25° - O Vislumbre do Dragão Vermelho!
O grupo de Hijikata percorria a estrada no meio da floresta com extremo cuidado, o comandante da equipe seguia conduzindo a carroça, tendo Maeda à frente do lado esquerdo e Yamaguchi a frente do lado direito, andando ao lado da carroça, atrás do lado direito, vinha Kaguya e do outro lado, Takato, Inosuke estava vindo um pouco mais atrás da formação seguindo a carroça pelo meio. Com tal formação, Hijikata garantia não só a vigia dos homens presos como também a segurança da equipe e sua carga, evitando assim que os guerreiros fugissem. O caminho era um pouco longo até o vilarejo, estava no meio da madrugada e poucos animais nativos da região circulavam no local em volta, ninguém ainda havia parado para descansar, percebendo isso, Hijikata indicou para que parassem e montassem um pequeno acampamento na beirada da estrada, indo um pouco mais para a esquerda da floresta.
Todos obedeceram, e após deixarem os prisioneiros bem amarrados para não escaparem todos começaram o seu período de descanso, porém enquanto quatro deles descansavam, dois ficariam de vigia, começando os turnos por Kaguya e Yamaguchi. Os dois estavam de lados opostos vigiando com atenção a floresta para que nada desse errado, Hijikata havia afirmado que o grupo percorreria o resto do caminho quando os primeiros raios de sol surgissem no horizonte.
Em sua mente, Kaguya se lembrava de cada golpe trocado contra Kazuhito, se lembrava que poderia ter feito mais durante a batalha, porém um pouco de medo percorria o seu corpo naquele momento, Kaguya olhou suas mãos e em seguida, voltou a se concentrar em seu trabalho de vigia. Além da batalha, Kaguya estava confusa e curiosa para saber, o que era o poder misterioso de Hijikata a temida Espada Oculta. Por mais que Yamaguchi e o próprio Hijikata tivessem dado uma breve explicação, Kaguya se sentia confusa, pois nunca tinha ouvido falar sobre tal técnica de combate antes.
Mesmo nos livros que possuía em sua casa sobre histórias reais de samurais que marcaram a terra do sol nascente, Kaguya nunca havia ouvido falar sobre tais "poderes", uma técnica misteriosa que pode mudar o rumo de uma batalha ou até mesmo de uma futura nova guerra. Após pensar por mais alguns minutos e teorizar da onde surgiu tal história, Kaguya voltou a se concentrar em seu trabalho novamente.
Após quase uma hora e meia de vigia, os turnos foram trocados, desta vez, Maeda e Takato assumiram o posto de vigia, enquanto Yamaguchi e Kaguya foram descansar, Kaguya se sentou encostada em uma árvore próxima, se encolheu e logo fechou os olhos tirando um breve cochilo. Yamaguchi se sentou próximo à carroça, porém o soldado não conseguia dormir, assim como seu capitão, os dois olhavam com atenção para a carroça.
Após algum tempo, o sol começava a surgir no horizonte, e o esquadrão de Hijikata começava a seguir caminho novamente rumo ao vilarejo. Após quase meia hora de estrada, tomando os devidos cuidados, o grupo finalmente adentrou a região do vilarejo, seguindo em direção à praça, as pessoas em volta, olhavam maravilhadas o esquadrão do Shinsengumi retornando de sua missão com os bandidos e a carga roubada, muitos comemoram e se juntaram para acompanhar o esquadrão. O grupo parou perto do poço no centro da praça.
De longe, Hijikata viu Yashiro se aproximando com um olhar sério em seu rosto, Hijikata o observou bem, e logo desceu da carruagem e caminhou de encontro ao velho que ao ver Hijikata, soltou um enorme sorriso.
- Hijikata! Fico feliz por ter conseguido! - afirmou Yashiro com os braços esticados.
- Ah, claro, valeu... Velho! - dizia Hijikata apontando a espada para Yashiro que se assustou assim como a população em volta.
- O-o que significa isso? Está doido Hijikata? - questionava Yashiro muito assustado e suando frio.
- Diga-me você... Nós já sabemos de tudo. - respondia Hijikata.
- Sa-sabem do que? Do que estão falando? - questionou Yashiro novamente.
- Não adianta mentir... Nós já descobrimos que você desviava dinheiro e a carga roubada, ficando com o lucro inteiro para você, contratar a gente para prender esses caras e se safar foi uma bela jogada eu admito, porém sua brincadeira corrupta acaba aqui. - respondeu Hijikata aproximando ainda mais a espada do rosto de Yashiro.
A população em volta olhava assustada, muitos se perguntavam se era verdade, outros que desconfiavam sorriam de alegria por finalmente alguém ter feito algo e mais importante, ter achado provas do ocorrido. Yashiro caiu sentado no chão observando a expressão séria no rosto de Hijikata, em seguida, ao passar seus olhos para todos ali presentes, Yashiro viu a população o encarando com muita raiva.
- Já sei... Foi à garota não é? - questionou Yashiro rindo. - Foi ela que inventou essas histórias para me incriminar! Tenho certeza, essa carinha bonita não me engana! - concluía o homem.
- É sério isso? - se perguntava Kaguya rindo.
- Yamaguchi! - disse Hijikata.
- Sim! - disse o soldado pegando um dos bandidos da carroça o levando para o centro o parando ao lado de Hijikata, Yamaguchi tirou a mordaça do homem que olhava bem para Yashiro.
- Diga... A verdade... Você só tem uma chance. - afirmou Hijikata.
- S-sim... Era ele... Ele nos contratou e assim dividíamos os lucros da carga roubada, a população perdia enquanto ele ganhava tudo para si. - respondia o bandido tremendo de medo.
- Seu traidor! - gritou Yashiro.
- Você nos traiu primeiro! Ninguém mandou chamar o Shinsengumi velho inútil! - reclamava o bandido com muita raiva em seu rosto.
- Então é isso... Levante-se... - disse Hijikata.
Porém o homem tentou correr para fugir, mas os moradores que já desconfiavam do velho o seguraram e começaram a bater no homem com muita raiva, uma pequena confusão foi gerada, enquanto os moradores gritavam sobre serem roubados e que queriam justiça, porém Hijikata logo os parou, impedindo que matassem Yashiro que estava sangrando no chão sem reação.
Hijikata guardou a espada e pegou o corpo de Yashiro o colocando na carroça, em seguida, Hijikata indicou para seus homens pegarem seus cavalos e se apontaram para sair, os moradores recuperaram a carga perdida a retirando da carroça, e dando espaço para Hijikata levar os bandidos. Hijikata indicou para que o povo agora tomasse conta do vilarejo e escolhessem um novo líder. O povo logo obedeceu e agradeceu ao esquadrão do Shinsengumi, algumas senhoras donas de algumas tendas de frutas no vilarejo, entregaram algumas furtas para o esquadrão levar na viajem de volta.
Hijikata aceitou e voltou a conduzir a carroça com seus homens e Kaguya, o povo comemorava mais uma vitória do Shinsengumi, todos gritavam ou aplaudiam de alegria, Hijikata observava cada um dos moradores, porém ao longe, o comandante viu, algumas pessoas fugindo, logo Hijikata pensou que seriam os bandidos que viviam entre os moradores, que ao saberem de seu líder morto, logo correram para evitarem serem pegos, deixando para trás seus companheiros caídos, e se permitindo viver livres fora das grades uma vez mais.
Em meio à marcha para saírem da cidade, Kaguya viu uma pequena garotinha se aproximando de seu corpo, e assim com um sorriso, a garota entregou uma pequena flor para Kaguya que se surpreendeu, ao dar um longo sorriso e acariciar a cabeça da garota, Kaguya agradeceu e logo depois, a criança voltou para os braços de sua mãe, Kaguya deu um tchauzinho e logo seguiu o esquadrão, outras crianças faziam o mesmo entregando pequenos acessórios para o esquadrão de Hijikata como lembrança por terem ajudado.
Após mais alguns minutos o grupo finalmente conseguiu sair da cidade, porém desta vez, o grupo seguiu em uma velocidade considerável. O esquadrão de Hijikata percorria com velocidade a estrada no meio da floresta seguindo para uma região próxima a Kyoto, tal região era um lugar cercado por montanhas e campos abertos, ficando perto de um vilarejo, havia uma prisão temporária criada pelo Shinsengumi. Tal prisão era vigiada constantemente, um poderoso forte protegido dentro de uma montanha, o lugar era quase que uma prisão subterrânea, onde alguns dos mais variados bandidos se faziam presentes, era lá, o novo local de moradia do bando capturado juntamente com Yashiro.
O grupo já estava bastante afastado do vilarejo, os cavalos corriam a todo vapor, passando pela estrada que cortava a floresta, algumas poucas árvores cercavam o grupo do lado esquerdo, entre elas, o esquadrão de Hijikata podia ver mais ao longe, um campo aberto com um belo e longo tapete verde, a grama um pouco alta se mexia conforme o vento percorria o local, Kaguya logo imaginou que ali seria um bom lugar para de passar o tempo, o vento batendo enquanto aproveitava o gramado para descansar, era algo que a garota imaginava em seu tempo livre, mas tais pensamentos logo foram substituídos por outras coisas.
Kaguya notou algo estranho no gramado mais ao longe surgindo aos poucos, algo que lhe chamou a atenção, pois aquela visão não era normal para aquele ambiente, à garota disse para todos esperarem, Hijikata parou sua carroça e os outros homens logo em seguida, olhando atentamente para a garota.
- O que foi agora Kaguya? Estamos com pressa, você sabe não é? - questionou Yamaguchi com um pouco de raiva.
- Sim eu sei, mas... - disse Kaguya.
- O que foi garota? - questionou Hijikata se virando para olhar Kaguya.
- O que é aquilo? - questionou Kaguya olhando para sua esquerda.
- Aquilo? Ei, capitão aquele é... - dizia Yamaguchi assustado.
- Só pode ser brincadeira... Não acredito que o achamos justo aqui. - afirmou Maeda dando um sorriso forçado.
- Então é aqui que ele está... - dizia Hijikata com raiva no rosto.
Ao longe, o grupo viu um enorme exercito marchando na direção contrária do grupo, soldados e mais soldados surgiam no horizonte com estandartes pretos carregando um símbolo de um Dragão Vermelho com detalhes em branco. Hijikata logo reconheceu o símbolo, pois como capitão do Shinsengumi era seu dever conhecer o símbolo de cada região do país, o estandarte, representava o exercito de Katsuo. Hijikata disse para entrarem em alerta máximo e seguirem o caminho o mais rápido possível para não serem notados, Kaguya se assustou logo em seguida, a garota via na cara de Hijikata e sentia toda a tensão e o perigo que o misterioso Katsuo representava.
- O que? Quem é ele? - questionou Kaguya um pouco assustada.
- Depois eu explico, vamos seguir em frente, ignorem Katsuo, estamos em menor número. Vamos! - disse Hijikata voltando a conduzir a carroça.
- SIM! - disseram os homens.
- S-sim. - disse Kaguya engolindo seco enquanto observava o exercito ao longe.
Kaguya não possuía conhecimento sobre tal samurai, e nem conhecia tal nome, porém Hijikata estava preocupado. O capitão sabia que se Katsuo os descobrissem, muito provavelmente, não sairiam vivos. Como estavam em menor número, entrar em batalha seria um erro tático enorme, e Hijikata sabia disso. Hijikata indicou para o grupo continuar o caminho. Mesmo cheio de duvidas, durante todo o caminho, Kaguya viu no rosto de seus companheiros certa pontada de medo misturada com raiva, todos estavam sérios e a garota não ficou diferente, afinal se Hijikata e os outros estavam tensos e sérios, significava que tal homem era perigoso o suficiente para deixar todos desta maneira.
Kaguya engoliu seco, um pouco de suor escorria por seu rosto, enquanto corria com seu cavalo, Kaguya observava o outro lado, cada cavalo e samurai com espada se estendia pelo gramado como um tapete vermelho cobrindo toda a área verde. Kaguya estava impressionada e assustada ao mesmo tempo, nem mesmo o exercito de Saitama possuía um número tão grande de homens a sua disposição segundo sua memória. O clima que antes era tranquilo, logo mudou enquanto o esquadrão de Hijikata seguia seu caminho a toda velocidade torcendo para que nada de ruim acontecesse, já que não podiam fazer muita coisa, devido às circunstâncias do momento.
Do outro lado, Katsuo e seus dois generais marchavam na frente do grupo, mesmo de longe, o temido shogun notou a movimentação na estrada no meio da floresta, ao olhar, Katsuo pôde observar que o grupo era pequeno, poderia ter cerca de 8 ou 10 pessoas nos cavalos e carroça, o shogun não teria como saber com exatidão, pois mesmo percebendo a movimentação, era difícil saber quantos seriam, porém o shogun deu um sinal de alerta para seus homens ficarem atentos a qualquer movimentação estranha que não fossem o seu exercito.
- Senhor? Devemos captura-los? - questionou Takanori olhando para a floresta.
- Não... Eles não valem a pena, só estaríamos perdendo tempo, pelo tamanho do grupo deve ser uma equipe pequena do Shinsengumi em missão. Vamos continuar. - respondia Katsuo olhando para frente.
- Se for eles, logo saberão onde estamos. - afirmou Koga.
- Deixe que saibam, nem mesmo eles poderão nos impedir. Até que formem um esquadrão para nos perseguir, nós já teremos conquistado nosso objetivo. E pelo jeito eles também notaram nossa presença, eu parabenizo muito a coragem do líder deles, seja ele quem for, pois tomou uma decisão sabia em não tentar avançar contra nós. - dizia Katsuo sorrindo.
- Como queira senhor! Estamos perto de um vilarejo, passaremos ao lado dele, e assim seguiremos a toda velocidade rumo ao nosso objetivo. - afirmou Koga traçando o percurso do grupo.
- Sim, vamos em frente. - disse Katsuo com um enorme sorriso.
Aos poucos, o grupo de Hijikata partia rumo à prisão próxima a Kyoto enquanto Katsuo enfim, se aproximava cada vez mais de seu objetivo.
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