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3: Gaiola Fechada

1

Ao retornar para casa, antes de chegar ao casarão principal, Aztrix se deparou com Deren, uma das criadas. A moça, que já chegara aos vinte e cinco anos, mas que permanecia solteira, aguardava, com as mãos nos quadris, pela menina.

— O que foi? — perguntou Aztrix, um tanto surpresa com a postura de Deren, temeu ter sido vista passando pela cerca e conversando com Denzel.

— Você demorou. Seu pai pediu pra eu te acompanhar a distância, mas precisei me aliviar, e quando procurei por você, não a encontrei mais.

— E ficou aqui esse tempo todo? — quis saber, não levando em conta o fato de o pai ter mandado alguém para vigiá-la, pareceu algo tão natural essa atitude dele, que não a surpreendeu. De qualquer forma, estava muito feliz com seu passeio, e melhor presente de aniversário, para se aborrecer com algo.

— Claro, se volto sem você, o comendador me mata.

— Se você não contar, eu não conto — propôs a aniversariante, fazendo um sinal com dois dedos, o indicador e o médio.

2

As cúmplices entraram, e Aztrix correu para a cozinha, queria contar para Nihara sobre o passeio, gostaria da companhia da amiga, mas a criada, três anos mais velha, precisava ajudar a mãe na cozinha, e a mais nova não quis abusar, pedindo ao pai esse acréscimo, já fora um milagre o passeio. Mas ao chegar ao cômodo e ver Assuman, a cozinheira, mãe de Nihara, advertindo a filha para que ela parasse de fofocar sobre a vida de Deren, achou melhor omitir a parte de Denzel. A amiga era muito atrevida, tagarela e indiscreta. O melhor seria guardar segredo sobre isso.

— Aí está você, pequena Aztrix — disse a cozinheira ao perceber a presença da patroinha.

— Estava aguardando o seu retorno, tenho um presente pra você. — Os olhos da garota se arregalaram em expectativa, adorava ganhar presentes. A criada foi até a mesa, pegou um pequeno vaso com um cacto com pintinhas vermelhas e o mostrou para a menina. — Não repare, é algo simples, mas acho que vai gostar. — Os olhos da aniversariante brilharam em animação, mas isso só durou uns dois segundos, o semblante dela caiu em seguida. — Há tanto tempo você pede ao seu pai um animalzinho de estimação ou algumas plantinhas pra cuidar.

— Que cara é essa, Trix? — perguntou Nihara. — Se não gostou, não tem problema, fico com ele. — Ela pegou o cacto da mão da mãe, examinando-o de perto.

Assuman tomou o cacto da filha, dando um beliscão na garota, que gritou sem se preocupar em estar fazendo barulho. A mãe a repreendeu, ordenando que parasse de escândalo.

— Gostei muito do meu presente — disse Aztrix, pegando o vaso da mão da cozinheira, temendo que algo acontecesse com a planta, que parecia um boneco gordinho com braços abertos, e as pintinhas vermelhas davam a ele um ar bonitinho.

Ela sentou na cadeira e o colocou sobre a mesa, fazendo carinho em seu presente. Olhando-o com tristeza, a aniversariante deu um longo suspiro.

— Isso não parece reação de quem gostou — retrucou Nihara, sentando ao lado da amiga.

— Eu amei, e o problema é justamente esse. Meu pai nunca deixou eu ter um bichinho ou plantas. Não poderei ficar com ele e isso me deixa tão triste — esclareceu, em um muxoxo.

Ela pedira ao pai, inúmeras vezes, um animal ou plantinhas para que cuidasse, mas o grande comendador Ercan nunca deixou, alegava que isso a distrairia muito, roubaria a atenção e o amor dela, que a faria querer ficar na área externa e isso traria problemas, desgastes. Ela precisava ter aula de piano, língua estrangeira e língua antiga local, bordado, crochê, etiqueta, aprender receitas com a governanta, aula religiosa, sendo instruída sobre o Livro Sagrado, e assim por diante. Tudo que uma moça precisasse aprender para ser prendada. Tinha uma rotina puxada com as tutoras.

O pai era bem instruído e queria uma companhia culta e com muitos dotes para entretê-lo com conversas inteligentes e momentos de lazer através da música, assim como era com Elif, sua falecida esposa. Não estava investindo na formação dela para entregá-la a um pretendente. Dizia sempre que ela seria preparada para servir o Celestial Supremo, uma sacerdotisa para o seu templo sagrado, dedicada aos preparativos cerimoniais.

Sua Elif fora única, ninguém poderia chegar aos pés dela, quem estava mais apta a isso era a filha, por isso decidira que não daria a filha em casamento a ninguém, foi a única coisa que sobrou de sua amada esposa, uma vez que não tiveram outros filhos. Além disso, Aztrix era muito semelhante à mãe, era como se tivesse sua Elif de volta, e não poderia abrir mão disso, entendeu como uma dádiva celestial essa semelhança, um consolo para seus dias de luto e solidão.

— Se aquiete, criança. — Assuman foi até ela, passando a mão em sua cabeça, sobre o véu. — Cacto quase não dá trabalho. No verão e no outono, só precisa dar água duas vezes ao mês, e deixá-lo um pouco no sol todos os dias, mais nada. Estamos no outono, então pode esperar pelo menos uma semana para dar água a ele. Posso te ajudar também.

A luz da esperança surgiu, e Aztrix voltou a sorrir, mais animada com a possibilidade de poder ficar com o presente. Pensou em um nome para ele e se lembrou de Denzel chamando a enxada de amiga, retornara para casa rindo com essa lembrança, e sorriu novamente. Aquilo fora muito engraçado realmente. A senhorita Abgail, amiga de Denzel, a dona enxada. Decidiu fazer o mesmo com o cacto, chamando-o de Sr. D.

— Por que D? — Nihara quis saber, a mãe já tinha retornado aos seus afazeres, deixando as meninas conversando sobre o cacto.

— Em referência ao dia do meu primeiro passeio, hoje. E ao dia em que ganhei um amigo... O Sr. D — explicou, ao ver que Nihara arregalara os olhos ao ouvir que conseguira um amigo.

E Denzel, principalmente, mesmo ele sendo um grosseirão, complementou em pensamento.

3

Enquanto a aniversariante estava com seus pensamentos em Denzel, o pai entrou na cozinha à procura dela. Sua espinha gelou ao ver que ele tinha os olhos fixos no Sr. D. Sem rodeios, ele perguntou diretamente. Assuman tomou a dianteira e explicou que um cacto só precisava ser regado, em média, uma vez na semana, dependendo da época, duas vezes ao mês.

— Não foi o que perguntei, criada impertinente. Quem permitiu dar à minha filha um presente desse tipo?

— S-Sinto muito, patrão. Eu e Nihara podemos cuidar dele.

Aztrix, reunindo toda coragem que não costumava ter, mas que buscou de algum lugar desconhecido de seu interior, devido a seu apego crescente à plantinha, ergueu-se e se aproximou do pai, pegando em sua mão.

— Por favor, papai. O senhor sempre disse que a mamãe gostava muito de flores, e eu não tenho nenhuma. É meu aniversário, por favor, prometo que não vou me descuidar dos meus afazeres, das aulas. Prometo que serei duas vezes mais aplicada — enfatizou, a voz já chorosa, mas o pai não parecia se comover. — Cinco vezes mais, dez vezes mais — acrescentou ela, em desespero.

— Quero você lendo uma história para mim em língua antiga nos próximos meses — barganhou.

— Feito — respondeu de imediato, fazendo sinal com os dedos, o indicador e o médio, o que fez seu pai ficar com um semblante contrariado.

Assuman sabia que o comendador não gostava da fixação da filha sobre isso, aquele gesto da menina fora um deslize feito em um momento que ela não deveria, em hipótese alguma, uma vez que o patrão poderia desistir do acordo. Aqueles dedos juntos levados à fronte era a saudação de uma irmandade que ensinava técnicas de sobrevivência na natureza, além de uma conduta adequada no meio ambiente, e coisas sobre ética, honra, respeito e assim por diante. Eram aulas dadas na natureza, em grupo, por isso o comendador era terminantemente contra.

— Ahhh!!! — a criada exclamou, tirando a atenção do gesto da patroinha, na tentativa de interromper um possível veto do Sr. Ercan. — Maravilha, a senhorita pode ler o livro preferido da sua mãe, ela lia sempre para o seu pai. Com certeza o comendador ficará muito satisfeito.

O homem sorriu ao ouvir tais palavras. Assuman fora astuta, conhecia o patrão muito bem. Pai e filha saíram do local, conversando sobre como tinha sido o primeiro passeio dela.

4

Após a conversa, Aztrix foi se banhar, e o pai passou um tempo fora, o que era estranho. Não costumava se ausentar após o entardecer. Ao retornar, estava com as mãos para trás. Era uma surpresa para ela. A menina percebeu que pai tinha algo nas mãos e correu até ele, entusiasmada. Sentiu um misto de felicidade e tristeza ao ver do que se tratava.

Era um beija-flor em uma gaiola. Se esse pássaro vivia para voar e beijar as flores, como mantê-lo preso e sem flores? Além disso, o principal motivo de amar pássaros, além da beleza e canto de muitos deles, coisa que adorava apreciar da varanda de seu quarto, era que os admirava por conta da liberdade que eles tinham. Sua alegria era vê-los voar.

Ficou feliz, nos primeiros segundos, por ver um beija- flor de perto, ele era realmente muito bonito, multicores. Mas não durou. Contudo, esforçou-se para disfarçar, não queria desagradar ao pai e parecer ingrata. Agradeceu o presente e tentou conversar com a pequena ave, para animá-la, já que não estava emitindo nenhum som.

Durante o jantar, ela nem se entusiasmou com os pratos servidos, geralmente, os seus favoritos, em seu aniversário era sempre assim. Podia escolher o cardápio, inclusive sobremesas, dois tipos apenas. No geral, o pai era rigoroso com a alimentação dela, cortava tudo que pudesse favorecer a um aumento de peso, por conta disso, doces eram vetados. A mãe sempre teve um porte magro, já Aztrix dava sinais de ter um biotipo mais encorpado, e o comendador preferia que a filha se mantivesse esbelta, era mais saudável.

Os pensamentos dela estavam no pobre pássaro. Sempre pedira ao pai um animal de estimação. Ele nunca quis, o que ela muito lamentava. Porém não passava por sua cabeça ter um bicho de estimação nessas condições. Essa situação fez com que pensasse ainda mais em Denzel. Ele era livre como um falcão. Ela o invejou por isso desde o primeiro momento. Ele era solto, irreverente, dizia o que lhe vinha à mente. Não só isso, claro, mas principalmente por poder ir e vir livremente pelos campos... Pendurado em árvores, brincando, correndo, divertindo-se. Tudo que ela não fazia. Suspirou fundo com esses pensamentos, depois se endireitou na cadeira ao ver que se tornara alvo da escrutinação do pai.

5

Após o jantar, como era de costume algumas vezes por semana ou em datas especiais, foi para o piano tocar, tinha aula desde os cinco anos, e aos dez, seus dedos já tinham muita intimidade com as teclas. Levou a gaiola e a colocou sobre o piano. Talvez conseguisse alegrar um pouco seu novo amigo. Quis colocar ali o Sr. D também, mas o pai vetou, dizendo que aquela planta era espinhosa e poderia arranhá-la, ou até mesmo o piano.

Não teve como refutar, de fato tinha passado parte da noite tirando algumas pequenas farpas da mão. Seu amigo era cheio de farpinhas vermelhas, eram bem pequenas; em uma pele um pouco mais resistente, talvez não machucassem, mas a sua era fina, delicada, então mesmo tão aparentemente inofensivas eram capazes de perfurá-la com facilidade.

Antes de tocar, admirou por alguns instantes o enorme quadro que estava na parede em frente ao piano. Sua mãe com uma harpa. Parecia celestial na pintura, uma verdadeira obra de arte. Sempre dedicava um tempo de seu dia olhando o quadro. Deu um longo suspiro, alongou os dedos e começou a tocar. Quando a melodia acariciou o ambiente, o pai se aproximou e sentou na poltrona que havia perto do piano. Por vezes, acabava sendo embalado pelas notas que dançavam à sua volta e adormecia. Dessa vez foi o mesmo. Quando isso acontecia, Aztrix chamava o pai com delicadeza, pegava-o pela mão e o conduzia, sonolento, até o quarto dele, colocando-o na cama e dando-lhe um beijo de boa noite.

Ficou feliz de o pai ter dormido cedo, assim poderia ter um tempo a mais para si, para pensar em seu dia, em seus presentes, tentar alegrar seu amiguinho enjaulado. Cantarolou para ele por um tempo, mas não demorou muito para começar a bocejar. Fora um dia agitado, e ela não estava acostumada. Deu boa noite aos seus três novos amigos: Sr. D, o beija-flor e, por último, Denzel, o único que estava distante.

Percebeu, quando acordou no dia seguinte ao seu aniversário, que a porta da gaiola havia realmente outra vez se fechado. Mas, se não podia mudar a sua própria realidade, poderia fazer algo pelo seu amigo sem nome. Levou a gaiola até a janela e a abriu, despedindo-se dele. O pássaro voou para longe. Apesar de querê-lo muito como amigo, preferia que ele fosse livre e voltasse para vê-la se assim desejasse. Estaria sempre ali para ele.

6

Com a bochecha apoiada no punho, Aztrix ouvia a aula de histórias lutando para não dormir.

— E é por causa disso que cada país tem sua própria mensuração de época — dizia a professora. — Por exemplo, aqui, em Astrarg, estamos no ano 516, já nosso vizinho mais próximo, e inimigo na guerra centenária do forte Goriel, Nizanbugui, está no seu ano 614.

Muitas outras aulas semelhantes a essas ocuparam os dias de Aztrix ao longo dos meses seguintes. Assim como era antes de completar dez anos. Aulas diversas com suas tutoras, compromissos, obrigações. Presa em casa. Antes isso a incomodava, claro, mas se tornara penoso após experimentar algumas horas de "liberdade" pelos campos e conhecer Denzel. Contava os dias até poder sair de novo. Quando podia, distraia-se com o Sr. D, apesar dele espetá-la, acabava não resistindo, sempre o tocava, às vezes até dava um beijo com muito cuidado nele, ficando com farpas nos lábios.

Outra coisa que mudou foi que seu público — o pai e as criadas — já não a satisfazia mais. Quando tocava para o pai, via-se tocando para Denzel ao pé da macieira. Sorria ao ver a cena em seus pensamentos. Infelizmente, não seria algo possível. Mas uma ideia nasceu. Um piano não seria viável, mas outro instrumento, um que fosse portátil, seria sim possível. Só precisava aprender, talvez não estivesse pronta na primavera, mas quem sabe no ano seguinte. Essa possibilidade alegrou o coração da jovem Aztrix. Era bom sonhar. Era uma espécie de liberdade.

7

Era 5 de setembro, o primeiro dia de primavera naquele continente, e a tão aguardada segunda vez que a gaiola se abriria e que a pomba branca chamada Aztrix poderia bater suas asas outra vez. Ela estava saltitante. Finalmente poderia sair de novo.

Acordou bem cedo, queria se arrumar com calma e aproveitar a parte da manhã para adiantar suas coisas, almoçar cedo e poder partir em seguida. O pai dera folga aos trabalhadores homens, permanecendo apenas os sentinelas da área externa, que cercavam a propriedade. Isso já estava decretado, duas folgas gerais ao ano. Ainda assim, precisaria despistar Deren, provavelmente o pai mandaria que ela a seguisse de novo.

Arrumou bem o véu para que escondesse totalmente seus cabelos, colocou um vestido florido, longo, como sempre, as botas de cano alto, fez uma cesta com lanches e partiu cantarolando pelo campo. Parou atrás de uma árvore e fingiu que montaria um piquenique ali, espiando Deren discretamente. Ao ver que a criada se distraíra, catou sua cesta, deixando a toalha estendida no chão, e esgueirou-se entre arbustos e árvores, até sair do campo de visão da espia.

Percorreu o resto do caminho rindo da proeza que acabara de realizar, considerando-se muito astuta. Mas o sorriso não perdurou. Quanto mais se aproximava da macieira, mais ficava apreensiva. Talvez Denzel nem se lembrasse mais dela, ou se lembrasse, reagisse de forma indiferente, sem ficar feliz ao vê-la. Afinal, quem era ela para ele diante de todos os amigos que ele deveria ter? Esse era o seu temor. Provavelmente, ele tinha muitos amigos, deveria brincar com outros garotos da região, como qualquer criança. Já ela, de gente mesmo, só tinha Nihara; mas sua amiga, três anos mais velha, estava sempre na cozinha, ocupada com a mãe, quase não tinha tempo para brincar.

Finalmente a macieira estava diante de seus olhos, o pé estava florido, a folhagem bem verdinha. Estava linda, majestosa. Não avistou Denzel, mas ainda assim, era bom ver a macieira, trazia boas lembranças e sentia saudade da árvore, dos momentos que vivera ali meses antes. Respirou fundo, olhou ao redor para se certificar de que de fato não havia alguém por perto, um sentinela ou alguma criada. Com a certeza de que estava só, passou pela cerca.

Olá, passarinhos...

E assim eu entrei na coautoria, contando um pouco da vida da Aztrix. Claro que o TJ me passou o que ele tinha em mente, dando uma orientação ou outra, mas eu criei diversos  detalhes, como o beija-flor, o cacto, etc. 

É isso, espero que tenham gostado.
Até o próximo capítulo (o tão esperado reencontro😁).

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