C a p í t u l o 13
Sentia passos apressados se aproximarem de mim e em um impulso fui puxada para junto de seu corpo na intenção de me fazer parar de caminhar.
—Consegue me dizer o que tem nessa sua cabeça? — perguntou Zander com suas mãos segurando meus braços. Ele não parecia irritado, apenas confuso pela minha atitude.
—Tire suas mãos de mim! —esbravejei me desvencilhando de seu toque. Não havia esquecido de sua mentira, não esqueci que ele me encheu de falsa esperança e depois jogou um balde de água gelada nas falsas sensações de liberdade que ele mesmo criou.
Afastei-me o suficiente para conseguir formular uma resposta na minha cabeça, se bem que ele não merecia nenhuma!
—Elije é filha do conde de Áster, ele é membro direto do conselho, esse conselho determina se está apta para governar um país. — afirmou passando as mãos pelos cabelos em uma clara demonstração de frustração.
—Hum, ele é um homem importante que não sabe educar os próprios filhos, surpreendente. — ironizo cruzando os braços com uma tremenda insatisfação por aquela conversa.
—Oh, acredite que é mais sutil a filha do conde ser mal educada do que a filha do rei se comportando como uma... — ele não completou sua fala, mas eu esperei que assim fizesse, que falasse ou repetisse tudo que Elije havia jogado na mesa, porém o príncipe aprendeu a se calar quando não convém que suas palavras sejam ditas. Admirava esse domínio que ele possuía. Só que queria ouvir dele, queria ouvir o que estava engatado na sua garganta desde que cheguei aqui.
—Como uma selvagem? Ou como uma princesinha do gueto? —questionei descruzando os braços e o encarando com uma seriedade absurda, na verdade meu peito queimava querendo de alguma maneira liberar todo aquele estresse que estava sentido desde que cheguei ali. — Eu posso ser o que vocês quiserem achar que sou, mas nunca inferiorizaria alguém para me sentir superior. E daí que é filha do conde e é supertalentosa? Quando se tem caráter acaba aprendendo que todos têm que conquistar seu próprio espaço para não roubar o terreno de ninguém e aqueles que têm menos, não merecem ser diminuídos enquanto ainda estão buscando mais. — desabafei sentindo o gosto amargo das minhas palavras. — Eu não vim para Áster por um reino. — pausei tentando expressar um pouquinho de toda a indiferença que estava sentido. —Uma coroa ou vestidos. Vim para Áster na tentativa de descobrir um pouquinho do sempre foi desconhecido para mim, porém acho que realmente devia ter ficado em Nova Iorque, com pessoas que realmente me amavam. Pois o que conheci aqui foram coisas que eu preferia que tivessem continuado encobertas. — olhei nos olhos de Zander que parecia atônico com tudo que havia dito, mas era a verdade ao menos o que sentia que seria verdadeiro. Toda aquela rigidez que ele sempre carregava parecia ter desaparecido, seu olha se tornou até compreensível. Eu sabia que ele entendia. Zander não se tornaria rei sem ao menos ter aprendido a se colocar no lugar de seus súditos.
—Eu entendo você, mas...
—Mas você me odeia demais para tentar se colocar no meu lugar uma vez. — questiono elevando um pouco mais meu tom de voz.
—Odeio você? Do que está falando? — seu semblante mudou radicalmente, agora ele parecia ligeiramente ofendido. Aquilo não foi uma ofensa, apenas falei em voz alta os fatos que ele mesmo demonstrava com sua indiferença. Não havia argumentos contra aquilo, suas atitudes desde o primeiro dia em que me viu foram consideravelmente desagradáveis. — Acho que entendi. Nem tudo é sobre você, Brianna. Você falou tanto de se colocar no lugar dos outros, porém se colocou no meu? Na minha situação diante disso tudo? — questionou voltando a sua postura rígida e até mesmo ríspida. —Eu cresci nisso tudo, fui ensinado para assumir Áster no momento certo, minha vida inteira foi apenas para isso, mas quando finalmente encontraram você, foi como se tudo que eu sabia se transformasse em uma névoa. Sabe como me senti? Como se tivesse usurpado um lugar que nunca foi meu, assim que me senti, culpado, pois deveria ter sido você desde sempre a estar onde todos esses anos eu estive. Isso é ódio na América? — seu semblante pareceu-me levemente despontado, só que aquele era o lado dele e o meu lado parecia ser completamente oposto e não valia a pena coloca-lo em jogo. —Parece que não tem uma resposta.
Zander deu-me as costas como se tivesse saído ofendido, mas não foi assim! Ele podia não me odiar, porém sentia desprezo, disso estava certa, quantas vezes um príncipe como ele teve o desprazer de lidar com uma garota que não sabia nada da vida na realeza.
Fiquei ali parada até perceber que havia olhares sob mim, encarei surpresa algumas das muitas pessoas que trabalhavam no palácio me encarando, por um momento havia esquecido que era americana e que eles provavelmente me odiavam. Ainda por cima ouviram meu pequeno desentendimento com o príncipe, que eles amavam!
Fechei os olhos imaginando estar em qualquer outro lugar, talvez Manhattan em uma boa academia de artes, fazendo aquilo que amava e queria, sem sombras de dúvidas. Aprendendo novos traços e ganhando experiência com profissionais especializados, o professor de repente pede para desenharmos um rosto, então com poucos riscos meu desenho na folha de papel branco vai ganhando uma forma especifica, até que...
—Brianna. — ouço uma voz me chamar impedindo que eu fuja da minha própria realidade. Abro os olhos suspirando fundo e encontrado Aidan acompanhado de Eva. O rei me olhava com certa decepção, afinal não era uma atitude que ele esperava, porém eu não era uma boneca que ele podia controlar, não era alguém sem sentimentos ou emoções... Droga! Eu era um ser humano com sangue correndo pelas veias e principalmente com uma impulsividade horrenda às vezes. —Tentarei resolver as coisas com o conde, espero que ele compreenda esta situação e a leve da melhor maneira possível. — ele suspirou e voltou a manter a postura reta e o rosto imparcial. —Sua atitude foi tremendamente impensável, agiu de maneira impulsiva, ainda mais contra um habitante de Áster, isso é decepcionante! Você ficará no seu quarto até receber uma ordem direta de mim para sair.
—Irá me manter em cárcere privado? — questiono assustada com sua ordem.
Aidan não percebia que a pouca conexão que tínhamos havia se esgotado, suas regras, suas politicas... tudo que ele fazia para mim, de alguma maneira parecia ser ruim.
—Não, apenas evitando contratempos desse tipo enquanto não souber conviver em sociedade.
Zander mencionou o fato de nunca podermos ignorar o rei, ou seja, ele poderia nos dar as costas e não deveríamos fazer nada e foi exatamente isso que ele fez, deu-me as costas como se não fosse digna da sua presença. Como esposa Eva não poderia intervir de forma alguma, por isso ela apenas sorriu deixando-me com uma sensação absurdamente ruim.
Desculpe-me pelo atraso:(
Mas tô de voltaaaa esperando seu voto e comentário aquiii:)
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