40° - Segredos!
Enquanto os guardas levavam Homura rumo ao castelo das serpentes e enquanto outras equipes vasculhavam as redondezas em busca de Kaguya, Aigami resolveu entrar em sua oficina fechando a porta e a trancando. Após olhar bem para sua oficina Aigami vasculhou o local a procura de algo, ao encontrar uma enorme vara caída perto de algumas máquinas Aigami a pegou, olhou para o teto e bateu com a ponta três vezes.
Após as batidas uma porta escondida no teto por um fundo falso se abriu e então Kaguya se revelava de dentro do lugar dando um pulo e caindo a frente de Aigami que a ajudou a se levantar. O lugar foi construído por Aigami para que pudesse esconder ferramentas ou até mesmo armas das autoridades, foi tão bem construído que precisaria ser muito atento para notar aquela porta escondida no teto onde Kaguya havia se escondido.
- Eles já foram? - perguntou Kaguya olhando paro os lados.
- Sim, não se preocupe garota... - respondeu Aigami jogando a vara no chão e indicando para Kaguya o seguir.
- Foi sorte você ter um lugar assim, mas ele é meio apertado... E agora? Para onde vamos senhor Aigami? - questionou Kaguya se alongando.
- Para minha casa nos fundos, se nós vamos seguir com a ideia daquele maluco preciso lhe entregar roupas novas, se andar com esse símbolo que está na sua roupa os guardas logo vão te notar. - respondeu Aigami.
- Eu sei, mas esse plano é muito perigoso... O Sensei está se arriscando demais sendo pego desse jeito e indo até o covil da Orochi. - analisava Kaguya.
- Eu concordo... Mas não tínhamos outra opção, Homura sabia que se entregar e ser pego sozinho era a melhor alternativa, ele fez isso para me proteger e também proteger você... Fez isso, pois se fossemos todos pegos seria impossível seguir como o plano de ir para Hokkaido... Não vai ser fácil tira-lo de lá... Mesmo com os mapas da cidade aquele lugar é perigoso, não sabemos o que a Orochi fará com ele. - afirmou Aigami ficando sério.
- Entrar naquele lugar, conhecer os inimigos e tentar criar uma distração enquanto nos movemos para criar um plano de fuga em direção a Hokkaido... As chances de dar errado são muito altas se não fazemos ideia de quem é o líder e do que ele é capaz... Sensei... Espero que saiba o que está fazendo. - dizia Kaguya dando um longo suspiro.
- Não se preocupe tanto, aquele velhote sabe se cuidar, não é atoa que sobreviveu ao período Sengoku servindo o Nobuhara... Vamos nos concentrar em criar o melhor plano de fuga possível usando o que temos a nossa disposição... E vamos torcer para ele conseguir informações e nos mandar o sinal... - dizia Aigami tentando confortar Kaguya.
- Sim... E quando começamos com a nossa parte do plano senhor Aigami? - perguntou Kaguya.
- Assim que amanhecer... Tenho outra oficina perto do mar, é lá que vamos deixar as coisas preparadas, só preciso de alguns materiais para deixar tudo completo, só espero que aquela velharia de barco que larguei por lá ainda sirva. - respondia Aigami abrindo a porta dos fundos e entrando em sua casa.
O local era pequeno, havia uma área para descanso, uma espécie de cozinha além de um pequeno quarto e o banheiro mais aos fundos. Kaguya se sentou sobre os joelhos com a espada ao seu lado enquanto Aigami foi até o quarto. Após alguns minutos Aigami trouxe um Kimono vermelho com detalhes em rosa bem simples para que Kaguya usasse.
- Obrigada senhor Aigami... Será que isso vai servir? - perguntou Kaguya.
- Vai sim, isso era da minha filha, era para ser um presente para ela se... Enfim não gosto de me lembrar disso, se vista e descanse até amanhã... - afirmava Aigami saindo da sala cabisbaixo.
- O que será que foi isso? Será que a filha dele morreu? - se perguntava Kaguya curiosa com a situação.
Enquanto Kaguya seguia até o banheiro para poder se trocar, Aigami chegava ao único quarto da casa sentando-se no tatame de frente para o retrato de sua filha que havia sido desenhado em um pergaminho de procurada. Aigami olhava fixamente para aquele desenho com tristeza em seus olhos, se lembrando de um passado que não ousava esquecer mesmo que quisesse.
Castelo das serpentes.
Enquanto isso os soldados que capturaram Homura chegavam aos arredores do castelo, chegando a frente ao portão o líder do grupo acenou para um dos guardas que logo abriu o enorme portão de ferro. O grupo atravessou o local levando Homura direto para o salão real onde sua líder os esperava. Enquanto passava pelos corredores Homura sentia um ar diferente de outros castelos do qual já esteve, o mestre de Kaguya sentia em seu corpo uma sensação de perigo que o deixava em alerta.
Sua espada estava sob posse dos inimigos e tentar escapar daquela situação não era uma opção ainda mais com suas mãos amarradas fortemente para trás com uma corda, isso prejudicaria seus planos e poderia por em risco Kaguya e Aigami, após atravessar dois corredores o grupo finalmente chegou ao salão real passando por suas portas.
À frente estando em pé no centro do local, estava à líder da Orochi com toda sua beleza e imponência com sua espada em mãos, ao seu lado sua filha Akemi estava concentrada com seu olhar calmo e frio, ambas observavam seus homens largarem Homura no chão o jogando fortemente.
Homura caiu batendo o rosto no chão e ao se levantar ficando de joelhos o homem viu o olhar de Midori encarando o seu, aquele olhar de alguém que carregava muito sangue em suas mãos, um olhar de alguém que havia se tornado uma guerreira formidável.
- Então esse é o Ronin que se infiltrou na nossa cidade... Meus parabéns por passar por nossa segurança. - afirmava Akemi.
- Você... Interessante o que temos aqui... Onde esta a garota? - perguntou Midori.
- Estamos procurando minha senhora! Já mobilizei alguns homens para procurar pela cidade. - respondia o homem.
- Ótimo! Não a deixem escapar... Não quero ratos em meu território. - dizia Midori enquanto o homem se curvava em respeito.
- Então... A líder é uma mulher? - perguntava Homura.
- O que foi? Achou tão ruim assim o fato de uma mulher estar no comando de uma organização tão importante como a nossa? - respondia Midori com um sorriso.
- Não... Só estou surpreso... Eu não esperava por isso... O homem que interroguei disse que nunca havia visto o rosto do líder a Orochi, segundo ele você nem sequer existia... - dizia Homura.
- Isso é o que contamos para nossos batedores em campo, assim evitamos que informações sobre nós de cima sejam vazadas... Além dos que estão neste castelo, são poucos os que realmente viram o rosto de minha mãe... - afirmava Akemi com um sorriso de canto.
- Huhuhuhu exatamente... Sabe... Eu me lembro vagamente de você... Homura não é? - disse Midori deixando o mestre de Kaguya surpreso. - É eu conheço você... Quando olhei os pergaminhos do castelo do shogun de Aomori vi a lista de criminosos procurados depois da guerra civil e lembro-me de que seu nome estava nele, encontrei até um desenho que se assemelhava muito com seu rosto... Um Ronin que trabalhou para aquele podre do Katsuo Nobuhara. - concluía Midori sorrindo maleficamente.
- "Merda! Por essa eu não esperava... Ela me conhecer... Parece que agora estou colhendo os frutos de tanto trabalho ruim feito pelo Katsuo no passado... esses pergaminhos com informações de criminosos de guerra devem estar com todas as províncias do país e com o Shinsengumi, fui um pouco descuidado e esqueci esse detalhe... Preciso pensar em algo tendo em vista esse fato, ou estarei perdido e prejudicarei todo o plano..." - pensava Homura consigo mesmo. - Parece que você já sabe muito sobre mim... - afirmava Homura ficando tenso.
- Nem tudo... Homens como você escondem muitos segredos valiosos, vocês adoram isso não é? Guardar segredos e mais segredos... O que será que o cãozinho de Katsuo Nobuhara esconde? O que será que se passa na mente de um Ronin como você meu caro Homura? - questionava Midori se aproximando de Homura e tocando seu queixo levantando levemente sua cabeça.
- O que você quer comigo? Soube que aqueles que entram aqui não saem mais... Não vai me matar? - perguntava Homura enquanto Midori se afastava um pouco.
- Não... Agora que sei que você é um dos invasores, não tem porque eu mata-lo... Você servirá a outro propósito meu caro samurai sem mestre... - Disse Midori acenando para sua filha Akemi.
Akemi entendeu o sinal e logo foi até o canto do salão perto de uma estátua, Akemi pressionou um botão perto da base e logo depois a boca da estátua soltou um pequeno frasco com um líquido verde. Akemi em seguida entregou o frasco para sua mãe, e se aproximou de Homura que se assustou um pouco com tudo aquilo acontecendo a sua frente.
O mestre de Kaguya não saberia dizer o que seria aquilo e também nem sequer poderia imaginar o que Midori faria com ele, seu destino naquele momento era incerto e Homura começava a ficar preocupado com seu plano. O fato de Midori também conhecer sua fama como Ronin trabalhando para Katsuo, foi uma surpresa que Homura não poderia imaginar o que comprovava o fato dito pelo homem que foi interrogado mais cedo, de que Midori e o shogun de Aomori estivessem trabalhando em conjunto de alguma forma.
- O que você pretende com isso? - Perguntou Homura.
- Este... É um veneno especial produzido por nós da Orochi através de fluidos corporais de serpentes... Com ele poderemos descobrir seus segredos, e saberemos sobre aquilo que buscamos. - Respondia Akemi se abaixando atrás de Homura e segurando seu pescoço com uma das mãos. - Desse jeito você não pode escapar Ronin. - concluía Akemi.
- O... Que vocês querem? - Perguntava Homura tentando se libertar.
- Nós queremos... O poder... E eu acredito que... Como você estava com Katsuo... Você sabe onde eu posso encontrar tal poder... - Afirmou Midori fazendo Homura abrir a boca e tomar aquele veneno.
Homura sentiu um gosto muito amargo em sua boca, como se estivesse tomando uma bebida muito ruim com gosto de folhas ou algo do gênero, porém o homem não podia nem botar para fora graças a Midori e Akemi que o seguravam. Após alguns minutos Akemi o soltou se afastando junto com Midori, Homura tossia fortemente, mas logo parou ficando em silêncio.
- Agora... Você vai contar... Tudo o que eu preciso saber, e com isso... A Orochi dará um grande salto nesta nova guerra. - Afirmava Midori sorrindo maleficamente.
Manhã do dia seguinte.
Os primeiros raios de sol começavam a surgir no horizonte da cidade portuária de Aomori, muitos trabalhadores já começavam a se mover para as oficinas e as fábricas para realizarem o trabalho do dia, guardas estavam atentos a cada esquina vigiando o povo e ainda procurando por Kaguya. Bares, algumas lojas de doces, e casas de chá também começavam a abrir suas portas.
Dentro da oficina de Aigami, o amigo de Homura e Kaguya saiam de sua casa por uma porta que havia na lateral, naquele dia Aigami não precisaria ir até as fábricas, o que era bom, pois seu trabalho ficaria concentrado nas oficinas, o que facilitaria o plano rumo a Hokkaido.
Aigami guiava Kaguya pela cidade indo em direção a outra oficina perto do mar que ficava ao leste, durante a caminhada Kaguya conseguia ver de perto o que o povo da cidade portuária enfrentava. Muitas pessoas eram chantageadas pelos guardas, algumas outras sofriam com violência em excesso e tinham suas casas revistadas, o clima não era dos melhores naquele momento e Kaguya sentia isso. Sua vontade de ajudar aquelas pessoas era grande, porém focar em uma coisa de cada vez era importante.
Em sua mente Kaguya sabia que não poderia resolver aquela situação com a força que tinha e nem sozinha, não sabendo de todo o potencial inimigo e não dominando seu Seihō ainda, intervir naquela situação e ajudar o povo seria praticamente suicídio no momento.
Porém Kaguya também pensava que talvez o Shinsengumi pudesse dar um jeito, e assim torcia para que sua mensagem chegasse logo ao sul em Kyoto, com as forças do governo se unindo Kaguya imaginava que a situação poderia mudar drasticamente, e quem sabe os domínios da misteriosa organização Orochi pudesse enfim cair livrando assim aquela cidade de seus governantes tiranos.
- Não importa o lugar é sempre ruim ver pessoas sendo oprimidas dessa forma. - afirmava Kaguya.
- Eu te entendo, porém a época em que estamos ainda é muito instável, cenas assim se repetem aos montes, e aqui não é exceção. - dizia Aigami.
- Espero que um dia todo esse ódio possa sumir de vez. - disse Kaguya.
- Eu também espero... Diga-me garota... Tem algo que me deixou um tanto curioso... Por que quer dominar seu Seihō e aprender a usar sua Espada Oculta? - questionava Aigami enquanto cruzavam um beco.
- Katsuo matou meu pai... Destruiu minha cidade... E quase matou a mim e minha mãe, tudo por causa daquelas coisas... Eu quero vingança quero derrota-lo para trazer paz ao meu povo que sofreu, mas também não é só isso que me move. - respondia Kaguya ficando séria.
- Como assim? O que quer dizer? - questionava Aigami novamente.
- Eu quero me tornar mais forte... Para proteger as pessoas importantes para mim... Para quem sabe assim ao lado do Shinsengumi eu possa tornar esse país melhor de se viver... E evitar que pessoas se machucam e firam umas as outras... Eu quero proteger a todos como uma grande mulher samurai, e me tornar alguém que possa ser respeitada e admirada, não como uma simples mulher, mas como uma guerreira, esse é o meu sonho! - respondia Kaguya deixando um sorriso no rosto de Aigami.
- Entendo... Então é melhor fazermos isso direito afinal, Hokkaido te espera. - disse Aigami dando uma breve risada.
- Sim! - disse Kaguya com um enorme sorriso no rosto. - Eu também tenho uma pergunta... Sobre sua filha o que houve? - questionava Kaguya.
- Bom sobre isso... Ela desapareceu junto com a mãe, me abandonaram alguns anos depois da guerra, minha filha ainda era uma criança na época tinha seus dois anos eu acho... Depois disso nunca mais soube sobre elas... - respondia Aigami ficando um pouco cabisbaixo.
- Desculpa fazê-lo se lembrar disso... - dizia Kaguya.
- Tudo bem... Só espero que elas estejam bem e felizes onde quer que estejam, enquanto isso tudo o que posso fazer é me manter vivo, e quem sabe um dia encontrar ao menos minha filha novamente. - afirmava Aigami com um tímido sorriso acompanhado de uma breve lágrima que escorria de seu rosto.
- Eu torço por isso senhor Aigami. - dizia Kaguya sorrindo.
- Sim, obrigado, agora vamos em frente estamos perto. - afirmava Aigami.
Após alguns minutos andando pela cidade com extremo cuidado evitando os pontos com mais guardas e atravessando os becos da cidade portuária, Kaguya e Aigami se aproximavam da oficina que ficava perto do mar. Kaguya já podia ouvir e também ver as águas o mar indo de um lado para o outro com suas ondulações se formando nas areias da praia. A oficina de Aigami ficava em uma área perto de uma rocha ao leste da cidade, ficando assim ao lado oposto do castelo das serpentes.
Ambos conversavam sobre alguns assuntos da cidade, Kaguya contou um pouco sobre si mesma enquanto Aigami apenas ouvia, porém durante a conversa Kaguya não prestou atenção e esbarrou em uma mulher a sua frente, Kaguya caiu sentada no chão, enquanto a moça conseguiu se manter em pé por muito pouco.
- Você está bem? Se machucou garota? - dizia a mulher esticando sua mão para ajudar Kaguya a se levantar.
- Ai, ai, está tudo bem desculpa... Vou prestar atenção na próxima... - dizia Kaguya ficando em pé observando a moça.
Cabelos avermelhados e soltos tendo uma franja na testa, um olhar calmo e sereno acompanhado de um belo sorriso e usando um Kimono verde com detalhes em dourados. A mulher do qual Kaguya esbarrou era jovem, e possuía aproximadamente a mesma idade de Kaguya talvez uns dois anos mais velha, pensou Kaguya.
Kaguya não vazia ideia de que diante de seus olhos estava à filha da líder da Orochi, Akemi Suzuki.
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