28 de fevereiro

Judith Hunt Ballard

Desci as escadas com cuidado e percebi que eles ainda não tinham acordado, Link tinha dormido aqui também.

Estava segurando a mão de Chloe enquanto a levava até a cozinha, ela ainda estava bem frágil, mesmo tendo acabado de acordar.

Comecei a fazer o café e ela ficou encostada na bancada, olhei por cima do ombro e olhei para Gabe.

Quase comecei a rir vendo o gato deitado na cabeça dele, voltei a olhar para o que eu estava fazendo e observei Chloe.

-Eu tenho que falar com meu pai.- ela falou baixinho.

-Depois que você comer.- falei com cuidado.

-Steven é filho do amigo dele.- ela respirou fundo.- Eu não posso romper com ele...

-Chloe, um passo de cada vez.- sorri apertando o ombro dela.- Você sabe que eu fico irritada quando não como.- brinquei e ela sorriu fraco.

Ouvi una batida na porta e eles acordaram sentando automaticamente, mas agora minha raiva já estava subindo ainda mais.

Comecei a ir na direção da porta e Link chamou meu nome em uma advertência, franzi as sobrancelhas virando a chave.

-Judith.- Gabe chamou quando abri a porta.

Steven estava lá fora com dois outros caras, provavelmente os mesmo que tinham agredido e estuprado Chloe.

-Minha namorada está aqui?- Steven sorriu me observando.

-Não.- me controlei quando a mão de Link puxou o cós do meu short.

-Tem certeza?- ele se aproximou.- Vocês são bem amigas.

-Ela não está aqui.- Link falou atrás de mim enquanto tentava me puxar.

-Estou preocupado com ela...- ele tocou meu queixo.- Vai avisar se...

-Merda.- Gabe rosnou quando soquei Steven.

-Me toque de novo e vou estourar sua cara!- alguém teve que me segurar pela cintura e me tirar do chão.

-Sua puta!- Steven gritou avançando e Gabe o empurrou contra a parede.

-Tente.- Gabe desafiou.

-Ela é minha namorada.- ele começou a entrar.

Chloe arregalou os olhos quando ele começou a ir na direção dela, consegui me soltar de Link  e segurar a gols da camisa de Steven.

Ele gritou quando bati o corpo dele contra a geladeira e então puxei os cabelos dele o colocando contra a bancada.

-Judith.- Gabe tocou meu ombro.

-Se você aparecer aqui de novo eu corto seu pau e enfio garganta abaixo.- falei baixinho enquanto ele se debatia.- Aproveite o resto de paz que ainda tem.- o soltei.

Ele rosnou indo até a porta e Link fechou a porta com raiva enquanto passava a chave, coloquei os cabelos para trás respirando fundo.

-Ele vai até o pai dele.- Chloe ficou com os olhos cheios de água.

-Não podemos fazer isso com o filho de um senador.- Link falou baixinho.

-Vou chamar Hannah.- peguei o celular.- Ela não ficar com você.- falei para Chloe.

-Você vai para onde?- ela perguntou.

-Vou cumprir o que prometi.- coloquei o celular perto do ouvido.- Prepare eles, Link.- murmurei.

Link assentiu saindo depois de um tempo e então virei para Gabe, ele parecia calmo e esperando algo.

"-Oi.- Hannah atendeu.

-Pode vir para cá?- cocei o nariz.- Aconteceu algo.

-Claro, estou indo.- ela percebeu pelo tom.- Você está bem?

-Chloe está aqui.- falei e ela ficou calada.- E eu preciso resolver isso.

-Como eu disse, já estou indo.- ela falou calma.

-Ok, obrigada."

Chloe estava tomando café, então eu coloquei o celular em cima da bancada e fui até Gabe o puxando mais para longe.

Ele olhou para Chloe e então olhou para mim, cocei a sobrancelha tentando de alguma forma não começar a chorar naquele momento.

-Obrigada por ficar aqui.- falei em voz baixa.

-Não precisa agradecer.- ele sorriu me observando.

-Eu...eu não queria chutar você assim.- tentei sorrir.- Mas eu posso ligar pra você mais tarde?- franzi as sobrancelhas.

-Claro, fique com sua amiga.- ele colocou meu cabelo atrás da orelha.- Nos falamos depois.- ele falou calmo.

-Ok.- assenti.

Ele colocou os lábios no meu com um selinho rápido e pegou a jaqueta enquanto ia embora, cruzei os braços observando a porta fechar.

Depois de um tempo parada em devaneios eu olhei para Chloe e fui em sua direção enquanto abria a geladeira e pegava os ovos.

-Você não tem que trabalhar?- ela perguntou culpada.

-Não.- balancei a cabeça.- Posso faltar hoje.- sorri.

-Desculpe por envolver você nisso.- ela passou a mão pela testa.

-Ei, não peça desculpas.- coloquei a comida perto da bancada do fogão.

Chloe me abraçou e eu afundei meu rosto em seus cabelos enquanto acariciava suas costas, eu a conhecia desde que tinha chegado aqui e não pensava que isso fosse acontecer...

Enquanto acariciava suas costas percebi que não poderia matar aqueles idiotas, mesmo que quisesse muito eu não poderia matá-los.

Então eu tinha que ser muito precisa, eu precisaria atingir no canto certo para aqueles desgraçados terem medo de ao menos pensar nisso.

-Hannah está vindo.- expliquei me afastando.- Vamos beber um pouco e assistir algo.

-Ok.- ela assentiu.

-Quer bacon?- peguei o saco no freezer.

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Thomas Lincoln

Tínhamos pegado todos, nenhum nome da lista tinha faltado, agora estávamos no galpão mais afastado da cidade.

Ele era fortemente protegido, haviam vigias em todos os cantos, era lá que os homens guardavam todo tipo de coisa e armas.

Tínhamos coberto a cabeça deles e tomamos cuidado, eles não deviam nem saber se ainda estavam em Boston ou não.

Estávamos do esperando Judith, e o amiguinho dela estava ao meu lado brincando com um canivete na moto dele.

-Qual é seu nome mesmo?- franzi as sobrancelhas.

-Gabe.- ele murmurou concentrado no canivete.

-Já é envolvido nesse mundo a muito tempo?- perguntei.

-Desde criança.- ele falou distraído.

-Então não tem problema em ver sangue.- cruzei os braços.

-Não.- ele me encarou.

-O pai de Judith não gosta que ela se envolva com criminosos.- informei e ele sorriu.

-Acho que quem decide com quem ela deve se envolver é apenas ela, não?- ele falou em um tom arrogante.

Abri minha boca e ouvi algo, olhamos para o mesmo canto e vimos o carro de Judith se aproximando.

Ela parou entre outros dois carros e desceu, ela sabia como deveria vir para cá e como tinha que tomar cuidado.

Por isso os cabelos dela estavam trançados para trás e as roupas dela eram escuras, qualquer chance de respingar sangue seria escondida pela cor.

Judith pareceu perceber que Gabe estava ao meu lado e me encarou com raiva, eu mexi os ombros e ela cruzou os braços.

-Por que trouxe ele?- perguntou.

-Eu pedi para vir.- ele se aproximou.

-Você...- ela o encarou.- Você é.- ela suspirou.

-Sim.- ele assentiu.

Ele tocou o braço dela e Judith tentou sorrir, travei o maxilar quando ela ficou na ponta dos pés e deu um selinho rápido nele.

Ela então estendeu a mão para mim e dei duas luvas de couro, por mais que eu não gostasse disso, Judith tinha sido ensinada bem.

Começamos a entrar e eu vesti minhas luvas, qualquer DNA que nos ligasse a eles podia ser fatal, Gabe também colocou as luvas.

Judith ficou em frente a porta da sala onde tínhamos os deixado e eu observei ela estralar os dedos em algo nervoso.

-Se não conseguir eu estou atrás de você.- informei.

-Eu vou conseguir.- ela falou com raiva.

-Estou aqui, mesmo assim.- toquei a cintura dela.

Judith assentiu e olhei para o lado encarando Gabe, ele sorriu tentando não transparecer e então voltou a olhar para Judith.

Ela abriu a porta e observei os sete homens sentados em cadeiras e amarrados, Steven arregalou os olhos quando a viu.

Observei ela entrar e então cruzar os braços ficando na frente dele, Gabe entrou ficando no canto para observar e fiquei um pouco atrás dela.

-Você deve estar profundamente arrependido do que fez.- ela sorriu com uma voz calma e ele tentou falar algo.- Ah, desculpe.

Judith de aproximou ainda mais e com força abaixou o pano que cobria a boca dela, ele rosnou e então a encarou.

-Você está fodida.- ele sorriu.- Meu pai....

Judith rapidamente o socou, controlei meu sorriso quando ele começou a sangrar pelo nariz, ela então segurou o queixo dele e o fez encará-la.

-Sei quem é seu pai.- ela se afastou.- Mas você não sabe quem é o meu.- ela se aproximou da mesa com as armas.

-Não pode me matar...

-Claro que posso.- ela tirou o tambor da arma.- Mas sou inteligente para não fazer.

-Assim que me soltar daqui eu vou matar você sua puta...

-Ah, querido.- ela riu deixando apenas uma bala no tambor e fechando.- Assim que eu soltar você, vai direto para a cadeia.- ela destravou a arma.

Ele começou a rir e ela sorriu olhando para o resto deles, então mirou a arma em Steven e ele falou a boca.

-Você tem seis chances de fazer a coisa certa.- ela respirou fundo.- Duas opções: Você e eles se entregam, ou você e eles morrem.

-Você não pode...

-Eu posso.- ela olhou para a arma.- Você que decide.

Ele ficou calado e ela assentiu, Judith colocou o dedo no gatilho e percebi que ele olhou para mim procurando ajuda.

Coloquei as mãos dentro dos bolsos do casaco e apenas sorri, Judith puxou o gatilho e houve uma respiração de alívio de Steven.

-Segunda chance.- ela recarregou.

-Vai se foder.- ele rosnou.

Judith comprimiu os lábios e colocou o dedo no gatilho, ele tremeu quando ela puxou e não houve um tiro.

Olhei para trás e Gabe estava com um sorriso diabólico, ele olhava para Judith como se estivesse idolatrando ela.

-Quer mesmo apostar na sorte?- ela abriu o tambor e sorriu.- Já foram duas, Steven....

-Sua vaca.- ele riu.- Você não vai fazer...

Ela encostou a arma na testa dele e ele piscou tentando manter a calma e Judith apenas sorriu deslizando a arma.

Judith enfiou a arma na boca dele, vi ele perder a cor do rosto e simplesmente gritou de medo tentando se afastar da arma.

-Ok!- ele gritou e os amigos o encararam.- Vamos nos entregar!

-Todos os sete?- ela levantou a sobrancelha.

-Sim, sim.- ele tremeu.

-Parabéns, você fez uma coisa certa nessa sua bosta de vida.- ela abriu o tambor e mostrou para ele.- Sua cabeça ia sujar minhas paredes.- mostrou que a próxima era a bala.

-Sua vadia, eu vou me vingar.- ele rosnou.

-É difícil da cadeia.- ela deu batidinhas no rosto dele.

Judith passou por mim e assentiu, eu percebi o olhar confuso deles, ela saiu e vários caras entraram, caras que trabalhavam para ela agora.

Eles não sairiam ilesos daqui para a cadeira, iriam sangrar antes disso, mesmo que não morressem, Judith faria eles sangrarem.

Gabe saiu a seguindo e aproveitei a cena daqueles estupradores sendo espancados e apenas apreciei.

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29 de fevereiro - Madrugada

Gabriel Callahan

Desliguei a moto e senti Judith sair, virei o rosto e ela sorriu colocando o cabelo atrás da orelha, observei o rosto cansado dela.

Nunca imaginei que Judith seria daquele jeito dentro daquele armazém, e algo tinha me deixado impressionado.

-Você não me contou.- ela falou manhosa e com sono.

-Não sabia que você também era.- mentira.

-O bom é que não preciso mentir.- ela tentou sorrir e eu abracei a cintura dela.

-Não, não precisa.- ela passou os braços pelos meus ombros.

Ela sorriu quando beijei os lábios dela levemente e então mordeu meu lábio inferior preguiçosamente.

Apertei a cintura dela e aprofundei o beijo a trazendo para perto e sentindo o calor do seu corpo contra o meu.

Senti os dedos dela acariciando meus cabelos e senti algo diferente, um tipo de... necessidade de afundar minha cabeça no peito dela e pedir por mais.

Por isso eu me afastei, tão de repente que ela quase caiu, respirei fundo tentando não parecer estranho.

-Eu preciso ir.- expliquei.

-Tudo bem.- a voz dela me deixou com raiva de mim mesmo.- Vejo você amanhã?

-Claro.- liguei a moto.

Ela se afastou e então virou o corpo indo até a entrada, percebi ela apertando o ombro incomodada com algo.

Fechei os olhos passando a mão pelo meu rosto e então me repreendendo, quase tinha estragado todo o plano.

Eu não estava gostando de Judith, na verdade eu ainda a odiava, ela ter feito algo bom não mudava o fato disso.

Mesmo ela enfiando a arma na boca do cara e eu querendo literalmente pegar Judith naquele momento e beijá-la.

Mesmo que ela tivesse feito ele quase se mijar, conseguia sentir que ele iria mijar de ela fizesse mais suspense.

Porém... Eu não iria fazer nada do que estava pensando, ia continuar com o plano da minha mãe e do meu tio, e só.

Odiava Judith, odiava Amelia e odiava Logan.

Nada que Judith fizesse ou disesse faria com que eu gostasse dela, só estava transando com ela e fingindo ser alguém legal, não?