Viva
24 de abril
Gabriel Callahan
Abro meus olhos e vejo Logan sentado em uma poltrona, ele parece triste e cansado, e medo começa a subir pela minha garganta.
Ele percebe que estou acordado e levanta, consigo me ajeitar na cama e sinto uma dor de cabeça terrível.
-Você teve uma hemorragia no cérebro.- ele fala baixo.- Teve que operar, mas agora está melhor.
-E os outros?- pergunto.
-Tyler está acordado e conversando. Brandon acabou de acordar e está falando aqui e ali.- ele apoia os braços na mesinha da cama.
-Judith?- pergunto.
-Ainda está em cirurgia.- ele olha para o relógio.- Vai fazer sete horas.
-Mas ela está... estável?- limpo minha garganta.- E o bebê?
-Eles vem atualizar de tempo em tempo, mas não dizem muito.- balança a cabeça.
-Sinto muito, eu não sabia...
-Claro que não sabia.- ele pega um celular.- Mas Miguel soube por alguém.
Ele joga o celular no meu colo e a tela acende, olho para a caixa de mensagem e vejo a mensagem curta de Miguel.
"Traidor."
Engulo em seco e olho para Logan, ele assente e eu coloco o celular na cama de novo, tudo isso foi em vão.
-Poucas pessoas sabem que descobrimos quem você é.- ele balança a cabeça.- Ou fomos traídos ou você contou...
-Não, eu não contei.- balanço a cabeça negativamente e isso me faz gemer de dor.
-Espere eu terminar.- ele fala sério.- Ou você contou sem saber.- ele pega o celular.- Foi grampeado.
Observo ele abrir a janela e jogar ele com força, desvio o olhar e encaro a porta fechada, é agora, ele vai me matar agora.
Volto a olhar para Logan e vejo ele se aproximar, franzo as sobrancelhas quando ele senta na minha frente.
-Eu e Amelia concordamos que Judith vai precisar de um tempo.- ele fala.- Um tempo sem isso.- ele roda o dedo.
-Eu sei.- assinto.
-Ela vai desaparecer por alguns meses talvez.- explica.- Mas não quer dizer que tenha que ir embora também.
-Eu estraguei todo o plano.- suspiro.- Se quiser me matar...
-Não, não vou matar você.- ele olha para a janela.- Vou treinar você e contratar você. Se quiser.
-Por que?- pergunto.
-Por que você tem habilidades, pesquisei seus professores e o que fez.- ele balança a cabeça.- Você pode ser útil.
-Mas...
-Só peço uma coisa.- ele me encara.- Troque seu nome.- fico em silêncio.- Pode continuar com Callahan, mas não quero mais Woodward no seu nome.
-Eu sempre quis fazer isso.- murmuro.
-Ótimo, vou preparar os papéis.- ele levanta.
-Logan.- eu o chamo e ele para.- Pode me informar sobre... Judith?
-Vou mandar um homem de hora em hora.- ele explica.- Vai ficar informado.
Assinto e vejo ele ir embora, cubro meu rosto com cuidado e começo a ficar preocupado com Judith.
Sete horas de cirurgia não é algo bom, principalmente do jeito que a vi na rua, ela estava tão machucada.
Cheia de cacos de vidro, sangue cobrindo ela, não sabia nem de onde o sangue vinha, só sabia que eu precisava ver ela bem.
Sabia que Miguel dados um tempo, com os planos dele mudados ele desapareceria por um tempo.
Mas sabia que quando voltasse estaria pronto para se vingar agora não só de Judith e da família, mas como de mim também.
Olho para o relógio em cima da mesa, já são quase oito horas da noite, vejo uma sombra passar pela porta.
Já estou preparado para qualquer coisa quando vejo Lincoln entrar, ele está com as mãos nos bolsos e percebi que andou chorando.
Ele senta em uma das poltronas e fica me encarando, fazemos isso por um tempo, até que ele desvia o olhar para a janela.
-Vou ficar aqui, se não tiver problema.- ele explica.
-Não tem.- minha voz sai rouca.
Ele assente e ficamos em silêncio, não sei o que ele está fazendo ali, mas é melhor que fiquemos calados mesmo.
✰
Thomas Lincoln
Abri a porta rapidamente e todos olharam para mim, Judith estava deitada na cama do hospital, ainda dormindo.
Me aproximei com cuidado e afastei seus cabelos do rosto, o rosto dela estava salpicado de arranhões pequenos.
Segurei a mão dela e a senti gelada, por que ela estava gelada? Ela estava viva, por que ela estava gelada?
-Ela está gelada.- falo.- Temos que cobri-la melhor...
-Ela está bem.- Logan segura meu ombro.
-Ela está toda machucada.- minha voz fica rouca.- Está com dor...
-Ela está sedada, ainda.- a médica chega e eu a encaro.- Posso garantir que não está com dor.
-E então?- Amelia pergunta.- Ela vai ficar bem?
-Judith sofreu vários ferimentos, quando chegou aqui mal tinha pulso.- explica com calma.- Tivemos que ressucitá-la várias vezes.
Olho para Amelia e ela está contendo as lágrimas, Logan aperta o ombro dela e eu volto a olhar para a médica.
-A cirurgia foi um sucesso.- ela retoma.- Conseguimos boas margens e ela está estável.- mexe as mãos.- Vai ter que ficar sedada por enquanto, o corpo tem que se recuperar.
-Mas ela vai acordar, não vai?- Logan pergunta com um tremor na voz.
-Vai, porém o recomendado e ela ficar apagada enquanto se recupera.- a médica explica.
-E...e o bebê?- Amelia pergunta.
-Sinto muito.- a médica balança a cabeça.- O feto sofreu muito trauma, perdemos ele durante a cirurgia.
Logan se afasta e então olha para a filha, ele senta na poltrona e cobre o rosto, olho para Judith e vejo o tanto de ferimentos.
-Mais alguma coisa?- Amelia pergunta.
-Não, vou deixar vocês a sós.- ela tenta sorrir e começa a se afastar.
Solto a mão de Judith e começo a sair do quarto, alguns quartos mais na frente encontro Gabriel.
Ele olha para mim e eu fecho a porta, disse que diria a ele quando ela estivesse fora da cirurgia, e eu vou dizer.
-Ela está bem, saiu da cirurgia e vai ter que ficar sedada enquanto se recupera.- explico e ele assente.
-Mas ela está bem.- ele repete.- Ela está bem.
-Está.- sento na poltrona.- Mas...- o encaro.- O bebê... não...não sobreviveu.
Ele fica calado, observo o olhar dele ficar distante e lágrimas encherem seus olhos, e a mão dele apertou o cobertor.
Cruzo os braços e fico em silêncio enquanto ele repsirs fundo e se ajeita na cama, ele afasta o cobertor e começa a sair da cama.
-Ei!- eu me levanto.
-Eu preciso ver ela.- ele fala com raiva enquanto senta.
-Você vai acabar se machucando.- fico na frente dele.
-E você se importa se eu me machucar?- ele pergunta.
-Não, Judith se importaria.- aponto para a cama.- Volte para a merda da cama.
-Filho da mãe.- ele volta para a cama.
-É.- eu volto a sentar na poltrona.
Ele cobre o rosto e deita na cama, eu apoio meu rosto no punho e olho para a janela, está quase amanhecendo.
-Ela está viva.- murmuro.
-Eu sei.- ele assente.
-Ela está viva.- repito.- Ela está viva.
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