Capítulo 1
3 dias depois...
Depois de um voo regado a tranquilizantes, Samantha atravessou o portão de desembarque do Aeroporto Internacional Domodedovo em Moscow, certa do que ia fazer, a cada vez parecia ser mais fácil. Havia adquirido uma frieza impressionante, aprendera a não se intimidar, não se importar e por mais que Leonel insistisse, ela nunca o deixava a acompanhar em suas viagens.
Abriu sua bolsa de mão e olhou novamente o motivo de estar ali, jogou seus longos cabelos negros, pôs seus óculos escuros e caminhou a passos firmes até o ponto de taxi. Vestia um vestido preto muito sensual deixando marcadas as perfeitas curvas de seu corpo.
Chegou ao Golden Ring Hotel, um dos hotéis mais luxuosos de Moscow, com vista para a Praça Vermelha. Pensava que se ela pretendia ficar ali por tempo indeterminado, merecia o máximo de conforto possível. Após o check-in, subiu para o seu quarto, tomou um banho demorado aproveitando pra repassar todo seu plano. Pegou sua agenda como endereço de onde iria e tomou um taxi, o taxista não pôde deixar de reparar em sua saia justa e sua blusa bastante decotada. Quando o táxi parou no local combinado, Sam olhou com desprezo a imponência daquele prédio.
Era quase hora do almoço e ela sabia a hora que ele saía pra almoçar, ele costumava ir a um restaurante em frente à empresa. Desceu do taxi e dirigiu-se até o restaurante, sentou-se em uma mesa próxima à entrada e cruzou as pernas de modo que sua coxa ficasse à mostra através da fenda de sua saia para quem adentrava o local. Todo dinheiro gasto com investigação, estava valendo à pena, na hora exata ele cruzou à rua em direção ao restaurante.
Fingiu não vê-lo e permaneceu olhando o letreiro do prédio à sua frente "Delvis Enterprises", então era isso? Ele agora era um cidadão russo, CEO de uma grande empresa? Pensava Samantha. Isso era ótimo, além de resolver seus "problemas", ainda poderia levar uma boa grana. Seus pensamentos foram interrompidos por uma voz forte e ela ergueu o olhar.
- Posso me sentar? – ele trajava um terno preto bem alinhado, em seus cabelos havia mechas grisalhas.
- Claro, se não se incomodar com minha presença, ainda vou almoçar. – ela falou com voz sensual.
- Então vamos almoçar juntos. – os olhos dele pareciam devorá-la. O que uma mulher tão bonita faz sozinha na hora do almoço?
- Cheguei hoje pela manhã aqui em Moscow. – ela deu seu melhor sorriso.
- Que indelicadeza a minha, qual o seu nome senhorita?
- Hestings, Clarice Hestings, mas pode me chamar de Clarie. – Jamais ia dizer seu verdadeiro nome. Ele olhava fixamente pros lábios pequenos da garota, marcados por um batom vermelho. – Sua esposa não se incomoda se almoçarmos juntos senhor... – e propositalmente ela mordeu os lábios esperando pela resposta.
- Delvis, Jeremy Delvis, mas para você apenas Jeremy e não, eu não sou casado, mas imagino que seu namorado não deva se incomodar.
- Não tenho namorado, vim para Moscow reconstruir minha vida. – pediram o almoço e ficaram conversando o tempo todo. Ela mentiu dizendo que havia perdido os pais recentemente, herdado sua fortuna e estava à procura de um bom negócio pra investir. Aquilo aguçou o interesse do homem que fazia muitas perguntas, mas ela respondia apenas algumas, deixando certo mistério no ar.
Após o almoço, deixou que ele pagasse a conta. Ela disse que estava cansada e queria voltar ao hotel. Ele insistiu em leva-la, mas ela disse não, alegando não querer que ele se atrasasse para o trabalho. Levantou-se e andou sensualmente, balançando os quadris até o taxi que a esperava na porta, assim que entrou, ele fechou a porta e ela aproximou-se do ouvido dele sussurrando: "Estou hospedada no Golden Ring Hotel" e pediu ao taxista para seguir em frente, deixando Jeremy de boca aberta.
Passou a tarde inteira perdida entre anotações, documentos, telefonemas, café e seu Macbook. Precisava prosseguir com o plano embora o frio na barriga a fizesse tremer e pensar se dessa vez conseguiria. A noite foi igual a todas as outras, o mesmo pesadelo, as mesmas palavras, a mesma voz. Dessa vez não havia Leonel para acalmá-la, trazer chá ou apenas deitar-se ao seu lado sem dizer nada e Sam não queria voltar a tomar aqueles remédios. Encolheu-se na cama revisando mentalmente os motivos que a levaram até lá e ficou repetindo pra si mesma que conseguiria até o amanhecer.
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Dois dias trancada num quarto de hotel, deixando recados na recepção de que havia saído. Durante esse tempo repensou toda sua história, todo plano, e seu passado lhe dava cada vez mais certeza que só assim teria um futuro de paz. Jeremy a havia procurado várias vezes, mas ela nunca atendia, precisava estar forte, convicta, preparada pra o que ia acontecer. Levantou-se cedo, vestiu um moletom, pegou seu Ipod e foi correr, precisava se acalmar e nada melhor que uma boa corrida nos arredores da Praça Vermelha pra isso. Ver Jeremy Delvis outra vez, mexeu com ela e o bom disso tudo: ele não a havia reconhecido.
Flash back on:
Samantha Foster tinha apenas seis anos e estava na pequena casinha, no fundo de um armazém, sozinha, quando sua mãe chegou toda feliz e a colocou no colo.
- Minha princesinha, a mamãe está muito feliz, conheci um homem muito bom, o nome dele é Jeremy Delvis, tenho saído com ele e estamos namorando, ele disse que me ama e vai nos levar pra morar com ele, você vai ver meu amor, nós vamos ser muito felizes, tudo vai mudar.
E realmente mudou. Aquele homem, Jeremy Delvis, as humilhou e obrigou Alice Foster a se prostituir sob ameaças a ela e sua filha.
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A pequena Sam estava num quarto escuro, segurando firme sua boneca contra o peito, esperando sua mãe acabar de atender mais um cliente. Podia ouvir os falsos gemidos e gritos de sua mãe, parecia que aquele homem estava batendo nela. Sentiu seu coraçãozinho apertar, fechou os olhos o mais forte possível tentando livrar sua mente daquela tortura. De repente aquele barulho cessou e sua mãe abriu a porta revelando sua roupa rasgada e a lateral do seu rosto muito vermelho, as duas já haviam perdido as contas de quantas vezes essa cena se repetia durante o dia.
Jeremy as trancava naquele lugar imundo entre um cliente e outro, às vezes Alice tinha que dançar num palco com outras mulheres e às vezes dançava apenas para um senhor de terno preto, com um charuto nos lábios, que sempre aparecia às sextas feiras.
As duas estavam abraçadas e chorando muito.
-Me perdoa princesinha, me perdoa. – Alice tentava acalmar a filha – Eu não fazia ideia que ele era assim, mas eu nunca vou o deixar fazer isso com você, está me ouvindo meu amor? Ele nunca vai tocar você.
- Mamãe eu te amo muito. – foi tudo o que a garota conseguiu dizer agarrando-se ao pescoço da mãe.
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A garota acordou com gritos de uma voz que ela conhecia bem, mais uma vez sua mãe não estava ao seu lado, mas aqueles gritos eram diferentes, parecia uma discursão. O quarto onde moravam era no fundo daquela boate imunda, abriu a porta e foi à procura de sua mãe e a encontrou naquele lugar:
- ELA É SÓ UMA CRIANÇA JEREMY, VOCÊ NÃO VAI TOCAR NELA! NÃO VAI TRANSFORMÁ-LA NUMA PROSTITUTA COMO EU! – Alice arregalou os olhos ao notar que Sam estava ali, ouvindo tudo.
- Olhe pra ela Alice, tão bonitinha, loirinha, pele branca, macia, ideal para ser uma putinha... Nós ganharíamos muito com ela. – ele acariciava os cabelos da garotinha, com suas mãos nojentas.
- Tire suas mãos imundas da minha filha, você não vai abusar dela, nem você nem ninguém. – e de repente, Samantha estava atrás de Alice.
- Alice querida, você sabe que eu preciso me satisfazer e você já não tem mais tempo pra mim, com tantos clientes e sua filha parece perfeita para isso - o sorriso dele era sarcástico.
- Eu estou aqui Jeremy, me use, faça o que quiser comigo, mas, por favor, deixe minha filha fora disso. – ele se aproximou dela, rasgou seu vestido e fez com que ela cheirasse um pó branco que Samantha sabia que sempre fazia Alice agir diferente. Mais uma vez a garotinha foi trancada em seu quarto escuro e pode apenas ouvir os gemidos de sua mãe junto com aquele homem nojento.
Flash back off
Absorta em suas lembranças, sentindo a brisa gelada de Moscow batendo em seu rosto, Sam já havia dado a volta no quarteirão e já estava novamente de frente ao hotel. Só se deu conta disso quando seu corpo colidiu com algo bastante sólido, outro corpo maior e mais forte que o seu.
- Bom dia senhorita Hestings. – o maldito Delvis estava materializado em sua frente.
- Bom dia senhor Delvis. – respondeu com um sorriso falso.
- Jeremy, me chame de Jeremy. – ele era puro galanteio pra cima dela.
- Ok Jeremy, o que faz aqui tão cedo?
- Vim convidá-la para um café da manhã, já que há dois dias tão tenho notícias suas, aliás, onde esteve? Achei que estava me evitando.
- De modo algum, estava apenas resolvendo algumas coisas, poderia me esperar? Fico pronta em meia hora. – ela sorriu pra ele e ele não pode deixar de concordar.
- Estarei esperando!
Após exata meia hora, ela desceu vestindo um macacão azul marinho frente única que deixava suas costas totalmente à mostra, saltos pretos e uma pequena bolsa de mão e um casaco preto com uma faixa na cintura. Ele estava boquiaberto com a elegância dela e já cogitava a possibilidade de torna-la sua para exibi-la em seu convívio social.
Foi no Saab 9-3 preto dele até a cafeteria, ele ajudou-a a entrar e sair do carro e ficou estático quando ela tirou o casaco dentro da cafeteria, revelando suas costas nuas, deixando-o na vontade de ver o resto, mas teria que ser paciente pra não correr o risco de espantá-la com tanta pressa.
Conversaram bastante e ela sempre fazendo movimentos sensuais para prender totalmente a atenção dele antes de jogar a indireta, na volta para o hotel, Samantha falou que estava atrás de um emprego, pois se sentia uma inútil só gastando o dinheiro de seus pais e Jeremy logo lhe ofereceu emprego em sua empresa. Era o que ela precisava pra colocar seu plano em prática. Jogou charme dizendo que não era justo e ele idiota insistiu até que ela aceitou. Samantha Foster, ou melhor, Clarice Hestings era a nova secretária de Jeremy Delvis. Na hora de se despedirem, ela ousou mais ainda, deu um selinho em Delvis e mordeu o lábio inferior do homem, deixando-o louco. Sorriu descaradamente pra ele e entrou no hotel sem olhar pra trás.
Ao chegar ao quarto, correu para o banheiro e vomitou, estava com nojo do que acabara de fazer, mas uma coisa a consolava: ele havia mordido a isca, faltava pouco para isso acabar.
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Dois meses depois...
Jeremy Delvis nunca teve uma secretária tão eficiente como Samantha, durante esse tempo ela havia sido eficiente, prestativa e a secretária mais gostosa que ele já tivera em sua vida. Ele estava tão obcecado e seduzido por ela, que fazia tudo o que ela queria, na hora que ela queria, mas ainda faltava uma coisa: leva-la pra cama. Cada vez que via Sam com aquelas roupas sensuais, postura provocante, a imaginava numa casa noturna (daquelas proibidas para menores), vestida apenas numa minúscula lingerie vermelha, dançando num poli dance. Para uma plateia masculina ensandecida para tocá-la, pensava em quanto dinheiro poderia ganhar com ela e no quanto ela poderia lhe dar prazer, mas a garota sempre lhe escapulia das mãos quando estava perto de conseguir o que queria.
Ela por sua vez, estava mais perto de concluir seu plano. Jeremy estava cada vez mais envolvido e as informações que ela havia conseguido trabalhando com ele eram quase suficientes.
Sam havia descoberto uma planilha com o nome, endereço e movimentação de 30 casas noturnas, espalhadas por Moscow, pode perceber que a movimentação bancária era milionária. Copiou essa planilha e voltou para o hotel alegando mal estar.
Estava no meio de sua pesquisa quando o telefone tocou:
- Sam? – a garota conhecia bem aquela voz manhosa e rouca.
- Leonel? Por que me ligou? – ela não tinha tempo pra boas vindas.
- Nossa! Eu esperava algo como um: senti sua falta! Já que faz dois meses que você viajou.
- Você sabe que não sou boa com essas coisas, mas me diz, como você está?
- Com saudades de você querida, sei que você sempre faz essas viagens e nunca me diz pra onde vai, mas custa pelo menos dar notícias?
- Ah Leonel, desculpa, mas tenho muito que fazer aqui e quanto mais rápido eu fizer, mais rápido volto pra casa.
- Onde você está dessa vez Sam? Me diz, por favor.
- Você sabe que não posso.
- Isso não vai acabar bem, você sabe. Tenho medo do que pode acontecer com você, me deixa te ajudar.
- Já disse que não! Tenho que fazer isso sozinha, não insista ou vou ficar muito brava com você.
- Tudo bem, estou pensando em ir à Rússia também, tenho algumas coisas pra resolver em Moscou. – o coração de Sam gelou, se Leonel viesse a Moscou podia atrapalhar seus planos, precisava fazê-lo desistir da ideia a todo custo.
- Querido, porque você não espera eu voltar pra gente viajar junto? Uma espécie de férias e você pode resolver seus assuntos enquanto eu tomo um chocolate quente numa cafeteria linda, das que dizem ter em Moscou? O que acha? Eu e você no friozinho da Rússia? – ela usava seu tom mais sensual, sabia que Leonel nunca resistia quando ela falava desse jeito.
- Sua ideia parece ótima, mas quando você volta?
- Logo, só me dê mais um tempo, assim que estiver tudo resolvido aqui, ligo pra você e você pode comprar as passagens.
- Ok, mas, por favor, não demora, sinto sua falta.
- Leonel.
- Oi.
- Também sinto sua falta.
- Se cuida Sam.
- Você também Delvis.
Era difícil pra ela esconder seus planos de Leonel, ele era seu melhor amigo e sempre estivera ao seu lado dando força, mesmo quando ela lhe escondia seus planos e sem contar que eles tinham uma sintonia incrível na cama. Mas envolve-lo nisso tudo seria idiotice, se algo acontecesse a ele, a garota não suportaria.
Após aquele, ela não conseguiu retomar sua concentração, resolveu tomar um banho e dormir, afinal já passava de uma da manhã.
"Humilhe-os, destrua-os..."
Aquela voz mais uma vez povoava seus sonhos, despertou suada, assustada desejando a companhia de Leonel naquele momento, apenas para abraça-la, mas ela estava sozinha, e decidida a continuar, abriu a janela de seu quarto, ligou seu MacBook, sentou-se na cama e continuou pesquisando sobre a planilha que encontrara. Descobriu o endereço de algum daqueles lugares e resolveu ir até lá para descobrir do que se tratava. Com toda certeza tinha alguma coisa errada com aquelas boates, tinha que ter, pensava Sam. Analisou uma a uma e resolveu que a Central Station Club seria a ideal para o seu plano.
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Colocou uma peruca ruiva, maquiagem carregada e uma roupa que a faria ser facilmente confundida com uma dançarina de boate, estava na hora de começar a agir. A frente da casa noturna era bonita, chamativa e parecia bastante movimentada, pois havia uma fila enorme de pessoas na entrada, principalmente homens, bem vestidos e elegantes, pareciam ter muito dinheiro.
Na frente da boate, Samantha tentou passar pelos seguranças e foi barrada.
- A entrada das dançarinas é pelo outro lado. – Um segurança alto e forte que mais parecia um armário falou com voz grossa.
- Desculpe, sou nova por aqui. – ela falou e foi conduzida até o fundo da boate.
Assim que entrou, foi conduzida a um pequeno quarto onde haviam várias mulheres vestidas como ela e pelas suas fisionomias pareciam ser de várias partes do mundo, a garota ficou um pouco assustada com o tratamento que era dado às meninas, mas não podia voltar atrás, não agora.
- VOCÊ! – um homem alto e forte com cara de mal gritou apontando pra ela. – Qual o seu nome?
- Angelique. – respondeu ela, mais uma vez omitindo seu verdadeiro nome.
- Aqui você vai se chamar "Angel", agora trate de se trocar, seu show começa em 15 minutos!
Ele lhe entregou um pacote com algumas peças e ela foi se trocar, vestiu uma lingerie branca, com asas de plumas nas costas, ajeitou a maquiagem e foi empurrada para o palco.
N/A: Olá meus amores!! Bem Vindos à A Lista!! É um prazer imenso ter vocês acompanhando minha estória! Já deu pra sentir um gostinho do que vai ser? Espero que sim e que tenham gostado muito, não esqueçam de me acompanhar, votar e comentar. Isso é importante pra nossa interação e para o andamento do livro, assim vou saber se estão gostando e se devo continuar! Obrigada por me acompanharem!! Bjus :*
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