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New Chamor, 22 de dezembro de 2017
08:53
22 dias

Já estava dormindo quando tudo aconteceu e nem havia me dado conta. Acabei de acordar, a fraca luz da manhã de inverno já entrando pela janela. Não sei como consegui dormir uma noite inteira depois daquele sonho bizarro que mais parecia um curta-metragem de terror.

No entanto, apesar de acordada, aquela sensação ruim de que algo está errado ainda me assombra. Ainda sinto um aperto esquisito, um alarme tentando me avisar sobre um acontecimento ruim que se concretizará em breve.

É terrível.

Me levanto da cama e calço minhas pantufas para caminhar pelo chão gelado da casa de Helena. Hoje ela já está acordada, posso ouvir a televisão ligada naquele programa matinal que ela adora.

Encontro-a deitada no sofá da sala debaixo de alguns cobertores, uma caneca de chocolate quente posicionada na mesa de centro. A mulher da televisão conversa com um boneco de fantoche atrás da bancada enquanto prepara uma receita de bolo recheado para o natal.

Tinha até esquecido que estamos em dezembro, e o mundo lá fora se diverte com os preparativos natalinos enquanto nós aqui nos escondemos em casa, aterrorizados.

— Bom dia — falo enquanto continuo caminhando até a cozinha.

Helena responde com um resmungo.

— Dormiu bem?

— Não — responde seca.

— Ah — pego a minha caneca da cristaleira para preparar um café. — O que houve?

— Tive um sonho esquisito de madrugada e não consegui mais dormir — sinto meus pelos dos braços se arrepiarem.

— Que sonho?

— Pensando bem, talvez tenha sido uma paralisia do sono — Helena diz apenas isso, sem continuar. Me viro na direção em que ela está na sala, esperando que prossiga.

— E? Como foi?

— Ah, eu acordei e tinha vários pontinhos no quarto me observando enquanto eu dormia. Aí de repente eles se juntaram e viraram uma coisa só, que subiu em cima de mim.

Sinto outro arrepio, agora pelo corpo todo. Aperto o botão para ligar a cafeteira.

— Pontinhos?

— É, umas bolinhas azuis — ela ri, posso sentir seu nervosismo. — É bem idiota, eu sei, mas na hora foi muito assustador. Tentei abraçar Donnie, mas ele não estava na cama.

Mais arrepios.

Donnie. Bolinhas azuis.

— E... e onde ele estava? — sinto minha voz falhar, olho para a janela da cozinha e sinto que posso ver a criatura do meu sonho bem ali, tão nitidamente quanto vejo minhas próprias mãos.

— Deve ter ido ao banheiro, sei lá. Depois eu não consegui mais dormir e vim aqui.

— Onde ele está agora? — percebo que estou tremendo quando abro um dos armários de comida para pegar um pacote de biscoitos.

— Na cama.

Sinto um pequeno alívio na certeza de suas palavras.

É isso aí, Sarah, ele está no quarto dormindo. Nenhum monstro dos infernos pegou ele, sua maluca.

— Irmã, esse negócio de ficar trancada em casa tá me deixando maluca — vou até a sala ficar com ela assim que meu café está pronto.

— Só faz três dias, Sarah.

— Mas quem garante que vai acabar logo? Claro, nenhuma outra criança sumiu nesses dias, mas é porque ninguém deixa elas saírem.

Helena não responde. Não parece estar com muita paciência para comentar os acontecimentos recentes.

— Pensando bem, nem faz sentido os adultos também ficarem trancafiados. Foram só crianças que desapareceram.

— É isso aí — diz Helena com uma animação contagiante. Acho que se fosse possível literalmente morrer de tédio, ela já não estaria mais respirando.

— Acho que vou voltar para casa — comento para tentar arrancar uma reação diferente dela, mas nada acontece. — Só vim aqui porque aquele olho bizarro da floresta estava me atormentando, mas agora eu nem penso mais nele.

— Ai, Sarah, eu não queria que você fosse — Helena diz algo diferente afinal, se sentando no sofá. — Mas se você se sente segura, tudo bem. Não é o fim do mundo.

Percebo uma angústia em sua voz, e acho que sei bem do que se trata.

Ela está deprimida porque faltam apenas alguns dias para o natal e ninguém na cidade sabe se os eventos da igreja realmente vão acontecer este ano. Ninguém sabe se tudo estará resolvido até o dia vinte e cinco, e, sinceramente, eu acho que não.

A maior parte das apresentações envolve as crianças da igreja, e os pais estão aterrorizados porque, até agora, nada foi descoberto sobre os desaparecimentos. Tudo ainda está na estaca zero.

Helena está dando tudo de si desde novembro nas preparações, e agora tudo foi simplesmente jogado no lixo. Não consigo imaginar como é ter de lidar com isso.

Me levanto, deixo as coisas que peguei da cozinha na mesa de centro e vou até ela para lhe abraçar.

— Eu sinto muito, irmã. Você se esforçou tanto...

— É, mas não vai dar em nada.

Fico sem saber o que dizer. Nunca fui a irmã que diz coisas para consolar a outra quanto está mal, apenas a que abraça e fica em silêncio para demonstrar que se importa, e Helena sabe disso.

— Talvez eu possa ficar aqui mais uns dias.

— Você não precisa, se não quiser.

— Bem, então eu posso vir aqui no natal.

— Você meio que já ia fazer isso, mas tudo bem.

Rio porque é verdade. Aonde mais eu poderia ir nessa data?

— Está bem, então — me levanto e pego meu café da manhã de volta. Helena se deita novamente.

— Você não vai fazer nenhuma estupidez, vai?

Deixo minha boca aberta para fingir que estou ofendida.

— Eu não sou mais uma adolescente, viu?

— Mas às vezes age como se fosse.

— Eu vou para o meu quarto arrumar minhas coisas e fingir que você não disse isso, ok?

Ela ri, e eu também. Por um momento sinto saudades de morar com ela, mas também sinto que preciso ficar sozinha na minha própria casa por algum tempo.

Volto à cozinha para terminar de comer e vejo Mirabella bebendo água em seu pote. Ela para, olha para mim e então volta a matar sua sede. Gatos são muito estranhos.

Depois de terminar e lavar a caneca na pia, sigo até meu quarto para arrumar minha mochila e poder voltar, passar um tempo sozinha na minha própria paz e aliviar a mente.

Não que eu tenha feito algo diferente nos últimos meses, mas agora estou precisando disso um pouco mais.

Com tudo já pronto, a mochila nas costas contendo os meus pertences e os de Mirabella, abraço Helena antes de sair. Ela diz para eu me cuidar, e aceno concordando com a cabeça. Quero dizer que sou uma adulta e sei muito bem me virar sozinha mesmo que a cidade esteja um caos, mas fico quieta.

Pego a gata no colo para que ela não fuja outra vez e saio da casa de minha irmã para retornar à minha. Vejo algumas poucas pessoas na rua, mas todas adultas e caminhando em grupos.

Depois de andar algumas quadras, percebo que ainda não vi Donnie hoje. A última vez em que o vi foi no sonho.

Não. Ele está bem, só está dormindo.

Continuo caminhando e logo chego em casa.

É a mesma casa em que passei minha infância e adolescência. Nunca morei em outra, e aqui permaneço sozinha desde que minha mãe não sobreviveu ao acidente. Às vezes vou até o quarto dela e de meu pai, que fica ao lado do meu, e me deito na cama deles para sentir seu cheiro. Sinto saudades, sim, mas já faz tanto tempo que não há mais luto. Apenas a falta casual que todos sentimos durante alguns momentos em que percebemos que nunca mais veremos alguém.

O balanço de pneu pelo qual Helena e eu costumávamos brigar ainda está pendurado na árvore da frente, mas agora sem ninguém para usá-lo. Apenas permanece ali, existindo, pois não tenho coragem de tirá-lo. Sinto que, se fizesse isso, estaria apagando muitas memórias felizes que possuo com ele.

As flores que minha mãe plantou dois verões antes de morrer também ainda estão ali, vivíssimas. Não ouso deixar de cuidar delas pelo mesmo motivo que deixo o balanço pendurado na árvore. Se essas flores morrerem algum dia, não sei quanto tempo vou demorar para superar. Portanto, cuido delas como se fossem filhas.

Como se estivesse em transe, fico parada por um tempo antes de entrar, observando a fachada da casa. Muitas lembranças aleatórias me vêm à mente, mas então uma brisa vindo por trás me acorda, e abro a porta da frente para finalmente entrar e me proteger do frio.

Assim que coloco Mirabella no chão, a gata começa a arranhar a porta querendo sair. Mal consigo acreditar na audácia deste bicho.

— Você é uma ingrata do cacete, sabia? — xingo ela enquanto largo a mochila no sofá da sala e ligo o termostato. Aqui dentro está ainda mais frio. — Eu que tirei você das ruas e agora você quer voltar? De nada!

Ela me ignora e continua parada à porta.

Passo o dia fazendo coisas aleatórias que ocupem minha mente, e funciona de certo modo. Assisto à programas chatos na televisão, mas que de algum jeito me entretêm. Até mesmo os comerciais me despertam um certo interesse.

Vejo vídeos de gatos no Youtube, jogo partidas de xadrez online — ganho todas as três vezes, por sinal —, preparo chocolate quente. Por algumas horas até esqueço o pânico generalizado lá de fora.

Estou no segundo andar da casa, lendo um livro, quando vejo a porta do meu closet e penso em experimentar as roupas que ainda me servem. Quando meus pais eram vivos, eles costumavam separar algumas peças para doação, e eu mesma continuei fazendo isso depois que eles já não estavam mais aqui. Como já faz algum tempo que não olhei mais isso, decido fazer agora mesmo.

Fecho o livro com um marca-páginas e ligo a luz do closet para separar as roupas.

Começo pelos vestidos, as roupas que menos uso. Poderia mandar todos embora, mas tenho receio em precisar algum dia e não ter mais nenhum. Os dois primeiros que experimento ficam apertados, então já os coloco em um canto separado.

O terceiro cabe perfeitamente, mas não gosto dele, acho feio. É um azul muito claro, e nunca fui fã de azul. Nem sei porque ele ainda está aqui. Jogo por cima dos outros dois.

O próximo também serve, e deste eu gosto. Não uso faz tempo, mas é muito lindo. Vermelho escuro, mangas longas e vai até pouco antes dos joelhos. Não possui muitos detalhes, mas o tecido é agradável aos olhos e também de se usar. Gosto dele.

Me olho no espelho, prestando atenção aos detalhes do meu próprio corpo. Solto meu cabelo que estava amarrado em um coque, deixando-o cair por cima dos ombros. O tecido de cor bordô combina com minha pele negra e o cabelo preto ondulado, e, durante alguns segundos me sinto realmente bonita.

Mas então a campainha me desperta e causa pânico. Quem poderia ser a essa hora?

Droga, não dá tempo de trocar de roupa para descer. Vou ter que atender do jeito que estou, e sinto meu rosto ficando quente pela vergonha.

Me sinto uma palhaça ao chegar no primeiro andar e não ver ninguém ao abrir a porta. Não acredito que caí na brincadeira ridícula de tocar a campainha e sair correndo. Consigo até ver o autor virando a esquina em alta velocidade, mostro o dedo do meio a ele.

Para piorar, antes que eu possa fechar a porta e voltar a viver minha vida, Mirabella passa pelas minhas pernas e sai correndo na neve lá fora. Grito xingamentos e corro atrás dela sem pensar duas vezes, pois não quero passar outra semana me perguntando todos os dias se ela vai voltar ou não.

Assim que chego à rua, percebo como foi uma péssima ideia. Já perdi a gata de vista, e estou fora de casa usando apenas um vestido, em uma noite de inverno perto do natal, enquanto um possível serial killer está à solta.

Meu corpo treme, meus dentes batem e abraço a mim mesma numa tentativa de aliviar o frio. Preciso voltar para casa, mas, além de tudo, também estou descalça, e meus pés congelam. Não consigo caminhar direito, e minha visão escurece.

Ouço o barulho de um carro estacionando, e, ao olhar para o lado, a luz dos faróis de um desconhecido ofusca minha visão.

O que achou do capítulo? Gostou? Comente pra eu saber, e não esqueça de votar. Até o próximo!

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