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Capítulo 23


A fumaça e o ruído surgiram mais rápidos do que a consciência do que estava acontecendo, pegando os homens e Luzia de surpresa. Antes que pudessem agir e se dispersar, outra bomba foi lançada. Mais uma vez, muitos deles foram jogados ao chão e estilhaços voaram para todos os lados.

Forçando os olhos, e abaixando o corpo, foi possível ver um grupo de mulheres surgindo no horizonte. Elas seguiam em direção a eles, com suas armas e seus protetores de metal. Em passos sincronizados e rápidos, avançavam com fúria, portando armas de fogo, cassetetes e muitas delas, segurando outras bombas nas mãos. De preto, eram um exército indestrutível, avançando contra eles, acuados e vulneráveis, muitos ainda caídos ao chão.

Conforme a fumaça foi se dissipando e as mulheres avançando ainda mais, os homens começaram a correr, fugindo para longe delas. Com a confusão, agiram instintivamente, buscando algum lugar que pudessem se proteger e pisando em cima de corpos de outros homens que estavam caídos ao chão.

Luzia pulou do pequeno banco em que estava, largou o microfone e seguiu a multidão, sem se dar conta de onde estava indo. Apenas sabia que precisava fugir dali. Gustavo e Wanessa, mais distantes da garota e sem poder vê-la, correram em direção contrária, longe do maior fluxo de pessoas.

Não havia dado muitos passos quando as mulheres começaram a atirar, felizmente não em direção a eles, mas sim do outro grupo maior que se deslocava para o outro lado. Gustavo agarrou a mão de Wanessa e correu ainda mais rápido, olhando para ela e a puxando consigo:

— Vamos! Precisamos sair daqui. Eu conheço um atalho.

Wanessa não se opôs e tentou acompanhar o ritmo dele. Quando as bombas foram lançadas, estavam mais distantes do grupo e não foram atingidos. Também a fumaça ficou mais concentrada distante deles e podiam ver o caminho que prosseguiam sem maiores problemas. Ambos possuíam um preparo físico bom e o único impedimento que fazia andarem mais devagar era o pavor que ela sentia.

Não conseguia entender o que estava acontecendo. Milhares de perguntas sem respostas giravam em sua cabeça, exigindo uma solução. Mas o que mais lhe incomodava naquilo tudo, além do medo de ser ferida, era a violência utilizada pelas mulheres. A violência que elas usaram para deter eles em uma atividade completamente pacífica.

Dando uma olhada para trás, onde as mulheres ainda estavam, com suas armas e seus cassetetes, viu uma delas ir em direção a um homem caído ao chão e lhe dar um chute nas costelas. Desviou o olhar para frente e prosseguiu a corrida, tomando cuidado para não tropeçar e cair.

Mas, ainda assim, seus questionamentos não lhe abandonavam. Os homens estavam apenas exigindo seus direitos. Nada além disso. E não estavam fazendo de forma errônea. Muito pelo contrário, a luta era legítima, como ocorreu várias vezes séculos antes por outras pessoas e por outros direitos. O que estava acontecendo? Por que estavam sendo atacados?

Desviou de alguns sacos de lixo jogados ao chão e sentiu o aperto da mão de Gustavo aumentar ao puxá-la para o lado. Adentraram em um corredor estreito entre dois prédios e cortaram caminho, saindo na rua de cima. A pequena viela era escura e fedorenta, com mais lixo e dejetos em decomposição. Os amigos desviaram o quanto puderam e aceleraram ainda mais o passo, saindo na rua de cima e voltando a ter claridade e ar puro.

Alguns outros homens fugiam próximos a eles, e ainda na mesma via, porém distante deles, reforços femininos marchavam até a rua debaixo onde ocorria a greve. Ainda mais mulheres. Vestidas com as mesmas roupas pretas, capacete, botas, e portando armas e algo semelhante a um escudo.

Aproveitando que seguiam em direção contrária a eles, Wanessa e Gustavo aumentaram o ritmo, dobrando na esquina seguinte e entrando na rua onde se localizava o apartamento de Gustavo e saindo da vista do exército de mulheres.

— Precisamos voltar e encontrar a Luzia — Wanessa disse assim que os dois pararam para recuperar o fôlego.

Gustavo respirou algumas vezes antes de franzir as sobrancelhas e encarar a garota em sua frente. Ela observava a confusão de onde vieram. O local onde a amiga ainda devia estar, correndo perigo. Ele não poderia deixar Luzia abandonada à própria sorte. Mas também não poderia voltar com Wanessa e os dois correrem perigo mais uma vez.

— Eu volto — ele decidiu. — Vou com você até meu apartamento te deixo sã e salva e venho procurar a Luzia.

— Até lá pode ser tarde demais. Precisamos encontrá-la agora. — A moça já havia recuperado as forças.

Como que para comprovar a gravidade da situação novos tiros foram ouvidos na direção em que Luzia devia estar. Provavelmente as outras mulheres haviam encontrado os homens.

— Não podemos nos arriscar. Pelo menos um de nós tem que ficar a salvo — e sem esperar uma resposta voltou a agarrar o braço dela e correr em direção ao seu prédio.

Wanessa tentou chamar seu nome e lhe trazer de volta a razão. Mas não adiantou e seguiram correndo. Assim que chegaram ao prédio dele, sem maiores complicações, Gustavo largou o braço da garota e lhe alcançou a chave de seu apartamento:

— Suba o mais rápido que puder e se tranque lá dentro. Não abra até que ouça a minha voz ou a de Luzia. Os homens podem ser perigosos, principalmente em uma situação como essa.

Vendo a gravidade no olhar dele a negra concordou e correu em direção as escadas. Gustavo, por sua vez, foi o mais rápido que pode até o meio do tiroteio, consciente de onde estava se metendo e do que poderia lhe acontecer. Mas era o certo a se fazer. Não poderia deixar Luzia em perigo. Inocente como era, poderia ser facilmente enganada por um deles ou até ser ferida gravemente.

Era os próprios companheiros de sexo que ele temia. Sabia que se Luzia fosse encontrada pelas mulheres estaria a salvo. Elas não fariam mal a uma semelhante. Apenas ao diferente. E era o diferente que ela devia temer.

* *

Luzia mal se deu conta do que aconteceu até estar no meio da confusão. Em um segundo ela estava com o microfone na mão, cantando junto com os homens, vendo-os gritar e lutar com ela, buscando uma sociedade justa e igualitária e no segundo seguinte ouviu-se um estouro, barulho de coisas voando, e o silêncio. Alguns segundos de silêncio. Uma poeira subiu e encobriu qualquer coisa que ela pudesse ver.

Tentou olhar para os dois lados, avistar os amigos mais distantes — Wanessa e Gustavo encostados na parede do prédio –, tentou enxergar os homens em sua frente. E antes que fizesse qualquer uma dessas coisas outro estrondo fez-se ouvir e mais uma vez poeira e fumaça cobriram tudo. O silêncio ao barulho se seguiu, mas não durou muito tempo. Milésimos de segundo depois surgiram os gritos e a movimentação começou a fazer a poeira se dissipar.

Luzia olhou para o horizonte e viu dezenas de pontos vindo em sua direção. Pontos pretos se movendo em um ritmo regular, em formação. A poeira foi baixando aos poucos, a ameaça se aproximando cada vez mais... Mulheres. A menina notou o que era a ameaça. Policiais mulheres que vinham armadas em direção aos homens.

Ao perceber as armas de fogo que traziam nas mãos e as bombas que algumas delas seguravam — prontas para serem lançadas — Luzia não pensou duas vezes: pulou do banco em que estava, largou o microfone e correu. Correu sem pensar para onde. Apenas seguiu o que seu instinto lhe mostrou como melhor opção.

Porém, logo se viu cercada por vários outros corpos que também corriam e tentavam fugir.

Se acotovelavam, se empurravam, gritavam, alguns tropeçavam, caíam e eram pisoteados. Mas nenhum deles conseguia sair do lugar. O grande número de pessoas impossibilitava a corrida. Não conseguiam ver nada a frente, apenas outras cabeças e desespero.

Luzia procurou ao redor por Gustavo e Wanessa. Não os encontrou. Foi empurrada para andar alguns passos. Tropeçou. Quase caiu, mas manteve o equilíbrio se agarrando em alguns braços que viu ao seu redor. O homem ao seu lado mal sentiu o puxão, mais empurrões vieram. Luzia levou uma batida forte nas costas que lhe fez gritar de dor. Ninguém lhe pediu desculpas. Apenas lhe empurraram mais. Alguém pisou em seu pé. Levou um soco fraco na parte inferior da cabeça.

E mais barulhos foram ouvidos. Dessa vez mais fracos e de menor duração. Entretanto, repetidos várias vezes. Tiros. Gritos mais estridentes. Algumas pessoas caíram ao chão ao mesmo tempo. A multidão se desesperou, tentando correr mais rápido, puxando os da frente para trás e gritando por socorro e ajuda.

Luzia fez o mesmo. Estava sendo esmagada. Seus pulmões clamavam por ar. Estava se sufocando. Não conseguia ver nada a frente. Era alvo fácil para golpes dos outros ao seu redor. Aproveitando que era pequena e magra, forçou suas pernas a andarem mais rápido, respirava ofegante pela boca. Mesmo assim, conseguiu ser ágil e avançou, cruzando por entre dois homens altos. Sentiu uma cotovelada no estômago. Gritou de dor e olhou para a frente. Havia menos pessoas ali. Ela conseguia respirar melhor e enxergar o caminho a frente. Dois edifícios afunilavam a multidão que tentava fugir.

Tiros soaram mais uma vez. A menina olhou para trás e não viu nada além de pessoas caindo. Um homem caiu ao seu lado e puxou seu braço para tentar se manter em pé. Ela quase foi levada ao chão também, mas conseguiu se desvencilhar dele e correr mais um pouco. Mais tiros foram dados. Sentiu o cheiro de borracha. Um homem logo a frente caiu. Sem poder desviar, Luzia cruzou por cima de seu corpo, enquanto ele gritava de dor e implorava por ajuda. O mar de homens atrás dela engoliu o corpo dele.

Novos tiros. Luzia olhou para a frente. Faltavam poucos metros para que chegasse até os dois edifícios a frente. Passando por eles poderia correr mais rápido e fugir dos disparos. Só não podia ser atingida até que chegasse lá.

Mais balas voaram na direção em que estava. Sentiu uma ardência leve no braço direito. Instintivamente olhou para ele e não viu nada além de uma gota de sangue. Havia sido por pouco.

Pisoteou novos corpos atingidos pela saraivada de balas. Estava quase nos prédios. Alguém puxou seu cabelo, olhou para trás e viu um homem tentando correr. Pensou em ajudá-lo. Antes que pudesse agir, um baque lhe arremessou longe. Sentiu o corpo bater sobre o concreto do chão. O estrondo chacoalhou seu cérebro. Ficou alguns segundos caída, tentando levantar.

Abriu os olhos e sentiu o cheiro da pólvora e a fumaça ainda se dissipando. Havia sido jogada por alguns metros no ar. Estava ainda mais próxima dos dois edifícios. Gemidos de dor rodeavam o lugar. Viu homens próximos a ela cobertos de sangue. Alguns não se mexiam. Outros tentavam se levantar e voltar a andar. Também ainda deitada, Luzia viu — mais distante — botas pretas de couro se aproximando. Eram dezenas de pares de botas. As mulheres. As mulheres com suas armas.

Sem pensar muito bem e querendo ficar viva, se obrigou a ficar de pé e correr o restante do caminho que faltava até os prédios. Outros homens já faziam o mesmo, mas em número menor que antes. Pode ir na velocidade que conseguiu, sem impedimentos.

Passou os prédios e se viu em uma nova rua, ainda mais larga. Correu o quanto pode. Seus ouvidos emitiam um ruído estranho. Não conseguia ouvir nada ao seu redor. Nem mesmo gritos ou novos disparos. Foi necessário diminuir o passo e olhar para trás para verificar o que estava acontecendo. Não avistou nada além de homens correndo na mesma direção que ela. Muitos cobertos de sangue e andando em ritmo lento. Nada de ver as mulheres.

Cansada, Luzia parou encostada em um prédio, em mais uma das tantas vielas escuras que existia na sociedade deles. A construção lhe ocultava dos outros que corriam pela rua. A escuridão também lhe proporcionava maior segurança.

Se escorando na parede, respirou pela boca em ritmo acelerado. Suas pernas reclamavam pela corrida. Vários outros músculos doíam pela falta de oxigênio. O ombro latejava, provavelmente por ter sido a primeira parte de seu corpo a bater no chão quando foi arremessada pelo impacto da bomba.

Fechando os olhos, buscou se recuperar, ainda respirando fundo. Seus ouvidos escutavam um zumbido estranho, os sons pareciam longe, bem ao fundo de sua mente.

Não percebeu que mais gente havia pensado o mesmo que ela e haviam resolvido se esconder naquele beco. Só se deu conta disso, quando estava cercada por três homens que a encaravam com fúria.

Abrindo os olhos a menina observou cada um deles. Um possuía o rosto coberto de sangue. O outro estava com a roupa rasgada e suja. E o terceiro segurava o braço esquerdo, sangue fluindo por entre seus dedos.

— Você é uma mulher! — o com o rosto sujo de sangue disse.

Ela sentiu um tremor percorrer seu corpo.

— Você fez isso com nós! — o outro concordou, soltando o braço e possibilitando que a menina visse onde ele havia sido baleado.

— Eu... eu... N-não fui eu-u — Luzia tentou dizer, sua voz saiu fraca.

— E quem você é então?

— Sou uma mulher. Mas estou do lado de vocês — ela estava mais convicta dessa vez. — Eu estava...

Antes que pudesse concluir a frase, foi golpeada com um soco no estômago. Gritando de dor, tentou explicar quem era, mas eles não ouviram. E seguiram golpeando seu corpo frágil. Não havia como detê-los. Depois de tanto tempo indiferentes e apáticos, eles enfim haviam despertado e agora viam toda a injustiça que viviam em uma única pessoa: uma mulher. Luzia.


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AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA e agora? Coitada da Luzia! Ela não merece ser espancada. Ela só quer o bem deles. 

E o que acharam do capítulo? Contem-me tudo que eu adoro saber a opinião de vocês e conversar : ) 

Também tentarei ao máximo responder todos os comentários atrasados ainda nesse final de semana. 

Beijocas e até mais!

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