Prólogo
Lá estava Margot sentada no banco da arquibancada roendo as unhas de ambas as mãos, enquanto o seu cabelo ruivo caia em torno do seu rosto adornando sua face cheia de sardas. Ela deu um sorriso murcho quando um garoto se aproximou dela, mas ele se afastou rapidamente quando viu os dentes metálicos de Margot. DEUS, COMO ERA TERRÍVEL TER DEZESSETE ANOS E SER FEIA, ela pensou enquanto os seus ouvidos eram preenchidos pela música romântica que soava pelo ginásio. Margot detestava as festas da escola, por que raios a diretora Irene insistiu em fazer um baile em uma escola brasileira? Não somos americanos! Margot pensou em dizer isso a diretora, mas achou melhor se calar ao perceber que todos da escola adoraram a ideia, menos ela.
Então era isso, Margot ficou sentada a noite inteira no banco duro e frio da arquibancada, roendo as unhas e esfregando os seus dedos esguios na barra do vestido de chita. Seu cabelo vermelho estava todo jogado para o lado e ela sentiu o seu rosto arder a cada passo que um garoto dava em sua direção, ela queria muito que pelo menos um deles a convidasse para dançar, era a única menina que estava sem par e abandonada ali as moscas. Margot mordeu o lábio inferior ao avistar um garoto alto, com braços longos e fortes cujo o cabelo era longo e dourado como o sol, os seus fios loiros pareciam beijar a sua face rosada, a boca que parecia duas linhas grossas e fartas e o nariz um pouco torto, mas mesmo assim um nariz bonito, era Raul. Margot tremeu quando sussurrou baixinho o nome dele.
Mas ele não estava sozinho, estava com Luana, uma garota cujo os seios pareciam dançar no decote do vestido tomara que caia. Ela era deslumbrante, Margot não. Ela era curvilínea, farta, Margot era magra parecia um palito. Ela era a lua, Margot era o fogo. Raul gostava de Luana, não de Margot. Quem era Margot para Raul? Ele nem a notava, e olha que era difícil não notar os longos fios vermelhos e lisos de Margot, mas fazer o quê? Raul só tinha olhos para a sua lua, para Luana.
Margot encarou os seus pés calçados em um par de tênis branco, levantou a cabeça e olhou de soslaio para o casal do colégio. Raul estava enroscado em Luana, ela ria desesperadamente como se tivesse perdido todo o ar dos seus pulmões, as mãos fortes de Raul em volta da cintura dela, os dedos apertando a pele dela, a puxando suavemente para ele até que os seus lábios se encontraram e eles se beijaram apaixonadamente ao som de uma música do Skank. Depois do beijo Raul olhou bem no fundo dos olhos de Luana e sussurrou para ela um eu te amo. Luana colocou os braços em torno do pescoço dele e deu um beijo suave em seu nariz, ele a apertou ainda mais em seus braços e sussurrou no ouvido dela, Luana sorriu quando ele fez isso, ela sentia cócegas toda vez que a boca dele se aproximava da sua nuca. Nenhum deles notou os olhos pesados de Margot observando cada detalhe daquela cena, sentindo um enorme pesar no coração. Margot amava Raul, ela soube disso quando o viu beijar Luana. Ela pensava que não, que um dia iria esquecê-lo, mas era mentira, ela nunca o esqueceria, e naquela noite sentiu inveja de Luana, pois era ela, Margot, quem deveria estar nos braços de Raul. Ela se encolheu no banco e ficou imaginando o como deveria ser legal sentir o cheiro dele contra a sua pele, então uma lágrima silenciosa desceu pelo seu rosto banhando as suas sardas. Ele nunca vai olhar pra mim, a quem eu quero enganar? Não sou bonita e jamais serei.
Margot passou o resto da noite sentada no banco frio, apenas as suas lágrimas a fizeram companhia. Ela ficou observando Raul e Luana se beijarem a noite inteira, fazendo juras de amor eterno um para o outro. Ela abraçou o próprio corpo tentando aquecer o seu coração, sentia uma dor terrível em seu peito. Margot soube que não podia esconder aquele sentimento, ela queria contar para Raul. Quem sabe ele não olha para mim? Quem sabe, quem sabe...
Na manhã seguinte Margot pegou um papel cheio de corações do seu fichário, colocou um adesivo de uma flor no canto da folha e espalhou um pouquinho do seu perfume de rosas vermelhas. Com a caneta cor de rosa ela escreveu escondida na aula de matemática, com o maior cuidado para não ser pega. Enquanto escrevia cada palavra, cada frase seus olhos percorriam a sala e encontravam Raul encostado na janela. E então ela escreveu:
Meu querido Raul,
Sei que você está com a Luana, mas você precisa saber que mais alguém além dela te ama! Eu te amo. Eu. Margot. Gosto de você, gosto de quando você balança a cabeça e os seus cabelos dançam em torno de você. Gosto quando você corrige o professor de química que falou alguma besteira que não tinha nada a ver com a matéria. Gosto do jeito que você beija a sua mãe no rosto nas missas de domingo sem ter vergonha de demonstrar o seu afeto por ela. Gosto quando você toca baixo lá na igreja com tanta paixão e coragem. Simplesmente gosto de você. G O S T O M U I T O.
Você me daria uma chance? Você quer me conhecer? Sei que não sou tão bonita quanto a Luana, mas o meu sentimento por você é sincero. Eu realmente amo você, faz tanto tempo que estou apaixonada, se isso não for amor, eu realmente não sei o que é então.
Margot dobrou o papel com cuidado esperou o intervalo e assim que Raul saiu da sala ela deixou o papel em sua mesa embaixo do caderno de espiral. Ela viu quando ele pegou a cartinha dela depois do recreio, ela viu quando ele a leu e depois olhou para ela com os olhos surpresos. Margot esperou que ele viesse falar com ela, ela ficou dias e mais dias esperando, mas ele nunca a procurou, Raul nunca falou com ela e nunca respondeu aquela carta. Então chegou o dia em que Margot desistiu, ela enfim parou de esperar por Raul, afinal ele nunca iria mesmo responder a cartinha dela, nunca.
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Oi incríveis, tudo bem? O que acharam do prólogo? Tadinha da Margot :( Afinal quem nunca sofreu com uma paixão não correspondida? Eu, por exemplo, sofro muito disso hahahaha o crush não liga pra mim kkkk Ok bricadeirinha, mas é verdade rsrs
Volto logo ;)
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