Sua Voz
EMILY
Não tinha nada para fazer o dia inteiro, e como era uma sexta de noite, comecei a colocar o trabalho do escritório em dia para quando chegar não ter muita coisa.
Me levanto para pegar um pouco de café e enquanto encho o copo meu celular começa a tocar, termino de fazer o café e vou até a sala de novo.
Sento no sofá e pego o celular vendo que é Josh, coloco o café de lado e comprimo os lábios tentando não ficar estranha ao atender.
"-Oi.- encaro a TV.
-Amanhã você vai vir almoçar aqui?- ele pergunta calmo.
-Sim, por que não iria?- acho estranho.
-Por que pensei que estivesse doente.- explica.- Está melhor?
-Digamos que sim.- falo incerta.
-Emma estava pensando em testar um prato novo, frango alguma coisa...
-Frango parece bom.- ajeito a manta em minhas pernas.
-Pode passar em algum canto para comprar gelo, acho que está faltando aqui.- ele pede também.
-Claro, até amanhã.- deito no sofá.
-Até."
Josh ligava muito quando ficava preocupado, ele parecia só se dar por vencido quando eu ia no médico com ele.
Sim, ele ainda ia no médico comigo para ter certeza que não era nada demais, mas eu não podia levar ele para aquela consulta.
E de novo começo a pensar em tudo, meu coração começa a bater rápido e minha barriga começa a doer de tanta ansiedade.
Ele deve estar jogando agora e eu preciso contar, não consigo segurar tanta coisa dentro de mim como estou segurando.
Sei que ele só volta amanhã, mas agora pensando bem, vai parecer que eu passei anos para não contar a ele.
Eu deveria ter contado tudo quando encontrei ele. Mas aí ele iria me culpar se fosse ruim no jogo. Claro que eu não ia ser a culpada, e nem acho que ele me culparia...
Estava tão confusa que agora estava imaginando idiotices, mas o problema é que eu não sei como Matthew reagiria a isso.
Quando estávamos juntos, a conversa as vezes surgia, lembro dele dizendo que não queria filhos antes dos trinta, e eu também concordava, achava muito cedo.
E agora eu estava grávida e não fazia ideia do que fazer, e só nesse momento eu queria alguém para me dizer o que fazer, qualquer pessoa que fosse.
Coloco os cabelos para trás e bebo um pouco do café, beber isso não vai ajudar minha ansiedade, mas o gosto é ótimo.
Fecho meus olhos e tento respirar fundo, Leslie me deu algumas aulas de como controlar a respiração quando estivesse ansiosa, mas era difícil lembrar disso quando você estava ansiosa.
-Ok, Penny, vamos ficar bem.- olho para ela na poltrona.- E até você está me ignorando.
Ela vira a cabeça e eu sorrio com raiva, eu vou começar a falar sozinha, como una maluca que vai precisar ser internada em um hospicío.
Não quero nem pensar no que pode acontecer se eu realmente começar a falar sozinha, mas isso é normal entre as pessoas...
Pronto, agora dois dias se tornaram cem anos, como vou passar esses dias com essa ansiedade sabendo que ele só volta amanhã.
𖣘
MATTHEW
Deito na cama do hotel e deixo tudo jogado, acabei de tomar um banho quente bem demorado e a única coisa que eu quero fazer agora é dormir.
Ganhamos de dois sets a um, então foi um jogo bom, ainda mais que os principais passes foram os meus, então tudo estava mais que certo.
Mas não conseguia dormir antes de ter uma conversa com Emily, ao menos para descobrir o que ela tinha para falar ou só para conversar mesmo.
Estico meu braço e pego meu celular, disco o número dela e aproximo do meu ouvido enquanto o celular chama.
"-Como foi o jogo?- ela tem uma voz manhosa.
-Foi bom.- encaro o teto.- Estava dormindo?
-Não, estou tentando descobrir como fazer um projeto.- ela explica.- De quanto?
-Dois a um.- passo a mão pelos cabelos molhados.- Você vinha para os jogos comigo?
-Ah....sim.- ela suspira.- Ficava sempre no mesmo número de cadeira, você dizia que dava sorte.
-Precisamos testar isso.- sorrio e ela ri.- Quer ir para o meu próximo jogo?
-Quero, mas...- ela fica calada.- Como você está?
-Bem, com os pés e mãos doloridos.- tento sorrir.- E mesmo depois do banho estou com o cheiro daquele spray para passar a dor...
-É, geralmente fica por vários dias.- ela parece estar se divertindo.
-E como foi seu dia?- pergunto.
-Foi bom, tirei a semana de folga, então resolvi pegar alguns trabalhos atrasados.- ela ainda parece estranha.- Matthew...
-Eu acho que começamos rápido demais.- falo enquanto tenho coragem.- Evoluímos rápido demais.
-Você acha?- ela parece confusa.
-Sim, antigamente.- deixo claro.- Por isso quero fazer direito dessa vez, sair com você, levar você pro cinema.
-Que ótima ideia.- ela parece triste.
-Você não quer isso?- pergunto mais baixo.- Podemos começar mais leve, apenas conversando por celular...
-Não é isso.- ela respira fundo.- Eu tenho algo importante para contar a você...
-Pode falar.- tento não demonstrar curiosidade.
-Mas isso não é conversa para telefone.- ela explica.- Vou esperar você chegar.
-Se é importante...
-É, mas não por telefone.- ela continua.- Eu acho...acho que é melhor você descansar.
-Queria continuar conversando com você.- fecho meus olhos.- Adoro sua voz.
-Ok, então eu vou deixar o telefone aqui do lado.- ouço alguns sons e fica em silêncio.- Ainda está aí?
-Sim.- coloco o celular do meu lado e deixo no alto falante.- Fale alguns coisa?
-O que? Quer que eu conte uma história?- ela ri achando graça.
-Sei lá, só quero ouvir sua voz.- deito minha cabeça no travesseiro.
-Não tenho nenhuma história em mente.- ela parece querer se livrar.
-Está com um trabalho aí na mesa?- pergunto e ela concorda com um som delicado.- Fale sobre ele.
-É sério?- ela parece surpresa.- Nunca gostou...
-Agora eu gosto.- sorrio.
-Ok, estou tentando desenhar essa casa e o engenheiro falou que de onde eu quero tirar a parede não dá, o que é horrível, por que com essa parede o sol fica todo na cozinha e não distribuído pela sala.....
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