Enquanto o exercito do misterioso shogun terminava de matar os últimos soldados, Takanori logo saiu do castelo em chamas indo em direção ao outro general. Takanori caminhou até alguns escombros nas proximidades se aproximando do companheiro de batalha que estava realizando uma vistoria em uma casa destruída.

- Koga, você tem ordens para partir. – dizia Takanori se aproximando enquanto Koga se virava para vê-lo.

- E para onde? – questionou Koga com um olhar curioso.

- O mestre quer que você entre em contato com aquele cara... – respondia Takanori com uma expressão séria.

- Entendo, então chegou a hora de prepararmos o terreno. – afirmou Koga caminhando até um soldado e o indicando para que trouxesse seu cavalo.

- Sim, entraremos em contato com nosso informante, e depois começaremos a montar um plano. – disse Takanori observando seu colega subir no cavalo.

- Entendo... Assim que tiver uma resposta eu retornarei, até lá cuide para que as coisas saiam como nosso mestre ordenou. – dizia Koga olhando seriamente para Takanori.

- Até você retornar estará tudo se encaminhando conforme o planejado. – dizia Takanori ajeitando seus óculos com o dedo indicador da mão direita.

- Até mais. – disse Koga se movimentando com o seu cavalo indo em direção a seu misterioso informante.

Aos poucos Koga começava a sumir no horizonte deixando apenas um rastro de poeira para trás. Takanori logo se virou para retornar ao castelo onde seu mestre já se encontrava do lado de fora. Porém o que ambos não notaram era que alguém havia conseguido escapar.

Província de Kyoto. Dois dias depois.

Kyoto era uma das maiores cidades da terra do sol nascente, localizada na região centro-sul do país, tendo uma das maiores populações dentre as outras províncias. Kyoto ficava em um vale que faz parte da Bacia de Yamashiro, estando cercada por três enormes montanhas com cerca de 1000 metros acima do nível do mar.

Graças a sua região geográfica Kyoto tinha climas bastante intensos em relação a outros lugares, ocasionando até mesmo em queda de neve na região. Por ter a maior população do país consequentemente e economia na cidade era das melhores, o que ocasionava em uma qualidade de vida melhor. Muitos dos comerciantes do país viam até Kyoto para vender ou comprar produtos da mais alta qualidade. Além do comercio, templos e teatros deixavam a população ainda mais encantada do que nunca.

O grande castelo do Daimyo se localizava na região norte da cidade, sendo este uma enorme estrutura muito bem fortificada e guardada por inúmeros guerreiros samurais. Mais ao leste de onde o castelo se encontrava havia outra construção, esta um pouco menor, porém grande o suficiente para abrigar uma grande quantidade de samurais. O lugar era o quartel general da força de defesa do país, o Shinsengumi.

O quartel general era amplo com diversas salas incluindo um dojo para treinos. Sua decoração lembrava muito o de castelos tradicionais dos shogun, tendo ramos de flores em vasos, quadros pelas paredes, e armaduras enfeitando o local. O lugar ainda possuía um prédio separado localizado próximo dos campos de agricultura, lá ficava o estabulo onde os cavalos do Shinsengumi eram muito bem cuidados e alimentados.

Vindo a cavalo passando por todo centro da cidade, o esquadrão de Hijikata retornava a Kyoto após dois dias de viagem. Ao chegarem à base outro grupo de guerreiros os cumprimentou e em seguida, começaram a guiar os cavalos para dentro do estabulo enquanto Hijikata e seu time seguiam para dentro da base. Hijikata indicou para seu grupo descansar enquanto iria até o comandante geral na sala de reuniões para relatar o ocorrido em Saitama.

Antes que pudesse entrar, Hijikata notou que próximo à entrada havia um homem loiro, com um olhar sério como se estivesse esperando alguém. Hijikata notou que se tratava de seu amigo e o segundo em comando, Okita Sugo. Okita era um samurai bem treinado e junto com Kondo e Hijikata formavam a trindade que representava o Shinsengumi, foram os primeiros a serem recrutados por Matsudaira quando o mesmo formou o esquadrão.

- Bom dia Okita. – dizia Hijikata se aproximando.

- Bom dia... Vejo que foi divertido em Saitama. – afirmou Okita olhando os machucados de Hijikata pelo rosto.

- Ah, pode apostar que foi. – disse Hijikata com um leve sorriso. – E então? O que faz aqui parado como uma estatua? – questionou Hijikata.

- Eu estava prestes a acordar o velhote quando soube que você retornou de sua missão, então resolvi esperar e deixar a tarefa para você. – dizia Okita com um sorriso de canto.

- Ele passou a noite fora de novo? Às vezes acho que a imagem dele de comandante geral já se perdeu há muito tempo. – afirmava Hijikata suspirando.

- De qualquer forma boa sorte com ele. – dizia Okita caminhando em direção à sala de treino.

- Senhor Matsudaira? Estou entrando. – disse Hijikata abrindo lentamente a porta e entrando no local.

- Ah, Hijikata? Então está de volta? – questionou Matsudaira com voz de sono.

- Sim, como pode ver. – afirmou Hijikata suspirando e se sentando em seguida.

Matsudaira era um temido samurai comandante geral do Shinsengumi. Um senhor de aproximadamente 45 anos, cabelos grisalhos e usava óculos escuros, Matsudaira havia se tornado o comandante geral após a ascensão do Daimyo atual. O general estava um pouco sonolento, Hijikata logo notou pela cara de seu líder que a noite havia sido deveras divertida nos cabarés da cidade.

A sala de reuniões era bastante espaçosa tendo um longo tapete florido esticado ligando as duas extremidades do local, dos lados havia pequenas mesas onde os lideres de esquadrão se reuniam para suas reuniões, tendo o lugar de Matsudaira ao centro. A sala ainda possuía incensos deixando o lugar perfumado assim como um jarro de flores mais próximo da entrada.

- Vejo que a noite foi deveras divertida senhor. Está próximo do meio dia e continua com sono. – afirmou Hijikata com uma expressão séria no rosto.

- Ah, foi muito divertida, este lugar esta cada vez melhor. – dizia Matsudaira colocando os óculos e se ajeitando a frente de Hijikata.

- Bom, sobre a gangue do Kisuke, eles foram transferidos para o norte? – questionou Hijikata.

- Sim, Kondo cuidou de tudo, ontem mesmo eles foram até a Prisão Mugen. Devem chegar dentro dos próximos dias. – respondia Matsudaira.

- Entendo. Temos um problema a menos para resolver, agora podemos nos concentrar no teste de admissão. – disse Hijikata.

- Sobre isso jovem Hijikata, iremos mudar o local do teste. Foi uma decisão do Daimyo tendo em vista o que aconteceu ontem ao sul. – disse Matsudaira deixando Hijikata assustado.

- O que aconteceu? Como assim iremos mudar o local do teste? – questionou Hijikata preocupado.

- Recebemos a visita de um dos guerreiros do shogun Hajime, parece que a província de Wakayama foi atacada, totalmente dizimada, muitas mortes... Incluído o próprio shogun. – dizia Matsudaira com um tom de voz mais sério.

- I-impossível... – disse Hijikata assustado. – Quem fez isso? – questionou.

- O soldado não viu muito bem, mas disse que ele veio do sul com hastes de dragões, e usava uma armadura vermelha. Meu caro Hijikata, eu só consigo pensar em uma pessoa capaz de fazer isso... – respondia Matsudaira encarando Hijikata.

- Eu também, mas achei que depois da guerra civil ele fosse parar... – afirmou Hijikata.

- Todos nós achamos, mas se ele esta se movendo temos que ter cuidado com o teste... Se ele chegar aqui, muitos jovens e inocentes podem morrer. – disse Matsudaira.

- Eu compreendo... Katsuo Nobuhara... Finalmente irá dar sua jogada. – dizia Hijikata com um olhar sério.

- Montamos uma pequena equipe para rastrear os movimentos dele, assim como mandaremos cartas aos shoguns alertando sobre o assunto incluído sobre o teste. – afirmou Matsudaira.

- Certo, e então? O que decidiram? – questionou Hijikata.

- Junto com o Daimyo decidimos por fazê-lo em alguma região mais ao centro-norte, pois se Katsuo resolver atacar, podemos montar um plano de defesa um pouco mais elaborado. – afirmou Matsudaira ajeitando os óculos.

- E onde seria senhor? Qual local escolheu? – perguntou Hijikata curioso com a resposta enquanto Matsudaira dava um leve sorriso de canto.

Após a reunião inúmeros soldados corriam com seus cavalos pela cidade de Kyoto, todos partiram da cidade tomando direções diferentes uns dos outros. Os guerreiros samurais levavam consigo um pergaminho escrito por Matsudaira e revisado pelo Daimyo que deu as últimas ordens, tal pergaminho continha não só o alerta sobre a movimentação de Katsuo, como também o local de realização do teste de admissão do Shinsengumi.

Com a mudança de planos e os devidos cuidados sendo realizados pelo Shinsengumi, a terra do sol nascente começava a ficar agitada novamente.