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1377 palavras

— Boa leitura —

— Keb! — chamei-o com a voz quase inaudível, após cessar o nosso beijo! — Descul...

— Está tudo bem, amor! Eu espero o tempo que for preciso até estares pronta. — ele beijou a minha testa para e, em seguida, deslizou para a esquerda.

Virei o meu corpo quarenta e cinco graus para a esquerda e aguardei que os nossos olhos se cruzassem.

— Eu amo-te muito! — confessei pela primeira vez, sentindo-me dentro de um filme romântico.

— Eu também te amo muito, princesa! — deitei a minha cabeça sobre o peito dele com o maior sorriso no rosto.

Duas semanas depois.

— Ei, Cira! Podemos conversar? — questionou o Keb, sentando-se no sofá ao meu lado. O meu coração apertou-se de novo, hoje, é o terceiro dia consecutivo que ele não me atribui um nome carinhoso.

— Olá, "pombinhos"! — cumprimentou a Túnia, abrindo a porta de entrada.

— É melhor conversarmos lá fora! — afirmou o Keb, saindo pela porta aberta pela a sua irmã.

Encolhi os ombros e fui atrás dele. Sentámo-nos na areia ambos com os olhos fixos no horizonte que disponha um lindo por do sol cheio de tons laranja.

— Cira, eu amo-te muito mas não podemos continuar mais juntos. Desculpa! — num ápice, ele levantou-se e correu para casa.

Fiquei imóvel a processar todas as palavras proferidas por ele e, ao fim de uns instantes, as lágrimas inundaram a minha face. Corri para casa à sua procura, afim de reverter toda aquela situação, no entanto, já era tarde demais. Ele foi-se. Ele foi-se embora com uma mochila cheia de roupa.

— Túnia! Túnia! — chamei-a aos prantos.

— CALMA! — gritou ela em resposta. — Já estou aqui! O que se passa para estares nesse estado?

Contei-lhe tudo o que se havia passado minutes antes e sugeri ligarmos para a polícia.

— NÃO! Nós não podemos envolver a polícia nisto! Essa ideia está fora de questão.

— Qual é o problema? O Keb é menor, ele não pode desaparecer assim! — contra-argumentei, sentindo uma nova fileira de lágrimas.

— O problema é que eu também sou menor! Eu só tenho dezassete anos, por isso não podemos ir à polícia. Cira, quando ocorreu o acidente de viação que tirou a vida aos meus pais, eu verifiquei que eles não imitiam qualquer sinal de vitalidade, por isso, peguei no Keb e fugimos. Em seguida, falsifiquei a minha idade no bilhete de identidade, pois caso contrário, iríamos ser enviados para a adoção e separados.  Percebes agora o motivo de não podermos ir à polícia? — finaliza ela, deixando a tristeza invadir o seu rosto.

—Mas podemos procurá-lo por conta própria? — ela abanou a cabeça negativamente.

— O meu irmão já não é criança nenhuma, Cira. Se ele saiu de casa é porque precisava de espaço e tempo para pensar. Vais ver que ele mais logo está aí. Agora, tens que te acalmar, uma vez que esse estado de nervos e ansiedade não te faz bem nenhum. — Eu sabia que a Túnia tinha razão mas não o queria admitir, por isso, apenas encolhi os ombros em resposta. — Agora, vais tomar um banho enquanto eu preparo um chá de camomila para nos.

•••

— Já estás mais calma? — indagou a Túnia, sentando-se no sofá ao meu lado.

— Mais ou menos! Eu não consigo entender a atitude dele...

— Querida, os homens têm atitudes que nem eles próprios conseguem justificar...

Naquele preciso momento, o som da campainha preencheu a casa e eu corri desesperadamente para a porta com a ideia da possibilidade de ser ele.

Embora soubesse que o meu pensamento era algo bem remoto, não escondi a minha cara de desilusão ao abrir a porta.

— Vocês precisam de alguma coisa? — questionou o "amigo" da Túnia, abraçando-me. Eu trouxe comida, pois imaginei que não estivessem com cabeça para pensar nisso.

— Eu não tenho fome! — argumentei, separando dos braços dele.

— Mas não é a ficares sem comer que ele vai aparecer! — contra-argumentou a Túnia. — Eu também estou preocupada com o meu irmão, no entanto, também temos de cuidar de nós próprias, entendes?

Apenas assenti com a cabeça e fomos para a mesa.

No dia seguinte.

Passei esta noite em claro, sentada no sofá com o olhar direcionado à porta de entrada à espera de algum sinal da parte dele.

— Ei, miúda! Vai comer alguma coisa. Ontem, nem tocaste na lasanha de legumes que trouxe. — pronunciou o "amigo" da Túnia que havia passado a noite aqui em casa.

— Eu só quero estar com ele! Eu preciso dele para estar bem...

— Que disparate é esse? — questionou ela, aparecendo por de trás dele com uma taça de cereais de chocolate sobre a mão esquerda. — Tu precisas é de comer para estares bem, ouviste? Além do mais, quantas vezes é que eu já te disse que para sermos felizes só precisamos do nosso amor-próprio?! O meu irmão não está bom da cabeça para deixar escapar uma mulher bastante especial como tu, no entanto, isso não é motivo para fazeres o que andas a fazer. Cira! — ela sentou-se no outro sofá. — O que tu estás a passar, eu também já passei, e acredita que mais tarde ou mais cedo tudo tem um fim. — ela entregou-me o objeto de vídeo. — E quando precisares de falar, eu estou aqui! — ela ligou a televisão num canal de desenhos animados e, em seguida, foram os dois para a cozinha.

Eu sabia que aqueles dois não me iam deixar em paz enquanto eu não metesse algo no estômago, por isso, comecei a decorar os cereais que ela havia preparado para mim. Após terminar de ingerir o pequeno-almoço, eu comecei a sentir uma sonolência extremamente forte, o que me fez fechar os olhos e adormecer contra a minha vontade .

•••

Acordei com a Túnia a fazer-me carícias no cabelo e na face.

— Para a próxima dou-te um calmante mais fraco. Agora, vai-te vestir que estão à nossa espera. — conclui a Túnia, atirando algumas roupas para cima de mim.

— Que história é essa do calmante? — indaguei, sentando-me no sofá.

— De nada! Vai lá despachar-te! — ordenou ela, arrastando-me para a casa de banho.

— Não tenho outra opção? — ela abanou a cabeça negativamente. — E onde é que vamos?

— Quanto mais depressa estiveres pronta, mais rapidamente saberás.

Tomei um banho rápido e vesti as roupas que a Túnia tinha separado para mim, escovei os dentes e o cabelo, coloquei um perfume dela e peguei numa mala de ombro pequena.

— Agora, já me podes dizer aonde vamos? — perguntei-lhe, assim que cheguei à sala de estar.

— Ao grupo de autoajuda! Eu sei que ainda não estás pronta para desabafar, porém tem pessoas dispostas a fazê-lo que precisam da nossa ajuda.

— É, tens razão!

— Como sempre! — acrescentou ela, o que me fez revirar os olhos e sorrir-lhe.

•••

— Bem... e por hoje damos esta reunião por concluída. Cira, eu senti falta do teu sorriso lindo, espero vê-lo em breve, sim? — assenti e fui andado para a saída! — Até à próxima! — finalizou o Belt.

— Eu sei que não estava muito atenta à reunião, mas eu raparei numa coisa estranha... — iniciei, assim que começamos a caminhar rumo a casa.

— Referes-te aos olhares do Belt para mim? — confirmei com a cabeça. — Ele gosta de mim desde o ano passado...

— Mas vocês tiveram alguma coisa? — perguntei, boquiaberta.

— Não! O Belt sabe que tenho dezassete anos e não dezanove.

— E? — continuei, sem entender onde ela queria chegar.

— Ele tem vinte e três anos, lembraste? Eu não lhe quero arranjar problemas e, é por isso que nunca tentei nada com ele. No entanto, foi bastante difícil, uma vez que ele é lindo de morrer.

— Ok! Mas qual é a desculpa para andares com o teu colega de trabalho que também é maior de idade? — ela engoliu em seco.

— Se não te importas, eu prefiro não disso hoje... — respeitei a sua vontade e permanecemos em silêncio até chegar em casa.

Passado cinco minutos, estávamos em casa e o telemóvel da Túnia apita.

— NÃO! — gritou, assim que pegou no aparelho. — É uma mensagem do Keb... ele diz que foi para o Canadá e que não vai voltar...

Naquele preciso momento, o meu mundo voltou a ruir, caí de joelhos no chão e chorei como não houvesse amanhã.

Continua...

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