Sangue Frio?
21 de fevereiro
Thomas Lincoln
Judith estava se despedindo da mãe enquanto eu encostava meu corpo no calor do carro ao lado de Tyler.
Amelia estava falando alguma coisa no ouvido dela enquanto acariciava seus cabelos, Tyler estralou os dedos da mão e respirou fundo.
-Cuide dela.- ele murmurou.
-Você sempre diz isso.- sorri comigo mesmo.
-Por que é pra você se lembrar que além do meu pai, tem eu.- ele tocou meu ombro.- Acho que não ganha de nós dois.
-Eu vou cuidar dela.- garanti.
-Já pararam com a melação?- Hannah chegou ajeitando o casaco.
-Dá um tempo.- a encarei.
-Sabe, devia ir mais vezes para Boston.- Hannah se aproximou de Tyler.
-Estou pensando mesmo nisso.- ele sorriu sedutor e eu decidi que tinha que me afastar para minha sanidade.
Fui até onde Brandon estava e ele sorriu, no meio do caminho meu celular tocou e tirei do bolso, era o nome de Alice.
Respirei fundo e apertei no botão pra atender, coloquei o telefone no meu ouvido e esperei os gritos.
"-Achei que tinha morrido!- ela rosnou.- Vai preferir estar morto quando eu achar você!
-Eu precisei ajudar Judith.- tentei explicar.
-Sério, Link, eu não quero saber agora.- ela suspirou.- Vai ter um jantar hoje a noite, você vai estar em Boston.
-Vou, mas esse jantar...
-É da empresa do meu pai, falei para ele que você ia ir.- ela parecia arrependida.- Você passa na minha casa e pega o terno.
-Ok..."
Quando percebi ela tinha desligado, revirei os olhos guardando o celular, cocei a sobrancelha e Brandon riu.
-Deu para ouvir?- perguntei.
-Sua garota tem uma voz fina.- ele assentiu.
-Eu sei.- cruzei os braços.- Judith já falou com você?
-Sim, ela ficou brincando com minhas roupas e disse que da próxima vez iríamos para o shopping comprar algo.- ele sorriu.
-Ótimo.- olhei para ela e a vi conversando com a tia.
-Se você não cuidar dela...
-Todos vão me ameaçar?- o encarei e ele sorriu.
-Judith é a única prima que eu tenho.- ele explicou.- E apesar de se cuidar muito bem, precisa de você.
-Eu vou cuidar dela, tenho que fazer um juramento de sangue ou algo assim...
-Link! Pare de ficar demorando!- Judith gritou indo até o jatinho.
-Dever me chama.- comecei a ir na direção dela.
Entrei no jatinho e vi que Hannah já estava arrumando a manta que eles distribuíam para dormir, Judith sentou ao lado dela.
Sentei na frente delas e coloquei o cinto, observei a expressão de Judith e comecei a perceber que ela estava com uma carinha triste.
Hannah deitou a cabeça no ombro dela e Judith apoiou sua cabeça na dela, as duas pareciam estar ajudando uma a outra.
Eu só ficava ali para se ela precisasse, mas não evitei colocar a mão em cima da mesa e esticar, ela sorriu segurando minha mão.
Acariciei as costas da mão dela e comecei a sentir o jatinho começando a subir o voo, quase comecei a rir quando percebi que Hannah já tinha dormido.
-Tudo bem se eu for pra um jantar com Alice hoje a noite?- perguntei.
-Sim, Hannah fica de companhia.- ela balançou a cabeça.
-Seu pai liberou mais seguranças, eles vão ficar rodando o prédio.- expliquei e ela ficou séria.- Ordens dele.
-Sei, e você também ficou muito feliz, não?- ela sorriu divertida.
-Qualquer coisa que me ajude a ficar de olho em você me deixa feliz.- apertei a mão dela.
-Preciso de um deles de olho no James.- ela explicou e abri a boca.- Estou tendo uma ideia.
-Vingança não é o melhor....
-Não é vingança.- ela balançou a cabeça.- É acerto de contas.- sorriu e eu fiquei sério.
-Vou colocar um deles de olho.- cedi.
Ela voltou a olhar para a janela que agora só mostrava o céu e eu olhei para nossas mãos, não sabia o plano dela, mas sabia que estava a altura.
Eu também queria punir James, e acho que ela tinha o plano certo para não sujar as mãos, eu apenas apoiaria.
Judith ficou pensativa, e quando ela ficava assim eu só podia esperar que isso passasse, sabia que estava triste em ir embora.
Porém estava na hora de voltar, eu não podia perder mais tempo com Alice, Hannah e ela ficariam nem sozinhas.
Tinha que acertar as coisas com Alice, afinal ela era minha namorada, tinha que pelo menos tentar fazer isso sem brigar.
Talvez recebesse alguns gritos, mas seriam apenas alguns gritos, ela não podia gritar no jantar, então era o tempo que eu tinha para me preparar.
✰
Judith Hunt Ballard
Sentei no sofá estendendo uma cerveja para Hannah, tínhamos passado metade da noite assistindo filmes de comédia.
Já tinha bebido algumas cervejas quando senti que deveria dormir agora, levantei puxando o braço de Hannah e levando ela para o quarto comigo.
-Já?- ela perguntou.
-Sim, senão amanhã não acordamos.- expliquei.
-Acho que eu bebi muita cerveja.- ela se jogou na cama.
-Não vomite na minha cama.- rosnei enquanto trocava de roupa.
-Agora que você falou.- ela murmurou rindo.
-Eu vou matar você.- balancei a cabeça rindo enquanto tirava os sapatos dela.
-Não vai, você me ama.- ela suspirou.
-É, talvez.- deitei ao lado dela.
-Você está melhor?- ela perguntou baixinho e eu encarei o teto.
-Estou.- falei simples.
-Bom.- senti a bochecha dela no meu ombro.
-Talvez apenas com um pico de raiva. De James.- expliquei.
-É bom que dá próxima vez que você o vir...- ela levantou o punho e deu um soco no ar, comecei a rir.
-Vou deixar você fazer isso.- olhei para ela e Hannah sorriu.
-Eu dou o soco na cara e você o chute no saco.- ela explicou e eu ri ainda mais.
-Ele não vai ter chance.- garanti.
-Talvez devessemos chamar mais pessoas para bater nele.- ela sorriu de olhos fechados.- Seu irmão, talvez.
-Meu irmão.- franzi as sobrancelhas.- Eu acho que vou vomitar.
-Ah, qual é, seu irmão é tão gato, eu não me contive.- ela balançou a cabeça.
-Claro que ele é gato, puxou a mim.- me gabei.
-Agora eu posso dizer...- ela falou levemente.- Peguei os dois irmãos.- comecei a rir de novo.
-Meu irmão não iria gostar de ouvir isso.- informei e ela riu, aquelas risadas de bêbada.
-Ah, ele não vai ouvir, por que se eu fizesse isso a ele, diria que você beija melhor.- ela explicou e sorri convencida.
-Eu sempre sou a melhor.- sorri comigo mesma.
-Realmente está competindo com seu irmão nesse quesito?- ela abriu os olhos.
-Minha competitividade me fez esquecer que era meu irmão.- tremi.- Isso é nojento.
-Um pouco.- ela riu.
-É melhor você dormir antes de falar mais merda.- suspirei.
-Eu só falo verdades.- ela suspirou.
-Claro.- assenti.
-Não me acorde com seu ronco.- ela brincou e um minuto depois estava dormindo.
Fiquei encarando o teto enquanto ouvia Hannah roncar, de alguma forma aquela viagem tinha melhorado meu humor.
Agora era só arrumar meu plano com James, não mataria ele ou algo assim, faria algo bem pior, ele disse que eu não tinha coragem...ele iria ver a coragem que eu não tinha.
Respirei fundo e fechei os olhos, meu corpo estava exausto assim como minha mente, não demorou muito para que eu dormisse.
✰
22 de fevereiro
Gabriel Callahan
Estava em um apartamento de um informante, que estrategicamente ficava perto do de Judith para dar informações.
O cara que ficava ali tinha me dado todo o horário dela e agora eu estava observando o apartamento com binóculos.
Estava quase desistindo de achar algum movimento quando vi algo nas escadas e concentrei naquilo.
Judith estava com os cabelos bagunçados e com uma blusa branca larga, observei ela ir até a cozinha e ficar na ponta dos pés enquanto abria o armário.
A camisa levantou e vi uma calcinha amarela, tirei o binóculos e joguei no sofá enquanto levantava e observava ele sentar no sofá e ver ela.
O cara que morava naquele apartamento era imundo, percebi fotos de Judith espalhadas na mesa, fotos bem explícitas dela com vários caras e garotas diferentes.
Tirei as luvas de couro de dentro do bolso e coloquei elas rapidamente, não podia deixar aquele cara atrapalhar o plano.
-Que fotos são essas?- perguntei.
-São extras.- ele explicou.- Fico com elas como pagamento.
-O que faz com elas?- vi uma onde um cara estava fazendo oral em Judith na mesa da cozinha.
-Me divirto.- ele mordeu o lábio olhando no binóculos.
-Pare de olhar para ela.- pedi e ele me encarou.- Está demitido, não tire mais fotos dela.
-Não pode me demitir.- ele sorriu.- E não, o apartamento é meu, eu tenho acesso a ela.
-Eu assumi o plano, você recebe ordens de mim agora.- sorri com raiva.- Pare de tirar fotos dela.
-O que você vai fazer....
Tire a arma de dentro da jaqueta e encostei o cano na testa dele, senti o cheiro forte de mijo logo depois.
Esse cara iria estragar tudo guardando fotos dela assim, não precisava mais dele, agora estava na cidade.
-Eu j-juro...não vou mais...
-É melhor nem tentar.- balancei a cabeça.
Conhecia a ficha de todos envolvidos naquele plano, e ele era ruim, tinha sido preso por tirar fotos de garotas sem elas perceberem, exatamente igual a Judith.
Mas isso não era o pior, o pior era que ele era envolvido com tráfico, e o pior deles, tráfico de crianças.
-Não vou demitir você.- informei e ele tentou sorrir.- Vou matar você.
Assim que ele arregalou os olhos apertei o gatilho, o corpo dele caiu no chão e agradeci por ter colocado o silenciador antes.
Vi o corpo asqueroso dele caído no sofá e respirei fundo, já estava acostumado com corpos e sangue, na verdade desde criança.
Ainda com as luvas eu juntei as fotos de Judith e tudo que ligasse ele a estar espionando ela, levaria para queimar depois.
Coloquei tudo em um envelope e puxei o capuz do moletom preto que estava por baixo da jaqueta, ninguém tinha me visto entrar e nem sair.
Já tinha virado profissional, Miguel tinha me treinado para isso, contratado os melhores professores de como evitar ser preso com erros normais.
Comecei a descer as escadas e subi em cima da moto, guardei o envelope em uma bolsa presa ao lado da moto e coloquei o capacete.
Esperei um minuto até ver Judith e a amiga conversando enquanto iam na direção de um carro azul escuro.
Judith vestia roupas de marca, um suéter rosa claro e uma saia curta branca, até o jeito que ela andava mostrava que ela era gostosa.
Só faltava uma bolsinha rosa pink com um Chihuahua dentro e com um suéter combinando com o dela para lembrar de algum filme de patricinha.
Ela era a típica garota mimada da cidade para quem visse ela de primeiro, para meu tio, para Gregory, para minha mãe.
Mas tinha alguma coisa que me dizia que eu devia ter cuidado com ela, tinha que levar em conta que a garota era inteligente também.
Ela fazia faculdade de Engenharia elétrica, não era qualquer faculdade, era algo bem específico e exaustivo.
Elas entraram no carro de Judith e começaram a ir em direção à universidade pelo horário, tinha que decorar aquele horário.
Liguei a moto e comecei a ir na direção contrária, tinha que voltar para meu apartamento e começar a dar começo na fase dois.
A fase dois era literalmem me aproximar de Judith, de fazer ela gostar de mim e se aproximar, fazer com que ela me apresentasse dentro do ciruclo dela.
E isso tudo abria espaço para a fase três, mas essa fase ainda estava muito longe, e eu tinha muita paciência com o plano.
Primeiro tinha que queimar essas fotos, depois mandar uma mensagem para Miguel avisando o que tinha acontecido, e depois tinha que começar.
✰
Gabriel Callahan
O fogo começou a ficar alto, abri o envelope e tirei aquelas fotos, fiquei surpreso ao ver que tinha tendo mulheres quanto homens.
Para mim Judith era aquele padrão, não que ela pegasse qualquer pessoa que desse em cima dela, porém tornava tudo mais fácil.
Joguei aquelas fotos no fogo e apoiei meus braços no joelho, uma foto ficou para cima, era exatamente uma onde Judith parecia estar olhando para a câmera.
Os olhos azuis de perto pareciam duas piscinas, os lábios entreabertos em um gemido silencioso, os cabelos todos para um lado.
Levantei com rapidez e entrei no meu apartamento, abri a caixa de pizza e peguei um pedaço, esse era o meu jantar.
Sentei no sofá e comecei a ver TV, eram minhas férias antes de começar realmente, estava cansado de Miguel e Gregory falando merda.
Vir para Boston de certa forma foi um alívio para mim, pelo menos eu faria o plano sozinho e do meu jeito.
Meu celular tocou e abri as mensagens do meu novo informante, ele tinha tirado fotos de Judith entrando em um táxi junto com a amiga, Hannah.
As duas deveriam ir para algum clube, mas precisava dar uns dias para nos encontrarmos de novo.
Judith era inteligente, o reencontro deveria ser surpresa, quando ela menos esperasse, deveria ser assim.
Observei o rosto dela, tinha visto fotos da mãe dela quando mais nova, as duas realmente eram muito parecidas, porém Judith parecia ter um olhar mais sacana.
Na foto ela estava mordendo o lábio, qualquer um que tirasse uma foto assim sairia normal, mas por causa desse olhar de Judith...fazia parecer que ela já tinha te visto pelado.
Mandei a mensagem para ele continuar seguindo de longe e voltei a assistir TV, deitei a cabeça olhando para o teto, estava cansado.
Foram anos e anos de planejamento, de pressão e de várias punições, eu estava cansado de fazer isso, mas aquele seria a última vez, o último ano.
Depois desse ano tudo ficaria exatamente como era para ser, como minha mãe tinha me dito que era para ser desde criança.
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