Risco
EMILY
Espero o bebedor encher o copo e vou na direção da cadeira, vejo Matthew e Alex se ignorando enquanto um mexe no celular e o outro olha para a janela.
Sento no meio dos dois e bebi a água em um gole só, tinha demorado muito para chegar na décima segunda semana.
E eu estava horrível por estar escondendo isso de Josh e Emma, sendo que eles contaram comigo e Matthew por toda a gravidez.
Estava melhor dos enjoos, agora eles tinham uma hora específica, entre três e cinco da manhã, então eu chegava vem cansada no trabalho.
A porta abre e Kara me chama, levanto e os dois também levantam, pego minha bolsa e começo a ir para na direção dela.
-Só pode entrar um.- ela fala para os dois.
Olho para ela com um olhar de cachorrinho que já testei que funciona, sempre funcionava com Matthew e Josh.
-Ok.- ela suspira.
Entro e coloco minhas coisas em uma cadeira, os dois tentam ficar afastados e eu sento na cadeira ginecológica.
-Levante a blusa, deitei e fique relaxada.- ela fala enquanto olha para eles.- Então, preciso da história.
-Eu transei com ele e a camisinha estorou.- aponto para Alex.- Depois eu transei com ele e tomei a pílula.- aponto para Matthew.
-Que situação.- ela sorri colocando o gel na minha barriga.
Olho para baixo, estou com uma barriguinha de nada, qualquer um acharia que é por que comi demais ou algo assim...
Respiro fundo quando ela começa a passar o ultrassom pela minha barriga e abaixa um pouco minha calça para pegar mais embaixo.
-Então, doze semanas, né?- ela olha para o visor.
-Tá tudo bem?- Matthew pergunta preocupado.
-Sim, tamanho e peso saudáveis.- ela vira o visor e nós três olhamos para o bebê.
Limpo uma lágrima que escorre pela minha bochecha e ela sorri tocando meu ombro, então comprime os lábios.
-Acho que veio perguntar da biópsia de vilosidades.- ela murmura.
-Dá pra fazer?- Alex pergunta.
-Emily não apresenta nenhum risco, a gravidez é saudável.- ela olha para mim.- Mas há risco de aborto.
-Quanto risco?- pergunto.
-1%.- ele fala com cuidado.
Não é muito, mas talvez esse um porcento possa se virar contra mim, respiro fundo e olho para ela tentando buscar uma saída.
-Se tem risco de aborto...- Matthew olha para mim.
-Como isso é feito?- Alex ignora Matthew.
-Usamos as tecnologias disponíveis como o ultrassom para visualizar o campo.- ela mexe as mãos.- Então inserimos uma agulha em seu útero...
-Uma agulha?- levanto as sobrancelhas.
-Você nem deve sentir por causa da anestesia.- ela me conforta.- O máximo que pode sentir é uma pressão ou desconforto.
-E quanto tempo dura para o resultado?- Alex volta a perguntar.
-Duas semanas.- ela me dá um papel.- Nem precisa sair de casa, o resultado é mandado para o e-mail da gestante.
-Emily.- Matthew olha para mim.- Tem risco de aborto, eu acho...
-É um risco muito baixo.- ela volta a ressaltar.- As pacientes que fazem comigo nunca abortaram, meu procedimento é o melhor da costa oeste.
Limpo minha barriga e sento, eu estava achando que queria fazer isso por eles, por que para mim não importava muito, mas eu percebi que era por mim.
Eu queria saber, sabia que tinha um risco, mas mesmo assim queria fazer, qual era a chance de um porcento ser eu?
-Vamos fazer.- murmuro.
-Tem certeza?- ela pergunta mais uma vez.
-Sim.- assinto.
-Só vai poder uma pessoa na sala.- ela olha para eles.- Decidam, eu vou preparar tudo e vai ser internada para o procedimento hoje.
-Ok.- falo enquanto ela sai da sala.
Abaixo minha blusa e a primeira pessoa para quem olho é Matthew, ele segura minha mão e acaricia as costas.
-Estou aqui.- ele murmura.
-Eu tenho uma reunião em uma hora.- Alex fala sério.
-Pode ir, eu ligo se algo acontecer.- Matthew fala e Alex olha para ele.- É sério, cara.
-Ok.- Alex toca minha coxa.- É qualquer coisa mesmo.
-Certo.- tento sorrir.
Alex vai embora também e Matthew se aproxima oferecendo um abraço, aceito e ele começa a acariciar minhas costas com calma.
Não achava que ele faria isso, pela minha visão ele odiava Alex, e agora tinha dito a ele que iria ligar se algo acontecesse, independente de tudo...
Ele estava amadurecendo mesmo.
𖣘
MATTHEW
Não vou mentir, estou nervoso e quase fazendo Emily desistir disso, ela parece mais calma que eu por causa desse procedimento.
Estamos na sala e eu estou vestindo aqueles aventais, máscara e touca. Não consigo parar de olhar eles preparando tudo para o procedimento.
Emily está deitada de lado e um enfermeiro está fazendo o ultrassom nela e a imagem que parece e diferente do de hoje cedo.
Estou segurando a mão de Emily e percebo que está gelada, observo seu rosto e ela está de olhos fechados.
-Não gosta de agulhas?- pergunto.
-Trauna de infância.- ela tenta sorrir.- Josh ficava dizendo que as pessoas morriam por causa de agulhas.
-Bom, hoje sabemos que Josh não sabe nada sobre agulhas ou qualquer coisa ligada à medicina.- sorrio e ela ri fraco.
-Está tudo certo?- a obstetra entra já esterilizada.
-Sim, doutora.- uma enfermeira coloca as luvas nela.
-Emily, como estamos?- ela fala doce.
-Bem, eu acho.- Emily fala nervosa e abre os olhos.
-Qualquer coisa que sentir, precisa me falar, ok?- ela fica na frente da barriga de Emily.
-Ok.- Emily respira fundo.
Como já estava tudo preparado, a obstetra olha para ver se está tudo certo e a enfermeira aproxima a bandeja com a agulha enorme.
-Você não falou que era tão grande assim.- Emily aperta minha mão.
A obstetra olha para mim e eu percebi que deveria estar acalmando Emily, então aperto a mão dela.
-Ei, lembra quando eu machuquei meu rosto naquele jogo contra a faculdade daqueles idiotas dos ursos?- pergunto e ela me encara.
-Você cortou a sobrancelha e o supercílio.- ela lembra.
-Isso, aí eu fui para o hospital e tudo mais. Lembra?- levanto as sobrancelhas.
-Sim.- ela assente.
-Eu nem senti aquela agulha que enfiaram no meu rosto.- explico.- É tão rápido que você nem sente.
-Ok.- ela olha para a médica.- Ok.
-Ótimo.- percebi que está sorrindo.- Pode sentir uma leve pressão, mas é normal.
Emily comprime os lábios e a obstetra começa a introduzir a agulha, percebi Emily tentar olhar para a agulha.
-Ainda tenho a cicatriz?- pergunto rapidamente.
-O que?- ela parece confusa.
-Do jogo. Eu ainda tenho a cicatriz?- tento distrai-la.
-Ah...- ela me observa.- Tem.
-Comtava para as garotas que tinha sido uma briga de bar.- sorrio de lado.
-Você contou para mim que tinha sido uma briga de bar.- ela sorri.
-É claro, como foi dizer para você que isso foi uma bola que me acertou?- franzo as sobrancelhas.- É deprimente.
-Você é impossível.- ela parece mais calma.
-Eu gosto de dizer que sou racional.- explico melhor.
-Com certeza essa não é a palavra.- ela fala com calma.
-Muito bem.- a obstetra coleta a amostra e coloca em um saco, que vai para um isopor.- Você foi muito bem, Emily.
-Já acabou?- ela parece surpresa.
-Sim, você vai voltar para o quarto e vai ficar de observação por um dia.- ela explica.
-Ok.- ela olha para mim.- Foi bem rápido.
-Viu, não tinha para que ter medo.- falo enquanto os enfermeiros começam a trazer a outra cama.
-Era você que estava se cagando de medo.- ela sorri ao ser furada delicadamente.
-Vou deixar essa passar.- sorrio me levantando.
Mas eu estava morrendo de medo, agora era ficar com ela e ter certeza que o procedimento tinha dado certo.
Respiro aliviado e vou com ela, eles a colocam para dormir e eu tiro aquelas roupas esterilizadas para sair daquela parte do hospital.
Correu tudo bem, tudo está bem.
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