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47° - Determinação e Lágrimas!

Midori estava em um local totalmente escuro, sozinha sem ninguém por perto. Não havia mais nenhuma pessoa naquela enorme sala escura. Porém algo iluminava o seu caminho. A mulher que estava com os braços cruzados olhava fixamente para o alto, em direção a um par de olhos azuis que a encarava fixamente. Os olhos daquela coisa chegavam a iluminar parcialmente aquele lugar escuro, porém Midori não sentia medo ou coisa parecida, a mulher estava totalmente tranquila e pensativa.

- Midori... – disse a voz da criatura, uma voz grossa e imponente além de ser assustadora. – Vejo que depois de anos, finalmente estamos progredindo. – concluiu.

- Meu mestre... Aquilo que buscamos estará em nossas mãos em breve... Já conseguimos muitas informações importantes sobre elas. – afirmou Midori.

- Ótimo... Perfeito... Finalmente o momento pelo qual esperei está chegando... Depois de eras e eras, finalmente alguém de seu clã conseguiu o que nós queríamos... Eu a parabenizo pelo esforço... – disse a criatura num tom alegre.

- Eu agradeço por tais palavras, acredito que para meus ancestrais consegui-las seria quase impossível, mas hoje os tempos são outros... Temos mais acesso a informações, espiões em lugares distintos, uma hora ou outra iriamos conseguir achar as relíquias dos deuses... – afirmava Midori com um sorriso de canto.

- E esse momento é agora... Pelo seu relatório existe um guerreiro que as está reunindo, iremos nos aproveitar muito bem disso... Aquele tal homem... Graças à ambição dele, elas foram descobertas... E estão sendo reunidas... – dizia a criatura erguendo sua cabeça.

- Exatamente... Devemos agir com cautela e atacar no momento certo, nós não podemos desperdiçar nosso tempo com batalhas sem sentido. – disse Midori.

- E sobre a garota? Você me disse que ela tinha potencial para despertar seu Seihō. Por acaso... Era aquela que vi brevemente? – pergunto a criatura.

- Sim, mas infelizmente ela recusou nosso convite... É realmente uma pena... – dizia Midori dando um longo suspiro.

- Entendo... Eu senti brevemente sua energia... Seu Seihō... E aquela sensação... Há muito tempo eu não sentia algo como aquilo... Faz-me lembrar daqueles que um dia me causaram tanto problema... Me da até vontade de mata-la antes mesmo que comece seu treinamento... – afirmava a criatura com raiva em sua voz.

- Acha que ela pode ser uma ameaça? – questionou Midori.

- Sim, devemos observa-la com muita atenção... Até por que... Sinto que ela nos levará as Joias... – respondia a criatura.

- Yasakani no Magatama... A última relíquia que ainda não foi encontrada... – afirmava Midori ficando pensativa.

- Sim... Sem elas as outras duas não podem ser ativadas... E sem elas eu não poderei recuperar o poder que uma vez eu possuía... Quando a tivermos em nossas mãos, minhas cabeças retornaram, eu me recuperarei por completo e depois... Tudo estará sob nosso controle! E a grande Yamata no Orochi retornará das cinzas de um passado distante! – afirmou a voz da criatura num tom mais alegre e ameaçador, enquanto seu corpo de serpente rastejava pelo chão daquele lugar.

- Tudo pelo senhor mestre... Tudo bela Orochi... Minha família, meu clã serviu e acreditou no senhor por gerações, e hoje não será diferente! Nós traremos a gloria do passado de volta! Pode ter certeza! – afirmou Midori.

- Excelente... Agora Midori... Vejo que tem outros assuntos a resolver. – afirmou a serpente enquanto explosões eram ouvidas do lado de fora.

- O que esses guardas estão fazendo? – se perguntava Midori. – Meu mestre... Se me der licença. – concluía Midori.

- Vá Midori... Cumpra sua missão. – dizia a serpente fechando seus olhos e desaparecendo em meio à escuridão.

Midori caminhou até a porta e ao toca-la a mesma logo se abriu lentamente, ao olhar a arena Midori viu os guardas que estavam no entorno indo para fora até os locais que explodiram, porém o que a deixou surpresa e até mesmo com um sorriso em seu rosto, foi ver sua filha com sua Espada Oculta ativada, e a sua frente estava um ferido Aigami protegendo Kaguya. Midori antes de se aproximar acenou para um guarda que se aproximou de sua rainha se ajoelhando em respeito.

- Relatório. – disse Midori.

- Sim! Parece que os guardas identificaram quatro explosões em pontos diferentes de toda área em volta das muralhas do castelo. Já temos uma equipe em cada ponto investigando. – dizia o soldado.

- Ótimo. Cubram as saídas principais do castelo e não deixem ninguém escapar com vida. Depois quero um relatório completo da situação. – afirmou Midori.

- Sim! – disse o soldado se movimentando.

Enquanto isso Akemi retirou sua espada de Aigami que logo caiu no chão com sangue jorrando por sua ferida. Kaguya se irritou e logo partiu ao ataque dando golpes rápidos em Akemi que se defendia. Durante a troca de golpes, algo caiu do Kimono de Akemi e rolou até Aigami no chão, quando o homem viu o que era, se tratava daquela pequena concha que Akemi havia achado e guardado quando era criança.

Aproveitando o momento, Daisuke golpeou um dos guardas que saia, pegou a espada do homem caído para que pudesse usar e em seguida Daisuke se aproximou de Homura e lhe entregou sua espada.

A batalha de Akemi e Kaguya durou mais alguns minutos, depois da troca de golpes, ambas se afastaram uma da outra se encarando friamente, Kaguya estava preocupada com a situação de Aigami e com raiva de Akemi, enquanto Akemi apenas encarava os dois com um olhar sério.

- Você não sente nada? – perguntou Kaguya recuperando o fôlego.

- Sinto sim... Sinto um alívio sem fim, um peso saindo de minhas costas... Você nunca entenderá isso... Meu caro pai... Obrigada por tudo... – disse Akemi se preparando para atacar novamente.

- Você... Eu nunca vou perdoar o que você está fazendo aqui! Nunca vou perdoa-la por ter feito isso com alguém que se importava e pensava o tempo todo em você! – dizia Kaguya enquanto uma lágrima escorria por seu rosto.

Enquanto isso, Daisuke e Homura que conseguiu se levantar se aproximaram de Aigami ajudando, porém o mesmo suportou toda sua dor e se levantou com pura força de vontade.

- Aigami não se esforce demais... – dizia Homura.

- E-eu... Preciso... Acabar com isso... Com... Minhas próprias mãos. – afirmava Aigami dando passos lentos em direção a Akemi e Kaguya. - Me dê isso... Daisuke me dê à espada! – dizia Aigami.

- Mas nem pensar! O que acha que vai fazer? – questionava Daisuke.

- Eu já não tenho mais utilidade... Mas vou usar o tempo que me resta... Para que vocês possam fugir... Homura... Aquela garota... Ela se tornará uma grande guerreira... Cuide bem dela. – afirmou Aigami tomando a espada que Daisuke segurava e usando suas forças para correr.

Ao mesmo tempo Midori semicerrou seus olhos e começou a dar passos rápidos em direção à batalha de sua filha. Enquanto isso Kaguya se preparava para enfim atacar, porém antes de se mover e bloquear o ataque de Akemi, Aigami surgiu e usou toda sua força e resistência para evitar o golpe de sua filha que no momento seguinte recuou um pouco.

Aigami estava ofegante, e o mesmo sabia que não duraria muito mais tempo, afinal o golpe de Akemi havia sido poderoso o suficiente e lhe perfurado com perfeição.

- Senhor Aigami! – gritou Kaguya.

- Ainda resistindo? – perguntou Akemi.

- Garota... Fuja daqui... Você... Tem um longo caminho pela frente... – dizia Aigami olhando para Kaguya.

- Mas o senhor... Não posso deixa-lo aqui... – dizia Kaguya preocupada.

- Vá! Não perca essa chance... Você se tornará uma guerreira forte, eu posso sentir isso em você... Talvez, quem sabe... Você possa mudar esse mundo do qual vivemos... Você é uma boa pessoa Kaguya... Queria que Akemi pudesse ter crescido e se tornado como você... Mas vejo que hoje é impossível... Então tudo o que me resta fazer... E criar uma chance para vocês saírem daqui... E usar o tempo que me resta, para ao menos cuidar da Akemi... – dizia Aigami com um sorriso no rosto. – Está na hora desse velho samurai finalmente abaixar sua lâmina... – concluía.

- Senhor... Aigami... – disse Kaguya.

- Vá! Seja a guerreira que sonhou ser Kaguya! – gritou Aigami atacando sua filha.

Ao mesmo tempo Kaguya fechou seus olhos enquanto derramava lágrimas, deu meia volta e correu junto com seu mestre e Daisuke para fora. Já Aigami se aproximava lentamente de Akemi pronto para tentar atacar, porém a garota não fez nenhum movimento, pois Midori havia se aproximado e bloqueado o ataque de Aigami para sua surpresa.

Midori sorriu e logo golpeou Aigami com um corte rápido cruzado que fez o homem cair no chão ainda sorrindo.

- Adeus Aigami... Você foi um bom homem... – afirmou Midori.

- Akemi... Espero que você possa se tornar forte, e quem sabe sair dessa escuridão... Desde pequena eu sabia que você cresceria e se tornaria uma bela mulher, fico feliz de poder tê-la visto novamente antes de meu fim... Só não esperava que você fosse a responsável por isso, mas eu não te culpo... Nunca irei te culpar por quem você se tornou... Você fez sua escolha e eu a respeito... Mas saiba que... Eu... Sempre te amei... E sempre irei te amar Akemi... Minha pequena flor escarlate... – dizia Aigami enquanto caia.

Akemi derramou algumas lágrimas e logo as enxugou ficando séria, já Midori limpou a lâmina de sua espada e a guardou novamente na bainha em sua cintura, ambas assistiam a Aigami caído no chão com olhares sérios.

- Minha mãe... – disse Akemi com uma voz triste.

- Não se preocupe Akemi... Daremos um funeral em respeito ao que ele representava para nós... Você cresceu minha criança... E fico feliz com isso... A sua escolha foi feita... – afirmava Midori beijando a testa de sua filha.

- Eu sei... Fico feliz por estar ao menos do seu lado e ter aprendido muito com você... Mas agora nada de lágrimas... Temos uma missão a cumprir. – disse Akemi voltando a ficar seria.

- Sobre isso... Tenho informações novas... Venha comigo. – dizia Midori enquanto Akemi a acompanhava.

Enquanto Akemi e Midori se moviam para fora daquele lugar, Kaguya, Homura e Daisuke chegaram à saída secreta por onde entraram seguindo escada abaixo. No caminho até a saída o grupo ainda enfrentou alguns soldados que os impediam de passar pelo corredor. Todos estavam tensos e preocupados afinal não era fácil assistir aquela situação toda e ter que correr ao invés de ajudar.

Já no final da escadaria todos viram um Tsuki um pouco ferido, o homem havia lutado com dois guardas naquele lugar que entraram o perseguindo, porém Tsuki conseguiu detê-los, mas continuar a andar seria impossível no momento.

Tsuki apontou para todos seguirem em frente e não se preocuparem com ele, pois o homem afirmou que daria um jeito de sair dali. O grupo saiu pelos corredores, cruzando suas entradas até estar na saída em baixo do castelo. De longe o grupo pôde observar o barco preparado por Aigami. Kaguya que estava triste logo ficou séria novamente e ao olhar para seu mestre o mesmo acenou com a cabeça para a garota que sabia o que fazer.

- Daisuke... – dizia Homura... – Muito obrigado por tudo. – agradecia Homura.

- Não se preocupem com a gente. Vão antes que eles te sigam. – afirmou Daisuke.

- Daisuke... Obrigada... E sinto muito pelos problemas que causamos. – afirmou Kaguya.

- Como eu disse não se preocupem com a gente. Fizemos o que deveria ser feito. Espero que consiga alcançar seus objetivos Kaguya. Agora vão! – gritou Daisuke correndo para ajudar Tsuki.

Não demorou muito para que Kaguya e Aigami pulassem nas águas abaixo e começassem a nadar até o barco à frente. Depois de alguns minutos ambos subiram abordo sendo ajudados por Kageyama que usou uma corda para puxa-los para cima.

Kaguya e Homura se ajeitaram no barco olhando o local a sua volta. Viram o castelo e mais a leste um barco de porte maior os seguindo. Kageyama ajeitou as velas, ligou aquele pequeno motor e então seguiu em frente levando mestre e aluna a bordo.

Tanto Homura quanto Kaguya notaram manchas de sangue nas roupas de Kageyama, o que indicou que o homem entrou em combate, porém o mesmo disse para ambos não se preocuparem tanto. Ao encarar os olhos do homem Kaguya pôde notar sua tristeza, a garota logo deduziu o que havia acontecido com os outros de seu time.

Kaguya se levantou, segurou na haste que sustentava a vela e encarou o Castelo das Serpentes com um olhar de fúria e determinação. Kaguya observava uma última vez o lugar onde inimigos formidáveis se encontravam.

- Akemi... Eu vou te derrotar... Espere e verá... Eu ficarei mais forte e vou te derrotar com toda minha força! – afirmou Kaguya apertando seus punhos.

Homura deu um leve sorriso e logo se concentrou em ajudar um pouco Kageyama. E assim aquele barco seguia seu caminho rumo a Hokkaido, com Kaguya determinada a ficar mais forte e derrotar seus inimigos.

Ao mesmo tempo do alto do castelo Akemi e Midori observavam o barco levando Kaguya de longe. Ambas já tinham um plano formado tendo em vista as informações dadas pela misteriosa serpente Yamata no Orochi, e agora apenas aguardavam para enfim poderem se mover rumo a seus objetivos obscuros.

Em breve a terra do sol nascente começaria a ficar cada vez mais agitada, e a disputa pelas relíquias dos deuses ficaria cada vez mais tensa.

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