66° - A Guerra de Hokkaido Começa!
Silêncio. Era tudo o que podia se ouvir vindo de um dos portos mais movimentados de Hokkaido. Assim como várias outras cidades ao sul, o porto foi evacuado as pressas, e toda sua população estavam agora nas vilas ao norte. Agora o porto era vigiado por alguns guerreiros samurais a mando de Ryotaro, o shogun do norte sabia que a principal rota rumo a capital passava pelo porto, ali seria um ponto crucial da batalha.
A linha de frente que decidiria o rumo inicial daquela guerra, uma guerra para proteger ou destruir aquelas terras. Os soldados sabiam do peso que carregavam e sabiam que teriam quer reunir toda coragem e determinação para enfrentarem aquele terrível inimigo que se aproximava.
Hideki havia ficado responsável por comandar a linha de frente, o braço direito do shogun estava numa colina fora da cidade onde tinha uma boa visão de todo o porto e o mar a sua frente, assim Hideki imaginou que poderia sinalizar para seus homens em solo caso algo surgisse de repente, o arqueiro possuía bons olhos e estava atento até mesmo ao menor dos detalhes.
- Tudo parece normal... Não gosto disso... – comentou Hideki deixando um soldado que o acompanhava curioso.
- Algo lhe preocupa meu senhor? – questionou o homem.
- Sim... Já esteve em uma guerra? – respondia Hideki com outra pergunta.
O guerreiro ficou sem jeito de inicio, mas logo respondeu com um sincero não. Hideki deu um leve sorriso mudando pra uma expressão ainda mais séria. E então continuou a falar.
- Eu já estive em uma... Ainda me lembro daqueles dias... O inicio é sempre o mais difícil. Você nunca sabe quando o inimigo vai chegar e atacar. Não sabe quando vai começar e como vai terminar... Veja isso, essa cidade... Esse clima... Todo esse silêncio é assustador... Essa é a guerra que lutamos para evitar... – Hideki fez uma breve pausa e continuou em seguida... Soldado... Nunca perca a coragem, mesmo se estiver à beira da morte, segure sua espada firmemente e lute para proteger aquilo que ama... Enquanto tiver essa determinação, garanto que ela te ajudara a superar seus limites... – concluiu enquanto o soldado agradecia pelas palavras.
Ao mesmo tempo, algo no mar chamava a atenção de alguns membros da Guarda do Dragão que estavam próximo dos barcos estacionados, e de Hideki que logo se pôs em estado de alerta. Uma estranha movimentação na água seguida por uma densa neblina no horizonte se aproximava com cada vez mais velocidade. Ao prestar atenção no meio da neblina, Hideki viu dois estandartes, onde uma cobra e um dragão vermelho se revelavam em meio ao mar.
Não demorou muito para que os barcos do exercito conjunto de Katsuo e Midori se mostrassem a vista dos guerreiros da Guarda do Dragão. A tensão tomou conta do campo de batalha, porém os homens liderados por Hideki estavam concentrados e prontos para entrarem em ação.
Hideki sinalizou para um grupo mais ao leste, onde três soldados começaram a tocar os tambores que carregavam. Ao ouvir aquele som, os guerreiros espalhados pelo porto sabiam que agora era pra valer. A guerra enfim batia as portas de Hokkaido.
Vários barcos de tamanhos variados e aproximavam cada vez mais do porto vindo de direções diferentes. Hideki sinalizou para os arqueiros se aprontarem e assim, os homens habilmente começaram a subir nos telhados usando escadas como apoio.
Havia ao menos três homens em cada telhado prontos para atirar e dar cobertura aos outros soldados, em solo, os samurais da Guarda do Dragão sacavam suas espadas enquanto aguardavam o desembarque dos primeiros soldados inimigos.
Quando Hideki gritou sinalizando o inicio dos ataques, algo surgiu da água bloqueando cada flecha disparada pelos arqueiros com suas escamas.
Yamata no Orochi emergiu das águas destruindo toda área das docas matando alguns homens que ali estavam. Logo a serpente parou observando atentamente ao porto e aqueles guerreiros com cara de espanto. Ninguém conseguia acreditar no que via diante de seus olhos, o olhar daquela enorme serpente penetrava no subconsciente de cada soldado os fazendo sentir um medo sem igual, suas mãos tremiam e suavam fortemente, os samurais não sabiam se atacavam, corriam ou ficavam apenas ali, parados sem fazer nada, apenas aceitando o seu mais terrível fim.
Após alguns minutos, Yamata no Orochi se movimentou indo para o leste e sumindo floresta adentro. Deixando um rastro de destruição por onde passava.
Enquanto os soldados estavam surpresos e sem reação, as tropas marinhas chegaram ao solo usando a poeira levantada pela serpente como cobertura. Os primeiros homens da guarda do dragão foram pegos de surpresa por golpes rápidos.
Logo um dos arqueiros gritou para que os outros pudessem se recompor do susto e assim o fizeram. A guarda do dragão começou a revidar contra-atacando os inimigos com toda força que podiam reunir, mesmo um pouco abalados com o que viram aqueles guerreiros samurais não podiam desistir naquele momento, teriam que reunir toda sua coragem se quisessem proteger sua terra natal, suas famílias.
Do outro lado as forças de Midori e Katsuo se espalhavam por toda cidade instalando o caos, se aproveitando da brecha criada por seu grande mestre para lançar uma investida feroz que derrubava um a um os homens da tropa avançada. A batalha feroz havia começado e aquele silêncio em meio ao frio que fazia na região era tomado por gritos incessantes e o barulho do metal das espadas se chocando umas com as outras.
Os arqueiros ainda vivos voltaram a si e tentaram dar cobertura para quem estava em solo, porém já era quase impossível o grupo avançado retomar o controle daquela batalha. Um a um os samurais a mando de Ryotaro foram caindo, os arqueiros já estavam ficando sem alternativa enquanto abatiam alguns soldados inimigos e recuavam lentamente tentando evitar serem acertados pelas flechas inimigas.
Hideki socou o chão e logo ordenou uma retirada estratégica para reagruparem. O guerreiro jamais poderia imaginar que algo daquilo fosse acontecer ou que poderia realmente existir, Hideki viu no rosto de alguns soldados o medo tomar conta de seu ser, a coragem se esvaindo aos poucos enquanto eram brutalmente assassinados pelas tropas invasoras.
- "Merda..." – pensava Hideki consigo mesmo enquanto atravessava a floresta as pressas. – "Preciso ser rápido e avisa-los. Não vamos conseguir lutar contra aquilo...".
Enquanto isso, Katsuo, seus generais e Midori observavam a batalha no porto fluir a favor deles. A tática de usar Yamata no Orochi como cobertura logo no inicio havia funcionado para surpresa de Katsuo que ainda possuía duvidas em relação aos métodos de Midori.
A bela mulher com seu traje de batalha verde sorria com tudo aquilo enquanto todo restante de seu exercito desembarcava no porto. As duas tropas juntas tomaram todo o lugar rapidamente, o porto agora pertencia a Orochi, aquela seria sua nova "base" de operações enquanto estivessem em Hokkaido ou até mesmo depois da guerra imaginou Midori, seus homens haviam deixado apenas alguns guerreiros samurais da guarda do dragão vivos. Midori então sorriu sinalizando para alguns soldados seus avançarem e depois se irou para Katsuo.
- Agora podemos começar meu caro... – disse Midori.
- Acha que aqueles homens vão falar algo? – Perguntou Katsuo sabendo como os membros da Guarda do dragão eram leais ao Dragão Branco de Hokkaido.
- Não a ninguém que consiga resistir aos encantos de uma serpente, eles vão falar, e com suas informações, nós tomaremos vantagem sobre Ryotaro. – respondeu Midori.
- Eu conheço a região de Hokkaido muito bem... Montarei tropas de ataque e os mandarei para cada canto dessa ilha. Meus generais e seus melhores homens irão comandar os grupos avançados. – afirmava Katsuo observando toda aquela destruição.
- Eles devem estar protegendo a capital, porém não será nada fácil chegar lá sem derramar sangue. É por isso que iremos nos dividir. – sugeriu Midori.
- Acha que sou louco de deixa-la sozinha a esse ponto? – questionou Katsuo.
- Não confia em mim? Mas que hilário, sou uma mulher de palavra, cumprirei com minha parte em nosso acordo, porém dividindo nossas forças podemos pega-los de surpresa, um ataque de dois lados. Cerca-los em volta da capital. É assim que pretendo agir, e é assim que farei. Primeiro irei rastrear minha filha, depois tomaremos as relíquias, e então, o poder será nosso. – respondia Midori num tom de voz suave e confiante. – Vou avançar pelo leste seguindo os rastros de meu mestre, você pode ficar com o outro lado, mas lembre-se meu caro Katsuo Nobuhara... – dizia Midori se aproximando do ouvido de Katsuo. - Eu estarei de olho em você. – concluiu deixando o barco em seguida.
Katsuo não esboçou reação nenhuma, seus generais apenas observavam a conversa atentamente esperando ordens de seu mestre. Era difícil para Katsuo confiar em Midori mesmo depois de firmarem uma aliança que parecia tão instável, o general sentia que Midori poderia estar escondendo seus verdadeiros objetivos, sentia que havia algo mais em suas doces palavras. O temido shogun caminhou se aproximando da beirada do barco observando o campo de batalha a sua frente, em seguida olhou brevemente para os céus e então se virou para seus generais que se ajoelharam em respeito a seu mestre.
- Avancem... Como sempre fizemos e como sempre agimos. Não poupem ninguém, matem quem ficar em nosso caminho, me tragam as relíquias que faltam, eu estarei logo atrás de vocês. Mas lembrem-se, o Shogun e a garota, são meus alvos, os matarei pessoalmente enquanto assistem ao verdadeiro Daimyo desse país assumir o trono por direito. Agora vão! – gritou Katsuo.
Koga e Takanori assentiram enquanto corriam gritando ordens para os outros soldados. Katsuo estava pronto para entrar na guerra, afinal aquilo com que tanto sonhou um dia estava a um passo de ser conquistado.
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