas nenhuma daquelas mulheres a ajudava, elas tinham medo dele.
Ele rasgou sua pequena calcinha de bichinhos e no momento em que ia tocar sua intimidade, Alice cegou correndo e o empurrou tirando-a de seus braços.
Aquele dia foi muito triste, sua mãe apanhou muito dele por defendê-la, elas se trancaram em seu quarto e choraram muito abraçadas uma a outra, enquanto o sangue escorria do rosto de Alice.
- Enquanto eu estiver viva, homem nenhum vai tocar em você meu anjinho. – foram as únicas palavras que Sam conseguiu ouvir antes de pegar no sono.
Flask Back off
Foi desperta de suas atormentadas lembranças por seu telefone.
- Oi
- Os homens do Serviço Federal de Segurança estiveram lá.
- Estou sabendo e o que disseram?
- Superficialmente nada foi encontrado, mas de acordo com os documentos, as fotos e vídeos, temos material suficiente para uma vida inteira na cadeia.
- Ótimo, preparem tudo para amanhã, o clube vai abrir o dia todo e ele estará lá, acabem com aquele lugar e libertem aquelas mulheres. Vai haver julgamento?
- Vai, não se preocupe, mais uma vez tudo será resolvido conforme o plano. O juiz Ziugánov esteve à procura dele por alguns anos aqui, além disso, os federais ingleses também o querem, com certeza ela nunca mais sairá da cadeia.
- Você vai estar lá?
- Não e nem você, ainda não é a hora, cuide-se.
- Você também.
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Domingo, 10h da manhã, Central Station Club:
Jeremy estava no clube, dando ordens, gritando, xingando, inconformado com a incompetência daqueles que ficaram em seu lugar enquanto viajava, havia perdido muito dinheiro com aquele lugar e o “homem de terno” já havia o ameaçado várias vezes por conta disso.
- Vocês são uns imbecis, como conseguiram perder tanto dinheiro?
- Alguns clientes retiraram seus investimentos para colocar na “casa” nova que abriu, parece que lá é mais sofisticada, a entrada é direto pela rua da frente e um dos ministros está envolvido, além do Americano de quem lhe falei, ele é o dono.
- Mas que merda, por que não me avisaram antes?
- Nós tentamos, mas o senhor estava muito ocupado com sua namorada.
- Limpe sua boca antes de se referir a ela! E essas vadias? Não dão mais lucro?
- Algumas estão doentes e a polícia tem fotos de algumas delas, os clientes descobriram e não querem mais.
Uma das mulheres ao servi-lo, derramou whisky em seu terno caríssimo e ele lhe deu um soco na cara cheio de fúria, nesse instante o local foi invadido por policiais armados, que decretaram voz de prisão a todos os presentes, levando também as mulheres para prestarem seus depoimentos.
Alguns dos seguranças tentaram reagir e o que levou a um apequeno tiroteio, Jeremy aproveitou a confusão para poder fugir, mas foi surpreendido pelo detetive responsável pela operação:
- Mãos na cabeça e deite-se no chão Delvis, aqui é o fim da linha pra você. – ele tentou argumentar, mas o detetive continuou. – Tráfico de drogas e de mulheres, sonegação de impostos, agressão, desacato a autoridade, isso vai lhe render o resto da vida na cadeia, isso se os ingleses não te levarem, eles estão sedentos para colocar as mãos em você!
- Minha namorada, eu preciso ligar pra ela.
- Eu aconselho que use seu único telefonema para ligar pro seu advogado, porque com certeza é disso que você vai precisar e quanto a sua namorada, aposto que ela não vai mais querer você depois que souber o que você andou aprontando.
E ele seguiu algemado direto para a delegacia
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Enquanto isso, no Golden Right Hotel...
- Alô
- O Detetive acabou de me ligar, estão todos presos e ele vai seguir da delegacia para aguardar o julgamento no presidio.
- Ótimo!
- Ele chamou pela noiva, vai te ligar com certeza.
- Não se preocupe, tenho uma surpresinha pra ele.
- Você não vai dizer quem é, vai?
-Claro que não, é muito perigoso. Mas a pequena Sam vai mandar lembranças.
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- Alô? Clarie?
- Jeremy? Eu já sei o que aconteceu.
- Foi um erro, eu estou preso. Mas o meu advogado vai cuidar de tudo, logo estrei solto.
- Jeremy, me escuta, tem um policial aqui no meu quarto com fotos e documentos, alegando que você traficava mulheres para se prostituir, além de drogas, liguei pro seu advogado e ele me disse não vai defendê-lo, que você não tem mais dinheiro, todas as suas contas estão vazias.
- Não Isso não é possível, você tem que me ajudar, eu não posso ficar aqui meu amor.
- Sinto muito querido, mas o que você fez foi muito grave e eu não quero estar com alguém assim, ele me disse que provavelmente você não vai sair da cadeia, sinto muito, mas eu vou embora da Rússia amanhã, não quero mais vê-lo.
Ele desligou o telefone e foi encaminhado de volta à cela, estava sozinho, sem dinheiro, pensou em ligar pro seu filho, seu único filho, mas estava brigado com ele e com a raiva com que ele foi embora anos atrás, jamais ia ajuda-lo.
Foi levado à penitenciária e sentou-se no cantinho, no chão de sua cela, já havia apanhado dos seus companheiros de cela, por causa de sua arrogância. Foi surpreendido por um guarda:
- Delvis, carta pra você! – e jogou o envelope dentro da cela, Jeremy voltou pra seu canto e abriu a cela.
Olá Delvis,
Fico imensamente feliz em saber onde você está agora, alguém como você devia ir direto para o inferno, se bem que esse lugar deve ser a mesma coisa.
Depois de tudo o que você fez você achou que ia ficar livre pra sempre? Awm pensou né? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Mas não!! Lugar de monstro é na jaula e é onde você está agora e vai ficar pelo resto da sua vida, espero que seus novos amiguinhos estejam cuidando bem de você e fique tranquilo, você nunca mais vai machucar mulheres nem garotinhas, nem enganar e traficar ninguém.
Desejo de coração que você apodreça aí seu nojento. E como eu nunca vou esquecer as surras e maus tratos que você deu a mim e a minha mãe, cuidarei pra que meu desejo se realize, minha mãe adoraria olhar na sua cara agora e perguntar que é a vadia!! Mas você a destruiu, e infelizmente ela não está mais aqui pra isso.
Apodreça no inferno!
Com todo o meu desprezo,
Ass: S.F. ou “vadiazinha” como você costumava chamar.
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Samantha sorria um sorriso sínico, pequeno, misterioso diante do balcão de check in do Aeroporto Internacional de Demodovo, usando seu casaco preferido e seus óculos escuros.
- Obrigada por aguardar senhorita, o voo 8594 com destino à Hungria sai em uma hora, tenha uma boa viagem.
N/A: Oi genteeeeeeeeeee!! E ai? gostaram? me conteeeeem tudo o q estão achando!! Vamos lá, não sejam tímidos!! Perigosa essa Samantha einh?
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