Liz, Karl e Lauren, caminham pela floresta úmida e agora escura. É perceptível o cansaço no rosto dos guerreiros, mas Liz afirmou que não iria descansar durante a noite e que seu objetivo é chegar na clinica antes do sol nascer. É muito mais difícil notar a chegada da nevoa durante a noite, porquê os pássaros não cantam, o ambiente é escuro impossibilitando a visualização da nevoa, incluindo o vento que durante a noite é sempre forte, assim confundindo os guerreiros. Para Liz, a nevoa não é um problema, mas agora com a companhia não opcional de Karl e Lauren, isso se torna uma grande preocupação.

—Qual é a sensação de passar pela nevoa? Você sente algo? —questiona Lauren com curiosidade, enquanto segura uma lamparina

—Apenas um vento muito forte e o gosto de metal na boca, como radiação ou algo do tipo

—Sinistro —comenta Karl

Lauren suspira e apenas o barulho dos seus pulmões esvaziando e audível na floresta.

—Algum problema? —Karl pergunta

—Olha Liz, eu não tive tempo para dizer isso, mas sinto muito pelo Rian...

—Nós ainda não temos tempo para isso

—Foi algo impensado, eu estava com raiva, agi no impulso

—Você sempre age no impulso

Liz continua caminhando olhando para frente

—Eu sei...

—Se você soubesse teria se controlado e me escutado, mas você não deve desculpas a mim, deve a irmã dele, ao povo dele que ainda acredita que o Rian esteja vivo, e não tenha sido morto de uma maneira tão covarde, sem chances alguma para se defender

—Você fala como se não matasse ninguém... —Lauren fala com indignação

—Não anule os seus problemas com os meus, sabe a diferença de mim para você? Eu sei onde vou parar depois de tudo isso, eu sei o que fiz mesmo que eu tenha tido as melhores intensões, mas você Lauren, se engana achando que tem uma salvação, mas deve ser tão ruim quanto qualquer um de nós.

Não é dito mais nada durante toda a noite. Como o planejado, Liz, Lauren e Karl, chegam na clinica antes mesmo do sol nascer. A porta de ferro maciço tampa quaisquer chances de ver o interior da clínica. Karl, puxa uma alavanca que estava ao lado da porta, assim ressoando um som agudo e extremamente alto, os obrigando a tampar os ouvidos com as mãos. Em poucos minutos, um homem aparece vestindo uma roupa completamente fechada como um guerreiro ou um guerreiro astronauta, uma vestimenta não identificada, nunca vista.

—Liz, imaginei que viria —diz o homem —apenas peço para que deixem suas armas aqui —ele aponta para um suporte —fiquem tranquilos, elas estão seguras

Os guerreiros se entre olham, Liz dá um passo a frente, fazendo o homem ficar em alerta, porem Liz, coloca a sua espada no suporte, assim, Lauren e Karl, repetem a ação.

—Me sigam, o Hammon, está esperando

—Hammon? —Liz questiona

—Sim, ele é quem deve conversar

Eles caminham pelo extenso corredor da clínica, que se encontra totalmente modificado, as paredes não são mais completamente brancas, possui painéis de plantas onde coincidentemente, um senhor com os cabelos já tomados pelo branco, as rega e cantarola. Não há mais pessoas perambulando em estado praticamente catatônico, apenas cientistas com jalecos circulando de uma sala a outra. O rapaz que recebeu os guerreiros, para em frente a uma sala de porta de vidro, onde um homem espera atrás de uma mesa.

—Entre

Ele abre a porta.

—Apenas você

—Como assim? estamos com ela —reclama Lauren

—São ordens do Hammon, ele quer conversar apenas com a Liz

—Claro que não, ela não vai entrar sozinha —diz Karl

—Sem problemas, se a Liz não quiser entrar, podem ir embora

—Posso entrar? —Liz diz com tranquilidade

—Apenas se seus amigos se controlarem —fala o rapaz

—Eles vão —Liz termina

Assim que Liz entra na sala, o homem tranca a porta pelo lado de fora. Karl e Lauren, estão sentados do lado de fora.

—Por que, trancar a porta? —Liz questiona com desconfiança

—Questão de segurança —responde o homem de jaleco azul —Me chamo Hammom —ele oferece a mão

—Eu sei —Liz, ignora o cumprimento —minha conversa com você vai ser bem breve, e espero que seja eficaz

—Vamos com calma, sente-se

—Sente-se? Você me envia uma mensagem cheia de ironia na floresta, e agora quer parecer meu amigo?

—Não fui eu quem escrevi a mensagem

—Que se dane quem escreveu, você é como eles, então vou falar o seu idioma. A garota, em troca do amuleto.

Hammom ri

—Terminou? —ele se apoia na mesa e se levanta —Esse amuleto é inútil, não precisamos mais dele, talvez, se você nos oferecesse antes sua troca funcionaria.

—O que você está falando?

—O amuleto já cumpriu o dever dele, e sinceramente mais rápido do que nós imaginávamos —Hammom sai de trás da mesa, expondo a sua perna protética —Nós viermos para a terra no objetivo de estudar a mente dos povos, estudamos anos e anos para isso. Imaginamos que seria algo diferente dos nossos estudos, algo fora do nosso controle e poderíamos passar 100/200 anos a mais no espaço, que nunca iriamos descobrir o que realmente nos esperava. Mas vocês nos surpreenderam, no começo achamos que era o fim, mas com muito esforço e com uma ajudinha de alguns reinos, conseguimos nos restabelecer, nos reerguer...

—Mas o que raios vocês querem de nós? Para que servia esse maldito amuleto?

—Vamos com calma, sei que teve ter muitas perguntas, irei responde-las. Quando chegamos em terra, foi lançado um objeto brilhante do céu, foi lançado estrategicamente em um local onde todos poderiam ver, independente de onde estariam. Nós sabíamos que os guerreiros seriam enviados para procurar o tal projetil, e assim foi feito. Não importa qual dos reinos o encontraria primeiro, porquê, o amuleto era apenas uma parte do plano que estava em ação. Em alguns dias descobrimos quem eram os mais fortes, os mais persistentes e seriam exatamente com essas pessoas que iriamos ''brincar'' um pouco. Sumimos com Anna e Jon e esperamos vocês aparecerem...

—Eu... —Liz, cerra os punhos

—Recomendo que mantenha a calma, aquele rapaz do lado de fora, fabricou uma arma de choque com mais de 600 volts, é algo um tanto sinistro.

Liz respira fundo. Hammom se senta novamente.

—Você e o Rian, é esse o nome dele, certo? —ele espera uma confirmação, mas Liz não fala nada —Tudo bem, vocês vieram até a clínica. Enquanto focavam no ''resgate'' dos seus amigos, todos os dias aplicávamos uma quantidade calculada de radiação corrosiva no ar, além disso, aplicamos uma coisinha em um dos nossos, que começou a infectar a população. Com os dois melhores guerreiros desaparecidos, tornou o exercito enfraquecido sem os lideres, tornando os reinos mais vulneráveis a ameaças. Muitos se sacrificaram para estar onde estamos, porem Liz, muitas pessoas poderiam estar vivas se não fosse o seu ato impensado...

—O meu ato impensado? Você acabou com os reinos, matou milhares de pessoas, enviou um homem infectado e provocou uma nevoa radio corrosiva, e sou eu que não penso, seu desgraçado! —ela bate na mesa com fúria

—Liz, Liz... não esqueça —ele gesticula para o homem ao lado de fora

—Saiba que ele é a única razão, pela qual eu ainda não te matei —Liz fala com uma voz baixa e ameaçadora

—Certo, não irei esquecer. Resumindo. Tudo teve um proposito, descobrimos que o sangue de Ghade e Ramme, possui imunidade a diversos fatores da natureza, doenças hereditárias, além de um tipo de armazenamento de habilidades.

—Vocês acham que as pessoas são robôs? Qual é a droga do seu problema?

—Muito melhores que robôs Liz, tudo que causamos foi apenas uma forma de descartar as pessoas que não proporcionam futuro. Sei que muitos habitantes de Ramme e Ghade morreram, porém, apenas os mais fortes, os mais inteligentes restaram e depois de efetuarmos a primeira junção de sangues, tornaremos uma pessoa sem proposito, em uma pessoa com um sangue único, com habilidades avançadas, com uma qualidade de vida sem igual —Hammom fala com animação

—Mas e os outros povos, quem não é de Ramme e Ghade? —Liz tenta manter a calma para conseguir informações

—Elas deverão se candidatar a troca de sangue

Liz solta uma gargalhada.

—Eles nunca farão isso, passaram por guerras, foram ameaçados e torturados, e você quer que eles se candidatem, assinem um papelzinho?

—Não, todos que sobreviverem a nevoa até o dia, deverão se candidatar, caso contrario morreram