XXI
Mesmo se eu pudesse pegar o relógio, escolher a arma mais perigosa e esganar Réia até a morte, não fiz.
Eu fiquei paralisada. Totalmente paralisada.
Violet estava com os olhos abertos, mas o corpo imóvel, coberto de sangue e com marcas de queimadura do chicote apertado.
Nunca senti isso: devia ser uma mistura de raiva, tristeza e angústia no peito. Como doía.
Me ajoelhei no chão e tentei tocar o corpo de Violet, mas minha mão tremia.
Nada mais importava: Réia não importava, Peter não importava, nem o acampamento, os deuses ou o mundo. Eu só quero saber da minha mãe!
- Mamãe... - Repeti, nunca mais chamei ela assim, apenas de Violet.
- Agora você sabe como é - diz Réia - Perder quem ama, em um estalar de dedos.
Bufei como um touro de tanta raiva. Meu peito subia e abaixava, tentando controlar a respiração.
- Lydia - Peter disse calmamente, desviei a atenção para ele, que estava na minha frente e com os olhos molhados. - Os seus olhos. Voltaram a brilhar, como aquela vez.
Apertei os lábios.
- Peter, ela fez isso... - as lágrimas não paravam de sair. - Minha mãe... Eu a perdi duas vezes. A mesma faca no peito e a mesma dor... O que devo fazer? Não vou voltar para casa derrotada, me deitar na cama, ouvir Sam Smith e Adele até não ter mais lágrimas.
"You saaaaaayyy I'm crazyyyyyyyyy..."
- Não sei, mas, quando perdi minha mãe, fiquei desesperado* - Peter segurou meu rosto. - Mas eu não tinha seus poderes.
- O que? - gaguejei.
- Se eu pudesse voltar no tempo, voltaria, apenas para ver minha mãe de novo.
Enxuguei o rosto, mas as lágrimas voltaram de novo. Comecei a chorar como uma maluca.
Gritei, muito mesmo, até os pulmões arderem. Na verdade, estava berrando e chorando.
Até que veio a força.
Não de Star Wars, O.K?
Dentro do meu peito, a raiva e todos os sentimentos se misturavam como se estivessem em um liquidificador. Mas foi como um pontinho dourado nascendo lá da escuridão.
Ele cresceu mais, e mais. Uma explosão lá dentro até eu abrir os olhos rápido.
Sabe quando você pensa que vai se afogar, mas volta a respirar e abre os olhos? Foi exatamente assim que eu me senti.
* * *
Peter tossiu para esconder a risada. O silêncio preencheu a sala.
- Do que está rindo? - perguntei para Peter, que riu mais ainda.
À minha direita, estava Violet, olhando atentamente ao redor. Como assim! Ela não tinha morrido?
- Tudo bem, se é isso o que você quer - diz a voz de Réia.
Réia saiu de trás de uma das colunas espalhadas à nossa direita, com um sorriso maléfico.
Quando chegou na nossa frente a corda prateada se desenrolou do braço, formando um chicote.
Mas é claro, eu voltei no tempo, que incrível! Sorri por dentro, agora posso salvar minha mãe e acabar com Reia.
- Já que vou lutar com as mãos - passou os dedos pela corda. - Que seja.
Às vezes eu queria que Beatriz estivesse aqui, para atirar umas maçãs bem na cara de Reia.
Réia chicoteou o chão ao meu lado, foi só para dar um susto.
Estiquei a mão para o lado e Peter atirou o cordão com o relógio. Queria muito fazer isso de novo!
Se conseguisse pegar a espada a tempo, eu poderia impedir o chicote.
Mas eu não peguei a espada, nem nada.
Agitei as mãos, respirei fundo e parei o tempo, simples assim.
Suspiro aliviada. Fecho os olhos de novo e penso: por favor, por favor, preciso disso agora.
Abri os olhos e vi minha mão direita segurando a única arma capaz de destruir qualquer coisa: a Lâmina do Tempo. Ou simplismente, a foice de Cronos.
- Poxa, Lydia - falei para mim mesma - Que coisa feia, pegar a arma do papai.
Fui caminhando até Réia, que estampava o sorriso e olhava bem para onde eu estava a pouco tempo.
- Oi, madrasta - falei tocando o cabo da foice. - Sabe de quem é isso, né?
Ela não respondeu. Dã!
- Sei que você não vai me ouvir, mas isso está entalado na garganta desde que te conheci: Eu só mato monstros, mas nunca matei uma pessoa na vida, a não ser meu pai. Ele, eu fiz questão de não olhar, porque lá no fundo, ainda o amava. Mas você me odeia! Sempre pensei que era uma pessoa boa. Por isso eu faço questão de te olhar bem nos teus olhos quando cravar essa lâmina na sua barriga e morrer.
Tomei fôlego e continuei:
- Só agora entendi seu plano. Aproveitou que Leo estava vivo e o capturou para chamar nossa atenção, podendo se vingar de mim e minha mãe. Mas você falhou! - eu disse, com cara de nojo. - Não deve saber da profecia, né?
Ando em volta de Réia, tentando tomar coragem.
- O filho das forjas longe de todos, bem inteligente da sua parte. A filha não aceita vai atrás do perigo, eu mesma, que preconceito você e meu pai tem comigo!
- O ladrão e o trigo libertarão o amigo... Já fizemos isso também - dei de ombros.
- A mãe de todos ficará encurralada, e com a lâmina do tempo será destroçada. Uma pena, não é? Essa deve ser a melhor parte. Eu, Violet, Peter e seus leões bem aqui, ao seu redor. É realmente uma pena. Mas... - suspirei - O mundo precisa de mim.
Apertei os lábios, encostei a ponta da lâmina na barriga de Réia, desejando todo o bem à ela, mesmo tendo feito tudo aquilo, ainda acredito que possa ser uma boa pessoa.
A foice cravou em sua barriga e senti a mesma sensação de quando fiz o mesmo com meu pai:
Nojo.
- Manda beijos para o papai por mim.
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Oi cupcakes!! O próximo só terça-feira, tá?
Eu achei esse gif, e definiu a Lydia com a Réia (e eu em certos momentos da vida):
😂😂😂😂😂 scrr!
Votem e comentem meu povo!
Beijos azuis;
*Capítulo II de "Peter"*
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