Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Winker - Parte II

Ato III

Ainda caída, engulo grandes quantidades de ar como se minha vida dependesse disso.

- Mas que merda tá acontecendo? - cuspo, minha voz rouca, carregada de descrença e exaustão.

A mulher coloca as mãos na cintura, inclinando levemente o corpo para frente, ainda recuperando o fôlego. Sua risada se torna mais suave, quase satisfeita. Ela balança a cabeça devagar, seus olhos brilhando com algo que não sei identificar, admiração, diversão ou pura insanidade.

- Vocês dois... são bons.

Minha testa se franze em incredulidade. Ela só pode estar brincando.

- E você é completamente doida, - rebato, estreitando os olhos.

Ela sorri, inclinando a cabeça para o lado, me estudando como se estivesse enxergando algo novo. Algo que talvez não esperasse encontrar.

- Talvez eu seja, - admite, sem um pingo de vergonha. Seu sorriso persiste, selvagem e insolente. - Mas vocês ainda estão vivos. Isso quer dizer alguma coisa, não?

Coimbra solta um suspiro longo e exasperado. Ele passa as mãos pelo rosto molhado, espalhando lama e sangue pelo queixo e testa. Por um segundo, seus ombros caem, como se finalmente a ficha estivesse caindo do que diabos acabamos de passar.

Então, do nada, ele solta uma risada curta e descrente. - Quer dizer que a gente devia ter te deixado sangrando na estrada.

Há humor seco em sua voz, uma ironia cansada de alguém que percebeu tarde demais que o destino já estava selado no momento em que decidiram carregá-la.

A mulher ri de leve e dá de ombros, os olhos ainda faiscando com uma mistura de exaustão e diversão. Como se tivéssemos acabado de fazer um acordo silencioso.

- Mas não deixaram, - ela responde, sua voz rouca, carregada de desafio.

Cruzo os braços sobre o peito, ainda sentindo a adrenalina pulsando, tentando controlar minha respiração. O sangue quente na minha testa já começou a endurecer, formando uma crosta pegajosa contra minha pele. Minha mente ainda corre em círculos, tentando processar tudo.

Meu olhar alterna entre Coimbra e a mulher, e por fim, solto um suspiro pesado. - Acho que deveríamos ter reconsiderando. - E então cuspo um pouco de sangue na terra, limpando a boca com as costas da mão, sentindo o gosto amargo da luta.

A mulher apenas sorri. Mas dessa vez, há algo diferente em seus olhos. E eu não sei se gosto disso.

Coimbra balança a cabeça, os ombros subindo e descendo com a respiração ainda descompassada. Seu corpo continua tenso, cada músculo pronto para mais uma luta, caso fosse necessário. Um filete de sangue escorre do canto de sua boca, misturando-se à água que ainda pinga de seu queixo. Ele estreita os olhos, estudando a mulher à sua frente com uma desconfiança que ainda não se dissipou completamente.

- Você... já sabia que a gente não era inimigo, não sabia?

A mulher olha para ele com sorriso semicerrado- Desde que acordei.

Meu sangue ferve.

- Você tava brincando com a gente? - Minha voz sai afiada, incrédula, carregada de pura raiva.

Ela dá de ombros, casual, como se tivesse testado a firmeza de um galho antes de subir numa árvore. - Só precisava ter certeza.

Eu me levanto, cada músculo protestando, minha pele ardendo nos pontos onde rochas e raízes deixaram suas marcas. Meu corpo inteiro grita que essa luta foi uma idiotice, uma perda de tempo e de energia que mal temos.

- Certeza de quê? - Cuspo as palavras, encarando-a com fúria. - Que a gente não ia morrer tentando te salvar, sua desgraçada?

Ela ri de novo, mas desta vez o som é mais baixo, quase satisfeito. Seus olhos passeiam entre nós dois antes de dar um passo para trás e, sem hesitar, estende a mão para Coimbra.

- Me chamo Winker. - Seu sorriso ensanguentado carrega algo entre desafio e reconhecimento.

Coimbra encara a mão dela por um instante, avaliando. Sua hesitação dura um segundo a mais do que o necessário, mas então ele aceita o aperto firme, ainda cauteloso.

- Coimbra.

O gesto faz Winker soltar uma risada breve, e então ela gira para mim.

Eu não gosto disso.

Ela avança um passo, e meu instinto reage antes de qualquer lógica. Meu corpo dá um leve passo para trás, quase imperceptível, mas perceptível o suficiente para que um brilho satisfeito passe pelos olhos dela.

Mas, em vez de me encarar mais de perto, ela apenas sorri e mergulha na água antes que eu possa dizer qualquer coisa.

Eu arregalo os olhos, meu coração disparando com o súbito movimento.

- Mas que porra...?

Antes que eu possa me preocupar, ela emerge do outro lado do rio, segurando o bastão que a correnteza quase levou. Ela o ergue no ar, como se fosse um troféu conquistado.

- Vamos sair dessa água logo. - Sua voz carregada de sarcasmo.

Troco um olhar com Coimbra. Ele apenas dá de ombros, exausto e a segue para fora do rio.

Cada passo pela correnteza é uma luta. A água nos puxa, pesada, tentando nos manter dentro do rio, como se soubesse que lá estamos vulneráveis. Meus músculos protestam com cada esforço, mas, finalmente, alcançamos a margem.

Saímos arrastados, quase rastejando pela lama, até nos firmarmos na terra outra vez. Meu corpo dói em lugares que eu nem sabia que podiam doer. Minha blusa está encharcada, colada à pele como um abraço sufocante e incômodo.

Winker se vira para mim enquanto se estica, soltando um estalo audível de seu ombro deslocado.

- Qual seu nome? - Há uma curiosidade sincera na pergunta dela, o que me irrita ainda mais.

Eu bufo, esfregando o rosto e sentindo o gosto da sujeira misturada ao sangue seco.

- Naomi.

Winker sorri, como se saboreasse a resposta, antes de se virar e torcer a água da camisa sem nenhuma hesitação.

Coimbra saindo logo atrás solta um suspiro pesado e passa as mãos pelo rosto, jogando a água de qualquer jeito. Seu cabelo pinga sem parar, e ele sacode a cabeça feito um cachorro, espirrando água para todo lado.

- Porra, Coimbra! - reclamo, protegendo meu rosto.

Ele dá um meio sorriso cansado.

- Melhor assim do que ficar pingando igual um condenado.

Ele ri, um meio sorriso cansado, os olhos piscando algumas vezes enquanto limpa o canto da boca com o polegar.

- Melhor assim do que ficar pingando igual um condenado.

Reviro os olhos, mas não digo nada. Estou muito cansada para brigar agora.

Winker apenas observa tudo, aquele mesmo sorriso no rosto.

- Vocês dois são legais também.

- E você é uma lunática - respondo.

O sorriso dela se alarga. - Eu sei.

E, pela primeira vez, acho que estamos todos concordando com alguma coisa.

Winker estende os braços e gira o corpo levemente, deixando o vento frio da noite soprar contra sua pele molhada. O gesto dela é despreocupado, quase desprezível diante do estado em que estamos. Com um suspiro satisfeito, ela puxa a blusa ensopada e a torce sem hesitação, a água escorrendo em filetes grossos como uma cachoeira suja.

- Meu Deus, que merda - resmunga, franzindo o nariz ao examinar o próprio estado. Ela ergue uma perna e a balança, chutando a água acumulada em sua calça. - Eu tava fedendo a sangue, agora fedor de lama. Melhor ou pior?

Coimbra, ainda exausto, solta um riso curto enquanto retira a camisa, torcendo-a com força. Seus músculos rígidos contraem-se no movimento, destacando as marcas recentes do combate. Ele observa a peça molhada por um instante e balança a cabeça, resignado.

- Definitivamente melhor - diz, pausando por um segundo antes de adicionar, sem muita convicção: - Mas só um pouco.

Coimbra se senta sobre uma pedra, inclinando-se para retirar as botas. A água acumulada dentro delas escorre com um som oco antes que ele as sacuda algumas vezes para tentar secá-las.

Me aproximo e me sento ao lado dele, oferecendo um pedaço de tecido rasgado. Ele hesita, mas pega, limpando o filete de sangue no canto da boca. Seu olhar ainda carrega um resquício de irritação misturado com cansaço puro.

A luz da lua atravessa as árvores, iluminando Winker, que parece estranhamente confortável, apesar do estado deplorável de seu corpo. É como se o caos de antes nunca tivesse acontecido, como se a luta, o sangue e o quase afogamento fossem apenas detalhes de um dia normal.

Então, sem aviso, o corpo dela vacila. As pernas tremem e, antes que possa se segurar, ela desaba no chão.

Coimbra se levanta rapidamente, o instinto assumindo o controle enquanto ele se abaixa ao lado dela, conferindo sua respiração. Seu olhar corre por seu rosto pálido, os ferimentos, os cortes profundos ainda vertendo sangue.

Os olhos de Winker se abrem, e ela encara Coimbra, a expressão carregada de exaustão e um traço de impaciência. - Me dá espaço. Só preciso respirar um pouco - murmura, a voz mais rouca do que antes.

Coimbra hesita, mas recua ligeiramente. Seu olhar encontra o meu, e sabemos a mesma coisa: ela pode falar o que quiser, mas está péssima.

Cruzo os braços, observando-a.

- Não precisa ficar bancando a durona. Você tá toda ferrada - digo, sem rodeios.

Ela solta um riso curto, seguido de uma careta de dor.

- E mesmo assim derrubei vocês dois.

- Tentou derrubar - corrijo, enfatizando a palavra.

O sorriso de Winker se alarga um pouco, o brilho divertido voltando aos olhos, apesar do cansaço evidente.

- Detalhes.

Ela inclina a cabeça para trás e solta um longo suspiro antes de perguntar:

- Eu consegui matar todos aqueles desgraçados?

Coimbra apenas assente, sério. Mas eu não consigo segurar minha curiosidade. - Conseguiu. Mas por quê?

Ela pisca devagar, como se pesasse a pergunta, mas sua resposta vem de maneira despretensiosa. - Aquelas maricás invadiram meu acampamento enquanto eu caçava.

Coimbra franze a testa. - Então... eles mataram seus amigos?

A mulher solta uma risada curta, quase zombeteira. - Não, meu Deus! Que melodramático. Eu não tenho amigos. Eu sobrevivo sozinha.

Ela fala como se fosse óbvio, como se a ideia de ter um grupo fosse um conceito distante demais para ser considerado.

- Eu estava voltando para o acampamento quando vi eles vasculhando minhas coisas. A princípio, pensei que eram só sobreviventes... mas aí encontraram minhas roupas e começaram a falar sobre me fazer de escrava.

O silêncio entre nós é instantâneo. Coimbra, que até então parecia apenas analisá-la, se inclina um pouco para frente, os olhos agora mais atentos.

- O quê?

Winker dá de ombros, como se estivesse contando uma história qualquer e não o motivo pelo qual ela exterminou um grupo inteiro de homens.

- É isso mesmo que você ouviu. Eu fiquei ofendida pra cacete! - Ela faz uma pausa, balançando a cabeça como se ainda não acreditasse. - Como alguém vê minhas roupas e a primeira coisa que pensa é em me fazer de escrava?

A escolha de palavras dela me pega desprevenida. Meu cérebro espera raiva, fúria, nojo. Mas, em vez disso, ela parece... quase insultada pelo motivo errado.

Coimbra solta uma risada curta, meio descrente. - Então... você matou eles porque te menosprezaram?

O olhar de Winker se afia, e ela levanta um dedo ensanguentado na direção dele. - Não - diz, pausadamente. - Eu matei porque eles eram uns desgraçados que poderiam escravizar outra mulher se continuassem vivos.

Ela faz uma pausa, inclinando a cabeça ligeiramente.

- Mas o menosprezo ajudou na minha decisão.

Meu olhar encontra o de Coimbra, e vejo nele a mesma coisa que estou sentindo: um entendimento incômodo.

Winker simplesmente sorri, satisfeita com sua explicação, enquanto se recosta contra a árvore mais próxima, fechando os olhos por um breve instante.

Balanço a cabeça, exausta. Meus músculos protestam a cada respiração, e a adrenalina que ainda restava está se dissipando rápido, deixando apenas o peso do desgaste.

- Por que não matou eles enquanto estavam no seu acampamento? - minha voz sai sem rodeios, direta.

Winker se move com esforço, empurrando o corpo para se levantar. Seus movimentos são pesados, como se cada articulação estivesse reclamando da batalha recente. Ela pressiona as mãos contra os joelhos e solta um longo suspiro antes de responder:

- Eu ia seguir eles até o acampamento deles e matar todo mundo lá, mas... - Ela faz uma pausa, passando a língua pelos lábios rachados. - Aí vocês apareceram.

Meu olhar se estreita. - Então a culpa é nossa de você ter matado todos eles? - minha pergunta vem seca, sem paciência.

Ela solta uma risada baixa, balançando a cabeça com diversão. - Sim.

Meu cenho se franze ainda mais, e ela ergue uma sobrancelha, como se estivesse testando minha reação.

- Normalmente, eu não me intrometeria - continua, agora com um tom mais leve. Ela gira os ombros, tentando aliviar a tensão nos músculos. - Mas a forma como vocês tentaram lidar com aqueles caras... foi no mínimo interessante.

Ela dá um passo à frente, mas seu corpo vacila. Instintivamente, eu a seguro pelo braço antes que ela perca o equilíbrio. Ela se apoia ligeiramente em mim, mas seu olhar carrega uma resistência teimosa.

- Pena que, na Ilha, palavras sem atitudes não são nada - completa, sem encarar diretamente meus olhos.

Não comento nada, apenas a levo até uma pedra e a ajudo a sentar. Seu corpo desaba no assento improvisado.

Ela inspira fundo, seus olhos escaneando o ambiente antes de perguntar, sem muito interesse aparente: - E vocês? São apenas dois ou têm um grupo como todo mundo?

A pergunta parece casual, mas há um peso sutil por trás dela. Algo que sugere que ela não se importa realmente com a resposta... mas quer saber do que estamos escondendo.

Cruzo os braços, mantendo o tom vago. - Temos um grupo.

Coimbra, no entanto, é mais direto. - Estamos procurando suprimentos. Nosso grupo precisa.

Winker solta um riso curto pelo nariz, sem humor. - Sempre precisam.

A frase dela é simples, mas carregada de um cansaço que não combina com alguém que vive sozinha.

Pego o cantil na mochila e ofereço a ela.

Winker observa o objeto por um segundo antes de aceitá-lo, desenroscando a tampa e bebendo com sede, os movimentos rápidos e eficientes, como alguém acostumada a economizar recursos. Quando termina, limpa a boca com as costas da mão e me devolve o cantil, agora quase vazio.

Enquanto ela recupera o fôlego, Coimbra aproveita para matar sua própria curiosidade.

- Você parece confortável demais aqui. Sozinha. Não se sente... isolada?

Winker ergue uma sobrancelha, e um brilho breve de divertimento cruza seu olhar. - Isolada é só outra palavra pra livre - responde sem hesitar.

Ela inclina a cabeça para trás, encarando o céu noturno, como se as estrelas tivessem mais respostas do que nós.

- Grupos são complicados - continua, sua voz agora mais tranquila. - Gente demais, opiniões demais, drama demais. Prefiro meu próprio ritmo.

Coimbra pondera por um instante antes de perguntar: - Então por que ainda está aqui?

Dessa vez, Winker vira o rosto na nossa direção, avaliando-nos por um instante antes de responder. - Eu disse que grupos são complicados, não que são inúteis.

Ela dá um leve sorriso, algo entre a ironia e a sinceridade.

- Além disso... - Ela faz uma pausa, inclinando-se para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos. - Vocês estariam fodidos sem minha ajuda.

O canto de sua boca se ergue em um sorriso torto. - E foi divertido.

Coimbra franze o cenho, confuso. - Divertido?

Winker assente, relaxando mais contra a pedra.

- Sim. Vocês não gritaram nem correram como eu esperava. Então já estão acima da média.

Coimbra solta uma risada curta e sacode a cabeça enquanto verifica o estado de sua bota. - Bom saber que pelo menos somos 'acima da média'.

Winker ergue um dedo, balançando levemente no ar.

- Não se empolgue. É um padrão baixo.

Ela pisca um olho e acrescenta casualmente: - Mas, ei, podemos trabalhar nisso.

- Bem, e você é definitivamente... diferente - resmungo.

Winker me olha de relance, os olhos ainda brilhando com o toque de diversão.

- Isso é sua maneira de dizer 'obrigada'?

Cruzo os braços e não respondo.

- Porque, francamente, você precisa praticar mais. - Ela inclina a cabeça, estreitando os olhos. - Parece meio ingrata.

Coimbra solta uma risada baixa, e eu aperto os lábios, segurando um suspiro pesado.

Winker apenas sorri mais. E, pela primeira vez naquela noite, sinto que, mesmo com toda a merda, talvez essa mulher não seja tão ruim quanto parece.

Ou talvez seja.

Por alguns segundos, meu olhar permanece preso no rosto dela, tentando decifrar até que ponto suas palavras são uma provocação e até que ponto são verdade.

Winker sorri de lado, como se estivesse saboreando minha hesitação. Seu corpo ainda está exausto, mas sua língua continua afiada.

- Relaxa, Naomi. Eu já entendi. Você não é do tipo que distribui "obrigadas" à toa - ela diz. - Mas você se importa. Eu ouvi a conversa entre vocês.

Eu solto um suspiro, cruzando os braços.

- Me importar não significa confiar.

Winker arqueia uma sobrancelha. - E quem disse que eu quero que você confie?

Coimbra, que até então observava a conversa com um meio sorriso de cansaço, decide intervir. - Bom, pelo menos vocês paramos de tentar nos matar. Isso já é um progresso.

Winker solta um riso baixo, jogando a cabeça para trás e fechando os olhos por um instante.

- É... eu diria que já estamos no estágio da desconfiança respeitosa.

- Isso é um bom jeito de colocar - Coimbra admite, calçando a bota agora menos encharcada.

Fico em silêncio por mais um instante, depois balanço a cabeça e guardo o cantil de volta na mochila.

- Vamos logo antes que algum outro lunático apareça por aqui - aconselho, lançando um olhar para Winker.

Coimbra se levanta com um suspiro pesado e vai na direção de Winker.

Mas, antes que ele possa tocá-la, Winker ergue uma mão.

- Ei, só pra deixar claro... eu ainda não prometi nada sobre ir com vocês.

Coimbra para por um instante, estreitando os olhos, mas não parece surpreso. Ele cruza os braços e inclina a cabeça levemente.

- E eu não prometi que ia carregar você, então estamos quites.

Winker solta um riso fraco, balançando a cabeça.

- Mas talvez eu vá. Só pra ver até onde vocês realmente são 'acima da média'.

Coimbra revira os olhos, sem dar muita atenção às palavras dela. - Claro. - Ele então se agacha ao lado dela e passa um braço sob suas axilas, tentando ajudá-la a se levantar. Mas, para sua surpresa, Winker pressiona o corpo para baixo, resistindo ao movimento.

- O que diabos você tá fazendo? - ela questiona, a voz carregada de desconfiança. - Tá achando que eu tô carente só porque vivo isolada?

Coimbra solta um suspiro exasperado.

- Para de falar besteira - rebate, ajustando a pegada. - Você tá toda ferrada. Precisamos te levar logo para o acampamento antes que caia dura no caminho.

Winker faz uma expressão exagerada de surpresa, a voz saindo mais baixa, mas carregada de sarcasmo teatral. - Aaah! - ela exclama, arqueando as sobrancelhas. - Então é assim que funciona? A gente mal se conhece e já quer me carregar nos braços?

Coimbra apenas lança um olhar impassível, ignorando o drama.

- Vamos logo.

Ela solta um suspiro dramático, mas um sorriso pequeno e torto surge em seus lábios manchados de sangue.

- Tá bom, tá bom... Mas olha - ela se ajeita contra Coimbra enquanto ele a ergue, deixando o peso do próprio corpo sobre ele. Seus músculos tensionam, sustentando-a com firmeza. - Só pra deixar claro, se vocês se meterem em risco de novo, não esperem que eu salve vocês outra vez hoje.

Seu tom é brincalhão, mas seu corpo fraqueja visivelmente ao ser levantado. Antes que possa protestar, sua cabeça repousa no ombro de Coimbra, e em menos de um minuto, sua respiração já desacelera.

Coimbra arqueia uma sobrancelha ao perceber que ela apagou quase instantaneamente.

- Impressionante - murmura, colocando-a em suas costas.

Eu balanço a cabeça, puxando a mochila para as costas e ajustando as alças.

- Vamos antes que ela acorde de novo.

Sem mais delongas, seguindo de volta ao acampamento.

Ato IV

A floresta ao nosso redor é um borrão escuro de sombras e folhas molhadas. Coimbra caminha à minha frente, os passos firmes, mas carregados pelo peso extra de Winker jogada sobre suas costas. Eu sigo ao lado, o bastão seguro em uma das mãos, a mochila encharcada apertando contra meus ombros já tensos.

O silêncio pesa entre nós, apenas o som abafado dos passos na lama e a respiração ritmada de Coimbra preenchem o espaço. Mas a tranquilidade é breve.

Um movimento sutil percorre o corpo jogado sobre Coimbra. Um tremor involuntário dos dedos, seguido de um suspiro rouco. Então, com um gemido curto e arrastado, Winker abre os olhos.

Seu rosto ainda está com respingos de sangue seco, os cortes e hematomas formando um mosaico de destruição em sua pele pálida. Mas sua expressão não é de dor. É de puro divertimento.

- Ok, confesso - ela murmura, a voz ainda rouca de sonolência. Sua cabeça se inclina levemente para o lado, os olhos preguiçosamente varrendo o ambiente antes de pousarem em mim. O canto de sua boca se curva em um sorriso torto. - Eu não esperava que vocês dois fossem tão teimosos. Normalmente, quem me encontra já tá morto... ou correndo pra ficar vivo.

Meu olhar desliza para ela, impassível, antes de voltar à trilha à frente.

- Normalmente, eu também não perco tempo salvando gente que tenta me afogar cinco minutos depois - rebato, minha voz cortante como o frio úmido que gruda em nossas roupas.

Coimbra suspira pesadamente, mas não diz nada. Ele apenas reajusta o peso de Winker em suas costas, seus músculos retesando sob o esforço contínuo.

Winker solta um suspiro longo, forçado, e se inclina um pouco mais, repousando o queixo sobre o ombro de Coimbra de maneira exageradamente confortável.

- Como assim? - Ela ergue uma sobrancelha, os olhos brilhando com uma faísca travessa. - Eu nem tentei afogar você de verdade. Foi só um teste.

Meu maxilar trava e paro abruptamente no meio da trilha, virando o rosto para encará-la. Meu olhar fere como lâmina, o bastão apertado com tanta força que os nós dos meus dedos estão brancos.

Winker me encara de volta, seu sorriso apenas se alargando com meu silêncio ameaçador.

- Ah, então isso foi um teste? - minha voz sai arrastada, carregada de incredulidade venenosa.

Ela pisca uma vez, inclinando a cabeça levemente, como se estivesse considerando minhas palavras com um interesse genuíno.

- Uhum.

Respiro fundo pelo nariz, sentindo minha paciência evaporar no frio da noite.

- Interessante, porque na minha experiência - continuo, minha voz gotejando sarcasmo - testes não envolvem quase morrer sufocada por uma psicopata ensanguentada.

Winker suspira dramaticamente e fecha os olhos por um instante, como se meu tom fosse um aborrecimento leve em meio ao caos.

Então, ela sorri de novo, lenta e deliberadamente.

- Olha, se serve de consolo... - ela se ajeita melhor nas costas de Coimbra, soltando um suspiro satisfeito - você passou.

Minha mão coça para arrancá-la dali e jogá-la na lama.

Coimbra apenas revira os olhos e balança a cabeça enquanto continua andando.

Mas Winker ainda está sorrindo. Como se tudo isso fosse apenas um jogo para ela.

Coimbra então decide falar, obviamente tão exausto quanto eu. - Sabe o que eu não entendo? Você literalmente quase matou a gente e agora tá aí, de boas, aproveitando carona. Algum momento do dia você pretende dizer "obrigada"?

Coimbra finalmente decide falar, sua voz carregada de exaustão, mas ainda mantendo a serenidade. - Sabe o que eu não entendo? Você literalmente quase matou a gente e agora tá aí, de boas, aproveitando carona. Algum momento do dia você pretende dizer "obrigada"?

Winker, com queixo no ombro dele, faz uma falsa expressão de inocência. - Só quando vocês agradecerem por eu ter salvado suas vidas primeiro.

Aperto as alças da mochila para aliviar o peso e respondo:: - Volta a dormir. Prefiro quando tá desmaiada.

Ela solta um suspiro exagerado, carregado de dramatização.

- Uau. Sua heroína aqui, no momento mais vulnerável, toda arrebentada, e é assim que sou tratada?

Coimbra não se impressiona, ele já se acostumou com o teatro. - Você acabou de destruir uma gangue inteira sozinha. Vulnerável é a última coisa que você é.

Winker dá de ombros, como se o argumento não tivesse peso algum.

- Ah, então eu deveria ter deixado alguns vivos, só pra vocês lidarem com eles depois? Entendi. Vou anotar pra próxima.

Paro de andar por um segundo, só para encará-la com incredulidade.

- Não precisa, na próxima só tenta não cair morta no final. Porque adivinha só quem tá carregando seu peso agora?

Coimbra ajeita Winker nas costas, o esforço visível em cada músculo tenso de seus braços e ombros. Mas ela não perde a chance de provocar.

- Relaxa, você tá indo bem, Coimbra. Eu só peso uns... sei lá, cinquenta quilos.

Coimbra solta um riso curto, sem humor.

- Isso é uma piada? Já tentou carregar cinquenta quilos, molhados e por uma floresta cheia de lama?

Winker sorri de canto, e seu olhar brilha com pura malícia.

- Ah, então você é do tipo que reclama enquanto faz o trabalho? Achei que era mais honrado que isso, Coimbra.

Dou uma risada baixa e balançando a cabeça.

- Honra? Em carregar você? Ele devia era estar cobrando um pedágio.

- Posso pagar em sarcasmo e desdém. Tá bom pra vocês?

Ela inclina a cabeça ligeiramente, fingindo considerar a ideia.

- Posso pagar em sarcasmo e desdém. Tá bom pra vocês?

- Não pagaria nem um café com isso - respondo de imediato.

Winker arqueia uma sobrancelha, a diversão em seu rosto evidente.

- Café? Você ainda acha que vai achar café nessa merda de ilha? Que coisa fofa.

Reviro os olhos e solto um suspiro impaciente.

- O que seria fofo mesmo era você calar a boca por cinco minutos.

Ela solta um longo suspiro e se ajeita nas costas de Coimbra, acomodando-se de forma irritantemente confortável.

- Hm... não. Não acho que consigo.

Estou prestes a responder quando Coimbra levanta um pouco a cabeça, observando a clareira à nossa frente, e anuncia: - Chegamos.

Meu olhar segue o dele, e vejo as silhuetas de Pan, Toucan e Falcon reunidos ao redor da fogueira. O brilho alaranjado dança sobre seus rostos, mas é o queixo erguido de Toucan e os olhos atentos de Falcon que me fazem perceber que já notaram nossa aproximação.

E, claro, notaram a mulher largada nas costas de Coimbra.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro