Desconfiança
05 de março
Gabriel Callahan
Era oficial. Ou pelo menos eu achava ser oficial. Estava em um clube, em um domingo, e tudo por que Judith estava lá também.
Tinha conhecido os amigos dela, na verdade já os conhecia, tinha lido uma ficha bem detalhada sobre cada um.
Hannah, os pais dela eram separados, um vivia em Seattle e outro no Texas, ela tinha entrado com nota máxima e cursava algo a ver com moda.
Lincoln, o preferido de Judith de longe, e sabia só pelo olhar dele que estava sentindo algo por ela, isso me fazia ficar com raiva, por causa do plano, claro.
Chloe era a filha de um senador, a mãe tinha morrido e agora eram só os dois, me surpreendia ela estar aqui, mas parecia ficar muito confortável ao lado de Judith.
Por que as duas estavam juntas no bar, Judith apostava com um cara todo musculoso quem conseguia tomar mais shots.
-Sabe.- Hannah chegou ao meu lado.- Ela fica bêbada depois de cinco, no máximo.
-É um bom aviso.- sorri vendo ela tomar o vigésimo sexto.
-Link geralmente leva ela para casa quando está bêbada.- ela explicou.
-Hoje não.- sorri convencido e com raiva.
-Há quanto tempo estão saindo?- ela perguntou curiosa.
-Acho que...duas semanas, agora.- balancei os ombros e ela pareceu surpresa.- O que?
-Com uma semana ela chuta quem quer que seja.- Hannah comprimiu os lábios.- Você está fazendo algo certo.
-De fato...
-Bem, e como o irmão dela não está aqui.- Hannah ficou na minha frente.- Se magoar minha irmã de alma, você vai se ver comigo.
Realmente fiquei com medo daquele olhar misturado com aquele tom de voz, Hannah realmente era assustadora quando queria.
-Não vou.- mentira.
-Voce trapaceou, Ballard!- o grandalhão gritou.
-Vá pro inferno, eu não trapaceei bosta nenhuma!- ela falou em tom infantil.
-Ah, ela xinga muito quando passa do ponto.- Hannah bateu no meu ombro.- Toda sua.
Tentei não sorrir, voltei a olhar para Judith e ela estava discutindo com o grandão, com certeza ela iria ganhar aquela.
-Callahan, trás seu rostinho bonito para cá.- Judith grita e eu não evito a risada.
Caminho até ela calmamente e vejo que um dos caras ao seu lado está encoxando ela d se esfregando.
Meu maxilar trava quando percebi que Judith está alheia a essa situação, então rapidamente segurou o braço dela e a puxo para mim.
-Seu mariquinhas!- ela grita para o grandão.
-Eu não bati em mulheres, Ballard.- ele riu divertido.
-Ia ser outra forma de se humilhar.- ela riu tropeçando e a segurei.
-Está na hora de ir.- eu murmurei.
-Não!- ela gritou e puxou Chloe.- Eu vou ficar com ela.- então passou um braço pelo ombro de Chloe.- Vamos torrar o fígado.- ela resmungou indo até o bar.
Olhei para o cara de antes e ele ainda estava olhando para Judith, olhei envolta e não vi Lincoln, ele tinha desaparecido com uma loira e não o vi mais.
Parecia que ele tentava negar qualquer atração por Judith, o que era bom para mim, ele deveria continuar assim, bom menino, Lincoln.
Assim que voltei a olhar para onde Judith estava vi apenas Chloe e Hannah, as duas estavam sentadas em uma mesa e com bebidas.
Fui até elas na maior calmaria do mundo, observando o cenário envolta antes de surtar atrás de Judith.
-Onde ela está?- pergunto descontraído, ou tento.
-Ela foi no banheiro.- Chloe apontou.
Começo a ir na direção, por que até não estou confiante com isso, e quando chego no corredor do banheiro o que eu encontro?
Um filho da puta prensando Judith na parede e se aproveitando da clara inabilidade dela de fazer qualquer coisa a não ser tropeçar.
Como o vestido preto dela e de alcinhas ele está desatando com uma das mãos e está enfiando a outra entre as pernas dela.
Minha raiva e maior e seguro ele pela camisa, não dou tempo de o cara falar antes de bater ele contra a parede uma... duas... três vezes.
Ele cai no chão e fico tentado a pegar a arma no coldre da minha axila, mas sinto uma mão feminina subir pelas minhas costas.
-Eu dei uma surra nele?- ela está visivelmente alterada.
Será que alguém colocou algo na bebida dela e não vi? Será que aquele cara tinha planejado tudo? Não era incomum, por mais que fosse errado.
-Deu, amor, agora vamos embora.- cubro ela com minha jaqueta.
-Posso dirigir a moto?- ela fala animada enquanto a levo.
-Que tal amanhã?- levanto as sobrancelhas.- Você dirige até até a faculdade e depois eu passo pra deixar você no trabalho.
-Peeeefeeeito.- ela suspirou.
-O que ele te deu?- falo baixo, apenas para mim.
-Hãn?- ela para.
-Nada, vamos pegar sua bolsa.- caminhamos até a mesa.
-Por que precisamos de bolha?- ela pareceu confusa.
-Bolsa, Judith.- chegamos na mssa.
-Já vão?- Hannah pergunta.
-Sim, aparentemente eu tenho que pegar uma bolha.- ela riu e eu não evitei sorrir.
-Vá lá então.- Hannah riu.
-Você vai ficar bem?- Judith chegou perto de Chloe.
-Sim, Hannah vai me deixar na sua casa.- as duas agora estavam morando juntas, enquanto Chloe mentia para o pai dizendo que estava fazendo um trabalho de semana.
-Ok, qualquer coisa me ligue.- Judith deu um selinho rápido nos lábios dela.
Chloe realmente não parecia se importar com qualquer coisa que Judith fizesse, mas os outros...ela se encolhia, por isso decidi ficar longe.
Deixamos o clube e eu guiava Judith pela caminhada dela até a moto, ela não conseguiria se segurar na moto.
Fiquei de frente psrs Judith e comecei a fechar a jaqueta, que surpreendentemente ficava enorme nela, isso me fazia sentir algo...protetor?
Não podia proteger Judith, tinha que fazer tudo...menos proteger Judith, eu devia odiá-la, mas quando dizia isso ns minha cabeça parecia que eu era idiota.
-Tem que se segurar bem, ok?- observei o rosto dela.
-Sim, senhor.- ela assentiu.
-É sério, Judith.- a encarei com um olhar rígido.- Nada de brincadeirinhas.
-Agora ou até mais tarde?- ela sorriu abraçando minha cintura.
-Até amanhã, você está totalmente fora de si.- sentei na moto.- Suba.
-Subindo.- ela narrou.
Sorri quando seus braços apertaram meu corpo e senti o hálito quente dela passar pela minha blusa, liguei a moto.
Senti a cabeça dela deitar nas minhas costas e comecei a andar devagar, não queria que ela de soltasse ou caísse.
Meu prédio era perto e logo estávamos estacionando, mesmo indo devagar com a moto era mais rápido e não tinha trânsito.
Desci da moto e logo depois Judith estava tirando os sapatos que ela murmurou algo sobre "não serem ideais para andar de moto."
Segurei os sapatos dela e agora estava com a bolsa e com os sapatos, apertei o botão do elevador e ela abraçou meu corpo de forma casual.
Isso parecia tão normal, parecia algo que fazíamos toda hora, o que era estranho também, por que eu devia ODIAR ela.
O elevador chegou e a puxei para dentro, nos encostamos no canto abraçados e por um momento ouvi ela suspirar.
Abaixei a cabeça e percebi que tinha dormido, puta merda, ela tinha dormido no elevador e em pé, ela devia estar cansada demais.
Chegamos no meu andar e me agachei a colocando em meus braços, Judith não protestou quando comecei a andar com ela.
Entramos no meu apartamento e de súbito percebi alguém sentado ali, engoli em seco quando percebi quem era.
-Essa é ela?- Miguel levantou.- Nunca a vi de perto.
-O que está fazendo aqui?- perguntei enquanto ele se aproximava.
-Vim ver como está indo, não anda me atualizando muito.- ele tocou a bochecha dela e meu maxilar travou.- Mas parece que ganhou a confiança dela. Bom garoto.
-Veio aqui só para isso?- perguntei desconfiado.
-Claro, vim ver meu garoto.- ele sorriu para mim.- E essa belezinha.- ele afastou os cabelos dela e a remexi tirando as mãos dele de perto.- Não diga que...
-Não, não há nada entre nós.- resmunguei.- Próximo final de semana eu vou com ela e os amigos, para Long Island.
-Logo poderemos acionar a parte dois da fase dois.- ele sorriu.- Você só precisa me mandar.
-Eu não vou nos filmar transando.- falei irritado.
-Mas essa é a parte principal...
-Eu não concordei com isso.- o interrompi e ele me encarou surpreso.
-Passa um pouco de tempo longe de nós e é assim que me trata?- ele riu.- Não esqueça de quem deu tudo a você.
-Eu não vou gravar, Miguel.- isso o fez sorrir.
-Tudo bem, podemos pular para a parte três.
Ele tinha desistido muito fácil, o que queria dizer que: 1. Ele já tinha o que ele queria. Ou 2. Ele realmente não achava a parte importante.
-Podemos conversar amanhã?- perguntei ajeitando ela em meus braços.
-Claro.- ele olhou para ela de novo.- Tadinha.- ele sorriu.- Amelia vão odiá-la tanto quanto odiavam Aaron.
Travei o maxilar e ele passou por mim apertando meu ombro, assim que ele saiu totalmente eu entrei e tranquei a porta.
A deitei na cama e rapidamente comecei a procurar pelo quarto, ele devia ter colocado alguma coisa para gravar.
Isso tudo só me deixava mais com raiva, não tinha concordado com aquela parte do plano, na verdade aquela parte do plano era repulsiva.
Assim que abri um dos armários vi o equipamento, rosnei quando abri o disco que fazia o vídeo e estava vazio.
Eu e Judith tínhamos transado muito esse final de semana, e aquela fita tinha tudo...eu tinha que recuperar ela de volta.
Passei a mão pelo cabelo e olhei para ela, estava deitada de bruços na cama, não havia nada o que fazer agora.
Relutante fui até ela, tirei o vestido curto dela e ignorei que não vestia nada por baixo, na verdade eu tinha ajudado ela a escolher em uma loja qualquer.
Peguei minha camisa e um short maior, assim que terminei de vesti-la pude ir até o banheiro e apoiar minhas mãos na pia.
Respirei fundo e olhei para a arma escondida atrás do espelho, fiquei pensando se apenas não seria mais fácil....
-Gabe.- a voz sonolenta de Judith me acordou dos devaneios.- Estou com frio.- ela bateu na cama.- Preciso do meu aquecedor.
Não evitei rir, era assim que ela estava me chamando depois de reclamar que estava morrendo de calor.
Tirei minha blusa e s calça e fiquei apenas de cueca enquanto deitava ao lado dela, senti o cheiro de bebida e não me importei nenhum pouco.
Deitei de bruços passando um braço pelo corpo dela e a puxando para baixo de mim, o que a fez ficar metade embaixo de mim e a outra metade livre.
Senti seus lábios roçando meu maxilar e ela riu sentindo cócegas, provavelmente por que eu nsot Inha me barbeado, estava ocupado demais na cama, com ela.
-Eu apaguei.- ela suspirou.
-Você não perdeu nada.- falei desanimado.
-Ei.- ela passou o dedo pelo meu queixo.- O que houve?
-Quando você entra em uma coisa e vê primeiro o fim e depois o começo. O que você faz?- perguntei.
Por que era exatamente assim que eu me sentia, sabíamos o fim que essa história ia levar, detalhadamente.
Mas eu não sabia o começo, e o que estávamos passando agora não era nem o começo, nem um terço.
-Bem, eu esqueceria o fim.- se aninhou e embolou as pernas com as minhas.- E focaria no começo.
-Você me faz rir, pela primeira vez em anos.- falei baixinho.- Você me faz rir, Judith Ballard.
-Eu tenho essa efeito.- ela sorriu convencida.- E sua risada é muito gostosa.- ela beijou meu queixo.
-Deveria dormir.- observei o rosto dela.- Amanhã vai acordar com uma puta enxaqueca.
-Eu sei.- ela bufou.- Boa noite.- senti a mão dela acariciar meu ombro.
-Boa noite.- continuei observando ela.
Amanhã recuperaria a fita, mas agora tudo que eu queria era dormir, estranhamente eu queria fazer isso com Judith.
Entendia querer transar com ela, mas dormir com ela era novo para mim, nunca dormi com ninguém, nunca passei a noite com ninguém.
Eram casos rápidos. Sexo. Orgasmo. Saída.
Deixei de pensar nisso quando meus olhos estavam pesados demais para observar Judith, então dormir sentindo a respiração calma dela no meu pescoço.
✰
Thomas Lincoln
Me remexi naquela cama e tudo que pude sentir foi a loira que eu tinha levado para casa, ela estava dormindo ao meu lado.
Passei a mão pelo rosto e sentei olhando para ela, estava nua na minha cama, era para eu estar gostando, era para eu ter gostado, não?
Quer dizer, eu tinha ficado e tudo mais, até por que aquela mulher era uma gostosa, mas ela não era...não era meu tipo.
Me peguei pensando sobre o dia do ataque de pânico de Judith, sobre aquele carro ter aparecido do nada, sobre Gabe ter aparecido do nada.
Não gostava de imaginar que ele poderia ser ruim, por que pelo que eu percebia, Judith estava se dando bem com ele.
O problema era que ele estava muito estranho, e ainda era envolvido com o "submundo" das coisas, tudo bem que eu também era e Judith também.
Mas não conhecíamos ele, não sabia de qual ele era e se tinha alguém que podia dizer que ele era confiável, nada.
Não queria falar para Logan que ela estava saindo com outro cara, por que ele viria aqui e interrogados ele.
E acredite, eu vi um cara mijar por que Logan apenas falou que iria socar ele até a morte se tocasse Judith no canto errado.
Lembrei da vez em que ela pegou um namorado e ele ficou com a mão na mundo dela até o meio da festa.
Na outra metade? Logan o chamou para uma conversa e quando ele voltou nem tocou em Judith, era disso que estava falando.
Deixaria mais um tempo, julgaria por mim mesmo, e se ele fizesse algo minimamente suspeito....chamaria Logan.
Estava resolvido.
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