Capítulo 13 - Sentimentos
"Casar-se com Penelope era uma ideia bem sensata e também muito atraente" - Trecho do Livro Os Segredos de Colin Bridgerton.
Continuação...
Colin Bridgerton
Expô-la desta maneira não foi uma boa ideia, mesmo que eles não estejam a olhando. Fico tenso pela situação em que nos coloquei. Penélope é uma dama, linda e muito atraente, fazer o que fiz foi como mostrar para um indivíduo qualquer, algo precioso que só eu deveria ver. Foi tão idiota ter feito isso. Estou arrependido e com muita raiva da presença dos três, queria empurrá-los para fora e reatar esta conversa, mas me detenho no lugar, remoendo minha raiva pela desnecessária exposição. Tenho a maior parcela de culpa nisso, então não posso falar nem de Ernald, menos ainda de Freddie.
Cruzo os braços, olhando de um para o outro. Depois dela ter se ajeitado, eles passam a revezar a atenção entre nós dois, vendo isso meu rosto começa a esquentar e bato os dentes mordendo algo inexistente. Posso culpá-los, Freddie porque poderia ter seguido outro caminho, mas voltou com eles, Sir Pedro porque poderia ter deixado Penélope uma hora sozinha, e Ernald, meu cúmplice, por estar parado olhando a face de Sir Pedro, quase entregando que foi armação.
- Poupe suas palavras - diz Sir Pedro, virando seu corpo para porta, onde os dois estão. - Vamos - estreita os olhos para mim -, Penélope.
- Espere! - digo em um ato impulsivo. Ele quer tirá-la de mim. - Se é sobre mim... - Junto às sobrancelhas, se ela for com ele, nunca mais serei o mesmo. Eu a quero tanto, não consigo me imaginar sem ela, e sei, é mais do que carnal, envolve uma devoção dependente. - Penélope... - Seguro seu rosto com as duas mãos, em cada lado, ela mantém os olhos nele, apesar do rosto virado para mim. - Casa comigo? - Ela segura meu braço direito com as duas mãos, e vira os lindos olhos verdes para mim, arregalando-os. Está assustada, é visível, por ter sido pega desprevenida, até eu fui.
- Não seja tola! Ele é um ser irresponsável e impulsivo, irá abandoná-la no altar - contrapõe Sir Pedro. Olho para Freddie, que fica nervoso com meu olhar e vira-se rápido para o batente da porta, tentando anular sua presença e continuar ouvindo nossa conversa.
- Colin, não me faça promessas não sólidas, nem faça propostas que sabe que não irá cumprir. - Aperta o único braço que segura, e puxa, assim tirando uma das minhas mãos do seu rosto. Sua face está quente, o tom avermelhado está ficando mais intenso. Espero que não esteja tão mal como está parecendo. - Sir Pedro apenas planeja um futuro bom para mim, e nunca, pediu nada em troca. - Ela olha para ele comprimindo os lábios num meio sorriso, e volta para mim. Então é isso... - Ele foi minha única opção graças ao acontecido causado por você há dez anos, mas foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Agradeço pelo que fez.
- Deveria ter dito antes. - digo, franzindo a testa, e complemento: - Consegue imaginar o tamanho da aflição, ao ver você com um desconhecido e não saber que tipo de relação tem com ele? - Não dou oportunidade para nenhum deles falar, principalmente ela. - É uma inquietação que corrói a mente, maltrata de forma lenta, causa agonia, não te deixa dormir, constantemente te faz pensar... - Olho por cima da cabeça dela, e falo entre dentes: - que maior parte do erro está em você, e que não é digno. - Entorto os lábios para um lado. Meus olhos ardem, como se fossem lacrimejar. Estou falando de todo coração, não me importando de parecer um idiota. Sinto que estou no centro da atenção deles. Tenho que terminar, pôr tudo pra fora. - Só sinto isso por você... - Olho em seus olhos, ela faz um bico e arqueia as sobrancelhas me fitando - e nunca fui tão longe por mulher nenhuma.
Volto a cruzar os braços, mexo os ombros, como se fossem uma onda, ajeitando da melhor forma que consigo meus músculos. Maior parte da tensão pesa em sentimentos, o lado físico apenas auxilia certa parte da aflição. Ela imita meu gesto, abaixa a cabeça e levanta olhando para ele. Sem conseguir me controlar levo uma das mãos até sua bochecha e acaricio. Perdê-la...
- Dou minha palavra - Tiro a mão da bochecha dela e encaro Sir Pedro -, que cuidarei dela, farei de tudo para fazê-la feliz, e não à abandonarei. - Ele desfaz a expressão de desgosto, abranda a face e o olhar. - Eu a amo, e quase prejudiquei a reputação dela... imagine, se fosse outra pessoa? Nunca iria me perdoar.
Ernald e Freddie se olham, então voltam seus olhos para mim. Mesmo tendo uma imensa vontade esculachar eles por isso, mantenho minha seriedade, ainda bem que Penélope e Sir Pedro não viram.
- Penélope - apresso a dizer, nervoso, engulo seco. Seguro sua mão e fito seus olhos, seu rosto está recuperando a palidez, mas as bochechas continuam coradas. Tão linda. - Eu amo você - digo pela primeira vez e vejo os lábios dela tremerem, os olhos ainda um pouco arregalados, ela olha para Sir Pedro, como se esperasse sua permissão. Isso já não me causa agonia, pois sei que ele tem grande carinho por ela. - O que me diz?
Ela chora, as lágrimas passeiam rápido pelo seu rosto e caem no chão sem que ninguém possa segurar. Do mesmo jeito que está, olhando para ele, ela jogo o corpo de encontro ao meu, me abraçando, afaga a cabeça no meu peito, suspira e respira forte, em seguida, aperta seus braços em volta do meu corpo e levanta o seu usando os pés para me beijar. Levo os lábios até o seu, facilitando. Não imagino um sim mais lindo e melhor do que esse. Escuto Freddie e Ernald baterem palmas, devem estar sorrindo. Espero que tenham melhorado a atuação, pois a reação deles está me dando nos nervos.
- Quando pretende anunciar para sua família? - pergunta Sir Pedro. Afasto nossos lábios e olho para ele, que está com um leve sorriso em seu rosto, sorrio mais ainda com isso.
- Se permitir, voltaremos juntos para lá. - Tento conter o sorriso, mas não consigo, está sendo difícil parar de sorrir.
- Terão que manter distância - decreta ele e eu desfaço o sorriso. - Penélope é uma dama, apesar de sua noiva. - Mordo o lábio inferior. - Terá ela por muito tempo, aguente. - Vai até os dois próximos a porta e vira para nós, justamente para mim. - Se não abandoná-la antes, desejarei felicidade.
- Aguardo. - Maneio a cabeça num aceno discreto, concordando, então ele sai pela porta. Os dois ficam no meu campo de visão, me olhando, como se esperassem alguma coisa. Oh deus! Afasto um pouco de Penélope, e coloco uma das mãos na cintura dela, impaciente. - Vocês não têm o que fazer? Licença.
- Ele aceitou sem briga ou sermão - Freddie diz para Ernald, que vira-se rápido e sai pelo outro lado do corredor. - O conheço a tanto tempo... - Ele põe a mão no queixo, olha pro chão.
Abraço ela.
- Por que acha que ele fez isso, Sr. Muhammad? - pergunta Pen. Beijo sua cabeça. Seu cheiro faz meu corpo relaxar, não é um cheiro feminino comum, é um cheiro marcante, único, que sempre fica nas roupas que visto quando à abraço, por isso, mantenho algumas guardadas do jeito que tirei do corpo.
- Acreditou em Colin. - Ele olha para ela.
- Virá conosco?
Não! É bem capaz dele colocar tudo a perder, apesar de fazer tudo de bom grado.
- Se Colin insistir - diz juntando as mãos na frente do corpo.
- Não vou - contraponho entediado.
- Sendo assim, eu aceito o convite de Penélope. - Jogo a cabeça para cima, olhando pro teto. - Agradeço. Vamos, Penélope? Não podemos abusar da quietude e compressão de Sir Pedro.
- Eu dou um jeito de nos vermos - sussurro e deposito um beijo em seus lábios, de início foi apenas um estalo, mas eu a seguro e exploro seus lábios lentamente. - Minha noiva - sussurro em seu ouvido antes de nos separarmos, a fazendo sorrir, e meu Deus, que belo sorriso.
Freddie abre espaço para ela passar, e fecha a porta. Descanso as mãos na cintura. É definitivo, não tem como deixá-la, e espero que ela tenha tanta convicção como eu a respeito disso. É uma certeza emocional, algo grita dentro de mim, implorando por ela. Quanto mais tempo ficamos, conversando ou se agarrando por qualquer lugar discreto, mais necessito do seu contanto. Quando casar será assim? Levo a mão direita até a nuca, e abro um sorriso. Desde Marina Thompson nunca mais pensei em me comprometer com ninguém, mas nunca estive tão certo de uma coisa como estou agora... eu a amo muito... e vou honrar tudo que disse.
Sento no sofá de três lugares, em frente a porta, e coloco os cotovelos nas pernas. Agora, tenho que começar a planejar meu futuro com ela, onde iremos morar, no que vou trabalhar. Apressarei a data do casamento, esperar não, já basta os dias que dormiremos em camas separadas e quartos a metros de distância. Anthony vai entender, mamãe irá adorar tê-la como nora, e minhas irmãs ficarão muito felizes.
Passando algumas horas vou para a festa. Logo avisto Penélope, com uma taça na mão, conversando com Freddie, nos lábios um sorriso divertido, mal vejo o tempo passar quando olho para ela, é como se tudo ao redor não importasse. Passo pelas pessoas sem tirar os olhos dela.
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Penélope Featherington
— Tem algum lugar onde eu possa me ajeitar. Com calma? — pergunto para Freddie. Ele olha as portas, aponta para uma, abre e põe a cabeça olhando.
— Estarei aqui fora a esperando — avisa. Entro, fecho a porta e me escoro nela.
Certamente, o tom da minha maquiagem, não deixou transparecer a palidez que atravessou minha alma e quase me fez desmaiar na frente dos quatro. Não lembro de algum momento que tenha ficado tão intimidada como aquele. Estava tão bom e aconteceu tão rápido que, não tenho dúvidas, minha alma saiu e voltou para o corpo no mesmo instante. Fiquei sem palavras, nervosa, temendo não só por ter sido pega num momento tão íntimo, mas também por quem chegou na hora exata do melhor momento da minha vida. Foi constrangedor, e lamentável não ter durado tanto tempo. Deus, por que Colin demorou a se declarar? Por que eles apareceram? Eu não iria fazer isso, o Senhor bem sabe, mas a tensão foi tanta que cheguei a pensar em sugerir. Na hora ele poderia até tentar fugir, mas se o fizesse, maior parte da culpa iria ficar sobre seus ombros. Ficaria tão mal falado quanto eu, e pai algum iria aceitá-lo como pretendente da filha, assim desejei no final da cogitação.
Direciono somente os olhos para o teto, mantendo a cabeça na mesma posição de quando entrei. Bato levemente o dedo indicador embaixo dos olhos. Tampo a boca com uma das mãos, e coloco a outra em cima dela. Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus! Isso realmente aconteceu? Minha cabeça está estourando, meu corpo mole. Mal consigo ficar em pé, mesmo depois de ter encerrado aquela conversa. Ainda estou tão incrédula com aquelas palavras. Ele me ama. Sorri. Deve ser por isso que agiu que nem idiota.
Sir Pedro... aceitou!! Dou alguns passos me afastando da porta, retornando para onde estava. Será que realmente acreditou em Colin? Aquilo realmente foi tocante, mas aceitar assim... Está estranho. Temo que aconteça alguma coisa. Deus! Por favor, que nada dê errado. Entrelaço os dedos, em súplica.
Sinto que ainda estou com o rosto molhado pelas lágrimas, passo o cós das mãos nas bochechas. Minhas pernas estão bambas, meu corpo frio, como anseio novamente o toque dele. Estar em seus braços foi tão bom, queria ficar mais tempo assim, mas o dever me chamou, e Freddie estava presente.
Entendo a frustação de Colin, senti o mesmo, senão mais. Por mim casarei o mais rápido possível, mesmo que o pedido tenha sido feito há pouco tempo, e que cause grande desconfiança nas pessoas da cidade.
Rio de mim. Mal consigo dar um passo firme, parece que a qualquer momento vou desmaiar.
Colin me ama! Nem tenho vontade de voltar a festa, quero casar logo, agora se fosse possível, mas tenho que me conter, pois posso ter prejudicado minha reputação.
O rapaz! Tenho que vê-lo.
☆☆☆
Ao chegar no salão procuro com os olhos o rapaz que estava com eles. Tenho a impressão de que este assunto já deve ter sido resolvido, mas quero muito constatar pessoalmente. Freddie vai até Sir Pedro, que está com uma taça na mão, ao lado da luminária, perto de um enorme quadro.
- Benedict Bridgerton, irmão de Colin Bridgerton, também é pintor. - Alguém diz perto do meu ombro. Viro a cabeça para trás, olhando sem interesse. É Victor. - Aconteceu alguma coisa? Está... deslumbrante, mas um pouco, desculpe o atrevimento, pálida. - Ele olha-me dos olhos aos pés.
- Está tudo bem. Eu só... estava procurando uma pessoa, que com certeza, não está mais aqui. - Levanto as mãos à altura da cintura. Ele estende uma taça. Sorri, acena e sai.
- Ele sumiu tão rápido quanto apareceu. Admito, ele gosta um pouco de você - comenta Freddie perto do meu ombro. - Agora, vamos falar de algo mais importante. Pensei que Colin nunca fosse me fazer o convite. - Rio mexendo os ombros.
— Ele não ia. - Sorri, ele inclina a cabeça pro lado, sorrindo também.
— O rapaz... — tento dizer, mas paro ao ver sua mão estendida.
— Deixe ele pra lá. Colin deve ter resolvido.
— Sim.
Passeio os olhos pelas pessoas no centro do salão, dançando, e rindo.
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