⚓ CAPÍTULO 14: A última luz
Nãohavia um psicólogico intacto em nenhum dos grupos. Era como se estivessem abeira da loucura, uma tortura que não lhes dava descanso. O mental, que noscoordena, já estava em pleno estado de deterioração, surrada pelosacontecimentos macabros que ocorriam dia após dia. As pernas não atendiam aos comandos. Não tinha mais lógica em seus raciocínios e o físico também já estava por um fio.
Depois de mais onze horas ininterruptas, Barnes se manteve irredutível em não procurar por Nielsen e Wilson. Larsson deu aval ao capitão, e Allen só pôde concordar, visto que estava em sua minoria. Partiram em busca de algum local adequado para passar o dia.
Do outro lado, Evelyn palpitou que estivessem andando em círculos, e Watson levou a sério. Peterson e Sullivan andavam um ao ombro do outro, tentando se manter em pé. Estavam próximos a uma cavidade rochosa, cercada por arbustos de médio tamanho. O último, então, desistiu. Sentou-se nas proximidades. Suspirava como se fosse a última vez que o fizesse. Naturalmente, Watson tentaria levantar seu ânimo, mas ele sabia que não tinha muito o que fazer. Estavam fadados a morrer. O pouco de sol que havia era desagradável, e deixava a situação ainda mais caótica, sem ter o que beber. Quando o marujo Sullivan recostou sua cabeça nas rochas, de bate e pronto recordou-se do seu auge pelo oceano. De comida farta à vinho. Peterson, então, entregou os pontos junto ao oficial da marinha norte-americana. Abatido, o detetive suspendeu boa parte da calça e da manga que restava de sua camisa. Está acabado.
Watson e Evelyn trocaram olhares. Não tinha como reverter o jogo. Portanto, resolveram em acordo total, entrarem para dentro da caverna. Se algo estiver lá dentro, não há problema. Também há coisas no esperando do lado de fora.
A cavidade natural era longa, extensa e comum, sem nada de especial. Não se tinha lago em seu interior, mas a umidade era facilmente sentida. Sua dimensão não era tão abundante, e havia pouca variabilidade térmica.
Evelyn, combalida, retirou sua camiseta, ficando apenas de sutiã. Ouviu, de fato, piadas infames vindas de Sullivan, mas Petersen o cortou rispidamente. Respeito é bom, pensou o camarada de Los Angeles. No que se passaram algumas horas de repouso, Watson ainda preferiu permanecer deitado, até que uma grande sombra se fez presente na entrada lateral que se tinha a cerca de doze metros de onde seu grupo estava sentado. Imediatamente, duas novas obscuridades surgiram. Em suas mãos, haviam algo. O ex-militar pediu silêncio com as mesmas, e Sullivan e Petersen estavam acabados demais para tentar sobreviver. Entregues! Logo, as três sombras se esgueiraram e se entregaram. Eram Barnes, Larsson e Allen. Os grupos se abraçaram fortemente em festejo ao reencontro. A respeito dos que não estavam presentes, se deduziu o falecimento, em que pese Barnes não ter mencionado exatamente o que havia acontecido com Nielsen e Wilson.
Duashoras depois. Após muito se debater a despeito da ponta na qual sairiam, Watsonvenceu o famigerado par ou ímpar com Larsson, e optou por seguir a lógica deseu grupo, saindo por onde Barnes havia entrado. O caminho tortuso pelasfissuras da grande caverna fora feito rapidamente, e quando puseram seus pés para fora, um grande fescor tocou a todos. O bafo congelante arrepiou todos. Onde estamos agora... pensou Evelyn. De imediato, todo o grupo deduziu que seria impossível resistir ao frio em grande escala. Retornar a parte interna da caverna foi a ideia lógica e acatada por todos. Caminharam em retorno, e ao entrarem, tudo era mais esbranquiçado com água descendo pelas paredes rochosas. Um cenário oposto do anterior. Haviam mudado de localidade.
Ainda que não fizesse tamanho frio como fora, já não era um lugar demasiadamente confiável, nem mesmo para passar algumas horas. Larsson, no entanto, pediu mais alguns minutos, pois precisava em urgência fazer suas necessidades. Mal deu tempo para agachar parte de sua veste para urinar, e um sopro tocou sua orelha. Ele, no entanto, acreditou ser uma brincadeira marota de algum dos amigos, e pouco deu bola, apenas rindo. Sua pistola estava em um de seus bolsos, claro. Ao se aliviar, virou-se, e topou com um grande peitoral pálido e gélido. Eram pouco mais de dois metros de altura e de uma frieza que colocaria até mesmo o mais quente dos homens em puro estado de medo.
Barnes, Allen, Sullivan, Watson, Evelyn e Petersen, distantes de Larsson, esperavam seu retorno. Todavia, o que receberam foi sua cabeça, que rolava ao chão como uma bola de futebol. Evelyn levou as mãos a boca, e uma corrente elétrica passou pelo corpo de Petersen. O que diabos?! Barnes e Watson se entreolharam, e Allen deu um passo para trás. A grande sombra se projetou pelas paredes agora congeladas. Barnes cogitou, estupidamente, o Pé Grande, mas Watson fora perspicaz. Não. Estamos no Himalaia. Quando a criatura quase prateada se ergueu por completo, os gritos ecoaram pela caverna.
Evelyn deixou sua lança cair, tamanho medo sentido pela bela inglesa, agora já vestida de forma comportada. A criatura, agilmente esticou seu enorme braço para puxar a garota, mas Allen se atirou a sua frente, e a criatura de gelo tão forte encaixou seu punho no cosmólogo que seu braço direito fora completamente esmagado. Seu corpo só foi solto pois Petersen, brilhantemente - e finalmente! Acertou uma grandiosa flechada no olho da criatura, que urrou em dor. Barnes e Watson abriram fogo, afastaram a besta branca de Evelyn, que ainda estava caída. Allen pediu para que a moça corresse. Ela demorou, mas o fez. Allen não resistira. O movimento agonizante do inimigo em plena dor causada pelas balas foi o suficiente para que ele sacolejasse seu físico colossal e fizesse com que toda a estrutura chacoalhasse.
Oquarteto restante arriscou o percurso para sobreviver, mas a cavidade aospoucos se chocava ao chão. Petersen teve seu corpo prensado por uma camada degelo na região dos joelhos, o impossibilitando de andar. Perto do adversáriogelado, Barnes disparou dois balaços com sua Winchester, mas fora arremessadocomo uma jaca. Por sorte, para fora da caverna, mas lesionado e ao chão. Watsonpegou Evelyn no colo, dividindo sua força com a moça e com sua arma, e, de forma ainda que lenta, se pôs para fora. Barnes estava agachado, ferido. Morreriam todos, era o desfecho sendo concretizado, até que Sullivan, extremamente mal posicionado em relação a sair da caverna, apanhou o arco e flecha usado por Petersen. Ao seu alcance, somente duas flechas para disparar. A primeira, ele de tão nervoso, arremessou por centímetros, o que a fez tocar o solo, sem perigo algum. Logo, colocou a última.
— Capitão! Por Jonathan Hill! – o disparo fora certeiro, fazendo com que o alvo se locomovesse em sofrimento, golpeando as paredes laterais e fazendo com que tudo desabasse. Barnes, Watson e Evelyn ficaram ao lado de fora, mas para o restante, tudo havia acabado. A neve pacificamente deu espaço a uma garoa curiosa.
O chão esbranquiçado e coberto pela nevasca de passados minutos era de estupenda beleza. E a chuva, ainda que fina e fraca, lhes davam um aspecto ainda mais de sobreviventes. Barnes tinha dificuldades em andar, e Watson fez o possível para ajudá-lo. Evelyn, enfraquecida, seguiu sozinha. Quando o ex-militar olhou para o céu, ele acelerava sua trajetória costumeira. A noite caminhava a passos largos e a lua se aquecia para tomar o lugar do sol. Andaram então, uma boa quilometragem, e Barnes chegou a cuspir sangue em alguns trechos. Logo, a chuva estinguiu e a neve desapareceu. O sol se preparava para dar adeus. Barnes, moribundo e obsoleto no estado em que se encontrava, pediu para que seguissem em frente, mas o bravo Watson negou veementemente. Sugeriu que dormissem em qualquer canto, e em menos de uma hora e meia, o ex-militar demonstrou ainda mais sua bravura. Levantou o capitão e o conduziu por um região de árvores retorcidas junto a Evelyn. Eles não sabiam onde estavam e nem para onde seguiam. Dialogaram com muitos cenários distintos, e Barnes se entregava aos poucos, até que, Evelyn vislumbrou o nascimento de um arco-iris a frente. É tão belo! Ela disse, e Watson, emocionado, brincou aos ouvidos de Barnes. Perdemos a guerra, mas teremos a mais bela das visões. Vamos lá, capitão John Barnes! Eles, então, resolveram andar um pouco mais, desbravando a mata que lhe restava, até que, Evelyn sentiu o terreno oposto ao que andava durante todos os dias. Estavam acima das areias novamente. Estavam do outro lado da ilha... E era exatamente igual ao que atracaram, exceto que, uma grande luz ao leste foi acesa. O farol estava lá. Reluzindo sua potente luz, ele clareava de lado a lado, e refletiu em um objeto curvado. Era uma canoa, com três incríveis remos. Estreito e leve, com suas extremidades afiadas. Watson colocou Barnes no chão, que capengando, se manteve. O trio se olhou.
Por Deus, o que está acontecendo aqui?!
Ofarol, em seguida, piscou duas vezes e retomou a girar, como sempre fora feitoem qualquer ambientação. Barnes quis ir até lá, disse para Watson que não tinhamedo caso aquela coisa que atacou na primeira viagem marinha em uma jangada aofarol aparecesse novamente. Se é para ser assim, morrerei como Jimmy Brown, maseu preciso chegar naquele maldito farol e descobrir o que está havendo de uma vez por todas.
Watson e Evelyn ajudaram-no a entrar, e posteriormente o trio remou e remou pelas águas de uma noite solitária em direção a única luz possível. Em seus pensamentos, Barnes ainda se recordava da maldita criatura de longos braços que levou seu companheiro Brown para a morte, mas ele já estava calejado. Estava destinado a concluir desta vez e alcançar o farol. Depois de quase trinta minutos em água, a canoa estagnou na elevação rochosa. Watson e Evelyn novamente retiraram o marujo. Com muita dificuldade, passaram pelas pedras. O farol estava ativo, mas não havia nenhuma embarcação estacionada por ali. A porta de madeira fora aberta por Barnes, e a longa escadaria interior, que, logicamente tinha forma de caracol, foi pacientemente subida. Degrau a degrau, um por sua vez. O casal invariavelmente auxiliava o capitão a realizar o trajeto. No topo, havia uma espécie de terraço, onde o grande farol funcionava, mas o objetivo não era aquela localidade em exato, e sim a sala de comando, onde o faroleiro realizava suas funções. Havia uma porta de ferro entreaberta. Watson a empurrou lentamente ao chegarem. No entanto, o farol se apagou antes de colocarem os pés para dentro. Resolveram adentrar definitivamente. O farol se acendeu sozinho em um grande clarão de luz passou pela vidraça da cabine. Barnes olhou para o nada, ouviu um som gutural. A claridade direcionou-se à posição na qual a ilha se firmava, mas ela já não estava lá.
📊 1832 palavras.
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