24 de julho

Miguel Sowyer

Chego no armazém onde estamos e deixo a jaqueta em cima da minha cama, a pestinha me deu uma surra.

Ignoro a dor e tudo aquilo, saio do meu quarto improvisado e vou em direção à porta no final do corredor.

Assinto para os homens e eles abrem espaço para mim, respiro fundo e abro a porta do quartinho que escolhi.

Assim que abri vejo uma garota amarrada no canto do quarto, os cabelos loiros estão bagunçados e ela não está ferida.

-Está tudo bem?- pergunto e ela me encara com raiva.- Está com fome?

Percebo que ela está amordaçada, ando até ela e a mesma se encolhe quando eu me agacho na sua frente e tiro.

-Posso pedir que façam...

-Meu pai vai matar você.- ela fala baixo.- Ou melhor, minha namorada...

-Sua namorada não está em mentalidade de fazer isso.- sorrio.- Ela está em casa de novo, com o ex-namorado, chorando nos braços dele.

-Mas mesmo assim ela vai vir me buscar.- Thalia comprime os lábios.

-Claro que vai.- afasto o cabelo dela.- Mas você já está com seus dias contados, querida.

-Me matar vai causar uma guerra entre...

-Eu pretendo acabar com a máfia do seu pai também, então não vai haver guerra.- respiro fundo e me levanto.- É melhor comer alguma coisa, Thalia.

-Espere!- ela grita enquanto estou perto da porta.- Eu vou morrer, não?

-Sim.- assinto.

-Posso falar com Judith? Antes?- ela engole em seco.

-Acho que não entendeu.- sorrio.- Ela tem que sofrer, e vai sofrer mais quando encontrar você morta e saber que não pode fazer nada.

Ela arregala os olhos e eu sinto que já fiz meu trabalho em deixá-la com medo, fecho a porta e a tranco.

Deixo o trabalho com os seguranças e volto para meu quarto, pego meu telefone e começo a discar o número.

Deito na cama enquanto espero, passo a mão pelos cabelos e respiro fundo torcendo para que ela atenda.

"-Achei que não ia me ligar mais.- ela fala em uma voz divertida.

-Temos a garota, o plano B está indo bem.- coço a sobrancelha.

-Sabia que você criaria outro plano.- ela fala orgulhosa.- E esse é melhor ainda.

-Como está aí?- pergunto.

-Bem, ele está fora agora, na verdade não volta para casa a alguns dias...

-Judith voltou.- explico.- Ele vai começar a se afastar.

-Essa é a hora de aparecer?- ela pergunta.

-Sim.- assinto mesmo ela não vendo.

-Estou nervosa, queria você aqui.- ela suspira.

-Eu sei, mais alguns dias e a máfia deles vai ser nossa.- sinto meu peito inflar.- E eu e você vamos estar juntos de novo.

-Eu sei.- ela parece pensativa.- Mas queria ter você agora.

-Precisa se preparar para ir.- falo calmo.- Aja normalmente, mas fale que é namorada dele, seja doce, e fique sempre tocando nele.

-Ok."

Largo o celular e olho para cima, está tudo dando certo, em alguns dias tudo que Logan e Amelia tem vai ser meu.

Respiro fundo e animação começa a tomar contra de mim, tudo está como planejado, tudo está correndo bem.

Judith está sofrendo, logo Logan e Amelia também estão sofrendo, logo Gabriel também está sofrendo por estar namorando.

Sorrio comigo mesmo. Tudo vai desmoronar.