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Prólogo - O início de tudo

Era apenas mais um dia normal, o sol estava forte no céu, os sons dos carros lá fora eram abafados pela conversa animada dos alunos e, enquanto observava o gato de rua adotado pela escola dormindo na árvore do lado de fora, Eva pensava no acampamento que fizera no último sábado com seus amigos e nos eventos ocorridos naquela fatídica noite.

Sábado, 30 de Julho de 2016.

O tio de Rafael e Júlio, amigos de Eva, tem uma fazenda localizada em uma área nobre de Brasília, conhecida por suas belas áreas de preservação ambiental; geralmente ele aluga a casa para festas, mas o movimento estava fraco devido ao medo dos frequentadores - o complexo penitenciário da Papuda, que fica há poucos quilômetros do endereço, estava em estado crítico, devido à fuga em massa de 19 detentos no dia 2 de julho. A região do Jardim Botânico é composta por vários condomínios de classe alta e algumas fazendas nos arredores, onde os pseudofamosos buscam se esconder dos seus "muitos holofotes" e as pessoas normais vão passar as férias ou comemorações com os amigos e familiares. De acordo com a polícia, a região estava segura, com rondas frequentes pelas ruas e buscas sem cessar pelos fugitivos, não havia o que temer.
Como a fazenda de Tito - o tio de Rafael e Júlio - estava sem frequentadores por um tempo, o grupo de cinco amigos do ensino médio decidiu fazer um acampamento no local, pra ouvirem música, contarem histórias supostamente de terror e beberem escondido dos pais; seus nomes são: Eva, Rafael, Júlio, Pietra e Noemi, esta última mais conhecida como Japa, por sua ascendência japonesa.

- Beleza, vamos conferir... Marshmallows. - Rafa riscava em seu caderninho.

- Confere. - Júlio afirma.

- Chocolate quente.

- Eu trouxe as coisas, a gente só precisa preparar lá na cozinha. - Noemi levanta a sacolinha com os ingredientes.

- Bebidas.

- Na geladeira, só consegui duas garrafas e um corotinho, acho que o alcoólatra do Joe não vai perceber, ele já bebe mais que vende lá na distribuidora. - Eva muda os canais com tédio, vendo que não havia nada de interessante na tv.

- Trouxe dois sacos de dormir. - Pietra aponta para o amontoado no canto da sala - Você disse que já tinha três, então acho que tá de boa.

- Beleza, acho que a gente tem tudo. Vamos arrumar as barracas agora e de noite levamos as coisas.

Boa tarde, iniciamos hoje com boas notícias! Dos 19 detentos fugitivos da Papuda, 13 foram recuperados e um morreu em um acidente durante uma perseguição ao roubar um carro; a polícia segue à procura dos outros 5, já são 28 dias de buscas desde a fuga. O que já se sabe é que eles estavam planejando a fuga há poucos meses e que o plano inicial era que fossem 48 fugitivos mas, por brigas internas, um dos grupos decidiu não participar do esquema. A polícia segue com as investigações, tentando saber o que levou os presos a fugirem.

- Eu ouvi falar que eles fugiram porque alguém estava matando os presos lá dentro. - Júlio pega uma das barracas amarradas - Ninguém sabe se foi briga de facção ou se é a polícia que tá tentando liberar espaço pra enfiar mais gente lá.

- Se fosse briga de facção, haveria uma rebelião ou algo assim, mas é estranho.... Eles apenas fugiram, sem cair no pau com quem não queria ir junto? - Rafael questiona, pegando a outra barraca e desligando a tv.

Mais tarde, naquela noite, o grupo de amigos estava reunido ao redor da fogueira, num local afastado da casa. Além de beber, o motivo de estarem ali era para assistir a Delta Aquarídeas, chuva de meteoros que teria seu pico entre sexta e sábado e que seria vista de todo o Brasil; o local em que estavam era perfeito, longe das luzes da cidade e no meio do "nada", sem perturbações externas além das vozes dos amigos e do som dos animais na pequena floresta de pinheiros próxima à residência. Eles resolveram acampar próximos à vegetação, pois não queriam que Tito os incomodasse ou reclamasse do barulho de suas conversas altas e risadas, não tinham medo, pois já conheciam a região e costumavam cortar caminho pelos pinheiros para chegarem ao outro lado mais rápido.

O que eles não sabiam era que algo muito pior que os fugitivos de uma prisão de segurança máxima os observava.

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