**meses depois**

MATTHEW

Arrumo minha bolsa de vôlei, estou apressado por não ter arrumado antes e tudo fica mais difícil.

Emily está tentando achar a blusa social dela, a blusa que ela chegou aqui semana passada com o cheiro de perfume de homem.

-Eu tinha acabado de trazer da lavanderia.- ela fala só de saia e sutiã.

-Talvez tenha dado de presente para o seu namorado e esqueceu.- murmuro colocando a garrafa de água.

-Pare com isso, Matthew, não estou de bom humor.- ela pega uma blusa social preta.

-Agora está falando comigo?- levanto as sobrancelhas.

-Eu já falei que eu não estou traindo você!- ela fala com raiva.

-Se estivesse, não falaria.- a encaro pegando meu casaco.

-Não vou discutir sobre isso de novo.- ela termina de abotoar a blusa e arruma dentro da saia.

-Claro, por que já discutimos várias vezes sobre a mesma coisa e você sempre está dizendo a mesma coisa....

-Você é infantil.- ela passa por mim pegando a bolsa.

-Eu sou infantil?- sigo ela pelo corredor do apartamento.- Você chegou em casa tarde e com o cheiro de um perfume....

-Eu já falei!- ela para e me encara.- Eu tenho uma amiga no trabalho que usa esse perfume....

-Acha mesmo que sou burro?- pergunto.- E mesmo que fosse, os se esfregar na menina?

-Eu não preciso ficar me explicando, a culpa é sua se não acredita em mim.- ela pega as chaves e o casaco.

-Não pode ir embora no meio de uma briga!- frito com raiva.

-Observe!- ela bate a porta.

Respiro fundo e me sento no sofá, não sei como chegamos a isso, não sei o que aconteceu para chegarmos nisso.

Estava tudo bem no começo, ela trabalhando e eu indo jogar, então simplesmente...

Começamos a brigar, coisas simples no começo, as roupas sujas, o pouco tempo juntos, o supermercado.

Coisas que fomos resolvendo ao longo do tempo, mas depois ela começou a sair com os amigos e até aí tudo bem.

Mas ela voltava tarde, sempre estava com cheiro de bebida e com o perfume de um homem as vezes.

Achava improvável ela não estar me traindo, qual era o motivo de não transarmos a mais de um mês?

E tudo piorou quando eu estava no jogo e uma fã veio falar comigo, pedir dicas, eu simplesmente dei mole.

Estava dando em cima da garota e ela estava se aproximando e tocando meu braço, aí Emily chegou.

Eu não queria ser igual a meu pai, mas quando brigávamos eu chegava perto de explodir, ela quase me fazia explodir.

Não estava dando certo, eu e ela, estávamos em mundos completamente diferentes da universidade.

Talvez falasse com Josh, ele tinha vindo para cá, Emma, a namorada grávida dele tinha família aqui e foi perfeito para eles.

E eu ainda tinha meu amigo por perto, então talvez depois do treino, falaria com ele e tentaria resolver isso.

𖣘

EMILY

Daisy e eu estávamos caminhando pela rua, ela sempre vinha me deixar em casa por não conhecer muito bem as ruas ainda.

Não me disseram que Seattle era como um globo de neve ambulante que só chove e neva.

Mas essa não era a pior parte, chutava que a pior parte era as brigas com Matthew, se soubesse que isso aconteceria.

Nunca teria saído da universidade, nunca teria saído de Boston, só para não ter que brigar com ele rosa noite.

Ele cismou que eu estava traindo ele quando apenas era o perfume de Daisy, e como íamos juntas para casa todo dia...

-Você parece preocupada.- ela murmura.

-Só preciso resolver algumas coisas.- me abraço.

-Talvez esteja adiando o que é inevitável.- ele fala com um pouco de cuidado.

-Quero tentar resolver.- coloco o cabelo atrás da orelha.

-Me ligue amanhã, traga Matthew, o dia de folga pode fazer bem.- ela toca meu ombro.

-Ok, obrigada.- pego as chaves.

Abro a porta do prédio e a fecho atrás de mim, dou boa noite para o porteiro como sempre e aperto o botão do elevador.

Dentro do prédio já é mais quente e tiro minhas luvas e o gorro, arrumo os cabelos e começo a colocar na bolsa.

Entro no elevador e aperto o dez, encosto meu corpo na parede e respiro fundo, estou cansada demais para brigar hoje.

O elevador abre e começo a andar pelo corredor, pego a chave de casa e assim que abro me sinto estranha.

Fecho a porta com cuidado e coloco as coisas no gancho, olho para o chão e vejo as roupas de Matthew.

-Claro...- murmuro me agachando enquanto pego a roupa dele.- Não pode nem colocar no cesto...

Vou na direção do quarto e ouço algo lá dentro, minha boca fica seca e abro a porta do quarto.

-Puta merda!- falo com raiva.

-Emily!- Matthew se assusta.

A garota em cima dele se cobre e sai da cama, eu deixo as roupas caírem no chão e vejo ele tentar vestir a cueca.

-Desculpa, acho que vou deixar vocês continuarem.- começo a fechar a porta.

-Emily!- ele já grita mais desesperado.

-Como eu sou idiota.- rio pegando minhas coisas.

-Eu não sei o que aconteceu....estávamos sem transar....achei que você estava me traindo...

-Decidiu dar um troco?- levanto as sobrancelhas e vou direção a porta.

-Eu sinto muito.- ele veste as calças.

-Pois deixe eu dizer algo.- o encaro.- O traidor nessa relação, é você, Matthew.

Ele fica calado e eu começo a abrir a porta do apartamento, ele me impede colocando o corpo no meio.

-Me avisaram sobre você, meus amigos, meus pais, Josh...- balanço a cabeça.- Mesmo assim...

-Podemos conversar?- ele pergunta.- Não pode acabar assim...

-Com você transando com outra?- tento abrir de novo e ele não deixa.- Acho que você deixou bem claro seus sentimentos.

-Eu não sei o que deu em mim, Emily, não sei...

-Eu só preciso ir embora.- o encaro.- Saia do meio.

-Podemos conversar...

-Me deixe sair!- grito com raiva.

Ele me encara e então sai do meio, bufo com raiva e saio do apartamento, mas ele mesmo assim não desiste.

-Podemos fazer terapia, acho que pode ajudar...

-É, vamos dizer a ela, ele achou que estava me traindo e então resolveu dar o troco.- aperto o botão do elevador e ele abre.

-Emily...- ele entra também.

-Mas sabe o pior?- continuo.- Ele foi o único traíra da relação, pois é, engraçado.- sorrio.

-Você nem estava encostando em mim.- ele fala sério.- O que eu ia pensar?

-Que você estava sendo um idiota e que uma conversa sem você gritar ou me acusar resolveria.- balanço a cabeça.- Não posso acreditar...

-Para onde vai?- ele pergunta quando o elevador abre e eu começo a ir.

-Para qualquer canto que não aqui.- passamos pelo porteiro.

-Emily, por favor, pare de ser tão...

-Tão o que, Matthew?- pergunto.- Dramática?

-Eu só estou aqui por você.- ele toca meu rosto.- Eu vim para Seattle.

-Eu não pedi para vir.- balanço a cabeça.- Não coloque isso em cima de mim.

Começo a atravessar a rua, ele me chama de novo e eu paro na calçada, então ele bem andando bem devagar.

-Emily, podemos conversar...

-Amanhã, hoje não dá.- começo a ir.

Ouço uma buzina alta e viro o rosto, quando vejo o carro está atingindo Matthew e ele está sendo jogado no chão.

Arregalo meus olhos e o motorista sai do carro ligando para a emergência, pessoas começam a se acumular.

Corro até ele e me agacho ao seu lado, ele não se move, ele nem mesmo parece respirar.

-Para trás.- um cara chega.- Senhora...

-Eu sou namorada dele.- falo com raiva e tento não tocar muito nele.

-Preciso fazer ele respirar.- o cara arregaça as mangas.

-Você é médico?- o encaro.

-Sim, agora se afaste...

-Mas...- não consigo falar.

-Ele pode morrer.- o médico me encara.- Se afaste.