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Eles seguiram pela avenida Teodorico Cavalcante de Sousa, em silêncio, Maurício ia desviando de carros deixados na rua, por pelo menos duas vezes ele teve que atravessar o canteiro central e seguir pela contramão. Para ele agora tudo o que importava era chegar no Bairro do Lessa onde ficava sua casa e ver como estava seu filho, ele era a única coisa que importava. A única coisa que ainda o mantinha em pé e não o fizera desistir quando a coisa realmente apertou, a razão para querer ver a luz do sol mais uma vez. Um homem tinha que ter uma razão para querer continuar lutando, e devia se apegar a isso com unhas e dentes.

Maurício contornou a sabesp, desceu a pequena ladeira e seguiu pela rua Martim Cabral, que ia dar no centro de Pindamonhangaba, dirigiu por pelo menos 500 metros e freou o carro bruscamente. A passagem à frente estava bloqueada por uma pilha de carros que estavam queimando. A impressão que dava era que um míssil tinha caído ali, como se eles estivessem no meio de alguma guerra.

Aquelas coisas terríveis semelhantes a macacos demoníacos estavam atacando um grupo de pessoas. Eles podiam ouvi-las gritar, e era um som terrível.

Shirley abriu a boca para gritar, mas Maurício a tapou rapidamente. Aquelas coisas ainda não os tinham visto, e era melhor que não vissem, eles podiam sair dali na surdina, teriam que seguir à pé, mas não tinham escolha. Maurício ponderou as possibilidades: à esquerda ficava o muro da Sabesp, mas era alto demais, para ser escalado, à direita um pequeno bosque levava até a estrada de ferro Campos do Jordão, uma descida ingrime de uns dois metros. A outra possibilidade ele não queria ponderar: voltar para trás. Além disso, aquelas coisas eram rápidas, e eles não teriam tempo de manobrar o carro antes que elas os vissem.

Ele desligou rapidamente o motor do carro, e apagou os faróis para não chamar a atenção.

- Não grite Shirley. – Sussurrou ele. – Aquelas coisas ainda não viram a gente. É melhor que fique assim. Pelo menos por enquanto.

- O que vamos fazer?! – Perguntou Shirley com voz trêmula.

Mauricio não via muitas possibilidades, o único plano que tinha era chegar até a casa onde o filho estaria esperando (ele pedia a Deus que ele estivesse bem).

- Vamos ter que seguir à pé.- Respondeu em tom de urgência. -  Não tem outro jeito.

- À pé?! Com aquelas coisas lá fora?! Não! Temos que voltar!

Maurício a fitou.

- Se você quiser voltar pode levar o meu carro. Tudo bem. Mas eu vou continuar. Preciso ver como meu filho está.

Maurício abriu a porta do jipe. Nesse momento eles ouviram o som de disparos de arma de fogo. Viram um homem negro no meio da rua, com uma arma na mão e uma lanterna na outra. O homem estava gritando, aparentemente transtornado.

Os tiros não causaram nenhum dano naquelas coisas, mas então o homem dirigiu o foco de luz da lanterna para um deles e eles viram a coisa recuar, grunhido furiosamente como um porco levando uma facada. O homem disparou novamente, até a lanterna começar a falhar.

- Filho da puta! – Gritou o homem, tentando fazer a lanterna funcionar.

Então ele foi atacado. Shirley se encolheu tentando não gritar. O homem lá fora começou a gritar e Maurício arregalou os olhos, vendo o que estava acontecendo. Era como se aquelas coisas que pareciam feitas de fumaça negra estivessem se fundindo ao homem. Em poucos segundos ele adquiriu uma cor acinzentada, como se fosse feito de cinzas, e então começou a evaporar, juntando-se à fumaça.

- O que vamos fazer Maurício?! Meu Deus! – Shirley estava chorando, em desespero.

- Escute... a primeira coisa... eu preciso que você se acalme. Tenho duas lanternas aqui. Aquelas coisas não gostam de luz, então... acho que vamos ficar bem se conseguirmos manter alguma luz acesa.

- Não sei se consigo fazer isso! Não sei!

- Eu acho que pode. Pode sim.

Maurício abriu o porta luvas e pegou a lanterna que estava ali. Testou as pilhas e viu que estavam boas, entregou a ela.

- Onde está a outra?!

- Na caixa de ferramentas embaixo do seu banco.

Maurício. Saiu do carro com cuidado, o contornou e abriu a porta para Shirley.

Ela desceu, ele ergueu o banco do passageiro. Embaixo havia um compartimento de ferramentas. Ele o examinou fazendo o máximo de silêncio possível e achou a lanterna. Era velha, e as pilhas não estavam tão boas assim, mas ele encontrou mais duas pilhas e as colocou no bolso. Viu um pé de cabra dentro da caixa e o pegou.

Na parte onde ficava o muro parecia haver uma abertura onde uma pessoa poderia se esgueirar.

- Nós vamos subir por ali, ok?

Shirley balançou a cabeça, enxugou as lágrimas e suspirou. Sabia que precisava se controlar, a vida dos dois dependia daquilo, se perdesse o controle ali iria morrer.

- Ok.

Maurício foi na frente. Ele avançou até a calçada, depois voltou ao carro, ligou a chave e acendeu os faróis.

Eles ouviram as coisas grunhirem diante da luz, era como se a luz as queimasse.

Maurício fez sinal de silêncio e os dois avançaram pelo muro. Tiveram que se espremer entre o muro e um carro batido para passarem.

Assim que venceram a barreira, foram vistos pelas coisas que rastejavam na escuridão.

À esquerda havia apenas a escuridão, era como se aquela parte da cidade tivesse sido engolida. Existia apenas a rua Martim de Sá com seus postes ainda iluminados, resistindo bravamente à escuridão, e foi por ali que passaram a correr. Enquanto corriam, usavam as lanternas, a cada criatura que atingiam com o foco de luz, ela recuava e parecia grunhir em fúria.

Na metade do caminho a lanterna de Maurício se apagou e ele usou as pilhas que tinha colocado no bolso. As pilhas estavam novas e a luz da lanterna era agora mais forte.

Na altura do galpão da estrada de ferro viram mais daquelas coisas que pareciam se rastejar pelas paredes. Maurício percebeu algo terrível: havia gritos que pareciam viajar naquela escuridão, e com horror ele percebeu que eram gritos humanos.

“Meu Deus, são as pessoas! As pessoas que estão sendo consumidas por essas coisas! “

Elas ainda estavam vivas, estavam presas no meio daquelas trevas tenebrosas, talvez sendo torturadas. Doía, a escuridão doía.

Eles avançaram pelo cenário apocalíptico em que a cidade tinha se transformado. Durante o trajeto viram pessoas correndo por toda parte, algumas, como eles portavam lanternas. Maurício viu um homem de bicicleta, e a bicicleta dele tinha luzes por toda a parte, parecia uma árvore de natal ambulante. Viu uma mulher maltrapilha abrindo os braços e caminhando em direção à escuridão, viu quando ela se tornou cinza, como se tivesse sido deletada, ou apagada, e depois a viu virar fumaça.

Agora estavam no centro de Pindamonhangaba, e o caos estava espalhado por toda a parte. Havia carros batidos espalhados por toda a extensão da Rua Barão homem de Mello, alguns estavam pegando fogo.

Assim que chegaram ao viaduto João Kozlowiski, o corpo de uma mulher caiu na frente dele, despencando lá de cima. A cabeça da mulher explodiu como uma abóbora podre, salpicando o rosto de Shirley com sangue, que abriu a boca e começou a gritar.

Aquelas sombras negras começaram a deslizar pelo viaduto na direção deles. Maurício agarrou Shirley e avançou, correndo agora pelo meio do asfalto. Atingiram o terminal de ônibus, e havia um homem usando um megafone e gritando alguma espécie de pregação apocalíptica.

Shirley não sabia qual era o nome do homem, mas já o tinha visto antes. Era um daqueles pregadores fanáticos que ela sempre julgara malucos. O homem vivia por aí com uma bíblia nas mãos pregando os mais variados tipos de absurdos religiosos.

De repente o homem, que era um senhor negro, careca, de uns sessenta anos, se colocou na frente deles e agarrou com força o braço de Maurício.

- É inevitável Maurício. As trevas dominaram o mundo porque eles deixaram a Deus. Só Jesus é a luz. Siga Jesus, do contrário as trevas vão caçá-lo, e vão consumir você. Você e seu filho! Vão consumir sua alma. Sinto o cheiro das trevas! O cheiro cinza das trevas!

Maurício, pego de surpresa, ficou olhando para o homem, os olhos arregalados, achando que o homem, que ele nunca tinha visto na vida, o tinha chamado pelo nome. E como ele sabia que ele tinha um filho?

Os dois ficaram se olhando por alguns instantes, os olhos do pregador tão negros quanto as trevas.

Depois o homem o soltou e continuou caminhando, e ele caminhava no meio daquelas trevas, e nada acontecia com ele. Logo as trevas o engoliram, mas sua voz ainda podia ser ouvida por causa do megafone:

- Venham para a luz! Se arrependam e venham para luz! A luz brilha nas trevas e as trevas não a derrotam!

Shirley e Maurício se entreolharam, e foi quando as luzes ao redor começaram a se apagar. As luzes das lanternas também estavam se apagando.

Shirley se encolheu e se aproximou de Maurício. Ele olhou ao redor e divisou formas na escuridão, pareciam formas humanas mas ele não tinha certeza, as silhuetas começaram a caminhar na direção deles.

Ele olhou para o lado da estação ferroviária da central do Brasil, que ficava à direita. Mas o caminho até ela parecia estar sendo pouco a pouco coberto pela escuridão. Ele avançou para a esquerda, puxando Shirley e viu uma porta de lata. Um enorme letreiro luminoso anunciava: GALERIA BARÃO. Parecia um shopping.

Primeiro ele pensou em quebrar o vidro de uma loja na fachada do prédio, mas desistiu da ideia, Poderiam passar pelo buraco, mas a escuridão também.

Maurício segurou firme o pé de cabra e começou a forçar o trinco da porta de lata.

Podiam ouvir a escuridão. Era um chamado morto, terrivelmente audível. Maurício achou que conseguia ouvir a voz de sua mãe, como ela o chamava quando ele era criança, aprontava alguma coisa e se escondia pela casa. Geralmente ele se escondia dentro do armário no velho quarto de visitas que nunca era usado, ele ficava quieto lá e ouvia os passos da mãe ecoando no corredor, e chamando por ele: Maurício. Venha já aqui, preciso bater em você. O que fez é errado e você precisa ser punido.

Aquele mesmo chamado estava na escuridão, mas era um chamado morto, sinistro.

- Veeeenhaaaa Maurícioooo. Prreeeciiiisoooo baaater eeeem vooocê!

Maurício não olhou para trás. Ele podia sentir a escuridão. Era como se ela estendesse braços flácidos e mortos para tocá-lo, e se o tocasse a morte seria gelada e tenebrosa.

A porta finalmente cedeu, Maurício passou por ela arrastando Shirley, que parecia em estado de torpor.
Ele fechou a porta atrás de si, mas antes conseguiu olhar a escuridão e de fato sua mãe estava lá, estendendo os braços para ele, querendo que ele caminhasse em sua direção.

- Veeeenhaaaaa Maurício. Morra conosco! Venha para as trevas.

Maurício fechou a porta.

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