De Volta
20 de junho
Judith Hunt Ballard
Comprei pizza, o que é raro de achar aqui, e Thalia gosta de pizza, então achei que ela fosse ficar feliz quando eu chegasse com pizza.
Tive alguns episódios nós últimos dias, quase conseguia ouvir alguém entrando aqui, eu realmente achava que tinha alguém aqui.
Mas no final não tinha ninguém e ela tinha que me levar para a cama como uma criança, e eu odiava parecer como uma criança.
Coloquei as coisas em cima da mesa, abri um dos armários e comecei a pegar os pratos, até ouvir algo no quarto.
-Thalia?- a chamo.- Eu trouxe pizza.- explico indo até a porta.- Demorou muito para achar um lugar, mas...
Assim que abro a porta do quarto vejo um homem sentado na minha cama, engulo em seco e meu coração dispara.
-Thalia não está aqui.- ele sorri e olha para mim.
-Quem é você?- pergunto.
-Não deve se lembrar de mim.- ele levanta e eu dou um passo para trás.- Me viu uma vez, quando era bebê.
-Miguel.- limpo a garganta e ele sorri.
-Isso.- assente.- Sabe, demorou um pouco para saber onde você estava.
-Onde ela está?- pergunto.
-Ela está...viva.- ele brinca.
-Você não quer fazer isso.- sorrio.- Você não vai querer me irritar, Miguel.
-Não, eu não quero irritar você.- ele se aproxima e minha respiração fica irregular.- Eu quero acabar com sua vida.
-E por que precisa dela?- levanto as sobrancelhas.
-Pra você saber o que é sofrer.- ele toca minha bochecha.- E para seus pais verem você sofrer.
-Que tal um acordo?- pergunto.- Você solta ela e me leva no lugar.
O olhar dele fica brilhante, eu vejo que acertei em alguma coisa, então sinto a mão dele segurar meu queixo.
-Não, não é assim que funciona.- ele sorri.- Você precisa sofrer antes.
-Eu a quero de volta.- falo entre dentes.
-Isso é o seu castigo por ter feito Gabriel mudar de lado.- ele sorri afagando meus cabelos.- Agora vai sentir o que...
Ele fica calado e eu sorrio.
-Vou sentir o que você sentiu?- pergunto.- Você não gosta dele, você nunca...
-Gostava dele do meu jeito.- ele fica sério.
-Você atirou nele.- fico indignada.
-Igual a Amelia.- ele muda de assunto.- Simplesmente igual a ela.- ele sorri.
-Ainda tem como voltar atrás.- dou a chance.- Me devolva ela...
-Thalia vai ficar comigo até quando eu não precisar mais dela...
Assim que ele diz isso eu travo meu maxilar e o ataco, caímos no chão e começo a ficar ele, não vou deixar ele escapar.
Miguel rosna e me empurra, então consegue nos virar e me coloca contra o chão, eu grito de dor quando ele segura meus cabelos e bate minha cabeça contra o chão.
Consigo soltar minhas pernas e o chuto no saco, ele grita de dor também e rola para trás, consigo me sentar e ele levanta nesse meio tempo.
Assim que me levanto nos encaramos e ele sorri limpando o sangue do nariz, rosnou enquanto seguro seus ombros e o bati contra a parede.
Ele segura minha nuca e caímos na cama, ele começa a me asfixiar com um mata leão, abro a boca tentando respirar.
Nesse meio tempo eu lembro do que meu pai me ensinou, então coloco o braço para trás e aceito a garganta dele.
Miguel engasga e me solta, eu rolo na cama e então me levanto, ele começa a rir e então me encara com diversão.
-Você é bem treinada.- ele fala.
-Onde ela está?- pergunto.
-Desculpe, Judith.- ele respira fundo.- Ela vai ser minha por um tempo.
Minha respiração acelera e eu abri a gaveta rapidamente, ele percebe que estou tentando pegar a arma e se atira contra mim.
Atravessamos a janela e caímos na minha varanda, sinto a ardência dos cortes em meus braços e olho para cima, para o céu.
Viro meu rosto e vejo que ele está tentando levantar, agarro o casaco dele e mexo meu corpo, consigo subir em cima dele e colocar minhas mãos em seu pescoço.
-Onde ela está.- minha voz está irreconhecível.
-Se eu morrer, ela morre.- ele fala e eu o solto.
Saio de cima dele e me levanto o vendo deitado no chão já com vários machucados, ele então sorri e senta.
-Miguel, por favor.- peço.
-Se ela se comportar, não vai precisar se preocupar.- ele levanta e ficamos frente a frente.
-Eu faço qualquer coisa!- grito.
-Tchau, Judith.- ele sorri enquanto vai até a porta da gente.
Lágrimas começam a queimar meu rosto e caio sentada no chão, meu corpo treme de um jeito que sinto o ódio correr por todo ele.
A arma está caída no chão, eu alcanço para pegá-la e a destravo, as lágrimas fazem com que eu não consiga ver nada.
Então fecho meus olhos e respiro fundo enquanto encosto o cano abaixo do meu queixo, é melhor assim.
Vou fazer minha família sofrer, vou fazer todos sofrerem, eu não posso voltar para LA para pedir ajuda, não posso voltar.
Fecho meus olhos com força e meu dedo roça o gatilho, sinto a arma ser puxada da minha mão e abro os olhos.
-Puta merda, Judith.- Simon afasta meus cabelos.- O que você ia fazer?
-Eu...- tento falar.
-Temos que sair daqui, eles a acharam.- ele me levanta.
-Eu consigo cuidar de mim, Simon.- me afasto.
-Claramente ia atirar em você mesma.- ele me encara.- Por acaso ficou maluca?- ele grita.- Você ia se matar!
-Não...- engulo em seco.
-Vamos voltar para LA, vamos dizer a Logan...
-Não.- me afasto.- Eu consigo sozinha!
-Judith...
-Ele pegou Thalia.- minha voz fica fraca.- Ele a pegou e eu tenho que ir atrás dela.
-Seu pai pode ajudar...
-Eu não quero...
-Sinto muito.- ele passa o braço pelo meu pescoço.
Me remexo e sei que ele não vai me matar, ele é muito leal ao meu pai para fazer isso, ele vai me apagar e me levar para ele.
Começo a perder a consciência e minhas pernas desistem, fecho meus olhos e ele consegue o que quer, eu estou apagada.
✰
22 de junho
Gabriel Callahan
Estou na casa de Logan e estamos tentando achar motivos para os chineses, Tyler está procurando algum contrato quebrado com eles.
Enquanto isso eu vejo as datas de reuniões com eles, era para estarmos em paz, fazemos transações com eles.
Logan pega três cervejas e coloca em cima da mesa, pego a minha e abro, assim que dou o primeiro gole a campainha toca.
Olho para Logan e ele pega a arma, levanto e pego a arma vou com ele até a porta e Logan abre lentamente.
Tem um cara em pé com uma expressão desesperada, e sentada em uma das cadeiras da varanda está Judith.
Ela está machucada e parece estar em um transe, parece acordada, mas ao mesmo tempo parece estar em outro lugar.
-Judith.- Logan larga a arma e vai até ela.- Que merda aconteceu, Simon?- ele afasta o cabelo dela do rosto e vejo um hematoma na bochecha.
-Miguel apareceu.- ele fala e vejo quem fez isso com ela.- Levou Thalia.- Simon me encara.- E deixou Judith assim.
-Vamos, querida.- Logan passa o braço dela por seus ombros e começa a levá-la para dentro.
-E tem mais uma coisa.- Simon fala enquanto fecha a porta.
-Mais?- pergunto vendo Logan deitá-la no sofá.
-Ela tentou...- ele engole em seco.- Ela tentou atirar na própria cabeça.
E de repente nada faz sentido, olho para Judith e então Logan parece entrar no mesmo estado de transe dela.
Mas eu ainda estou aqui, então vou até ela e afasto seus cabelos, Judith pisca e uma lágrima desce de seus olhos.
-Judith...- sussurro e ela olha para mim.
-Ok.- Logan se recupera.- Ele ainda deve estar na Europa, eu quero todos os contatos o caçando...
-Não precisa.- Judith fala e então senta.- Eu coloquei meu celular...- ela limpa a garganta.- Coloquei meu celular na jaqueta dele.
-Ache o sinal do celular.- ele olha para Simon.- Agora.
Ele assente e então vai embora, eu levanto quando Judith levanta e fico na frente dela, Judith me encara.
-Eu vou com ele.- ela fala.
-Você precisa ir pro hospital.- murmuro.
-Eu estou bem.- o olhar dela não diz isso.- Eu vou com ele.
-Judith.- seguro o braço dela.
Não parece real, não parece que ela está aqui, tudo bem que passaram apenas poucas semanas, mas mesmo assim...
-Precisa ir pro...
-Eu não vou para hospital nenhum.- ela me encara.
-Então tire essas roupas e tome um banho para tirar o sangue.- Logan se aproxima.- Sua mãe está fora, mas eu posso chamar.
-Eu ajudo.- me ofereço e ele me encara.- Eu já a vi...- limpo a garganta.
-Ok, não apronte nada, Gabriel.- ele olha para Judith e então para mim.
Eu assinto e então começo a levá-la, Judith geme toda vez que apoia o corpo do lado esquerdo, deve ter batido forte.
Não consigo acreditar que Miguel fez isso com ela, quer dizer, ele seria capaz de muito mais, porém não sei como a deixou viva...
E ele levou a namorada de Judith, literalmente sequestrou ela, não sabia nem o que ela devia estar sentindo.
Abro a porta do quarto dela e fecho atrás de mim, respiro fundo e entramos no banheiro rapidamente.
-O que aconteceu?- pergunto baixo.
-Eu levei pizza.- ela murmurou enquanto eu desabotoava a camisa dela.- Ela gosta de pizza.
-Ele estava lá.- percebo.
-Sim, ele...- ela tremeu quando tirei sua blusa e vi os hematomas.- Eu e ele brigamos um pouco.
-Um pouco?- pergunto a encarando.
-Ele a levou.- ela sussurra.- Eu deveria estar lá...
-Não tinha como saber.- começo a tirar a calça dela.
-Eu deveria saber, sabia que ia acontecer alguma coisa.- ela limpa as lágrimas.
-Ela vai ficar bem, Logan vai achá-la.- abaixo a calcinha dela.
-Ela tem pouco tempo, não?- Judith me encara assim que começo a levá-la para o box.- Miguel não vai mantê-la...
-Eu não...- nos encaramos por um segundo.- Sim.
Judith abaixa a cabeça e eu ligo o registro, ela geme quando a água encosta no corpo dela e me encolho também.
A mão dela vai até meu ombro e eu sinto meu corpo incendiar com o toque, ela se após em mim enquanto leva a outra mão e coloca os cabelos para trás.
Passo um braço pela cintura dela e começo a esfregar o sangue com a mão, os ferimentos não são tão ruins, podemos limpar e enfaixar.
Judith está de volta, ela realmente está de volta, não é mais como nos sonhos, ela realmente está aqui, em carne e osso, e sangrando.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro