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Pensamentos de arrependimento. Pensamentos assim podiam matar o homem e a mulher, mas eles eram totalmente inevitáveis, e com eles sempre vinha a certeza mais tenebrosa de todas: a de que era impossível voltar no tempo e dizer para aquele seu eu cheio de si, que a escolha que ele estava fazendo era totalmente equivocada. O que estava feito estava feito, e chorar pelo que estava feito, era a coisa mais inútil que existia.

Soraia tinha todos os arrependimentos do mundo, se arrependia a cada segundo de suas escolhas e ao mesmo tempo se sentia um lixo, sabendo que seu arrependimento, suas lágrimas de crocodilo, como o pai dizia, não serviriam para nada, eram inúteis como ela própria.

Ela nunca tinha levado a sério, nenhum momento do relacionamento com Maurício, desde os tempos de faculdade. Então, uma pergunta se formava em seu subconsciente: então por que deixou a coisa evoluir até o casamento? Por que dissera sim?

Talvez a resposta fosse muito simples: ela gostava de Maurício e tinha medo de magoá-lo.

Maurício estava tão envolvido naquilo, ele a amava tanto que ela chegava a pensar que poderia matá-lo se contasse a verdade. Então ela deixou a coisa seguir seu curso e o resultado foi André, talvez a única coisa boa em tudo aquilo. A única coisa que importava para ela.

Soraia não queria que acabasse como acabou, mas achava que parte (grande parte da culpa), era dele mesmo. A mãe dele tentara alertá-lo. Não houve nenhum momento em que ela e a mãe dele se deram bem. Parecia coisa do destino, mães automaticamente sabiam desse tipo de coisa, elas conseguiam sentir o cheiro de longe. Mas Mauricio estava decidido, cego pela paixão. Então eles se casaram e tudo aconteceu. Quando ele descobriu a traição foi como se uma espada traspassasse seu coração, e as coisas que ela disse para ele. Mauricio morreu por dentro.

E no início ela pensou que estivesse fazendo a melhor coisa do mundo, trocando um desvairado, que via a vida como uma bola mágica de algodão doce, por um empresário de sucesso do ramo de transportes, um cara que tinha os pés no chão, e melhor, tinha dinheiro.

Mauricio também tinha dinheiro, mas ela achava que uma carreira de escritor era insustentável, não era segura. Além disso, ela estava gamada em Lucas, um cara três vezes mais bonito que Mauricio, o tipo de cara que ela gostava, que a satisfazia na cama, coisa que Mauricio jamais conseguiu, e quando ele descobriu a traição ela falou tudo aquilo, despejou a merda toda na frente do ventilador, e fez aquilo dando risada, e isso era uma coisa que não se fazia, uma traição era imperdoável, mas destruir uma pessoa te tornava réu do inferno.

Não demorou muito para o arrependimento chegar, ele chegou em uma noite chuvosa de sexta-feira, há três meses, quando Lucas chegou em casa bêbado, com marcas de batom na camisa. E quando ela questionou, quando ela resolveu ficar brava e, segundo ele “sair da linha”, levou um soco certeiro no olho direito. O soco a nocauteou na mesma hora, e depois veio o chute bem no estômago.

Em cinco anos de casamento, Mauricio nunca tinha levantado, nem mesmo a voz pra ela, e foi naquele momento, quando ela estava caída no chão tentando respirar, com sangue saindo do chão, que o arrependimento veio, que a vontade de voltar ao passado e mudar as coisas bateu forte.
Lucas parecia um príncipe encantado, mas naquele momento ela descobriu que ele era um sapo, e que ela tinha trocado o paraíso pelo inferno.

Lucas  a obrigou a ir na justiça pela casa, e quando ela perdeu a causa, eles tiveram uma conversa, e na conversa ela ficou um uma luxação no pulso.

Lucas  dizia que eram maneiras de se pensar no assunto. Algumas pessoas precisavam pensar, raciocinar um pouco sobre seus erros.
Um castigo podia ajudar a pessoa a refletir. Era assim com seu pai, quando ele era criança, e o velho o mandava cortar a grama, ou lavar a louça, ou limpar o carpete do carro, e se ele errasse, se as coisas não saíssem como deveriam, ele recebia um castigo. Às vezes era um soco no estômago, um tapa bem dado na cara, às vezes ele tinha as mão queimadas com ferro, e depois do castigo ele tinha que agradecer, porque o pai estava lhe dando oportunidades para pensar e tentar ser alguém melhor.

E agora ele precisava passar aquilo adiante, agora Soraia era sua mulher, e era obrigação dele cuidar para que ela fosse alguém melhor na vida, e parasse de fazer tanta merda, porque uma pessoa que vivia fazendo merda, era uma pessoa inútil. Lucas não deixaria sua mulher e o filho dela serem dois inúteis de merda, ó não.

Arrependimento. Um sentimento inútil, porque se arrepender era inútil, se arrepender não mudava nada, não trazia de volta a vida que ela tinha, se arrepender só servia para mostrar o tipo de pessoa que ela era, a pior que existia no mundo, porque uma pessoa que tinha coragem de fazer o que ela fez, de falar as coisas que ela dissera a Maurício, tinha que ser a pior pessoa que existia na droga do mundo.

Na noite do dia 12 de junho de 2001, alguns minutos depois de  Shirley, ter aberto sem querer a esfera, que libertaria as trevas, algo que até então ela pensava ser uma simples lenda, Soraia se levantou da cama, com lágrimas nos olhos, seu olho esquerdo estava roxo, ela tinha escoriações nas pernas e no pescoço, porque um dia antes reclamara da fumaça do cigarro que Lucas estava fumando na sala. Ela caminhou até o banheiro, cheia de todos os arrependimentos que havia no mundo e pensando em como sair, porque tinha certeza que não podia mais continuar a aceitar aquela situação. Era ruim para ela, e principalmente para André, Lucas  ainda não chegara a pôr as mãos em André, e ela achava que o mataria se isso acontecesse.

Ela usou a privada, não deu descarga para não acordar Lucas, lavou as mãos na pia e olhou-se no espelho por alguns instantes e o que viu foi o reflexo de uma mulher deplorável e completamente sem honra, uma mulher que tinha jogado a própria vida e a do filho em uma privada cheia de merda e depois dera descarga.

Soraia saiu do banheiro e foi até o corredor, percebeu a havia uma luz, a luz que sempre ficava acesa no final do corredor, piscando.

Havia uma coisa estranha no ar, alguma coisa que ela não tinha a menor ideia do que era, mas podia sentir.

Soraia caminhou até o quarto de André, abriu um pouco a porta e olhou. O garoto tinha feito uma cabana com as cobertas e passado as luzes de natal que ela guardava em uma caixa no guarda roupas, ao redor dela, as luzes estavam todas acesas como em uma grande arvore de natal. Ela viu o garoto dentro da cabana com a lanterna acesa. A lanterna era um truque que o pai tinha ensinado a ele. André tinha muitos pesadelos, acordava gritando no meio da noite, e depois do truque da lanterna, a coisa tinha melhorado bastante.

- An...

Alguma coisa lhe chamou a atenção na sala e a palavra ficou esquecida pela metade.
Soraia foi caminhando lentamente pelo corredor escuro e gelado, e a certeza de que havia alguma coisa errada, fazia todo seu corpo se arrepiar. O silêncio era opressor, total e absoluto, mesmo descaça ela podia ouvir os sons de seus passos, a a respiração pesada.

Caminhou até a sala e seus olhos saltaram da órbita, o coração passou a bater em ritmo alucinado.

A porta que ia dar no quintal, e consequentemente na piscina, lá fora estava aberta. Pela ampla vidraça da sala ela só conseguia ver um manto tenebroso de escuridão, as lâmpadas que iluminavam o jardim pareciam estar sendo consumidas pela escuridão.
Lucas estava em pé, parado diante da porta.

Ela tinha certeza de que ele estava dormindo, lá no quarto, mas ele estava ali, parado diante da porta, completamente nu e imóvel.
Soraia se aproximou mais, o medo agora era uma coisa que parecia rastejar por seu corpo, ia dominando-a pouco a pouco.

- Lu-Lucas... Lucas... você... Você está bem?

Lucas não respondeu. Ele olhou para ela e Soraia levou a mão à boca abafando um grito e recuando instintivamente.
Os olhos de Lucas estavam negros como a própria escuridão lá fora, havia um sorriso macabro em seus lábios.

Então Lucas caminhou para fora e foi engolido pela escuridão.

- Meu Deus! O que?...

Segundos depois ela ouviu os gritos do homem e recuou ainda mais, agora chorando em estado de pânico.

Soraia pensou que precisava fechar a porta, ela deu dois passos para isso e recuou. Alguma coisa estava entrando, era uma coisa negra e informe, parecia ter a forma de um corpo humano mas era informe, era feito daquela escuridão que estava lá fora, a coisa vinha rastejando porta adentro e produzia um som tenebroso e indescritível enquanto caminhava.

Soraia recuou, os olhos arregalados, o medo a sufocando. Ela tropeçou no tapete e caiu para trás, vendo mais daquelas coisas negras entrando, começando a rastejar pelas paredes, engolindo os móveis.

O terror a travou, Soraia ficou ali, caída, enquanto as trevas avançavam em sua direção.

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