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4° - O Segredo de Kaguya!

Kaguya segurou fortemente sua espada dando uma última olhada na visão que tinha da cidade, logo a garota se abaixou ficando de joelhos em sua varanda olhando para baixo. Kaguya pôde observar a movimentação dos guardas noturnos passando de um lado para o outro com suas tochas em mãos. Mais a frente, em cima da muralha que cercava o local, outros guardas faziam a vigília do alto, atentos a qualquer movimentação suspeita ou ataques surpresa.

Após observar e memorizar a posição de cada guarda, Kaguya caminhou até a saída de seu quarto. Kaguya não queria ser pega saindo com uma espada no meio da noite, e muito menos fazer algo para que seus pais ou as empregadas do castelo acordassem, se a vissem naquele momento algo muito ruim poderia acontecer e Kaguya gostaria de evitar isso a todo custo. Kaguya caminhou até as escadas com calma, rapidamente a garota já se encontrava no térreo.

Kaguya foi até a ala direita ficando parada entre o Fusuma da sala e a saída. Após olhar para os corredores externos do lado de fora, viu que um dos guardas passava ao longe indo na direção do portão de entrada. Kaguya sorriu e viu ali a oportunidade perfeita, após observar o guarda sumir de vista, Kaguya rapidamente correu pelo corredor externo fazendo o mínimo de barulho possível. Não demorou muito para que chegasse enfim ao jardim, porém a garota parou.

Kaguya viu que outro guarda se aproximava do local pelo outro lado, o que deixou a situação um pouco tensa, pois se o guarda a pegasse, as chances de sair sem ser vista iam por água abaixo. Com um movimento rápido Kaguya saiu do corredor externo e se escondeu no vão entre o chão e o piso do corredor, o lugar era um pouco apertado, porém o suficiente para caber Kaguya. A jovem engoliu seco e viu os pés do soldado passando a sua frente e parando logo em seguida.

Quando achou que o homem fosse seguir seu caminho, Kaguya o viu indo em direção as carpas, o que deixou a garota com uma cara de tedio e impaciência. O homem se abaixou com sua tocha em mãos observando os peixes no lago do jardim, e como se já não bastasse a situação complicada, outro guarda apareceu fazendo companhia para o primeiro e deixando Kaguya irritada.

- Merda! Esses caras não tem trabalho para fazer ao invés de olhar as carpas? – se perguntou Kaguya num tom de voz muito baixo enquanto pensava em uma forma de sair do local.

- Será mais uma noite tranquila não é mesmo Ichigo? – questionou o homem que estava abaixado observando os peixes.

- Sim Ishida, ser guarda do shogun é melhor do que pensei, sem guerra, sem briga, apenas vigiando lugar e tendo um tempo para admirar essas belezas. – afirmava o homem em pé com o nome de Ichigo.

- E ele ainda paga bem, não se esqueça. Hahaha! – disse Ishida rindo com seu colega.

- Poderíamos sair até os subúrbios da cidade quando estivermos sem trabalho o que acha? Soube que abriu um novo lugar especial com novas mulheres e ainda estão fazendo promoção. – dizia Ichigo com um sorriso.

- Sério? Pode apostar que vamos! Ver aquelas beldades e ainda pagar barato! É a melhor vida! – dizia Ishida com um longo sorriso.

- Nojentos! – disse Kaguya com raiva em seu rosto e num tom de voz um pouco mais alto, o que fez a garota colocar as mãos na boca em seguida ficando com um olhar assustado.

- Ei... Ouviu alguma coisa? – questionou Ishida olhando para trás e vendo apenas escuridão e outras tochas iluminando o local.

- Merda! Merda! Merda! Falei alto demais! – pensava Kaguya se batendo em sua mente.

- Bom eu não ouvi nada... Não foi impressão sua? – questionou Ichigo com duvidas observando seu amigo.

- Não sei, de qualquer forma irei investigar. – dizia Ishida se levantando e caminhando em direção ao corredor onde Kaguya estava.

Com passos calmos o samurai se aproximou atento a qualquer movimentação estranha, Kaguya fez uma expressão de medo em seu rosto, seu coração palpitava a cada passo dado pelo homem que se aproximava lentamente do corredor.

- Pensa Kaguya! Se ele chegar mais perto e olhar aqui em baixo já era! Pensa! Pensa! Deve ter alguma coisa que você possa fazer. – pensava Kaguya mordendo os lábios de nervosismo.

Ao olhar para frente, Kaguya viu uma pedra próxima a seu rosto e logo teve uma ideia, porém a ideia era com certeza algo que dependeria muito daqueles dois se aproximando. Kaguya lentamente pegou com calma à pedra a sua frente e com um movimento rápido a lançou para seu lado direito. A pedra jogada pela garota acabou caindo em meio a alguns arbustos e fazendo um pequeno barulho, o que deixou os dois guardas em alerta.

- Quem está ai? – disse Ishida sacando sua espada e apontando a tocha para o local onde ouviu,

Ichigo também sacou sua espada e com calma acompanhou seu amigo, ao se aproximarem, Ishida começou a mexer nos arbustos com sua espada, de repente algo se mexeu, o que fez o samurai balançar sua espada por instinto. A lâmina cortou alguns galhos do arbusto e quase acertou um pequeno esquilo que saia dali, Kaguya deu um leve suspiro e se desculpou mentalmente com a pequena criatura que corria com medo.

- Só um esquilo. – dizia Ishida guardando sua espada.

- Bom, vamos continuar Ishida, chega de ficar vendo carpas. – dizia Ichigo se aproximando com sua espada guardada.

Os dois samurais logo caminharam indo na direção contraria a Kaguya, após ver os dois tomando distância, a garota se arrastou pelo chão saindo do local logo à frente, e sem mais delongas correu em direção à pequena ponte que ficava no jardim.

Kaguya atravessou a estrutura com velocidade chegando do outro lado. Logo depois se aproximou da cerejeira, a garota se abaixou perto da árvore ficando atrás dela afastando alguns arbustos que estavam por ali.

Logo Kaguya pôde ver o que seria uma passagem secreta, com cuidado puxou a porta da entrada e viu longas escadas levando para o subterrâneo, a garota pegou um pedaço de madeira e desceu alguns degraus. Após fechar a entrada, Kaguya usou a lâmina de sua espada em atrito com o solo para criar faíscas e ascender uma tocha usando a madeira que pegou na entrada.

Kaguya guardou sua espada e começou a andar pelo longo corredor escuro. A jovem sabia pelas histórias de seu pai que o lugar havia sido construído para que uma fuga da família real do shogun fosse feita em casos de emergência, o extenso corredor que possuía vários caminhos diferentes daria acesso à cidade de Saitama. Outros caminhos levavam até a floresta ao fundo do castelo e também a outras áreas nas proximidades, o local era quase um labirinto, e quem não conhecesse seus inúmeros caminhos com exatidão, poderia ficar preso.

Porém Kaguya sabia qual caminho seguir sem se perder, a garota percorreu o extenso corredor a passos rápidos. Aparentemente Kaguya se movimentava com precisão, afinal tal percurso lhe era familiar, pois toda noite Kaguya o fazia escondido.

Após alguns minutos andando, Kaguya se viu em frente a uma escadaria, com cuidado e calma subiu os degraus e prestou atenção à movimentação do lado de fora. Lentamente a jovem abriu a porta sentindo o vento gelado em seu rosto, Kaguya largou a tocha em suas mãos e saiu em meio a um beco perto dos subúrbios da cidade.

Kaguya fechou o local em seguida e caminhou atenta a movimentação nas ruas. A cidade de Saitama era pouco movimentada a noite, apenas os homens solteiros, bêbados, ricos, alguns mendigos e até mesmo aqueles maridos infiéis caminhavam pelas ruas visitando os bares, cabarés e outros lugares onde poderiam se divertir a noite com mulheres, bebida e dinheiro.

Às vezes muitos negociantes de mercadorias ilegais aproveitavam a noite e a madrugada para vender seus produtos, mesmo com a vigia dos guardas, todos davam seu jeito de conseguirem contrabandear seus produtos.

Kaguya se virou caminhando pelo beco, pulando um cercado e caindo do outro lado em meio à beirada de um pequeno córrego que passava por entre algumas casas. Kaguya rapidamente correu se equilibrando com precisão pela beirada, estava atenta a qualquer um que a viesse, porém as casas pelas quais passava estavam com suas luzes apagadas indicando que seus donos haviam ido dormir.

Kaguya saiu do córrego ficando próxima aos campos de agricultura, o local não era tão vigiado durante a noite, ainda sim Kaguya tomava extremo cuidado. Perto da entrada da floresta, Kaguya avistou um armazém abandonado. Kaguya correu atravessando os campos de arroz com velocidade e chegando até a entrada, com sua mão direita deu três toques na porta e aguardou.

- Hoje... É a vitória sobre si mesma de ontem... – disse uma voz masculina do outro lado.

- E amanha... É a vitória sobre homens inferiores. – completava Kaguya.

- Entre... – disse a voz novamente.

Kaguya abriu a porta e logo depois a fechou, o armazém era amplo sendo iluminado por algumas lanternas, porém como estava abandonado há muito tempo, suas paredes tinham galhos de árvores e o teto estava com buracos faltando algumas partes. Kaguya caminhou atentamente até o centro se ajoelhando em seguida.

- Vejo que ficou boa nos provérbios garota. – disse a voz de um homem enquanto se aproximava de Kaguya.

O homem aparentava ter seus 50 anos, vestia um Kimono preto com detalhes em branco, usava sandálias de madeira e tinha uma espada embainhada em sua cintura.

- Provérbios... Era algo que eu mais lia na academia, o senhor sabe disso... Homura-Sensei! – disse Kaguya observando o homem a sua frente com um sorriso de canto.

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